sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Milícias conduzem até a vida de moradores no Rio de Janeiro

28 de Agosto de 2008 - 11h11 - Última modificação em 28 de Agosto de 2008 - 11h25

Luciana Lima
Enviada especial


envie por e-mail
imprimir
comente/comunique erros
download gratuito

Rio de Janeiro - “Uma mulher, que tinha um envolvimento lá - enfim, questão de adultério - foi posta na rua, teve a cabeça raspada e teve que descer o morro. Ela tinha um envolvimento com um traficante, que saiu dali depois que a milícia tomou o controle. Ela, por isso - ou por, não sei qual foi a postura dela depois que a milícia tomou o controle - ela foi colocada nua, pra fora de casa, teve a cabeça raspada e foi obrigada a descer o Morro do Sossego assim”.

O relato é de um morador de Bangu, subúrbio da região Oeste do Rio de Janeiro, e consta da pesquisa “Seis por Meia Dúzia?”, um estudo coordenado pelo professor Ignácio Cano, que ouviu moradores de áreas dominadas por milícias na capital e na Baixada Fluminense, lançada hoje (18).

O estudo baseou-se em 248 matérias de jornais, 3.469 registros do Disque-Denúncia, além de 46 entrevistas com moradores de áreas onde as milícias atuam. Os dados demonstram que, entre janeiro 2006 e abril de 2008, foram registradas 1.549 denúncias de extorsão em áreas dominadas por milícias e mais de 500 acusações de homicídios, o que confirma a natureza violenta desses grupos e o tipo de dominação que exercem.

O cotidiano se mostrou mais cruel em bairros onde o controle das milícias ultrapassa os limites da privacidade. Muitos procedimentos se assemelham às praticas do tráfico.

“Minha mãe mora em Bento Ribeiro [zona Norte]. Lá, puseram na caixa de correio dela um bilhete: segurança particular, mensalidade R$ 30,00. Eles entregaram a filipeta e avisaram em todas as casas que a partir daquele momento houve um controle tremendo. Não pode mais ouvir música alto (...) e eles não aceitam funk, eles não aceitam todo tipo de música”, descreve um morador do bairro Del Castilho, na zona Norte.

Pelo relato do mesmo morador, a milícia também decide se é a hora de as crianças irem para creches. “Eles disseram que ela informasse a eles mensalmente as crianças que estavam indo para a creche, porque eles iriam tentar averiguar quais eram os motivos. Se fosse um motivo banal, por exemplo, eles iriam denunciar para o conselho tutelar”, diz o morador.

De acordo com o coordenador da pesquisa, houve grande resistência dos moradores dessas áreas para falar sobre o assunto. “Conseguir testemunhos sobre milícias [foi] mais árduo que obter depoimentos sobre o tráfico, por exemplo. Apesar da garantia de sigilo, vários entrevistados se mostraram claramente receosos, se negaram a gravar”, comentou. Na maior parte das vezes, os moradores responderam às perguntas, fora do bairro, no ambiente de trabalho. As entrevistas foram realizadas entre outubro de 2007 e março de 2008.

Alguns depoimentos demonstram que a intensidade do controle sobre a população é variável, dependendo de cada área. De acordo com a pesquisa, em alguns lugares os milicianos atuam quase como um sistema de segurança privado, não interferindo na vida dos moradores de forma tão efetiva ou “desde que a ordem pública não seja ameaçada”, relata a pesquisa.

“Não, não colocaram regra nenhuma não. Pelo contrário, eles até eram bem solícitos com os moradores. Quando alguém chegava aqui mais tarde, acompanhavam até chegar em casa. A milícia aqui foi milícia ligth. Milícia braba tem lá na Carobinha [Favela da Carobinha localizada na região de Campo Grande, na zona Oeste]”, disse um entrevistado morador de Bangu, também na zona Oeste da capital.

