quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A pesquisadora do Ibase Manoela Roland debruça-se sobre a trajetória do direito internacional, mostrando a importância da criação de sistemas comuns de proteção para o fortalecimento da defesa desses direitos de cidadania.

Leia o artigo "Limites, embates e avanços na esfera internacional", de Manoela Roland, pesquisadora do Ibase.

Publicado em 20/12/2007.

http://www.ibase.br/userimages/DV37_artigo4.pdf

IBASE

O pesquisador do Ippur/UFRJ, Breno Pimentel Câmara, faz uma leitura dos números levantados pelo Observatório dos Conflitos Urbanos na Cidade do Rio de Janeiro em 2007. “Hoje, observa-se que institui-se, em nome do combate à delinqüência, uma subordinação do corpo político à “necessidade” do uso da violência por parte da polícia. E essa ação concentra-se, como o revelam as demandas por justiça nas favelas, na opressão às pessoas pobres”, ressalta.

Leia o artigo "Quem comanda a segurança pública no Rio de Janeiro?", de Breno Pimentel.

Publicado em 20/12/2007.

http://www.ibase.br/userimages/DV37_indicadores.pdf

Agência Rio de Notícias

19/2/2008 - 13h48 19/2/2008 13:48:11
A renúncia de Fidel Castro é um marco histórico, diz especialista.
Da Redação
Fabíola Ortiz

A renúncia de Fidel Castro à presidência de Cuba é um marco histórico que encerra um ciclo da história cubana como um país socialista, considera o sociólogo Williams Gonçalves, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF).

“Fidel já tem uma idade bastante avançada e há pouco tempo teve problemas sérios de saúde. É natural que ele se afaste do estado cubano, pois não tem mais condições de corresponder às responsabilidades que pesam a chefia do Estado”, afirmou o sociólogo.

Segundo Williams, as mudanças no país serão “leves e pequenas”, no sentido de uma maior abertura da economia cubana e um diálogo com os EUA. Para ele, é “impossível o diálogo enquanto Fidel estiver vivo e lúcido, as mudanças só acontecerão depois”. O pesquisador considera que o sistema socialista de Cuba ainda só se mantém em virtude da presença de Fidel Castro.

Aos 81 anos de idade, e há 49 no poder, o líder da revolução cubana está mais de um ano fora do poder. Sua renúncia se dá a cinco dias da sessão do Parlamento na qual ele poderia se candidatar à reeleição para um novo mandato presidencial de cinco anos. A nova Assembléia Nacional foi eleita no final de janeiro, e deve escolher no próximo domingo (24) o novo Conselho de Estado e o Presidente do país. Raúl Castro, seu irmão, está no poder desde meados de 2006 e tem chances de permanecer no posto após as eleições da Assembléia Nacional.

Os EUA já cobram a convocação de eleições livres. Isso, segundo o sociólogo, “um dia acontecerá”. Ele acredita, porém, que na próxima semana o processo de transferência do poder ainda seja fechado, “não deve haver eleições livres, os cubanos não admitiriam imposições dos Estados Unidos”.

Williams considera que Fidel Castro deixou de ser um governante para tornar-se um ícone. “Uma figura legendária, o pai da cuba socialista que se viu livre da opressão dos Estados Unidos. Enquanto ele estiver vivo, a imagem que ele tem junto aos políticos cubanos será respeitada”, afirmou.

Fidel e Che Guevara lutaram juntos para derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista, em 1959. O líder socialista comandou o regime cubano como primeiro-ministro por 18 anos, passando à Presidência do país por escolha da Assembléia, eleita após a aprovação da Constituição Socialista de 1976.

http://www.agenciario.com.br/

Relação promíscua entre fundação e universidade dá origem a mais um escândalo na educação.

Por Diego Cotta (*)

A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), principal entidade que atua no "apoio" à Universidade de Brasília (UnB), está sendo investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por vários delitos, como desvio de verba e função; "sobra de recursos" de mais de R$ 24 milhões; e o dinheiro gasto, este bastante propalado pela grande mídia, para fins decorativos do apartamento funcional destinado ao reitor da Universidade, Thimothy Mulholland. As notas fiscais comprovam que foram gastos mais de 470 mil reais no imóvel, localizado na Asa Norte da cidade de Brasília.

