quinta-feira, 3 de julho de 2008

Jornalista tropeça na definição, mas sabe o que é ética

Jornalistas têm diferentes entendimentos do significado de ética, mas estabelecem limites claros do que é uma conduta adequada. Em outras palavras: um jornalista pode não saber a definição teórica, mas sabe como a ética se aplica ao dia-a-dia.

É o que aponta um levantamento feito pela Escola de Comunicação do Comunique-se. A sondagem colheu opiniões de 48 jornalistas da Grande São Paulo, todos atuantes em televisões, rádios, sites e veículos impressos.

A pesquisa aponta que tipo de comportamento o jornalista considera eticamente correto numa redação. Para isso, foram consideradas três abordagens éticas: conseqüência, princípio e finalidade (veja gráfico abaixo).

Nas simulações utilizadas para testar o conceito, os profissionais manifestaram clara identificação com o primeiro princípio, o da conseqüência. Por exemplo: se um repórter conseguir um furo pouco antes do fechamento de um jornal impresso, seria válido atrasar a edição desde que isso traga benefício para o veículo.


Conceitos
Há uma divisão no entendimento do conceito. De cada dez respondentes, cinco associam ética ao cumprimento de leis, enquanto quatro o associam a escolhas individuais. Os especialistas, em geral, adotam a segunda definição. "Ética é um conjunto de valores e princípios que norteiam a conduta do indivíduo", define Alexandre Manduca, professor universitário e mestre em filosofia.

Na opinião de Carlos Alberto Di Franco, doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), os veículos de comunicação evoluíram do ponto de vista comportamental. "Temos parâmetros de qualidade ética que foram sendo consolidados. Hoje os jornais estão muito mais comprometidos com o público do que antes", observa Di Franco, atual diretor do curso Master em Jornalismo.


Se o discurso não está totalmente alinhado com aquilo que dizem os livros, a ação, em compensação, tende a seguir uma vertente saudável para a sociedade. A idéia de "o bem maior para o maior número de pessoas" define, de maneira coloquial, o que 92% dos respondentes entendem como ética.

É claro que, entre identificar-se com um conceito e praticá-lo efetivamente, há um caminho a ser percorrido. O estudo não aponta como o jornalista se comporta, mas sim a conduta que ele considera ideal.

Pouco mais de 7% caminham pela abordagem do princípio, que prevê o cumprimento de uma regra independentemente de existir um imprevisto ou até uma situação de emergência.

O número de pessoas que se enquadram na abordagem de finalidade não chega a 1% entre os pesquisados. Menos mal, pois ela se baseia na idéia de que os fins justificam os meios, sobretudo quando o objetivo é obter benefício para si próprio.

Países do G8 estão lentos demais na corrida contra as mudanças climáticas

Faltando apenas quatro dias para a reunião do G8 no Japão, nova pesquisa examina o desempenho das nações do G8 e das cinco economias mais emergentes do planeta e revela que os países do G8 estão muito atrás na corrida contra as mudanças climáticas.


O G8 Climate Scorecards 2008, um relatório preparado pela consultoria independente Ecofys, foi encomendado pela Rede WWF e pelo grupo internacional Allianz. O relatório classifica os países do G8 de acordo com nove indicadores quantitativos como a comparação de histórico de emissões passadas desde 1990 e o progresso em relação às metas estabelecidas pelo Protocolo de Quioto. O documento também avalia o desempenho em três áreas de políticas públicas como eficiência energética, energias renováveis e o desenvolvimento de mercados de carbono.


"Os resultados mostram que nenhum país industrializado deve atingir as metas de redução de emissões necessárias para que o planeta não aqueça mais que 2º C", afirma Regine Günther, diretora do Programa de Mudanças Climáticas do WWF-Alemanha. "Nós temos de 10 a 15 anos para que as emissões atinjam um pico e declinem. O tempo está se esgotando."


O Dr. Joachim Faber, integrante do conselho da Allianz SE, afirma: "Os países do G8 têm a responsabilidade de liderar a corrida contra as mudanças climáticas. Eles precisam servir de exemplo para que o mundo todo possa trilhar um caminho de desenvolvimento com baixa emissão de gases de efeito estufa e baseado em energias renováveis."


A Allianz SE apóia a pesquisa para ter melhor entendimento dos novos rumos dos investimentos e das possíveis mudanças nos marcos de regulamentações, bem como de novas oportunidades de seguro e desenvolvimento de fundos em seus diferentes mercados.