As entrevistas demonstraram que algumas milícias restringem o direito de ir e vir dos moradores dos bairros onde se impuseram. Os moradores acabam impedidos de circular pelos “territórios” considerados inimigos. “Não se pode usar drogas e nem pensar em ir lá na Cidade de Deus”, disse um morador de Jacarepaguá. A Cidade de Deus é dominada por traficantes.

O pesquisador da Justiça Global Rafael Dias, que participou das entrevistas, destacou que o nível de interferência na vida particular é um ponto que diferencia a milícia da atuação do tráfico de drogas, por exemplo. As duas organizações interferem, mas de formas diferentes. “Quando há uma briga, o traficante faz uma mediação. Já houve caso do tráfico também espancar homens que batem em mulher. Mas a milícia apresenta uma cultura militar. É um discurso moralizante. Não pode beber, Não pode escutar funk. O discurso anti-drogas também é muito forte”, disse o pesquisador.

Apesar do discurso conservador, em alguns lugares a milícia optou por permitir a venda de drogas e o uso, dentro de casa. “Eles permitem que a pessoa use drogas em casa. Se pegam a pessoa fumando maconha ou crack na rua, eles dão uma dura. Se pegam de novo, eles matam”, destacou.

Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Milícias, instalada na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Marcelo Freixo destacou que, devido ao discurso moralizante da milícia, a população dos bairros passou a enxergá-las com bons olhos. “A população chegou a ver as milícias também como um mal menor. Isso porque existe um apelo moral. Eles chegam, dominam o território e dizem que não tem mais a droga, não tem mais a baderna, não tem mais o tiroteio com a polícia. E não tem mesmo porque a milícia não enfrenta a polícia. A milícia é a polícia”, afirmou o deputado.

No entanto, os efeitos nocivos do controle passam a ser sentidos pela população, na opinião de Freixo, logo após o início da atuação dos milicianos. “A população começa a sentir que vira refém desses grupos, que matam também. Eles não apenas matam as pessoas, eles matam e mostram que matam”, descreve o deputado.

Submetido a uma situação na qual as execuções sumárias são vistas como naturais, um morador de Santa Margarida, em Campo Grande, relata a ação de “limpeza” promovida pela milícia local. “Morador não morreu ninguém, era tudo bandido. O problema é que os bandidos eram todos conhecidos nossos. Tinha gente da minha idade, que cresceu comigo. A gente não podia nem falar que não, não matem. Era bandido, tinha que morrer, morreu”!

A CPI estima que existam hoje cerca de 150 milícias no estado do Rio de Janeiro. Quase sempre, seus integrantes podem ser identificados por um colete preto escrito “apoio”. No entanto, parte dos integrantes da milícia trabalha à paisana e se confunde com a população dos bairros. Em alguns bairros, os milicianos proibiram a população de usar roupas pretas, cor privativa dos integrantes do grupo.

A concentração é na cidade do Rio, mais especificamente na zona Oeste da cidade, ao longo da Avenida Brasil, da Linha Amarela e nas cidades mais desenvolvidas do interior do estado, principalmente do Sul Fluminense. A pesquisa abordou moradores de várias áreas, mas principalmente as que apresentaram maior número de denúncias contra a milícia no Disque-denúncia: Campo Grande, Anchieta, Canal do Anil (Jacarepaguá), Bangu, Campinho, Comendador Soares, Del Castilho, Guadalupe, Guaratiba, Itaguaí, Jacarepaguá, Paciência, Penha, Ramos, Santa Cruz, Sepetiba e Vila Kennedy.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A apresentação do esboço da Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), que terá sede em Redenção (CE), município a 66 quilômetros de Fortaleza, é um dos temas da 7ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que será realizada hoje, 25, em Lisboa, Portugal.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, que integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participa também das discussões sobre a implantação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

O projeto de lei que cria a Unilab, hoje em análise no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, define que a instituição terá um idioma comum - a língua portuguesa -, os cursos serão ministrados em parte presencial e a distância, a prioridade será para cursos de formação de professores, e 50% das vagas serão destinadas a estudantes de países da África.