Recentemente, a Promotoria de Tutela de Fundações e Entidades de Interesse Social do MPDFT recorreu da decisão judicial que afastou o professor Nelson Martin da Presidência do Conselho Fiscal da Finatec, por entender que a ação de destituição de dirigentes, proposta no dia 21 de janeiro, deve ser aplicada a todos os cinco diretores da instituição e não apenas a um. Pelo fato das denúncias de irregularidades serem graves - contratações sem licitação, desvio de função, apropriação indébita etc. -, o MPDFT está propondo à Justiça a instalação de uma "administração provisória", uma espécie de auditoria para fazer o levantamento do real patrimônio da Finatec.

A Fundação se defende

Em nota de esclarecimento, a Finatec assegura que a sobra de dinheiro é proveniente de "uma excelente administração dos recursos financeiros e das relações apropriadas de trabalho". A Fundação explica que as quantias em caixa são guardadas para futuros pagamentos de encargos e eventuais indenizações trabalhistas de um contrato firmado, em 1998, entre a Fundação Universidade de Brasília (FUB), o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e a Finatec.

(...)

Ilegalidade

Seções sindicais de docentes das Instituições Federais do Ensino Superior (Ifes) de todo país já há algum tempo denunciam a relação promíscua entre as fundações e as universidades. Com o objetivo de agilizar projetos de pesquisa, obras de infra-estrutura etc., as reitorias canalizam suas verbas para as fundações administrarem; assim, as universidades conseguem driblar a lei 8.666, que institui normas para licitações e contratos da administração pública. No entanto, essa manobra administrativa acaba por escamotear todo o processo de gastos públicos, desde a contratação de serviços, como a escolha da empresa de obras, a equipe de consultores, os coordenadores de projetos, até a sua finalização, como pagamento de encargos trabalhistas, afastamento de coordenações e monitoramento de atividades.

(*) Matéria publicada originalmente no Jornal da Adufrj em 18/02/2008.

Leia na íntegra:
http://www.adufrj.org.br/site/exibicao_noticia_capa.php?id=1

Jornalistas repudiam intimidação da Universal

A Federação Nacional dos Jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia e demais Sindicatos do país filiados à FENAJ repudiam, com veemência, a atitude da direção da Igreja Universal do Reino de Deus, que desencadeia campanha de intimidação contra jornalistas no exercício da profissão.

Também apelam aos Tribunais e ao Superior Tribunal de Justiça no sentido de alertá-los para ações que se multiplicam a fim de inibir o trabalho de jornalistas em todo o país. O acesso e a divulgação da informação garantem o sistema democrático, são direitos do cidadão, e o cerceamento de ambos constitui violação dos direitos humanos.

A TV Record, controlada pela Universal, chegou ao extremo, inadmissível, de estampar no domingo, em cadeia nacional, a foto da jornalista Elvira Lobato, autora de uma matéria sobre a evolução patrimonial da Igreja, publicada na Folha de S.Paulo. Por esse motivo, Elvira responde a dezenas de ações propostas por fiéis e bispos em vários estados brasileiros.

Trata-se de uma clara incitação à intolerância e do uso de um meio de comunicação social de modo frontalmente contrário aos princípios democráticos, ao debate civilizado e construtivo entre posições divergentes.

O fato de expor a imagem da profissional em rede nacional de televisão, apontando-a como vilã no relacionamento com os fiéis, transfere para a Igreja a responsabilidade pela garantia da integridade moral e física da jornalista.

A Federação Nacional dos Jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia e demais Sindicatos exigem que os responsáveis pela Igreja Universal intervenham para impedir qualquer tipo de manifestação de intolerância contra a jornalista.

O episódio nos remete à perseguição religiosa, absurda e violenta, praticada por extremistas contra o escritor Salman Rushdie, autor de Versos Satânicos, e as charges de Maomé publicadas no jornal dinamarquês Jyllands-Posten.

O jornalista Bruno Thys do jornal carioca Extra também é processado pela Universal em cinco cidades do Estado do Rio de Janeiro. O repórter Valmar Hupsel Filho, na capital baiana, já responde a pelo menos 36 ações ajuizadas em vários estados do Brasil, nenhuma delas em Salvador, sede do jornal A Tarde, onde trabalha.

Há evidência de que essas ações, com termos idênticos, estão sendo elaboradas de forma centralizada, distribuídas e depois impetradas em locais distantes, para dificultar e prejudicar a defesa, além de aumentar o custo com as viagens dos jornalistas ou seus representantes.

