quarta-feira, 2 de julho de 2008

nvestimentos em energia limpa disparam apesar da instabilidade no Mercado financeiro

Com o fim do petróleo barato, há um grande aumento do interesse por produtos renováveis e com alta eficiência energética. Novos investimentos superam 148 bilhões em 2007, o que representa um crescimento de 60% em relação a 2006. O crescimento continua em 2008, mostra estudo do PNUMA.

PNUMA - Preocupações com mudança climática, que têm aumento graças ao apoio de governos em todo o mundo, aumentam o preço do petróleo e segurança energética, combinadas a novo recorde anual de investimento em energia renovável e indústrias de produção de eficiência energética em 2007, de acordo com análise produzida em 1 de julho pelo PNUMA.

“As descobertas devem dar mais poder aos governos - do Norte e do Sul – para que adquiram um novo e substantivo acordo no importante encontro da Convenção de mudança climática a ser realizado em Copenhagem em 2009”, afirma Achim Steiner, o diretor do PNUMA.

“Mais de 148 bilhões no novo fundo globaL foram direcionados ao setor de energia sustentável no ano passado, 60% a mais que 2006, mesmo com a redução de crédito do mercado finaceiro, de acordo com o relatório “Global Trend in Sustainable Energy Investment 2008”.

Os 60% novos investimentos significam um aumento de 3 vezes as previões do relatório de 2006, que previa uma taxa de 20%.

A energia eólica mais uma vez atraiu a maior parte dos investimentos (50.2 milhões de dólares em 2007), porém a energia solar disparou: atraindo 28.6 bilhões do novo capital e crescendo a uma taxa média anual de 254% desde 2004.

O primeiro trimestre de 2008 foi um pouco sombrio no setor, com somente fusões e aquisições assim como companhias eólicas particularmente vendendo seus portfolios – vários se conscientizando que com a junção dos mercados de crédito, não podem financiar o crescimento deles mesmo. No entanto, no segundo trimestre muitas áreas de investimento tiveram um resultado menor do que o esperado, mesmo tendo o Mercado global se mantido em meio a instabilidade. Energia sustentável e eqüidade privada foi maior de 34% de abril a junho de 2007, novo crescimento de bens financeiros de 8% e o investimento de mercado público quadruplicou no primeiro trimestre apesar de no semestre seguinte apresentar uma redução de 17%.

“Assim como milhares foram levados à Califórnia e ao Klondike no fim dos anos 1800, a “corrida do ouro” de energia verde está atraindo legiões de prospectores dos tempos modernos em todas as partes do globo,” diz Steiner, que é também um Sub-Secretário Geral da ONU.

“Um século mais tarde, a diferença é que a maior parte dos que hoje procuram por riquezas, encontrarão. Com as temperaturas globais e preços de combustíveis fósseis em ascensão, é cada vez mais óbvio para o setor público e de investidores que a transição para uma sociedade “com baixo teor de carbono” é tanto um imperativo global quanto uma inevitabilidade – mas somente inevitável se mecanismos criativos de mercado e políticas públicas puderem evoluir rapidamente para liberar e não frustrar esse levante das energias limpas.”

A maioria do dinheiro foi para a Europa, seguida pelos EUA. Entretanto, China, Índia e Brasil atrairam crescentemente interesse de investidores, com a sua parte do crescimento do novo investimento indo de 12% em 2004 para 22% em 2007, um aumento de quatorze vezes: de $1.8 bilhões para $26 bilhões.

O fluxo de capitais de energia sustentável em 2007 foi de $204.9 bilhões, dos quais $98.2 bilhões foram destinados à geração de novas fontes de energias renováveis (especialmente eólica nos EUA, China e Espanha), $50.1 bilhões foram para desenvolvimento de tecnologia e manufaturas, e $56.6 bilhões mudaram de mãos através de fusões e aquisições.

Com 31 gigawatts de nova capacidade geratriz instalada, energia sustentável representou 23% da nova capacidade energética global em 2007, cerca de 10 vezes da nuclear.