De acordo com Leonardo Rosa, chefe da Assessoria Internacional do Ministério da Educação, o projeto político-pedagógico da universidade dará ênfase aos temas da integração. O primeiro vestibular, explica, está previsto para o segundo semestre de 2009, mas para existir a instituição ainda precisa da aprovação da Casa Civil e do Congresso Nacional.

O secretário de Educação Superior, Ronaldo Mota, observa que a nova universidade levará em conta as carreiras pelas quais os países africanos têm maior interesse, como as licenciaturas em ciências da saúde, física, biologia e as áreas de tecnologia, engenharia, administração e agronomia.

A universidade, diz Mota, além de ser inovadora do ponto de vista acadêmico, atenderá algumas peculiaridades. Entre as diferenças, ele destaca o estímulo ao regresso dos estudantes estrangeiros aos seus países de origem.

Para facilitar essa tarefa, os alunos vão fazer uma parte dos cursos no Brasil e outra em pólos de educação a distância, que serão montados em cada país africano da comunidade.

O encontro de chefes de estado e de governo da CPLP discutirá também o cronograma de implantação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa já ratificado por Brasil, Cabo Verde, Portugal e São Tomé e Príncipe.

No Brasil, informa Leonardo Rosa, o MEC prepara um decreto que será discutido com os ministérios da Cultura e das Relações Exteriores. O decreto relaciona as providências que devem ser tomadas para que o acordo entre em vigor.

Integram a CPLP oito países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

domingo, 10 de agosto de 2008

Comunique-se

Freelancers apelam à Casa Brasil para trabalhar em Pequim

Maurício Savarese, especial da China


Raros são os jornalistas freelancers que conseguiram credenciamento para cobrir os Jogos de Pequim - a maioria deles precisou do chamado "guanxi", ou seja, bom relacionamento com autoridades, olímpicas ou não.

A maioria dos repórteres independentes, no entanto, não tem amplo acesso à área olímpica e, no caso dos atletas brasileiros, teve de apelar para o espaço aberto pelos ministérios do Esporte e do Turismo na capital chinesa. Instalada em um hotel na área onde ficam os diplomatas em Pequim, a Casa Brasil repete a iniciativas criada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996.

O local, que custou mais de R$ 10 milhões e foi inaugurado na quinta-feira (07/08) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visa a promover o país em Pequim e impulsionar a candidatura do Rio de Janeiro à sede dos Jogos de 2016.

Mas na China, onde o jornalismo independente das fontes oficiais inexiste e no qual a concessão de visto de entrada para profissionais de comunicação já foi bastante difícil, a Casa Brasil se tornou um dos poucos espaços livres e onde os repórteres podem formar suas redes de contatos para buscar informações na cidade.

"Eu não tive muita alternativa. Dá para fazer algumas coisas da rua, mas nunca com atleta. Aqui nós temos acesso aos esportistas, vai dar para produzir um material diferente do pessoal que foi para a área olímpica e garanto um dinheiro para ajudar a bancar os custos que estou tendo", disse a carioca Mariana, que prefere não revelar o sobrenome nem a idade.

Ela produz reportagens para um site de Internet e tem visto de turista para a China. Nesta sexta-feira, dia de abertura das 29as Olimpíadas, alguns desses repórteres sem credencial passaram pela Casa Brasil para acompanhar a entrevista coletiva do velejador Robert Scheidt, duas vezes medalha de ouro.

Eventos desse tipo, diz a organização do espaço, devem se repetir com os medalhistas em Pequim e em encontros de jornalistas com o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman. O material e o acesso às fontes parece garantido.

Essa possibilidade animou o estudante paulistano Victor, que também não pode revelar o sobrenome. Apesar de não ser fã de esportes, ele viu na Casa Brasil uma oportunidade de produzir material inédito para a empresa onde trabalha. "Tem gente do jornal do mesmo grupo que faz alguns boletins, mas eu tenho esse espaço e posso usar. Se não fosse a Casa Brasil, eu provavelmente ficaria fazendo matérias de comportamento na cidade e ia ficar muito distante da ação de verdade", afirmou o repórter, que também gostou de voltar a conviver com colegas de profissão que conheceu no Brasil.

