terça-feira, 25 de maio de 2010

Dia de África

África 21 - DF

África 21 - DF
24/05/2010 - 12:10

Dia de África

25 de Maio - Os desafios

Em muitos países africanos, as elites das antigas potências colonizadoras foram substituídas por elites nacionais que, em muitos casos, mais não fazem que se locupletar com o erário público.

Alfredo Prado

O continente africano comemora no 25 de Maio o seu dia. O dia da celebração das independências, do fim do colonialismo, da construção de novos países.

A data é importante para os africanos, mas também para o mundo, em geral. A libertação do continente dos grilhões coloniais é uma conquista que ultrapassa as suas fronteiras. É, na verdade, uma conquista de toda a humanidade. Inclusive daqueles - e foram muitos - que a ela se opuseram.

África democratiza-se, mesmo quando tal não é reconhecido pelos padrões europeus ou norte-americanos. O continente moderniza-se, ainda que a ritmo muito lento. Os mercados consumidores crescem. O acesso às novas tecnologias avança. Mas se o Dia de África é um dia de celebrações, não deixa de ser também um dia de reflexão e de lutas.

Milhões de africanos, de norte a sul do continente, ganharam liberdade e direitos de cidadania, mas em muitos casos as suas condições de vida não são diferentes daquelas que tinham sob o colonialismo.

Meio século volvido após as primeiras independências, os progressos nos cuidados de saúde, no acesso ao ensino, na habitação, continuam, na maioria dos países africanos, a avançar em passo de caracol. Em alguns casos, temos de admiti-lo, até recuaram.

Se é certo que as desigualdades no comércio internacional, as assimetrias gigantescas entre os países ricos e os países pobres, entre as potências mundiais e os países em desenvolvimento, marcam negativamente a vida e comprometem o futuro de milhões de africanos, também é verdade que nem tudo o que é negativo resulta apenas dessas políticas.

São muitos os países africanos em que as elites das antigas potências colonizadoras foram substituídas por elites nacionais que, em muitos casos, mais não fazem que se locupletar com o erário público. A corrupção, o nepotismo e o autoritarismo campeiam. Os preconceitos raciais, invertidos, geram tensões dentro dos próprios tecidos sociais locais. A intolerância étnica e religiosa faz todos os anos milhares de mortos. Os novos-ricos apropriam-se de terras públicas e têm os aparelhos de Estado ao seu serviço.

Muitos dos objetivos programáticos lançados pelos movimentos de libertação das antigas colônias portuguesas, francesas ou inglesas continuam por realizar. Aos povos de África não basta a conquista da independência. Precisam de outras conquistas: da democracia plena, da distribuição das riquezas nacionais, da democratização do ensino, do progresso social, do desenvolvimento económico. Condições necessárias para que a sua voz se faça ouvir no concerto das nações, para que a transferência de tecnologias e de conhecimento se tornem uma realidade, para que as suas riquezas sejam verdadeiramente riquezas nacionais. Estes são os desafios que se colocam a África. Desafios que podem ser vencidos.


http://www.africa21digital.com/noticia.kmf?cod=10056523&canal=405