Encaminhados à Justiça com o nítido objetivo de intimidar jornalistas, em particular, e a imprensa, em geral, esses processos intranqüilizam e desestabilizam emocionalmente a vida dos profissionais e de seus familiares. Ao mesmo tempo, atentam claramente contra os princípios básicos da liberdade de expressão e manifestação do pensamento.

Em um ambiente democrático e laico, é preciso compreender e aceitar posições antagônicas e, mais ainda, absorver as críticas contundentes, sem estimular reações de revanche ou mesmo de pura perseguição.

Este episódio repete, com suas consideráveis diferenças, outras situações em que os meios de comunicação exorbitaram os fins para os quais foram criados. A Federação Nacional dos Jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, o Sindicato dos Jornalistas da Bahia e demais Sindicatos sustentam que a imprensa não pode se confundir com partidos políticos, crenças religiosas ou visões particulares de mundo.

Brasília, 20 de fevereiro de 2008.

Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas
Diretoria do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro
Diretoria Sindicato dos Jornalistas da Bahia

http://www.fenaj.org.br/

RIO DE JANEIRO - RÁDIOS COMUNITÁRIAS

Rio lembra dez anos de lei das comunitárias com protestos

Há dez anos era aprovada a lei 9.612, que regulamentou as rádios comunitárias no país, mas as rádios não vêem motivo de festa, e assim marcaram a data com protestos no centro do Rio.

Em manifestações, elas reclamaram do excesso de burocracia e do poder das rádios comerciais, que com seu poderoso lobby sobre o governo, bloqueia mudanças.

"As rádios são prejudicadas pelo excesso de burocracia da lei e também pelos interesses dos meios de comunicação comerciais. No Rio, cerca de um terço da população que ouve rádio ouve programas de rádios comunitárias. Isso incomoda muita gente", disse à Agência Brasil o ccordenador da Rede Viva Rio de Radiodifusão Comunitária, Sebastião Santos.

Os requisitos burocráticos da lei são tantos que, em dez anos, 17 mil entidades pediram ao Ministério das Comunicações para ter rádios comunitárias legalizadasm mas só 3.150 conseguiram.

Os protestos também reclamaram da violenta repressão feita pelo governo às rádios comunitárias que não têm a autorização que poucas têm, devido à burocracia do próprio governo.

Também ontem (19/2), porém, a Polícia Federal foi ao bairro da Ilha do Governador, no Rio, para fechar uma rádio comunitária, mas não havia transmissões no momento.

Agência Pulsar - 20/02/08

http://www.brasil.agenciapulsar.org

CUBA

“Jornalista do NYT contribuiu para revolução cubana”, diz Fernando Morais

Carla Soares Martin

Se estivesse vivo, certamente o jornalista norte-americano Herbert L. Matthews teria muita história para contar nesta quarta-feira (20/02), data da repercussão mundial da renúncia de Fidel Castro. Editorialista do jornal The New York Times no período pré-revolução, Matthews fez uma entrevista que entraria para a história: desbravou Sierra Maestra, região montanhosa ao sul de Cuba, para se encontrar com um “jovem rebelde”, Fidel Castro. Com sua série de reportagens favoráveis a Castro e contra o então ditador cubano Fulgêncio Batista, o governo norte-americano se tranqüilizou – e deu-se a revolução. O que não se previa era que Fidel comandasse, por 49 anos, uma nação de total resistência ao american way of life. “Matthews contribuiu muito para que não houvesse represália à guerrilha”, analisa o jornalista Fernando Morais.

Primeiro repórter brasileiro a entrevistar Fidel no poder, o escritor brasileiro enumera os motivos da “ajuda significativa” de Matthews: o jornalista norte-americano tinha credibilidade por ser de “mais de direita que de esquerda” e tinha reputação garantida. “A cobertura de Matthews mostra o papel que o jornalismo pode ter no curso da história”, afirma.

A história do encontro está descrita no livro do jornalista do Times Anthony DePalma, a ser lançado em breve no Brasil.

Morais com Fidel
O jornalista Fernando Morais foi o primeiro brasileiro a se encontrar com o presidente cubano depois da revolução. “Estava em Lisboa, na Revolução dos Cravos, quando a embaixada de Cuba disse: ‘a embaixada quer falar com você’.” Dava-se aí, depois de quatro anos, a concessão para um visto ao brasileiro. Mesmo com a inscrição do passaporte brasileiro excluindo-se da responsabilidade de ir a Cuba - “não é válido para Cuba” -, dizia o passaporte, Morais não se abalou: “Apesar disso, fui.” Ficou três meses e escreveu “A Ilha”. Vendeu 700 mil cópias. “Sucesso menos por virtude minha e mais porque a imprensa só falava mal do regime. Na hora que saiu um trabalho isento, todo mundo quis ler”, argumenta Morais.