Fonte: Comunique-se

Unesco pede mais educação sexual sobre HIV

07/08/2008

Encarregada do Programa de HIV/Aids da Unesco, em Paris, disse que juventude representa 45% de novas infecções.


Mônica Villela Grayley, Rádio ONU em Nova York.

O Programa de HIV/Aids da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, pediu que as escolas se engajem mais na educação sexual sobre HIV.

Numa entrevista à Rádio ONU, da Cidade do México, a encarregada da Unesco para o programa, Ekua Yankah, disse que os jovens representam 45% das novas infecções, tornando-se o maior grupo de risco.

Escolas

Yankah, que está participando da 17ª. Conferência sobre HIV/Aids na capital mexicana, pediu mais participação das escolas como parte da prevenção. "É o trabalho de educação sexual dentro das escolas que ajudará a dar as informações antes que os jovens se tornem sexualmente ativos. Estes programas precisam dar todas a informações possíveis que os jovens precisam obter, como por exemplo, o uso de preservativo que eles terão que fazer quando se sentirem preparados para relações sexuais".

Segundo a encarregada do programa da Unesco, em Paris, muitas vezes o jovem só descobre que tem a doença quando já está na fase adulta.

Relatório

De acordo com um relatório do Unaids, publicado na semana passada, pela primeira vez, nos últimos anos, o número de novas infecções baixou de 3 milhões para 2,7 milhões. Uma redução de 10% no total de novos casos de HIV.

http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/detail/6854.html

Nações Unidas renovam apelo sobre trégua olímpica

08/08/2008
Secretário-Geral, Ban Ki-moon, diz que pausa é oportunidade para analisar custos elevados de guerras e iniciar o diálogo.

João Duarte, Rádio ONU em Nova York.*

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, reforçou seu apelo a favor da trégua olímpica.Numa declaração, divulgada no dia da abertura dos Jogos Olímpicos, Ban Ki-moon, afirmou que a trégua é uma oportunidade para se fazer uma pausa, e analisar os custos elevados da guerra e iniciar um diálogo.

Caminho da PazNuma primeira mensagem a favor da trégua, emitida há duas semanas, Ban disse que esperava que a tocha olímpica pudesse iluminar todos no caminho da paz.

Ainda nesta sexta-feria, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, afirmou que é contra o treino rigoroso que crianças em alguns países estão sujeitas para alcançar a excelência olímpica.

O Unicef diz que é preciso obedecer as regras de orientação sobre idade dos participantes evitando levar crianças a competições.

http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/detail/6865.html

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Pesquisa revela que ministro da Educação é o preferido entre os jornalistas

O ministro da Educação, Fernando Haddad, foi o ministro do governo Lula que mais contribuiu para melhorar as condições de vida dos brasileiros. É o que pensam 37,1% dos 509 jornalistas de todo o País ouvidos pelo Barômetro da Imprensa, realizado pela agência FSB Comunicações. Metade deles avaliou como “boa” ou “ótima” a atuação do ministro, enquanto menos de um quinto reprova seu desempenho. Guido Mantega (Fazenda – 32,4%), Dilma Rousseff (Casa Civil – 24,6%) e José Gomes Temporão (Saúde – 23,2%) seguem atrás de Haddad.

Os ministros cujas atuações não estão entre as de destaque para a melhora da situação do País são o de Transportes (Alfredo Nascimento) e Integração Nacional (Geddel Vieira Lima), com 2% e 1%, respectivamente, de citação entre os entrevistados.

A pesquisa desconsiderou as pastas de Turismo, Previdência, Relações Institucionais, Meio Ambiente e Minas e Energia porque tiveram seus ministros substituídos nos últimos meses.