"As mudanças climáticas podem criar boas oportunidades para as tecnologias limpas, onde a Allianz SE vê um grande potencial de investimento, crescimento e criação de empregos. Para desenvolver este potencial, é particularmente importante a promoção de um mercado global de carbono", diz Dr. Faber.


Na reunião do G8 na próxima semana, os líderes devem se comprometer com metas obrigatórias de redução de 80% até 2050 e o mais perto de 40% possível até 2020, afirma o relatório.


"O mundo está numa encruzilhada onde a ação decisiva neste momento pode ser traduzida em sucesso econômico", diz Regine Günther. "Nós esperamos que a presidência japonesa em Hokkaido consiga fazer os países do G8 se comprometerem a ter metas de reduções de emissões significativas e compulsórias. O G8 deve oferecer apoio tecnológico e financeiro para o desenvolvimento com baixas emissões de gases de efeito estufa e para medidas de adaptação em países em desenvolvimento que sejam mensuráveis, verificáveis e reportáveis.


Resumo das conclusões sobre cada país:


De acordo com o G8 Climate Scorecards 2008, o Reino Unido lidera a corrida um pouco à frente da França e da Alemanha, porém os três países estão apenas na metade do caminho onde deveriam estar.

O Reino Unido deve atingir a meta de redução de gases de efeito estufa estabelecida pelo Protocolo de Quioto e tem implementado políticas inovadoras como a Lei de Mudanças Climáticas. Porém, enquanto coloca muita ênfase na abordagem do seu mercado de carbono, faz muito pouco para acelerar o uso de energias renováveis e eficiência energética. Além do mais, a co-geração de energia com base em carvão tem crescido no mix energético do Reino Unido, o que eleva suas emissões.


A França é colocada como segundo país por causa de seus objetivos, desempenho e posicionamentos internacionais atuais, porém deixa a desejar em relação a atingir suas metas no futuro próximo. Portanto, a França corre o risco de perder sua alta colocação no relatório do ano que vem.


A Alemanha tem o melhor desempenho no quesito energias renováveis e tem um quadro regulatório que é referência internacional. A Alemanha também aprovou novos pacotes legislativos sobre eficiência energética, energias renováveis e políticas climáticas. Porém, até o momento, falhou em combater a geração de energia por carvão. Além disso, existe uma tendência negativa e crescente do setor elétrico em planejar a maior parte das novas usinas com base em carvão e lignito, afirma o relatório.


A Itália, quarta colocada, já começou a fazer algum esforço para discutir as mudanças climáticas e o benefício de ter acordado com políticas relevantes da União Européia. Porém, poucas medidas nacionais específicas foram implementadas e as emissões estão bem acima das metas de Quioto. Sua colocação é relativamente boa no aspecto eficiência energética.


O Japão, em quinto lugar, está aumentando suas emissões e está bem longe de atingir as metas do Protocolo de Quioto. O governo ainda tem que anunciar suas metas de redução a médio prazo. É o segundo colocado no quesito mercado de carbono por causa do grande número de projetos dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto, porém faltam medidas mandatórias como medidas para fomentar o mercado de carbono.


Bem atrás está a Rússia, que perdeu sua vantagem inicial de baixas emissões. Durante oito anos, as emissões cresceram novamente. A Rússia planejou apenas algumas poucas políticas nacionais e nenhuma foi implementada. Um anúncio recente do governo para aumentar drasticamente a eficiência energética pode influenciar sua posição nos próximos relatórios.


Os últimos lugares da corrida ficaram com o Canadá e os EUA, nas colocações 7 e 8, respectivamente. Isto não é surpresa devido aos aumentos das emissões, ao fato de serem economias energointensivas e de terem falhado em melhorar seus potenciais de eficiência energética. Porém, ainda há esperança: A legislação dos EUA para cortar emissões é iminente e os negócios estão sendo preparados para a nova commodity do mercado, com potencial de transpassar as fronteiras continentais. Enquanto as duas administrações federais não estiverem apoiando soluções que visem o combate às mudanças climáticas, iniciativas locais podem ajudar a melhorar suas posições para a próxima edição do scorecards.


O relatório também analisa as políticas de clima e energia das cinco economias emergentes: Brasil, China, Índia, México e África do Sul. Estes países não podem ser pontuados com os mesmos critérios usados para posicionar os países industrializados e, portanto, não são parte do ranking. O documento revela grandes diferenças entre estes países em termos de desenvolvimento, mix energético e emissões. Uma pergunta-chave é como os países industrializados vão ajudar estas cinco nações a crescerem rumo a um desenvolvimento com baixas emissões de gases de efeito estufa.


WWF-Brasil

O WWF-Brasil é uma organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.