quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Que reforma urbana?

Segundo dados do Iterj (Instituto de Terras e Cartografia do Rio de Janeiro), o estado do Rio já alcança um déficit habitacional de quase 300 mil moradias. Um dado ainda mais alarmante, é que mais de 1 milhão de pessoas não têm onde morar no Rio.

Esses dados são de uma pesquisa do IBGE que registrou, entre 1991-2000, um aumento em 12 mil residências no déficit de habitação aqui no estado.

Como pensar um desenvolvimento econômico no estado se o desenvolvimento social ainda é muito incipiente e fraco? E a reforma urbana (?) - projeto que deveria prever não só construção de moradias, mas também a regularização fundiária e uma intervenção estratégica da política habitacional.

O projeto de se fazer uma reforma urbana no país está previsto desde o governo do Jango na década de 60 como uma das "Reformas de Base", e ainda em 2007, não temos nenhum projeto consistente... é coisa de tupiniquim mesmo...

Desde 2a feira (29/10), 56 famílias com 28 crianças a tira colo, estão ocupando de forma pacífica o antigo prédio do INSS, na rua Alcindo Guanabara 20 (ao lado da Câmara Municipal) na Cinelândia, centro do Rio. Eles estão ocupando o terceiro andar do edifício, abandonado há mais de 10 anos. Lá, já havia um projeto piloto de abrigar 100 famílias... e para a novidade dos moradores já "prometidos", o INSS está vendendo a preço de mercado o edifício para a Receita Federal.

Essas famílias estão cadastradas e também participam do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM). Pelo que disse Gelsom de Almeida, um dos coordenadores do movimento aqui no estado do Rio, o MNLM foi criado na década de 90 para lutar pela aplicação de políticas públicas de habitação e reforma urbana e está presente em 18 estados brasileiros.

Esse movimento, assim como tantos outros derivados dos sem terra, o MST, estão se proliferando... cabe pensar por que movimentos sociais dos mais variados nomes e "ideologias" estão se formando. Será porque é para lembrar ao Estado de levar em conta "certas categorias" da população brasileira (marginalizadas) na hora de formular políticas públicas?

E quantos movimentos desses não estão filiados a partidos políticos? O Gelsom do MNLM garante que eles não estão, para assim permitir mais autonomia política de atuação... talvez eles sejam um dos poucos ainda não filiados.

Hoje no Brasil, 25 milhões de famílias sofrem com a falta de moradia, seja em cidades ou em áreas rurais. Essa não é uma informação para se jogar fora. Será que a reforma urbana, ou melhor "habitacional" se limita apenas a dar casas para as pessoas morarem?

Sendo assim é muito fácil, aqui na cidade do Rio, por exemplo, é só construir "conjuntos de moradias populares" em lugares inóspitos onde nem ônibus chega, próximos a lixões e abrigar pessoas lá. São lugares hostis porque o Estado não intervém, não chega água, infraestrutura sanitária, linhas de transporte, serviços, escola, posto de saúde, nada...

Será que a reforma urbana não deve vir acompanhada pela presença do Estado em outros aspectos? Estranho pensar que só algumas categorias de pessoas têm direito à cidadania... pois é, aqui no Brasil é assim, nem todo mundo tem direito a ser cidadão...

Fabíola Ortiz


http://www.iterj.rj.gov.br/

http://www.ipea.gov.br/pub/td/td_410.pdf


Galeria de Fotos:
Fonte Flickr.com



































quinta-feira, 25 de outubro de 2007

E mais um dia no Rio de Janeiro...

Fortes chuvas, ruas alagadas, transbordamento de rios, bueiros entupidos, trânsito muito congestionado, acidentes, engavetamentos, queda de encostas, falta de luz, cancelamento de vôos, fechamento de aeroportos... pois é, esse foi o cenário que o Rio viveu hoje: um caos generalizado.
Hoje choveu o equivalente a 45 dias de chuvas normais. Culpa da chuva? pode ser... mas só dela?