Embora Haddad tenha sido o mais citado, a maioria dos jornalistas não conhece bem ou não sabe a mudança que sua pasta propôs no modelo de gestão de recursos do Sistema S (Senai, Sesi, Sesc, Senac), hoje nas mãos das entidades classistas do setor privado. Entretanto a idéia de haver um monopólio estatal na administração dessas receitas não é bem recebida por 42,8% deles.

Melhora nas condições de vida
Para 69,5%, as condições de vida da população melhoraram durante desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República. Pouco mais de 10% citaram deterioração dessas condições. Já 15,5% acreditam que não houve mudança e 4,3% não souberam avaliar o desempenho do governo.

Para ler a pesquisa na íntegra, clique aqui.

Fonte: Comunique-se

O Barômetro de Imprensa/FSB é uma pesquisa bimestral feita com jornalistas de todo o País cujos endereços
eletrônicos estão cadastrados no Maxpress. Os resultados da pesquisa, portanto, não são extrapoláveis
para o universo dos jornalistas brasileiros, mas apenas para o universo de jornalistas cadastrados
nesse mailing. Ao todo, são 30.427 profissionais cadastrados, distribuídos assim: Sudeste 59% do
mailing, Sul 16%, Centro-Oeste 9%, Nordeste 12% e Norte 4%. Com respeito às diferentes mídias, os
jornalistas de veículos impressos formam 50% do mailing, seguidos por TV (20%), Rádio (16%) e On Line
(14%). O Barômetro de Imprensa/FSB aborda a cada pesquisa diferentes temas de interesse nacional e
da categoria profissional, oferecendo uma visão geral da opinião dos jornalistas. Foram entrevistados 509
jornalistas nesta edição, assim distribuídos: 305 de meio impresso, 85 de Rádio e TV e 119 de On Line.

http://links.fsb.com.br/newsletter/fsbemfoco/barometro_de_imprensa2-julho_2008.pdf

Correio Braziliense publica Manifesto à Nação em defesa do jornalismo

07/08/2008
Redação
FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas
O jornal Correio Braziliense publicou na edição desta quarta-feira, 06/08, como informe publicitário, no caderno Brasil, página 13, o manifesto dirigido ao País alertando para os riscos ao jornalismo e à sociedade caso o Supremo Tribunal Federal considere inconstitucional a exigência da formação universitária para o exercício da profissão no Brasil. O documento além da assinatura da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) tem o aval da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) e31 Sindicatos de Jornalistas.


Nas próximas semanas o Supremo deve julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511961 que, se aprovado, vai desregulamentar a profissão de jornalista, porque elimina um dos seus pilares: a obrigatoriedade do diploma em Curso Superior de Jornalismo para o seu exercício. Vai tornar possível que qualquer pessoa, mesmo a que não tenha concluído nem o ensino fundamental, exerça as atividades jornalísticas.

"A exigência da formação superior é uma conquista histórica dos jornalistas e da sociedade, que modificou profundamente a qualidade do Jornalismo brasileiro e não é possível imaginar um retrocesso de mais de 70 anos”, avalia Valci Zuculoto, diretora da FENAJ e integrante da Comissão Nacional que coordena a campanha em defesa do diploma. Embora não tenha circulação nacional, explica Valci, o Correio foi o escolhido em função de ser uma publicação respeitável e de amplo acesso ao governo, Congresso Nacional e poder judiciário. “Outros veículos locais também estão publicando o texto e a Federação negocia uma veiculação nacional, mas quase sempre nem sequer somos atendidos, mesmo pagando”, informa.

