terça-feira, 8 de dezembro de 2009

COP15

08/12/2009 - 11h49

Mudança climática causará 1 bilhão de migrações, diz relatório

Por Laura MacInnis

A mudança climática deve levar até 1 bilhão de pessoas a deixarem suas casas nas próximas quatro décadas, disse um estudo divulgado nesta terça-feira pela Organização Internacional para a Migração (OIM).

O relatório, lançado no segundo dia da conferência climática da ONU em Copenhague, estima que 20 milhões de pessoas já ficaram desabrigadas na semana passada por causa de desastres naturais, que devem se agravar devido à mudança climática.

Reuters
Fêmea de urso polar aguarda formação de gelo para migrar no norte do Canadá; além de animais, pessoas também terão que deixar suas casas por causa do clima



deixar seus países para tentar a vida em lugares mais ricos. O que ocorre, na verdade, é que eles se deslocam para cidades já superpopuladas, aumentando a pressão sobre países pobres.

"Além da luta imediata diante do desastre, a migração pode não ser uma opção para os grupos mais pobres e vulneráveis", disse o texto.

"Em geral, os países esperam gerir internamente a migração ambiental, à exceção de pequenos Estados insulares, nos quais em alguns casos (o aquecimento) já levou ao desaparecimento de algumas ilhas sob a água, forçando a migração internacional."

As estimativas sobre a migração decorrente de fenômenos climáticos variam de "25 milhões a 1 bilhão de pessoas... nos próximos 40 anos". O texto, no entanto, informa que a cifra mais baixa parece já estar ultrapassada.

O número de desastres naturais mais do que dobrou nos últimos 20 anos, e a OIM disse que a desertificação, a poluição da água e outros problemas tendem a tornar áreas cada vez maiores do planeta inabitáveis conforme o efeito estufa se alastrar.

"Uma maior mudança climática, com temperaturas globais previsivelmente subindo entre 2C e 5C até o final deste século, pode ter um grande impacto sobre o movimento das pessoas", disse o relatório, patrocinado pela Fundação Rockefeller.

O estudo aponta Afeganistão, Bangladesh, a maior parte da América Central e partes da África Ocidental e do Sudeste Asiático como as áreas mais propensas às grandes migrações por fatores climáticos.

Nesta semana, o alto comissário da ONU para refugiados, Antonio Guterres, alertou que metade dos refugiados do mundo já vive em cidades onde há aumento de tensões xenófobas, como Cabul, Bogotá, Abidjan e Damasco.

Começa a 15ª Conferência das Partes (COP-15) sobre Mudanças Climáticas em Copenhague

WWF


Líderes de todo o mundo estão a partir de ontem (7) diante de uma oportunidade única em Copenhague (Dinamarca), para atuar em prol de um acordo internacional justo sobre o clima, no intuito de ajudar a salvar o planeta de uma ameaça devastadora, o aquecimento global. E o WWF-Brasil também marca sua presença nessa cúpula mundial.


A 15ª Conferência das Partes (COP-15) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima é considerada o encontro mais importante do mundo desde o final da Segunda Guerra Mundial. Nele, os governos tentarão chegar a um acordo sobre o que precisa ser feito em relação ao clima do planeta, que está mudando rapidamente.


A COP-15 será realizada até dia 18 de dezembro. Durante um período de 12 dias, será preciso alcançar um Acordo do Clima que seja justo e com força de lei, ou seja, cujo cumprimento seja juridicamente obrigatório: um Acordo Global. Um esforço comum que enfrente, de forma substancial, as causas por trás das mudanças climáticas e que reduza os impactos potencialmente devastadores dessas mudanças.


Integrante da Rede WWF, que instigou uma grande cruzada para reunir especialistas, informações e argumentos necessários para obter os resultados que se busca em termos de políticas globais para o clima, o WWF-Brasil acompanha ao vivo, por intermédio de sua equipe, as discussões na Dinamarca. Durante todo esse ano, a instituição contribuiu para conscientizar as pessoas sobre os impactos e as consequências das mudanças climáticas, além de apoiar diversas iniciativas para ajudar os cidadãos a chamar a atenção dos líderes mundiais para o que está em jogo nesse encontro internacional.


"Estamos diante de uma oportunidade única para mostrar que política e ciência podem andar juntas. A despeito das dificuldades e dos imensos desafios ao multilateralismo, esperamos que as negociações possam indicar o caminho para uma economia global de baixo carbono, mais harmoniosa com o meio ambiente e justa às necessidades das populações", enfatiza Denise Hamú, Secretária Geral do WWF-Brasil.


