segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Desmatamento da Amazônia



Vale a pena colocar esse release que recebi pela WWF, Fundo Mundial para a Natureza que se consolidou como uma das mais respeitadas redes independentes de conservação da natureza.

O título é:

Queda no desmatamento anunciada pelo governonão reflete momento de hoje, avalia WWF-Brasil


Os números divulgados mostram realidade anterior à retomada do desmatamento observada nos últimos meses.

A queda de 20% nos índices do desmatamento na Amazônia Brasileira para o período 2006-2007 divulgada dia 6 de dezembro pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, em Belém, é um retrato da dinâmica do desmatamento tirado antes de agosto desse ano. Durante a estação seca de 2007 (de julho a setembro), dados do Sistema Deter do próprio Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontaram uma retomada no crescimento do desmatamento na região. Porém, esse período apenas será computado nas taxas a serem divulgadas no final do ano que vem.

Os números divulgados nesta quinta-feira retratam a situação do desmatamento entre os períodos de agosto de 2006 a julho de 2007. Dados do Inpe apontam ainda que, nos últimos meses, foi observado significativo aumento na incidência de focos de calor na Amazônia Brasileira em relação ao ano passado.

Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil, ressalta que os números divulgados ontem requerem uma análise cuidadosa. “Não podemos esquecer que os 11.224 km2 de floresta derrubada apresentados pelo governo federal correspondem à realidade do desmatamento até julho de 2007 e não refletem as tendências do que vem ocorrendo nos últimos meses, como sugerem, por exemplo, tanto os dados do sistema Deter, do Inpe, quanto outros levantamentos”, diz.

A secretária-geral do WWF-Brasil salienta que a metodologia do Inpe para monitorar o desmatamento é confiável, tendo por base dados coletados com uso de tecnologia de ponta, interpretados e analisados por uma equipe extremamente qualificada. “Porém, a área desmatada na Amazônia entre agosto de 2006 e julho de 2007 ainda é imensa: corresponde a mais de 11 mil campos de futebol”, alerta Denise Hamú.

Para o superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, é importante destacar que variáveis de mercado, como oscilações nos preços das commodities agrícolas, especialmente carne bovina e soja, têm sido um fator fundamental na dinâmica do desmatamento da Amazônia.

Scaramuzza explica que a frágil estrutura fundiária na região e um aparato de fiscalização limitado fazem com que aspectos econômicos tenham um significativo grau de influência nos índices de desmatamento. “A ausência do Estado em diversas partes da Amazônia faz com que a grilagem seja muito lucrativa, abrindo campo para o desmatamento, seja ele voltado para atividade madeireira, pecuária ou agricultura”, diz.

Para o WWF-Brasil, ações levadas a cabo nos últimos anos pelo Poder Público, como a criação de áreas protegidas e ações de fiscalização têm contribuído para reduzir o desmatamento, mas não são suficientes. O fato de que nenhuma unidade de conservação federal tenha sido criada na Amazônia em 2007 deve ser visto com grande preocupação, assim como a resistência do governo federal em adotar metas internas de redução do desmatamento.

O superintendente afirma ainda que uma política sustentável e efetiva de combate ao desmatamento precisa ir além do que tem sido feito. “Além de criar áreas protegidas e fortalecer a estrutura fundiária na Amazônia, é necessário incrementar a capacidade de instituições federais e locais em implementar políticas florestais sustentáveis e desenvolver mecanismos financeiros que estimulem atividades econômicas sustentáveis adequadas às florestas e aos demais ecossistemas amazônicos, como por exemplo manejo florestal de mínimo impacto ou adoção de critérios sociais e ambientais para outras produções”, conclui Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza.


http://www.wwf.org.br/

O WWF-Brasil é uma organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.