"O manifesto já tem milhares de adesões, em todo Brasil, mas resolvemos publicar a versão com a assinatura das entidades nacionais da área por uma questão de espaço, e para mostrar que todo campo do jornalismo está unido em defesa da profissão e da qualidade na informação”, argumenta a diretora da FENAJ. Segundo Valci, todos os apoios são bem-vindos e as adesões à luta dos jornalistas podem ser postadas no site da Federação: www.fenaj.org.br

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Curso de Jornalismo de Políticas Públicas Sociais-NETCCON.ECO.UFRJ: últimas vagas à disposição

Começa no próximo dia 11 a quarta edição do Curso de Extensão Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, uma realização do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência- NETCCON, da Escola de Comunicação da UFRJ, e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI, sob a coordenação do Prof. Evandro Vieira Ouriques, coordenador do NETCCON, e de Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI. As inscrições, gratuitas, estão abertas até o próximo dia 15 de agosto (maiores informações pelo tel 21.9205.1696, e deverão ser solicitadas para evouriques@terra.com.br, com cópia para deborahrebellolima@hotmail.com

Serão 18 palestras, todas as segundas das 11h às 13h, no Auditório da CPM-ECO, Campus UFRJ da Praia Vermelha, com renomados jornalistas e especialistas na questão:
Bia Barbosa (INTERVOZES), Flavia Oliveira (O Globo), Paulo Lima (Viração), Michel Misse (Núcleo de Estudos de Cidadania e Violência Urbana.IFCS.UFRJ), Deodato Rivera (um dos redadores do ante-projeto do Estatuto da Criança e do Adolescente), Sílvia Ramos (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania-Universidade Cândido Mendes), Leonardo Mello (ex-IBASE), Cristina Rego Monteiro da Luz (NETCCON.ECO.UFRJ), Nádia Rebouças (Reboucas & Associados), Sandra Damiani (ANDI)Jacinta Rodrigues (Canal Futura), Antônio Góis (Folha de São Paulo), José Roberto Bellintani (Instituto São Paulo Contra a ), Rosa Alegria (Millenium Project, NEF.PUC.SP, NETCCON.ECO.UFRJ), Guilherme Canela (ANDI), Giancarlo Summa (Centro de Informação da ONU) e Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ).

O curso, aberto à Sociedade Civil, ao Estado, ao Terceiro Setor e ao Mercado teve 90 inscritos no semestre passado.

Programa:

Semana 1 (11/08): A Mídia e a Questão das Políticas Públicas Sociais no Brasil.
Palestrantes: Prof. Evandro Vieira Ouriques (Coordenador do NETCCON.ECO.UFRJ) e Guilherme Canela (Coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI)

Semana 2 (18/8): A Mídia no Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes Palestrante: Sandra Damiani e Graça Gadelha (ANDI)

Semana 3 (25/8): Interesse, Poder e Dádiva: a Questão dos Estados Mentais e da Generosidade no vigor das Políticas Públicas
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (Coordenador do NETCCON.ECO.UFRJ)

Semana 4 (01/9): A continuidade e a avaliação de resultados de políticas públicas sociais
no Brasil.
Palestrante: Leonardo Mello (ex-IBASE)

Semana 5 (08/9): A Mobilização Nacional pelo Paradigma dos Direitos da Criança e do Adolescente: o papel dos comunicadores
Palestrante: Deodato Rivera (um dos redatores do ante-projeto do ECA e participante da mobilização nacional pelo artigo 227 e pelo ECA)

Semana 6 (15/9): A Cobertura das Políticas Públicas na Área da Educação no Brasil.
Palestrante: Antônio Góis (Folha de S. Paulo)

Semana 7 (22/9): Mídia, Segurança e Direitos Humanos: para superar a Política do Medo
Palestrante: Giancarlo Summa (Diretor do Centro de Informação da ONU-UNIC-Rio)

Semana 8 (29/9): O Desafio de Aumentar a Presença das Políticas Públicas na Grande Imprensa.
Palestrante: Bia Barbosa (Intervozes)

Semana 9 (06/10): Pauta jornalística: um Espelho a ser Desembaçado
Palestrante: Profa. Cristina Rego Monteiro da Luz (Pesquisadora do NETCCON.ECO.UFRJ)