Expectativas e Compromissos

Mais de cem chefes de Estado já confirmaram sua presença na COP15. Brasil, China e Índia trouxeram para a mesa de negociação um elemento novo e importante ao anunciarem metas para limitar suas emissões de gases de efeito estufa. Isto deu um impulso importante e os colocou os países em condição de cobrar das nações mais ricas sua responsabilidade,

“A presença de tantos líderes mundiais cria em Copenhague o ambiente necessário para decisões firmes. Todos os países precisam estar engajados na definição de um acordo ambicioso e juridicamente vinculante, ou seja, que permita a cobrança legal pelos compromissos assumidos”, afirma desde Copenhague Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação do WWF-Brasil. “Mas ainda há países que não querem tomar estas decisões agora. Esperamos, então, que o presidente Lula exija dos países ricos que assumam compromissos firmes de corte em suas emissões e de apoio financeiro e tecnológico aos países em desenvolvimento. E que as nações desenvolvidas efetivamente contribuam para chegarmos a um acordo. É uma excelente oportunidade para o Presidente mostrar a liderança internacional que a sociedade brasileira vem cobrando há tempos”, conclui o superintendente.

O Brasil levará a Copenhague uma das maiores delegações da Conferência, incluindo os negociadores do Itamaraty, Ministério de Ciência e Tecnologia, Ministério do Meio Ambiente, além de observadores de vários outros ministérios, de governos estaduais, municipais, empresas, organizações não governamentais e movimentos sociais.

“Os brasileiros tem muito interesse pelo tema das mudanças climáticas. A maioria de nosso povo se preocupa com o assunto, sabe que somos vulneráveis e espera ações firmes do governo brasileiro”, reforça Scaramuzza. “É fundamental que os governantes sensibilizem-se definitivamente com o tema das mudanças climáticas e incorporem a sustentabilidade ambiental e as ações para redução de emissões de gases de efeito estufa em cada plano e ação de governo”, acrescenta. “Zerar o desmatamento, investir em energias renováveis e reduzir nossas emissões em todos os setores não é apenas importante para o clima do Planeta. Trata-se de uma obrigação com futuro de nosso país e com as gerações futuras”, conclui o superintendente de Conservação.

Veja o que a Rede WWF e o WWF-Brasil defendem:

  • Reduzir as emissões mundiais de carbono em 80% até 2050
  • Facilitar a transição para uma economia de baixo carbono
  • Fazer com que as economias emergentes e outros países em desenvolvimento tenham acesso a tecnologias limpas
  • Apoiar a adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento
  • Apoiar a meta de desmatamento zero da Rede WWF

Sobre o WWF-Brasil

O WWF-Brasil é uma organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e de promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.

‘Bolsa Floresta’ beneficia 6,8 mil famílias na Amazônia brasileira

Amazonas, dezembro de 2009

Modelo do Programa, criado pelo Governo do Amazonas e implementado pela FAS, será mostrado durante evento da COP 15

O Programa Bolsa Floresta, que beneficia atualmente mais de 6,8 mil famílias no estado do Amazonas, é o primeiro projeto do Brasil implementado para recompensar as populações tradicionais pela manutenção dos serviços ambientais prestados pelas florestas tropicais. A iniciativa pioneira será apresentada durante evento paralelo da 15ª Conferência das Partes (COP 15), em Copenhage (Dinamarca), no dia 15.

Serviços ambientais são benefícios prestados pelas florestas em pé, como a estabilidade do clima, manutenção da chuva, armazenamento de carbono nas árvores e a conservação da biodiversidade. O Programa Bolsa Floresta recompensa, por meio de quatro componentes (Renda, Social, Familiar e Associação), as famílias que moram nas Unidades de Conservação (UC´s) estaduais do Amazonas e se comprometem com o desmatamento zero.

“Consideramos que o Bolsa Floresta é um importante mecanismo para envolver a população das unidades de conservação nas atividades de combate ao desmatamento”, afirmou o presidente da FAS, Luiz Fernando Furlan.

Criado em 2007, pelo Governo do Estado do Amazonas, o Bolsa Floresta foi instituído por intermédio da Lei de Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas. Atualmente, o programa é implementado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), instituição não governamental e sem fins lucrativos, em 14 Unidades de Conservação do Estado, em uma área de mais de 10 milhões de hectares.