As companhias de energia sustentável contabilizaram 19% do novo capital levantado pelo setor energético nos mercados de ações global em 2007.

“O investimento nos setores de energia sustentável precisam continuar a crescer se os objetivos são a redução da emissão de gases estufa, aumento do uso de energia renovável e eficiência energética,” diz o relatório, preparado com o modelo de Finanças de Novas Energias aplicado no Reino Unido tomando como base a Iniciativa financeira para energia sustentável de Paris

“Os investimentos devem atingir, entre agora e 2030, $450 bilhões a partir de 2012, aumentando para mais de $600 bilhões por ano a partir de 2020. A performance geral do setor durante 2007 e em 2008 mostra um bom caminho para se atingir estes níveis.”

O relatório oferece uma série de descobertas sobre os investimentos em energia sustentável pelo mundo:

Eólica

A energia eólica atraiu mais investimento no ano passado do que qualquer outra tecnologia de combustível não-fóssil, incluindo grandes hidrelétricas e energia nuclear. Na Europa e nos EUA, as adições em capacidade eólica em 2007 contabilizaram 40% e 30$, respectivamente, da nova capacidade energética geral.

A Iberenova, braço da gigante energética espanhola Iberdrola que desenvolve energia eólica, levantou $7.2 bilhões em uma flutuação de mercado em Dezembro de 2007, o maior IPO espanhola de todos os tempos e o quarto maior acordo público do ano.

A capacidade instalada global ultrapassou 100GW em Março de 2008.

Etanol

Com os custos de matérias-primas industriais em alta e preços do etanol em queda, capital de risco e investimento de capital privado em biocombustíveis caíram quase um terço em 2007, para $2.1 bilhões. Entretanto, o investimento em biocombustíveis não se esgotou totalmente, aumentando no Brasil, Índia e China.

Solar

A energia solar saltou à frente em 2007, aumentando sua fatia em quase todas categorias de investimentos. A energia solar atraiu, de longe, a maioria do capital de risco e investimentos de capital privado ($3.7 bilhões), enquanto de biomassa e de resíduos viram o mais rápido (432%) crescimento.

Em 2007, as companhias de energia solar chinesas cresceram o equivalente a $2.5 bilhões nos mercados de capitais dos Estados Unidos e Europa.

Eficiência Energética

Os investimentos em tecnologia para a eficiência energética atingiram um recorde de $1.8 bilhões, um aumento de 78% desde 2006.

A América do Norte atraiu a maioria dos investimentos em eficiência energética em 2007, seguida pela Europa, apesar da legislação norte-americana que trata de energia estar aquém da européia.

As construções oferecem, de longe, o maior potencial de economia de energia (e representa a fonte de 40% das emissões de carbono). A eficiência industrial e de transportes vêm em seguida, junto com o setor energético (talvez surpreendentemente) como o setor com a menor perspectiva de economias.

De acordo com a Agência Energética Internacional, cada dollar investido em eficiência energéticaem média evita mais que $2 necessários para criar novas ofertas.

A Europa ainda lidera

A União Européia se mantém como a principal região para investimento, particularmente financiamentos em fase posterior. Políticas de apoio, assim como uma base de investidores que se sentem confortáveis em financiar projetos de energia renovável e competição mais intensa por acordos, impulsionou os ativos financeiros europeus para um nível recorde de $49.5 bilhões em 2007. Isto representou 62% dos ativos financeiros do mundo todo.

Forte crescimento nos EUA

Nos EUA, a aceitação por energies sustentáveis se tornou mais ampla, se extendendo além de seu tradicional centro na Califórnia. Espera-se que a nova administração em 2009 façam da energia renovável e da eficiência energética uma prioridade política enquanto recentes incertezas nos EUA (particularmente sobre uma possível introdução de regulação de CO2) colocaram algumas usinas a carvão em espera.