Semana 10 (13/10): Cobertura de Qualidade em Meio à Violência Estrutural: a Força Política da Não-violência e a Responsabilidade dos Atores Sociais e dos Jornalistas.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (Coordenador do NETCCON.ECO.UFRJ)

Semana 11 (20/10): Jornalismo e Transformação da Realidade: a Questão da Comunicação como Projeto Social
Palestrante: Jacinta Rodrigues (Coordenadora de Projetos de Mobilização Comunitária-Canal Futura)

Semana 12 (27/10): O Paradigma do Desenvolvimento Humano como orientador da cobertura.
Palestrante: Flavia Oliveira (O Globo)

Semana 13 (03/11): A Questão das Políticas Públicas Sociais e a Mídia Contra-hegemônica.
Palestrante: Paulo Lima (diretor da Viração)

Semana 14 (10/11): Cidadania, o Novo Paradigma da Segurança Pública: A Importância das Ações Integradas
Palestrante: José Roberto Bellintani (presidente do Instituto São Paulo Contra a Violência-ISPCV)

Semana 15 (17/11): A Responsabilidade Social da Publicidade
Palestrante: Nádia Rebouças (Presidente da Rebouças & Associados)

Semana 16 (24/11): Mídia e Respostas Brasileiras à Violência
Palestrante: Profa. Sílvia Ramos (da coordenação do CESeC-Universidade Cândido Mendes)

Semana 17 (01/12): A Jaboticaba Brasileira: o Processo de Incriminação no Brasil
Palestrante: Prof. Michel Misse (coordenador do NECVU.IFCS.UFRJ)

Semana 18 (08/12): Jornalismo Prospectivo e o Futuro das Políticas Públicas Sociais como Pauta.
Palestrante: Rosa Alegria (NEF–PUC/SP, NETCCON.ECO.UFRJ, Millennium/UNU)


Ementa do curso e informações sobre o Programa Acadêmico do NETCCON, no qual o qual está inserido:

Carga horária: 36 horas-aula (02 créditos)
2o Semestre de 2008
Segundas, das 11 às 13h
Auditório da CPM
Campus da Praia Vermelha


Equipe:
Coordenação: Profs. Prof. Drs. Evandro Vieira Ouriques (Coordenador do NETCCON.ECO.UFRJ) e Guilherme Canela (Coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI)
Responsável na ANDI: Fábio Senne (fsenne@andi.org.br)

Tema central: A cobertura de políticas públicas sociais: desafios da mídia quando o social está no centro da pauta


Objetivos gerais:

1) Estimular entre os estudantes e profissionais interessados o vigor de uma consciência auto-crítica, crítica e propositiva a respeito da qualidade da cobertura e tratamento da mídia no tocante às questões sociais brasileiras, de maneira a que eles assumam sua responsabilidade pessoal, histórica e ética frente a si mesmos e à Sociedade e assim construam uma nova atitude;

2) Disseminar e avançar entre e com os alunos metodologias para uma leitura crítica pró-ativa dos conteúdos da mídia;

3) Indicar e avançar a construção de alternativas teóricas e metodológicas estratégicas qualificadas para efetivar mais mudanças concretas no posicionamento do comunicador, e daquele que comunica em suas atividades, face à cobertura e o agendamento de temas sociais;

4) Influir para aumentar a representação mais democrática na comunicação pública, em seu sentido mais amplo, da multiplicidade de temas e atores da vida social.

Ementa: O foco da disciplina Jornalismo de Políticas Públicas Sociais é contribuir para o salto qualitativo da qualidade do ensino de Jornalismo e de Comunicação, bem como do aperfeiçoamento de jornalistas e comunicadores já profissionais, através de uma profunda e diversificada reflexão e prática pró-ativa sobre os diversos aspectos da cobertura de políticas públicas sociais em geral e de políticas para a infância e adolescência em particular.

