terça-feira, 13 de maio de 2008

Violência mata 1 pessoa a cada 6 minutos

OSMAR SOARES DE CAMPOS
da PrimaPagina
Brasília, 09/05/2008

A cada seis minutos, uma pessoa morre no Brasil de homicídio, acidente de trânsito ou suicídio, indicam dados preliminares de um levantamento feito pelo Ministério da Saúde com base em números de 2006. Ainda que alguns desses tipos de óbito estejam diminuindo nos últimos anos, o ministério e o CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) classificam o problema como “epidemia”.

A avaliação de que essas cifras, compiladas pelo Sistema de Informação Sobre Mortalidade, têm dimensões epidêmicas resultou na organização de uma série de encontros para discutir propostas de enfrentamento à violência no país, com apoio de cinco agências da ONU, entre elas o PNUD.

(...)

Nos últimos anos, contudo, a taxa de morte em acidentes automobilísticos quase sempre vêm diminuindo no Brasil desde a entrada em vigor do novo Código Nacional de Trânsito, em 1997 — houve um aumento no início desta década, revertido em 2005 e 2006.

Também a taxa de homicídios recua. O indicador atingiu o pico em 2003 (28,9 mortes por 100 mil habitantes), mas segue em queda desde então. Mansano atribui esse recuo à aplicação do Estatuto do Desarmamento, em vigor desde aquele ano. Ainda assim, as armas de fogo ainda eram a principal causa de morte violenta em 2006, responsáveis por 68% dos casos.

(...)

O impacto se dá sobretudo nos serviços de emergência, mas também influencia o próprio custo da manutenção do serviço de saúde. Um estudo realizado em 2004 pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) e citado por Mansano na palestra aponta que o custo para o sistema de saúde é de R$ 205 milhões nos casos de agressão e de R$ 768 milhões nos acidentes de trânsito.

Leia em:

http://www.pnud.org.br/seguranca/reportagens/index.php?id01=2940&lay=jse




Lançamento de livro,

debate multidisciplinar sobre

população de rua

e projeção de documentário

e fotos da Fazenda Modelo



Livro: NO OLHO DA RUA - A vida na Fazenda Modelo, um dos maiores abrigos de mendigos do mundo
Autor: Marcelo Antonio da Cunha
Editora: Nova Fronteira


Evento de lançamento: 13 de maio, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ


O LIVRO
Eles já foram os miseráveis de Victor Hugo, o lumpesinato de Karl Marx, os excluídos da globalização, os marginalizados, os párias, os indigentes, os sem-teto e hoje ganharam o pomposo título de "pessoas em situação de vulnerabilidade social". No fundo, são gente como a gente, que carrega histórias de vida muitas vezes surpreendentes. Foram essas histórias que o médico Marcelo Antônio da Cunha recolheu durante os três anos em que dirigiu a Fazenda Modelo, que já foi um dos maiores abrigos de mendigos do mundo.

Uma vila, uma senzala, um campo de concentração, um reflexo do que acontece nas ruas do Rio de Janeiro? A Fazenda Modelo foi tudo isso um pouco. Criada em 1947 e transformada em abrigo em 1984, ocupava 47 hectares na Zona Oeste do Rio de Janeiro e chegou a abrigar 2.500 pessoas, entre crianças, adultos e idosos.

Boa parte não nasceu na miséria. Alguns já tiveram casa, carro, emprego e famílias estáveis, mas sofreram algum revés da vida e tiveram que deixar o passado para trás. Convivendo lado a lado com a insanidade de um mendigo como Bacana, que pensava ser um cachorro, havia pessoas como uma ex-aeromoça que passou anos na Fazenda Modelo enquanto aguardava uma vultosa indenização trabalhista.

Outro dos personagens inesquecíveis do livro é Barnabé, compositor com vários discos gravados que acabou nas ruas. Casos de pessoas que perdem a memória não eram raros, como o do arquiteto que foi encontrado vagando pela cidade e só depois de meses na Fazenda conseguiu lembrar-se de quem era.

Em 2003, graças aos esforços de Marcelo e de um grupo de profissionais, a Fazenda Modelo começou a ser "desconstruída", assim como grandes depósitos de indesejáveis, como a Colônia Juliano Moreira, no Rio, o Juqueri e o Carandiru, em São Paulo.

Despejar no papel as histórias das pessoas com quem conviveu, para que um dia chegassem a ser conhecidas pelo resto da sociedade, foi para o autor a única forma de dormir em paz. Mais do que uma denúncia, No olho da rua é um livro que emociona, nos faz pensar na fragilidade humana e na necessidade de amparar os que nada têm.


O AUTOR

Marcelo Antonio da Cunha é médico. Nasceu em Recife, trabalhou na Amazônia e no sertão nordestino. Há 18 anos reside no Rio de Janeiro, onde se pós-graduou em Medicina Preventiva e Social pela Fundação Osvaldo Cruz, lecionou na Universidade Estácio de Sá e trabalhou na Organização Médicos Sem Fronteiras. Atualmente coordena um Centro de Atenção Psicosocial para Álcool e outras Drogas no Rio.

O EVENTO

O lançamento do livro de Marcelo Antonio da Cunha é um catalisador de uma discussão urgente na sociedade brasileira:
o que fazer com os excluídos?
A desconstrução da Fazenda Modelo e o importante papel que as artes assumem neste processo será o ponto de partida para a reflexão e troca de experiências entre cientistas sociais, pesquisadores, administradores de políticas públicas, artistas e produtores que em algum momento se deixaram impressionar pelo abismo da rua.

O evento no Fórum de Ciência e Cultura, no dia 13 de maio, prevê:

1) Um seminário com duas mesas-redondas.

O Estado e a rua
A primeira mesa discutirá as políticas públicas para a população de rua.
Incluirá o autor, representantes da Secretaria Municipal de Assistência Social e do Ministério Público, professores da universidade nas áreas de serviço social, entre outras.
Duração: 3h – 10h às 13h

A arte no limite da rua
Artistas darão seus depoimentos sobre seu trabalho com população de rua: Dinah Oliveira (teatro); Denise Padilha (música); Marco Terranova (documentário); André Valentim (fotografia), Livia Flores (artista plástica).

Convidado especial: Marcos Prado, produtor de Tropa de elite e diretor de Estamira.

Levaremos também alguns dos ex-moradores, como o artista plástico Cloves, o bailarino Pedro, a cantora Memorina e o compositor Barnabé.
Duração: 3h – 14h às 17h


2) Fotografia e vídeo:

Durante o evento, o Salão Branco seria ocupado por projeções simultâneas de cenas em vídeo (Terranova) e projeção de fotografias (Valentim) da Fazenda Modelo.