O setor financeiro dos EUA também está caminhando para uma grande mudança na atitude política. Os grupos Citi, JPMorgan Chase e Morgan Stanley estabeleceram em conjunto uma série de “Princípios de Carbono”, o que guiará como eles aconselharão grandes empresas energéticas nos EUA.

Os bancos desenvolveram os princípios para avaliar riscos em financiar “projetos emissores de carbono”, dada a crescente incerteza regional e nacional em torno da política de mudanças climáticas. Eles também considerarão a inclusão de companhias energéticas de eficiência energética e recursos renováveis em seus portfólios como parte de um “processo de diligência aprimorado”.

China

Em 2007, o investimento em capacidade renovável não-hidráulica na China aumentou mais de quatro vezes, para $10.8 bilhões, e a nova capacidade eólica dobrou para 6 gigawatts.

O Relatório diz que os Jogos Olímpicos de Beijing em 2008 “afiou a política nacional e reforçou programas para a promoção de geração mais limpa e corte de intensidade energética.”

Além do surgimento das companhias de energia solar chinesas nas listas de mercados acionários dos EUA e da Europa, a atividade de mercado público também está crescendo em casa. Notavelmente, a manufatura eólica chinesa Goldwind cresceu $243 milhões no último ano na bolsa de Shenzhen, primeiro IPO relacionado exclusivamente a energia renovável.

Brasil

O Brasil é o maior Mercado mundial de energia renovável, graças às suas há muito estabelecidas indústrias hidrelétricas e de bioetanol.

O investimento em energia sustentável no Brasil continuou a ser dominado pelo etanol em 2007, quando o interesse dos investidores mudaram para lá, do sitiado mercado de etanol dos EUA. Infinity Bio-Energy (listada no AIM de Londres) e a gigante americana dos agronegócios Cargill fizeram importantes investimentos no setor.

Além da produção de etanol, investimento na cogeração de cana-de-açúcar, produção de biodiesel e energia eólica também têm sido significativas.

Índia

Os ativos financeiros na India cresceram significativamente, para $2.5 bilhões, em maior parte devido a 1.7GW em novos projetos de energia eólica. Tais instalações colocaram a Índia em quarta posição mundial, tanto em termos de nova capacidade adicionada em 2007 quanto em capacidade total instalada.

O aumento de fundos nas bolsas indianas alcançaram $628 milhões em 2007, embora as companhias procuraram crescentemente por capitais em mercados estrangeiros, trazendo $1.4 bilhões ultramarinhos em 2007. A atividade do mercado público foi marcada por uma série de Obrigações Convertíveis em Moeda Estrangeira (FCCBs) de companhias indianas de energia renovável estabelecidas como a Suzlon ($500 milhões de aumento) e a Moser Baer ($150 milhões).

O ano de 2007 também viu muitos acordos além-fronteira envolvendo compradores indianos e chineses, incluindo a aquisição da Repower pela Suzlon por $1.6 bilhão e da manufatura alemã de turbinas NOI Rotortechnik pelo China National Building Material Group.

África

A África continua atrás das outras regiões em termos de investimentos em energia sustentável. Ações financeiras, entretanto, cresceram em 2007 para 1.3 bilhões (cinco vezes mais que que em 2006), revertendo um declínio gradual desde 2004, provando ser verdade a crescente capacidade para instalação de renováveis. Os investimentos forma principalmente em biocombustíveis e geotermais. Prometendo desenvolvimento solar em larga escala, foram já iniciados no norte da África e algumas mudanças na África do Sul, são estágios para o estabelecimento da energia renovável e primeiro campo de energia eólica. África sub-saariana “região que mais tem a ganhar da energia renovável”, mantém-se inexplorada, de caordo com o relatório.

Financiamento de carbono muda para o setor privado

$13 bilhões foram investidos em financiamento de carbono desde o fim de 2007, uma importante fonte de investimento para o projeto “Mecanismo de desenvolvimento limpo” nos países em desenvolvimento. Mais novos investimentos são de financiamentos privados, da mesma forma em que a comercialização de carbono se estabeleceu.