A Defesa Civil registrou mais de 200 ocorrências durante todo o dia. Houve falta de luz em muitos bairros da zona sul, norte, oeste e Baixada Fluminense.
JB Online

A chuva não deu trégua, ninguém saiu imune. Não bastasse isso, 5 mil toneladas de terra desabaram de ontem para hoje entre as galerias do túnel Rebouças, uma das principais ligações de bairros da zona norte à sul do Rio. O que são 5 mil toneladas? Foi capaz de quase tapar o buraco do túnel. Incidente?


Logo após técnicos da Secretaria de Obras e da Geo-Rio terem avaliado a situação do morro que fica em cima do túnel, o Cerro-Corá, e terem dito que não haveria mais risco de desabamento... caiu mais um blocão de barro.

Pois é... segundo o secretário de transportes, Arolde de Oliveira, só não foi uma tragédia porque não pôs em risco a vida das pessoas. Como não? E os carros que passaram antes ou na hora do deslizamento? Um amigo meu que atravessou o túnel quase na mesma hora do deslize, ontem à noite, correu o sério risco de ser soterrado.


Hoje o tema foi prato cheio para a mídia. Vários "ao vivo", "fique com a gente", "mais informações a qualquer momento", "não saia daí"... Mas disso tudo vai sobrar alguma coisa: será que na próxima vez que chover tanto quanto hoje, as pessoas vão se lembrar do que aconteceu nesse dia? Não sei, a memória é curta. A mídia também, de certo modo, pode contribuir com o esquecimento.

Essa não é a primeira vez que cai alguma coisa, desaba outra, morre alguém, inunda algum lugar, mata, desaloja... E não será a última.

Vale lembrar também outro episódio: os Estados Unidos só reparam que o aquecimento global existe, quando a tragédia bate à porta deles. Na verdade os pobres sempre arcam com a tragédia, as pessoas só se dão conta quando a elite se vê incomodada, quando o fogo queima a sua mansão.


Será que nós também só caimos na real quando a catástrofe nos atinge?
É a mesma coisa quando dizemos que morreram tantas pessoas num tiroteio com a polícia no morro tal... "ah, mas eram traficantes mesmo".

Imagem do Extra

Fabíola Ortiz

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A Tropa de Elite do BOPE: a violência policial retratada no cinema brasileiro

O filme ‘Tropa de Elite’ que atraiu um público de 180 mil espectadores só no fim de semana de estréia em São Paulo e no Rio de Janeiro, põe em discussão a violência policial tendo como pano de fundo as favelas cariocas, e a crença de que a violência deve ser combatida em igual medida pelo uso da força. O diretor do filme também aborda questões como a descriminalização das drogas – quem estaria financiando o narco-tráfico, seria a classe média?

Cena do filme "Tropa de Elite", imagem retirada do Google Images

Quando fiz o filme do ônibus 174 com o ponto de vista da violência do Sandro Nascimento e sua história de vida, me deu uma idéia: por que não fazer um filme do ponto de vista da violência policial, daqueles policiais que mataram o Sandro”. Foi assim que José Padilha, diretor do filme ‘Tropa de Elite’ que atraiu um público de 180 mil espectadores só no fim de semana de estréia em São Paulo e no Rio de Janeiro, deu início ao debate com alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura da instituição.

Após a exibição gratuita do filme para os estudantes universitários, nesta última terça feira dia 16, o debate reuniu centenas de alunos no teatro de arena no campus da UFRJ para discutir com o diretor e os três autores do livro ‘Elite da Tropa’ que deu origem ao longa metragem*.

‘Tropa de Elite’que foi escolhido o filme de abertura do Festival do Rio 2007, em setembro, teve seu lançamento nas telas de cinema antecipado para 12 de outubro. O filme que contou com um orçamento de dez milhões e meio de reais, uma das produções mais caras do cinema brasileiro, é sucesso de público e crítica.

