sábado, 1 de março de 2008

No RJ, presidente luso vai inaugurar exposição sobre a Corte

28-02-2008 17:17:20

Rio de Janeiro, 28 fev (Lusa) - O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, participa da inauguração de uma exposição, em 7 de março, sobre os 200 anos da chegada da família real ao Brasil, informou a organização do evento nesta quinta-feira.

A diretora do Museu Histórico Nacional (MHN), Vera Tostes, disse à Agência Lusa que a exposição "Um Novo Mundo, Um Novo Império: A Corte Portuguesa no Brasil" vai assinalar o início oficial das comemorações do evento em todo o país."Será uma felicidade grande porque a abertura da exposição acontecerá no dia e na mesma hora em que, há 200 anos, o vice-rei e a população davam as boas-vindas à chegada da esquadra com a família real ao Rio de Janeiro", disse.

A visita de Cavaco Silva ao MHN insere-se na deslocação do presidente da República ao Brasil, entre 6 e 9 de março, por ocasião das comemorações dos 200 anos da chegada da Corte portuguesa.

Durante a visita, o Presidente português reúne-se com o seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e participa em vários eventos comemorativos.

No domingo, dia 9, Cavaco Silva oferece uma recepção aos representantes das Comunidades Portuguesas e Luso-Brasileiras, no Consulado-geral de Portugal no Rio de Janeiro.

Vera Tostes destacou que a exposição, com 320 peças espalhadas por 1.200 metros quadrados, será a única realizada no Brasil sobre a chegada da família real em toda a sua abrangência.

A exposição será uma oportunidade para conhecer melhor o contexto histórico que cercou D. João 6°, o primeiro monarca europeu a atravessar o oceano Atlântico.

Dividida em núcleos temáticos, a exposição apresentará objetos e documentos de importantes instituições brasileiras e portuguesas, muitos dos quais expostos pela primeira vez ao público.

Uma das curiosidades será a cadeira acústica utilizada por D. João 6°, durante as suas audiências, atualmente de um colecionador português, e que comprova a deficiência auditiva do soberano.

"Essa cadeira levará a alguma reflexão no sentido de rever a tese de que D. João permanecia alheio aos acontecimentos, mas o que é até compreensível para um deficiente auditivo", salientou Tostes.

A parte inicial abordará as conquistas napoleônicas na Europa, em especial na Península Ibérica, seguidas de biografias dos personagens envolvidos no conflito, como o próprio Napoleão, Carlos 6°, D. Maria 1ª e Jorge 3°.

Através de um acervo iconográfico cedido por instituições portuguesas, serão mostrados aspectos da cidade de Lisboa por ocasião do embarque da família real, no fim de 1807.

O núcleo seguinte abordará o embarque em Lisboa e as dificuldades enfrentadas ao longo de 54 dias de travessia do Atlântico.

A chegada ao Estado da Bahia, em 22 de janeiro de 1808, estará representada pela tela do pintor Candido Portinari, "Chegada de D. João 6° a Salvador".

Em uma outra parte, a exposição apresentará as modificações urbanas, com a introdução de novos estilos arquitetônicos, após a chegada da família real à cidade do Rio de Janeiro.

O penúltimo núcleo abordará os conflitos no Brasil e em Portugal a partir de 1817, até a exigência de regresso de D. João 6° em 1820, o que acabou por acontecer em 1821, após 13 anos no Brasil.

Como conseqüência da chegada da Corte portuguesa para a colônia portuguesa da América do Sul, a alusão à proclamação da independência do Brasil por D. Pedro 1°, em 1822, encerrará a exposição.

O MHN ocupa três edificações históricas, às margens da Baía de Guanabara, responsáveis pela defesa militar do Rio de Janeiro, construídas nos séculos XVII e XVIII.

Antes da abertura da exposição, no dia 6 de março, o MHN promove um debate com a participação de historiadores sobre o significado da transferência da Corte portuguesa para o Brasil.

Entre os participantes estarão Vera Tostes, Jorge Couto, diretor da Biblioteca Nacional de Portugal, e Arno Wehling, presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Patrocinada pela Fundação Calouste Gulbenkian e com o apoio da TAP, a exposição "Um Novo Mundo, Um Novo Império: A Corte Portuguesa no Brasil" estará disponível ao público até 8 de junho.

Inventário quer valorizar diversidade lingüística no Brasil

01-03-2008 11:17:31
Por Carla Mendes, da Agência Lusa

Brasília, 1º mar (Lusa) - O Brasil começa a ter consciência de sua diversidade lingüística e a reconhecer que o português não é único idioma falado no país, onde existem cerca de 200 línguas, 180 das quais autóctones, ou seja, de nações indígenas. Um grupo de trabalho sobre a diversidade lingüística brasileira, criado em 2006, pretende fazer agora um inventário sistemático e detalhado a partir de projetos-piloto sobre três línguas indígenas, uma língua de imigração e uma afro-brasileira.

O mapeamento visa a criação de políticas públicas que assegurem a continuidade das 200 línguas existentes no Brasil e o respeito pelos seus falantes. "É o resgate da nossa diversidade, que é a nossa maior riqueza. O Brasil é uma convergência de culturas e todos têm o direito de se expressar na língua que aprenderam com seus antepassados", disse à Agência Lusa a técnica de registro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jane de Alencar.