O primeiro trimestre de 2008 viu a emergência dos interesses privados no Mercado pós-Kyoto, com investidores se adequando aos créditos de compras pós-2012 CDM, requeridos pelos critérios de comercialização na União Européia.

Alargamento de Mercado, diversifica entre tecnologias emergentes

Investimentos não apenas crescem em 2007, mas expande-se e se diversifica. Principais mercados de capitais não estão totalmente receptivos a companhias de energia sustentável, de caordo com o relatório.

2007 também testemunhou grande atividade nas chamadas “tecnologias da nova geração”, como a de etanol de celulose, tecnologia solar de placas finas e eficiência energética.

Capital para investimento em novas empresas, principalmente as de risco (venture capital) cresceram 112% para 2 bilhões em 2007, animada pelo interesse em tecnologias renováveis emergentes, mais que por aquelas que estão a ponto de comercialização.

“O entusiasmo de olhar além das tecnologias maduras sugere que investidores estão tomando energia renovável e eficiência energética cada vez mais seriamente”, afirma o relatório.

Investimento público

Investimentos públicos gerais, usando suprimentos e outros mercados, mais que dobraram em 2007 para 23.4 bilhões, de 10.5 bilhões em 2006.

O Wilderhill New Energy Global Innovation Index (NEX) cresceu 57.9% em 2007, caiu 17.9% no primeiro trimestre de 2008 mas depois retomou metade de suas perdas no segundo trimestre. Enquanto financiamentos de capitais relacionados a energia limpa cresceram 35 bilhões em 2007.

Um recorde de 17 novas linhas de crédito lançados em energia limpa. Foram apenas cinco em 2006. Grande parte destes financiamentos foram lançados pelas principais empresas investidoras, tais como HSBC, F&C, Schroders, Deutsche Asset Management e Virgin.

A chegada destes “pesos pesados” no mercado está “propensa a encorajar a grande lista que normalmente investem a se expander nos setores de baixo carbono e energia sustentável.”, fala o relatório.

Pesquisa e Desenvolvimento

Pesquisa e Desenvolvimento (PeD) dispensados a energia limpa e eficiência energética foi de 16.9 bilhões de dólares em 2007, produto de 9.8 bilhões de investimento em PeD feito por empresas e 7.1 bilhões dos governos.

Europa e Oriente Médio têm a maior atividade industrial em PeD, seguido do continente americano e depois asiático. Os padrões a nível governamental tem desempenho reverso, já que os governos asiáticos (notavelmente Japão, China e Índia) investindo relativamente pesado em PeD.

Fusões e incorporação de empresas

Atividades de fusão e incorporação de empresas cresceram 52% de 25.7 bilhões em 2007.

Mohamed El-Ashry, Chefe da Renewable Energy Global Policy Network REN21 disse: “"Uma razão para o gradual crescimento dos renováveis é simplesmente econômica: enquanto os custos do combustível fóssil está crescendo, os custos da tecnologia para energia renovável está caindo. E com os renováveis não há custos de combustíveis nem emissão de carbono.”

De acordo com Yvo de Boer, Secretário Executivo da United Nations Framework Convention on Climate Change: “A tendência positiva no mercado de energia renovável é pelo menos em parte uma resposta do mercado à expectativa política. Se tal expectativa não for alcançada, a motivação convencional será o que guiará as decisões dos investidores.”

“De acordo com o IEA, um montante de US$20 trilhões é esperado como investimento para suprir a demanda energética mundial até 2030. Se tais investimentos não forem feitos de uma forma consciente no que diz respeito ao clima, as emissões de gases estufa devem aumentar em 50% até 2050, enquanto a ciência nos diz que essas emissões devem ser reduzidas em 50% até 2050. Os negócios clamam por sinais de políticas mais claras para que eles possam fazer os investimentos corretos hoje. Definir um objetivo a longo prazo para 2050 é útil. Mas penso que daria muito mais clareza aos investidores se os países ricos indicassem onde desejam estar em 2020 ou 2030.”

Mais informações: http://rio.unic.org/