O Nascimento e o BOPE

O filme é narrado por um policial do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Para Padilha, o personagem capitão Nascimento acredita profundamente que a violência deve ser combatida com a própria violência. “O policial que integra o BOPE é um caso extremo de uma polícia que acredita na violência como solução”.

José Padilha explica que sua opção por mostrar o lado policial é que no Brasil não havia nenhum longa metragem que abordasse esse ponto de vista – a exemplo do ‘Carandiru’, ‘Cidade de Deus’, ‘174’ que apresentam outras realidades.

Luis Eduardo Soares, um dos autores do livro, considera que as polícias, em especial do Rio de Janeiro, são as mais violentas do mundo. E apontou como dados, a título de comparação, que nos EUA, a polícia é tida como a mais brutal e mata 200 pessoas por ano.

Segundo ele, dados de 2003 apontam que houve mais de mil mortes no estado do Rio com “sinais claros de execução pela polícia”. O sociólogo enfatiza os dados mais recentes de 2006 e 2007: ano passado foram 1.600 mortes, esse ano já chegamos a 1.400. Em cinco anos, mais de quatro mil casos de pessoas assassinadas.

E destaca: “É inaceitável conviver com essas estimativas”. Com o filme e o livro, Luis Eduardo Soares incita a mobilização da opinião pública para discutir a atuação da polícia e pôr em questão esses dados.

Rebatendo às críticas, o diretor afirma que nem o Sandro, nem o Nascimento são heróis, considerar algum deles como herói é “simplificar o entendimento do filme”. Para ele, é preciso ser capaz de olhar e entender o discurso policial assim como o do Sandro retratado no documentário ‘174’.

“A minha idéia era fazer um filme que as pessoas debatessem”, disse. Padilha considera que o BOPE é um batalhão treinado para a guerra de caça aos traficantes. O BOPE é retratado no filme ambientado em 1997, na época 120 homens compunham a corporação, hoje o batalhão já tem mais de 400. “Uma cidade que precisa ter esse tipo de polícia especial, já temos um sério problema. Não deveria existir uma polícia como essa, não resta a menor dúvida que ela precisa ser mais humana e respeitar a lei”.

Luis Eduardo Soares destaca que a sociedade tende a generalizar os policiais como se fossem os principais agressores, “eles também são vítimas”. E acrescenta, “o BOPE é como se fosse uma seita, há um processo de institucionalização da violência, o capitão Nascimento é fruto da construção de uma identidade selvagem”.

De acordo com o sociólogo, há dois grandes problemas na polícia: a corrupção e brutalidade. E sobre o livro, ressalta que “há um processo histórico da política de segurança pública que está padronizando as atitudes rígidas, os policiais são também vítimas, antes mesmo de serem apontados como algozes”.

Rodrigo Pimentel concorda e afirma que: “A polícia reproduz as violências, os preconceitos e a corrupção da sociedade carioca. A nossa sociedade é violenta, é corrupta e aceita o falso herói como o Nascimento. A polícia acaba fazendo uma réplica da violência desses valores sociais”.

José Padilha enfatiza que o filme não tem como pretensão demarcar uma posição político-partidária. E rebate a mais críticas: “No 174 me perguntaram se eu era radical de esquerda, nesse [Tropa de Elite] se eu sou radical de direita; isso seria politicamente inviável”, ironiza. De acordo com o diretor, há uma noção equivocada de que a arte deve sempre propor soluções e abordar toda a realidade – “isso não é verdade”.

A descriminalização das Drogas

“O filme mostra que o usuário recreativo de drogas – aquele que não é viciado e pode escolher comprar ou não – sabe de quem está comprando [se referindo aos grupos armados nas favelas]”. Para ele, o filme coloca a questão se aquele que consome drogas está financiando ou não grupos armados com o dinheiro pago pela droga.

Já Luis Eduardo Soares é mais contundente: “é claro que as drogas financiam as armas”.

O filme aponta para uma sociedade que coloca o consumidor numa situação complicada: “ou ele compra de grupos armados e acaba financiando a violência urbana, ou não consome”.