Segundo a especialista, o governo brasileiro vai se debruçar, pela primeira vez, sobre esta diversidade com um olhar de valorização e reconhecimento das línguas faladas em seu território."O povo que perde a sua língua perde a sua alma", afirmou o representante dos Guarani Kayowá, Anastácio Peralta. De acordo com Peralta, há cerca de 60 mil falantes do guarani no Brasil, 40 mil deles no Estado do Mato Grosso do Sul.

"Nós perdemos a nossa terra, as matas, mas a nossa língua, as nossas danças, os nossos cantos continuam com a gente. O que faz uma nação viva é a língua, a sua forma de expressar", disse.

Eliminação de línguas

O guarani foi umas das línguas que sobreviveram à imposição do português no Brasil como único idioma legítimo. A estimativa dos especialistas é de que havia 1.078 línguas indígenas quando os portugueses chegaram ao Brasil.

A política dos portugueses e, depois, do próprio Estado brasileiro de impor a todos a língua "companheira do império", como disse Fernão de Oliveira na primeira gramática da língua portuguesa (1536), levou a um processo de glotocídio, isto é, eliminação de línguas.

"Na década de 80,ainda éramos proibidos de falar nossas línguas maternas nas escolas-internato dos missionários. Quem não cumpria as ordens era severamente punido", disse Gersem dos Santos Luciano, falante de nheengatu, língua geral da Amazônia.

As punições eram ficar sem comer um dia, ficar horas sob o sol quente, até trabalhos forçados ou castigos com efeitos psicológicos. "Uma das modalidades de que fui várias vezes vítima era um pedaço de pau pesado e grande que eles amarravam nas nossas costas com a frase: 'Eu não sei falar português'. A placa provocava pavor e extremo constrangimento", lembrou Luciano.

Os imigrantes e seus descendentes também passaram por violenta repressão, especialmente no estado novo (1937-1945), regime instaurado por Getúlio Vargas.

Naquele período, houve a chamada "nacionalização do ensino", que tentou pôr fim às línguas de imigração no Brasil, como o hunsrückisch, dialeto alemão, e o talian, variante da língua italiana, que resistiram, todavia."É triste a gente constatar que houve uma política de eliminação de línguas e que ainda hoje há no Brasil muitos preconceitos lingüísticos e impedimentos de uso de línguas, por exemplo, nos meios de comunicação", afirmou à Lusa o lingüista Pedro Garcez. Na avaliação do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é muito importante reconhecer a diversidade lingüística "como um recurso e não como problema".

Diversidade lingüística

"Esta é uma luta árdua. Finalmente o governo está olhando para os invisíveis", disse o presidente da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu, Raimundo Konmannanjy.

Unico professor no Brasil de uma das línguas do povo bantu, originário da África Subsariana, Konmannanjy afirmou que é difícil até fazer um pequeno diálogo em kikongo, que, como as outras línguas africanas, desapareceu no país.

O curso introdutório à língua kikongo proposto pela Associação está paralisado há dois anos por falta de recursos e Konmannanjy procura agora a ajuda de angolanos para tentar ressuscitar o projeto.

"Nzaambi wutusaambulwa", disse ele. Em português, "Deus nos abençoe".

ONU espera que libertação de quatro reféns leve a entrega de outros

29/02 - 14:15 - EFE
Bogotá, 29 fev (EFE)- As Nações Unidas na Colômbia afirmaram hoje que esperam que a recente libertação de quatro ex-congressistas seqüestrados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) leve à "rápida libertação" dos demais reféns do grupo guerrilheiro.

"Fazemos um pedido para que não se desista destas ações unilaterais e se acelere a libertação humanitária dos que se encontram em sérias condições de saúde", expressou a ONU em comunicado divulgado em Bogotá.

O organismo fez menção especial aos casos da ex-candidata presidencial franco-colombiana Ingrid Betancourt e o coronel da Polícia Luis Medieta, reféns desde fevereiro de 2002 e novembro de 1998, respectivamente, ambos com um estado de saúde precário.

Na nota, a ONU ratificou "sua total disposição a acompanhar os esforços em favor de todas as vítimas na Colômbia e estimule a encontrar caminhos que facilitem a libertação de todos e todas os seqüestrados, o respeito de todas as vítimas e a conquista da reconciliação no país".

Neste sentido, a organização lembrou que sua condenação ao seqüestro é permanente, por se constituir uma flagrante violação do direito internacional humanitário e dos direitos humanos.

A ONU também se solidarizou com todas as vítimas da violência neste país e compartilhou a felicidade pela libertação de Gloria Polanco de Lozada, Luis Eladio Pérez, Orlando Beltrán Cuéllar e Jorge Eduardo Gechem Turbay.

Os quatro, com mais de seis anos em cativeiro, foram entregues na quarta-feira a uma missão humanitária formada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e delegados do Governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, além da congressista opositora colombiana Piedad Córdoba.Esta libertação é a segunda unilateral de reféns realizada pelas Farc, que retêm outras 40 pessoas com fins de troca por 500 presos.

Em 10 de janeiro, os rebeldes entregaram a ex-candidata a vice-presidente Clara Rojas e a ex-legisladora Consuelo González de Perdomo.
EFE jgh/dgr