Cuba sem Fidel
“Não há perigo nenhum que Cuba se renda ao capitalismo”, diz Morais. O escritor argumenta que as realidades de países que adotaram recentemente o capitalismo, como a China, são completamente diferentes da de Cuba, o que impossibilita qualquer comparação.

Morais não esconde a simpatia por Cuba. Mas adverte: “Não tenho uma visão romântica.” Tem fuzilamento? “Tem”, admite. O jornalista, contudo, contrapõe a repressão. “Coloca aí”, afirma à reportagem do Comunique-se, “tenho solidariedade a Cuba por uma simples razão: quando descemos no aeroporto, encontramos uma placa colocada na ocasião da visita do Papa ao país, em 1999: ‘Esta noite 200 milhões de crianças vão dormir na rua. Nenhuma delas é cubana’. E é verdade. Já morei nos Estados Unidos, na França e no Japão. Todos eles têm famílias e famílias em baixo dos viadutos. Em Cuba, não.”

http://www.comunique-se.com.br/conteudo/newsshow.asp?menu=JI&idnot=42453&editoria=8

QUÊNIA

Classes e parentescos nos campos da morte do Quênia

Oduor Ong’wen* - Jornalista, membro do Fórum Social Africano
Publicado em 15 de fevereiro de 2008.
Tradução: Patrick Wuillaume


É fácil – e até mesmo tentador – rotular a violência que tomou conta do Quênia durante os últimos meses como um ressurgimento lamentável, mas não totalmente inesperado, das disposições atávicas ontológicas africanas. Muitos analistas, particularmente no Ocidente, alegaram que embora a ruptura do estado de paz e convivência mútua tenha sido desencadeada pelas fraudes do atual presidente nas últimas eleições, o que se seguiu nada tinha a ver com isso em particular nem com a política em geral. Teria a ver com uma oportunidade para que vizinhos – fundados sobre um nacionalismo estreito e que haviam vivido até então em harmonia artificial, embora guardando um desprezo patológico mútuo pudessem acertar contas uns com os outros. Isso pode ser verdade, mas apenas em parte. A crua realidade é que a crise do Quênia pôs à mostra as tensões de classe que vinham aflorando de modo esparso há mais de cem anos.

(...)
Virtualmente afastada dos benefícios da prosperidade e da modernidade de que desfruta o Norte, a África sobrevive e existe na periferia da economia global. Não surpreende que, enquanto os observadores da União Européia, do Commonwealth, e a equipe de observadores locais reconheciam o fato de que as eleições presidenciais tinham sido fraudadas, o Ocidente insistia que, por se tratar da África, a subversão deveria ser ignorada "para o bem da unidade e da estabilidade do país". Esse eufemismo pode ser traduzido, na verdade, pela frase "nossos interesses estratégicos, nossos investimentos, nossas férias e safáris são mais importantes do que seus direitos democráticos; portanto, calem-se, acreditem e obedeçam".

(...)
Enquanto grande parte da população dos países industrializados é abastada, a maior parte do povo africano está empobrecida, desnutrida, é analfabeta e não dispõe de moradia nem de alimentação decentes. Enquanto as economias dos países industrializados são fortes e resistentes – oferecendo esperança e segurança ao seu povo –, os países da África são majoritariamente fracos e vulneráveis e nada têm a oferecer ao povo africano, a não ser o desespero e a carência. Enquanto os países do Norte controlam seus recursos e destinos, os do Sul, principalmente os da África, são vulneráveis a fatores externos e lhes faltam independência funcional e soberania. Este é o contexto no qual devemos procurar entender o amor e a vinculação à terra existentes em muitos países da África como o Quênia e o Zimbábue. A propriedade de um pedaço de terra, mesmo que pequeno, confere uma sensação de segurança e independência.

Não se deve contextualizar a desordem no Quênia sem avaliar primeiro a questão nacional queniana. Os quenianos não estão polarizados porque pertencem a diferentes subnacionalidades. Isso ocorre porque se relacionam de modo diferente com os recursos e forças produtivas do país. E o cerne da questão nacional é a terra.