Esse debate suscita uma polêmica ainda maior: a descriminalização das drogas. Padilha se pergunta por que a droga tem que ser criminalizada e a bebida não.

Sobre isso, responde: “Sou a favor da descriminalização das drogas, as pessoas devem escolher o que elas fazem, se eu quero comprar maconha o que o Estado tem a ver com isso?”

Porém, o diretor de ‘Tropa de Elite’ questiona se com a descriminalização a violência urbana diminuiria. “Tenho minhas dúvidas, toda vez que se combate o tráfico de drogas aumentam os seqüestros e homicídios”.

Pirataria

Mas não só de críticas e de bilheteria que o ‘Tropa de Elite’ virou um fenômeno. Ele também bateu o recorde da pirataria. Segundo pesquisa do Datafolha, só em São Paulo cerca de um milhão e meio de pessoas já assistiu ao DVD pirata. No dia 11 de outubro, foram apreendidos em todo o Brasil mais de 1 milhão de CDs e DVDs pirateados, o ‘Tropa de Elite’ representou 10% de toda a apreensão.

A cópia foi vendida nos camelôs dois meses antes da estréia do filme e ainda não era a sua versão final. Além do Rio e São Paulo, os DVDs piratas podiam ser comprados nas grandes cidades como o Distrito Federal , Belo Horizonte e Salvador. Na internet, mais de 70 mil sites oferecem o filme para download.

Sobre o fenômeno que popularizou o filme, Padilha não nega que tenha ganhado mais projeção, mas mesmo assim, considera a pirataria crime. “A pirataria envolve sonegação fiscal, não paga impostos, nem reconhece direitos trabalhistas ou dos consumidores. Eu sou a favor de um cinema mais barato, mas piratear não é a solução”.

Em resposta a uma sugestão da platéia de fazer um filme sobre os verdadeiros “chefões do tráfico”, Padilha garante que o próximo filme será sobre o Congresso Nacional. O roteiro está sendo escrito junto com o Gabriel Pensador.

*Do sociólogo Luis Eduardo Soares, André Batista e o ex-capitão do BOPE que atuou 6 anos na corporação, Rodrigo Pimentel.

Fabíola Ortiz

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Dar vida ao Blog


Para inaugurar o meu primeiro blog - confesso que relutei muito em criar um espaço como esse, mas agora me rendi a necessidade de expôr minhas idéias livremente transpondo as barreiras físicas que a internet nos possibilita.

Jornalista em formação, pretendo com esse espaço dar voz a artigos meus sobre os mais diversos temas, sejam eles sobre política, cultura, violência, atualidades, reflexões, críticas... não quero me restringir a nenhum assunto.

Considero o blog "FOS Repórter", cujo nome faz alusão ao meu próprio, ou pelo menos a minha pretensão de tornar-me repórter, se ainda não sou uma, estou construindo meu caminho.

Na verdade, tomei a decisão de criar um blog no auge do meu ímpeto de insatisfação e sentimento de impotência para "desabafar", assim posso considerar (talvez essa não seja a melhor palavra para caracterizar o meu sentimento no momento exato em que resolvi dar vida a um blog) . Mas, confesso que diante de uma impotência como jovem jornalista ao ter me deparado com situações que me marcaram, vão servir tanto como aprendizagem e ensinamento para uma carreira em construção.

Fabíola Ortiz

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Pesado

Hoje foi um dia pesado, considero um dos dias mais difíceis que tive desde que entrei para a equipe de jornalismo em uma rádio AM no Rio de Janeiro. Não faz muito tempo que estou lá, mas sinto que já é um bom começo para vivenciar uma parte do jornalismo. São muitos os desafios, as diferentes reportagens que temos que fazer e a preocupação que devemos ter para adaptá-las à linguagem radiofônica. Mais para frente posso contar mais da experiência de estar lá.