“Nosso Estado tem uma imensa área verde, que precisa ser compreendida como uma vantagem, como um passivo. Nós compreendemos isso e transformamos o que era um problema em solução”, declarou o governador Eduardo Braga.

Nesse contexto, a FAS foi criada em dezembro de 2007, e iniciou, formalmente, suas atividades em março de 2008. Para tornar o Bolsa Floresta uma realidade, a instituição recebeu inicialmente doações do Governo do Amazonas e do Banco Bradesco (R$ 20 milhões de cada). A Coca Cola também doou R$ 20 milhões, no início de 2009. Os recursos foram aplicados no fundo permanente, e apenas os rendimentos são investidos, assim os programas da FAS serão sustentáveis financeiramente a longo prazo.

“Os recursos são aplicados naquilo que consideramos mais estratégico para a Amazônia: fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada. Porque ninguém desmata por ser burro ou ignorante, as pessoas desmatam por uma racionalidade, porque querem melhorar de vida”, afirma o diretor geral da FAS, Virgílio Viana.

Bolsa Floresta tem quatro componentes

Virgílio Viana ressalta que é necessário fazer com que a floresta se torne cada vez mais valiosa para as pessoas que nela vivem. Para isso, Viana destaca a importância do componente ‘Bolsa Floresta Renda’, através do qual são investidos em média R$ 140 mil por ano em cada UC, em iniciativas que promovam a inserção das populações locais nas cadeias de produtos florestais sustentáveis como óleos, castanhas, frutas, mel e etc.

Um bom exemplo desse incentivo foi alcançado na cadeia produtiva da castanha da Amazônia. Após a realização de oficinas de boas práticas no manejo, construção de armazéns e compra de secador foi possível elevar o valor do produto em cerca de 60%.

Outro componente é o Bolsa Floresta Social, destinado a melhoria da qualidade de vida das comunidades com investimentos locais em educação, saúde, comunicação e transporte. Os investimentos do BFS também equivalem, em média, a R$ 140 mil por Unidade de Conservação ao ano.

Um terceiro componente é o Bolsa Floresta Associação, destinado às associações dos moradores das Unidades de Conservação para fortalecer a organização e o controle social do Programa. Os investimentos do BFA totalizam, em média, R$ 2,4 mil por mês para a associação de moradores de cada Unidade de Conservação.

O quarto componente, o Bolsa Floresta Familiar, é uma recompensa mensal de R$ 50, paga às famílias que têm o compromisso de utilizar racionalmente os recursos naturais e se comprometem com o desmatamento zero.

Até outubro deste ano, mais de 6,8 mil famílias já foram beneficiadas pelo programa Bolsa Floresta, totalizando mais de 30 mil pessoas.

“As florestas do Amazonas prestam um bem ao meio ambiente funcionando como um grande refrigerador da Terra. E a preservação dessas florestas acontece graças a presença de homens e mulheres que habitam essas matas. Com o Bolsa Floresta, será arrecadada verba a ser repassada para essas pessoas a fim de que elas tenham melhor qualidade de vida”, declarou o governador Eduardo Braga, durante a criação do Programa, em 2007.


SOBRE A FAS

A FAS é uma instituição público-privada, sem fins lucrativos, não governamental e sem vínculos político-partidários. A Fundação foi criada no dia 20 de dezembro de 2007, por meio de uma parceria entre o Governo do Estado do Amazonas e o Banco Bradesco, conforme estatuto previamente aprovado pelo Ministério Público Estadual. Em fevereiro de 2009, a Coca Cola Brasil também passou a ser mantenedora. A missão da FAS é promover o envolvimento sustentável, a conservação ambiental e a melhoria da qualidade de vida das comunidades residentes nas Unidades de Conservação Estaduais do Estado do Amazonas, em uma área de mais de 10 milhões de hectares, por meio da valorização dos serviços e produtos ambientais. A FAS tem como prioridade implementar o Programa Bolsa Floresta (PBF), que é o primeiro projeto do Brasil certificado internacionalmente para recompensar as populações tradicionais e indígenas pela manutenção dos serviços ambientais prestados pelas florestas. A contabilidade da FAS é feita pela Deloitte, empresa independente especializada em controle contábil, e auditada pela PricewaterhouseCoopers-Brasil, uma das empresas de auditoria mais respeitadas do mundo. Para mais informações, por favor, visite nosso website: www.fas-amazonas.org.