(...)
A fraude presidencial

Voltemos agora a abordar a questão que desencadeou a série de eventos violentos – ou seja, a fraude nas eleições presidenciais. Segundo o boletim emitido pela Comissão Eleitoral do Quênia (ECK) às 4:07 horas do dia 20 de dezembro de 2007, o Presidente no poder, Mway Kibaki, perdia de Raila Odinga por mais de 1 milhão de votos: Odinga tinha 3.734.972 votos, enquanto o presidente Mway Kibaki tinha 2.269.612 votos. Foi nesse momento que a comissão e o Partido de Unidade Nacional (PNU), de Kibaki, estimaram o número de votos necessários a serem acrescentados ao total de Kibaki e o número de votos a serem retirados de Odinga para que Kibaki alcançasse e ultrapassasse seu rival.

Naquele dia, resultados aparentemente recebidos no dia anterior – mas que não tinham sido divulgados aguardando o momento "oportuno"– foram alterados (às vezes, mais de uma vez) para eliminar a diferença. A ECK havia anunciado os resultados de 176 das 210 seções eleitorais, que davam a Odinga 4.046.010 votos e a Kibaki, 3.760.233. Duas horas depois, entretanto, o presidente da Comissão Eleitoral surpreendeu a nação com o anúncio de que, após apurados os resultados de 189 postos eleitorais, Odinga só tinha 3.880,053 votos contra 3.842.051 de Kibaki. Era a arte de contar para trás!

Tanto o partido de Odinga, o Orange Democratic Movement (ODM), quanto as diversas equipes de observadores detalharam a forma pela qual a fraude se deu. O que não foi dito foi a razão pela qual Odinga tinha de ser impedido, a qualquer custo, de assumir a Presidência da República do Quênia.

(...)
A campanha de Odinga propunha cinco metas básicas: tratamento da questão das desigualdades econômicas e sociais; devolução do poder e dos recursos do centro para as regiões, em um contexto de complementaridade; erradicação da corrupção e da injustiça administrativa; provimento, pelo Estado, dos serviços sociais básicos; e busca de uma política externa e pan-africanista progressista.

(...)
O primeiro ataque a sua campanha foi a denúncia de que Odinga estava tentando introduzir o comunismo pela porta de trás. Foram espalhados boatos assustadores de que o fornecimento dos serviços básicos acarretaria em um aumento de impostos. Finalmente, os seguidores de Kibaki abordaram a questão crucial; a terra, demonizando a devolução dos poderes, considerando-a como um instrumento para desapossar o povo Kikuiu estabelecido no Vale da Fenda e em outras áreas.

(...)
Herança Complicada

Observar os acontecimentos no Quênia apenas sob a ótica da etnia nos dá uma visão apenas nebulosa da situação. Isto não significa que a etnia não constitua um fator importante. No entanto, ela é usada como uma espécie de droga que os governantes continuam a administrar às suas vítimas para toldar sua visão. É uma visão escapista. Não vi nenhum residente Kikuiu de Karen, elegante subúrbio de Nairóbi, matar a machadadas seus vizinhos de Luo e Kalenjin, ou pior, atirarem uns nos outros, embora a maioria deles possua revólveres.

(...)
Com a independência, o Quênia, como todo o resto da África, herdou uma estrutura que veio acompanhada de um cenário de forte dependência e corrupção, tanto do ponto de vista econômico como político.

No setor econômico, o país herdou uma economia altamente atrasada, baseada no regime de subsistência agrícola dominada pelo campesinato e pela produção e exportação de suas safras agrícolas girando em torno de três produtos (café, chá e piretro), cuja produção estava concentrada quase que totalmente nas mãos de fazendeiros estrangeiros.

A produção de commodities era feita em pequena escala, e dominada por agricultores retrógrados, extremamente supersticiosos, que surgiram após um pesadelo de décadas de opressão e desumanização – esta era a situação predominante das atividades rurais no Quênia. A maioria da população vivia em situação de subdesenvolvimento econômico sem perspectivas de melhora; a agricultura estava fragmentada em minúsculos lotes de terra, cada um deles quase insuficiente para sustentar uma única família.

Para que houvesse um desenvolvimento realmente significativo, era necessário e urgente tratar esse problema como questão prioritária. Contudo, as lideranças recentemente instaladas passaram a depender dos “especialistas” do Ocidente, cujas experiências eram unicamente com as metrópoles e cujos antecedentes eram empresariais.