Voltando ao assunto que norteia 0 meu relato, ou desabafo, hoje a tarde foi pesada.
Nunca tinha ido ao Instituto Médico Legal (IML) no Rio de Janeiro. Um lugar fantasmagórico que fede a formol, cheira a morte e dor.
Pois é, hoje foi a minha estréia no IML. Segundo um colega de reportagem, hoje eu "tirei a minha virgindade" do IML. A tarde foi longa, saí da redação esgotada e sem ter a sensação de ter cumprido a missão.

São muitas as surpresas que nos esperam a cada dia que chegamos à redação. Para mim, pelo menos, me sinto mais aliviada quando percebo que o esforço tenha valido a pena. Hoje até valeu, pela experiência. Muito aprendi. Voltei para casa sem forças, e com um sentimento de impotência. Aquele jornalismo de transformação social que acredito todo repórter deve carregar consigo, hoje me vi discrente disso. Às vezes não é possível mudar as coisas. Às vezes não é possível ser neutro, não se envolver, não se comover.

Assim que chego à redação sou mandada diretamente para o IML para registrar o processo do reconhecimento de familiares que perderam filhos, sobrinhos, primos, maridos em um confronto com a polícia civil na favela da Coréia, em Senador Camará na zona norte do Rio. A operação policial, como tantas outras diariamente ganham as páginas principais nos jornais do Rio. Dessa vez não foi diferente.

O confronto ontem deixou um saldo com número de mortos ainda duvidoso - ainda não se sabe se foram 12 ou 16 mortos. A assessoria da polícia civil apenas afirmava 12 entre eles um policial e uma criança de 4 anos vítima do tiroteio.

Como abordar os familiares de jovens mortos, que a princípio segundo a polícia, teriam envolvimento com o tráfico de drogas? Eu não estava preparada. E como estar preparado para uma situação dessas?

Muitos parentes estavam visivelmente abalados com um mixto de indignação, ódio, tristeza e sentimento de perda. Como falar com elas, como se aproximar em um momento tão particular? Não foi fácil. As reações são as mais diversas e imprevisíveis. E nessa história toda, qual o meu sentimento de impotência frente a uma realidade de violência. Não entro no mérito se eram parentes de traficantes ou não, eram seres humanos com mães. E o que fica disso tudo: "muito ódio, muita raiva" (segundo uma das familiares) e descontentamento, principalmente com a polícia e junte-se ainda a imprensa que está sempre na hora certa/errada para retratar a desgraça dos outros.

Eu não estava ali para fazer sensacionalismo, eu queria saber o lado humano da coisa. E as famílias que ficam, como é viver em um lugar onde o Estado não chega e o que impera é a lei do mais forte. Queria saber dos sentimentos das pessoas que perderam entes queridos, mas sem invadir a privacidade do outro. "Ele era tão jovenzinho, tinha 20 aninhos, como é que fizeram isso com ele... / Eu sou camelô, tenho que trabalhar, ele tinha que me ajudar com o sustento / Não quero falar sobre isso, eu não falo com imprensa, se quiser saber mais coisa vai falar com a polícia que matou eles... / Que direitos humanos o quê, e o que fazem com a gente é direito humano?...", alguns dos breves relatos que consegui de pessoas diferentes.

Pois é, dessa vez não consegui me distanciar. De tão comovida, nem fazer um relato emocionado fui capaz. A saída mesmo, pelo menos para tentar manter um certo equilíbrio num caos de total desordem de pensamentos, resolvi fazer mais uma daquelas matérias burocráticascomo como se não houvesse envolvimento com a situação.

"Muitos familiares compareceram, nesta 5a feira, no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no centro do Rio para fazer o reconhecimento dos corpos. 7 deles já foram liberados, 5 ainda estavam no processo de identificação.... O laudo técnico será concluído em 15 dias. Muitos familiares manifestaram indignação com a atuação da polícia. Os enterros estão sendo nos cemitários... Do Rio de Janeiro, F.O."

Não foi nem será apenas a única ida ao IML. Estou ciente. Da próxima vai ser melhor.


Fabíola Ortiz