Esta disciplina e curso de extensão é oferecido pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do programa acadêmico do Núcleo de Estudos de Comunicação e Consciência-NETCCON, da Escola de Comunicação, em convênio com a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

O objetivo é avançar de que maneira o comunicador (e aquele que comunica) pode ampliar a sua capacidade de modificar as agendas, pautas e briefings das organizações e redes de Comunicação, de maneira a que as questões sociais recebam cada vez mais importância e qualidade e assim ganhem maior possibilidade de discussão na mídia, nas organizações e no espaço público.

Para alcançar este objetivo a disciplina e curso de extensão proporciona aos alunos, que são estudantes de jornalismo e de comunicação e profissionais da mídia, de comunicação em geral e de áreas conexas, (1) o contato direto com renomados especialistas das mais diversas áreas relacionadas ao tema, (2) utiliza técnicas de ponta para a dinamização do grupo e (3) estimula a análise crítica de cases e a decorrente construção de propostas alternativas para eles.

Com isto, instrumenta-se os alunos com meios concretos para transformar os paradigmas e conceitos (os padrões mentais) que ainda orientam o tratamento dado aos Direitos Humanos, à Segurança Pública, à Igualdade na Diversidade, ao Desenvolvimento Socioambiental, ao Racismo e à Discriminação em geral, à Educação, ao Diálogo Inter-religioso, à elaboração do Orçamento Público, à Educação, à Auto-construção da Cidadania, etc.

E instrumenta-os também no tocante à relação entre os profissionais da notícia e suas fontes no contexto da agenda social, tanto na grande mídia quanto na comunicação que oferece uma alternativa à ela, e ao entendimento de como ampliar a responsabilidade e o poder de ação política, através do domínio não-violento dos estados mentais e da referenciação do ato decisório no princípio da generosidade, que os comunicadores e aqueles que comunicam têm sobre seus atos.

O Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, coordenado pelo Prof. Dr. Evandro Vieira Ouriques, criou esta disciplina e curso de extensão em 2007/1, tendo sido a segunda universidade no Brasil, e a primeira fora de Brasília, onde fica a sede da ANDI, a firmar convênio com a ANDI neste sentido. Também dentro do objetivo de contribuir para o salto qualitativo do ensino de Comunicação no Brasil, o NETCCON criou, em 2005/2, a disciplina Construção de Estados Mentais Não-violentos na Mídia e desde então a oferece sem interrupção.

O programa do NETCCON dedica-se às relações entre Comunicação, Estados Mentais e Ação no Mundo, com o objetivo de contribuir para a formação e aperfeiçoamento do comunicador e da capacidade de comunicar com foco no desenvolvimento humano para o diálogo.

É assim que na investigação da força do imaginário para fazer vigorar as políticas públicas sociais e a responsabilidade socioambiental na Teoria Social, nas Práticas Sociais e nas Práticas Organizacionais, o NETCCON trabalha de maneira central: (1) com a economia psico-política da comunicação, que propõe e sustenta; (2) com o pensamento da complexidade; (3) com uma epistemologia não-dualista que suspenda a fantasia da separatividade; (4) com o domínio do processo de formação da vontade, através da observação do fluxo dos estados mentais e dos jogos de linguagem através do quais ele se dá; (5) com as metodologias da não-violência para a resolução de aprendizados intensos; e (6) com a aproximação entre a teoria sociológica não-utilitarista e a Teoria da Comunicação, a Teoria da Cultura, a Teoria do Jornalismo, a Teoria da Administração, a Filosofia Política e a Filosofia da Linguagem, uma vez que entende que interesse e poder não devem estar auto-referenciados apenas pela luta política quando se quer de fato políticas públicas e responsabilidade socioambiental, mas sim referenciados pelo sistema da dádiva (Mauss, Godbout), entendido como o da generosidade, outro nome do “espírito público”, o único capaz de mover e garantir o vigor do espaço público.


Maiores informações podem ser obtidas com o professor Evandro Vieira Ouriques pelo telefone 21.9205.1696 e no blog http://evouriques.wordpress.com