sexta-feira, 30 de maio de 2008

'Situação de guerra' leva Cruz Vermelha às favelas do Rio

29/05/2008 - 08h40

No Rio de Janeiro

Voluntários da Cruz Vermelha vão atuar em favelas do Rio a partir de junho. A decisão foi anunciada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que considera o número de vítimas na capital fluminense equivalente ao de locais onde há guerra declarada. "A violência urbana é um sério desafio com o qual precisamos lidar", disse o presidente do CICV, Jakob Kellenberger.

A Polícia Militar do Rio matou oficialmente 1.548 pessoas em 14 meses do governo Sérgio Cabral Filho (PMDB) - de janeiro de 2007 a fevereiro deste ano, último dado divulgado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Registradas como autos de resistência, as mortes em supostos confrontos são contabilizadas há dez anos no Rio, e atingiram sua maior marca no governo Cabral: 110 por mês, em média. Foram 1.330 mortes em 2007 - aumento de 25,11% em relação a 2006 - e 218 em janeiro e fevereiro deste ano, ante 207 no mesmo período de 2007 (5,31%). Para efeito de comparação, foram mortos por armas de fogo em confrontos 14.235 pessoas no Iraque em 2007.

A Cruz Vermelha tem como uma de suas principais missões agir, em caso de guerra, em favor de vítimas civis e militares. Um acordo para atuar no Brasil foi assinado em 2007.

Anteontem, em Genebra, Kellenberger evitou dar detalhes sobre o programa. No Rio, a filial da Cruz Vermelha informou que equipes já foram treinadas - inclusive na Argentina - e que o trabalho deverá começar na segunda quinzena de junho, com pelo menos 30 "socorristas" voluntários. "É a primeira vez que ocorre um trabalho com esse perfil no Brasil, e a filial do Rio foi escolhida", informou a entidade. O porta-voz da entidade para a América Latina, Marçal Izard, explicou que o programa também deverá apoiar presidiários, diante das acusações de maus-tratos em centros de detenção, além de moradores de favelas. As informações são do jornal.
O Estado de S. Paulo.