(...)
O Quênia – e todo o continente africano – encontra-se em posição desfavorável e, portanto, irremediável dentro do sistema econômico global. O país está economicamente ligado, principalmente, às economias capitalistas da Europa industrializada – legado tanto do tráfico de escravos como do passado colonial sustentados pelo poder econômico relativo da Europa, e conseqüência das estratégias desenvolvimentistas adotadas pelas lideranças pós-colonialistas.

http://www.ibase.br/modules.php?name=Conteudo&pid=2203

Brasil de Fato

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Mídia vai fazer campanha de desinformação

por jpereira , Jorge Pereira FilhoÚltima modificação 19/02/2008 21:02

Em entrevista, o jornalista Miguel Urbano afirma, no entanto, que as mudanças com a saída de Fidel Castro vão preservar o regime socialista

A renúncia de Fidel vai desencadear uma campanha midiática de desinformação de proporções mundiais. Essa é a previsão do jornalista e escritor português Miguel Urbano Rodrigues, integrante do Partido Comunista Português. Segundo ele, a mídia mente ao afirmar que há uma oposição organizada ao regime em Cuba. “As personalidades e grupos contra-revolucionários carecem de expressão social. São quase folclóricos”, afirma Miguel Urbano, que viveu oito anos em Cuba.

Para o jornalista português, o regime socialista cubano seguirá seu próprio caminho, aperfeiçoando-se dentro de sua lógica. Com relação a uma eventual intervenção externa, como já chegou a cogitar o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, Miguel Urbano afirma que considera a hipótese improvável. “Mas estou certo que, no caso de uma agressão desse tipo, o povo cubano lhe daria a resposta de Abril de 61 quando derrotou em Playa Giron o desembarque mercenário idealizado e financiado pelos EUA.

Brasil de Fato – Qual o significado prático para o povo cubano da renúncia do presidente Fidel Castro? O que pode mudar em Cuba?

Miguel Urbano Rodrigues – São os povos o sujeito da História. Mas o fator subjetivo em determinadas situações pode pesar muito. Fidel Castro marcou decisivamente o rumo da história do seu país e da América Latina na segunda metade do século XX. Que pode mudar agora? Nada daquilo que o sistema de poder estadounidense desejaria. Fidel já havia transferido o poder executivo para Raul . A sociedade cubana não é estática. Mas as mudanças vão se inserir na continuidade do regime socialista. Não haverá ruptura com as grandes metas fixadas. Somente mudança de estilo como aliás já vinha ocorrendo.

E, do ponto de vista simbólico, a saída de Fidel Castro pode significar o fortalecimento de movimentos contra-revolucionários?

A mídia, sobretudo nos EUA e na Europa, tem difundido a idéia de que em Cuba existe uma oposição organizada com base popular. É uma inverdade. Residi oito anos em Cuba até 2004, e adquiri a certeza de que as personalidades e grupos contra-revolucionários carecem de expressão social. São quase folclóricos. Fazem muito barulho graças à mídia internacional.

(...)

Qual o legado que o governo de Fidel Castro deixa para a América Latina e para os povos?

A Revolução Cubana resiste vitoriosamente há quase meio século a uma guerra não declarada. Dez presidentes dos EUA comprometram-se a destruir o socialismo em Cuba. Foram sucessivamente desmentidos pela história. Essa resistência de Cuba não configura apenas a epopéia coletiva do seu povo. Funcionou como estímulo para os povos da América Latina e do Terceiro Mundo. Confirmou que o poder do imperialismo tem limites. Sem a resistência de Cuba, a Revolução Bolivariana na Venezuela não teria sido possível, e processos como aqueles que estão em curso no Equador e na Bolívia seriam inviáveis.

http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/internacional/midia-vai-fazer-campanha-de-desinformacao

http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia

Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação

O futuro da TV pública é agora

19/02/2008 |
Alberto Dines
Observatório da Imprensa

A Rede Pública de Televisão está avançando. E não apenas através do funcionamento regular da TV Brasil. A aparente disposição da TV Cultura de participar de parcerias e co-produções com outras emissoras (inclusive a TV Brasil) vai criar as condições para uma network alternativa, plural, diversificada e livre de sujeições aos interesses partidários.

(...)

Os setores mais radicais da oposição aliados aos fundamentalistas da livre iniciativa não perceberam que vão perder o bonde. Tal como o governador do Paraná, Roberto Requião, que deseja uma TV Educativa para exercitar o seu mandonismo, certos grupos de petistas, tucanos e democratas esquecem que quando chegarem ao poder em seus estados necessitarão do apoio de uma rede pública de televisão com credibilidade e, sobretudo, com o suporte de uma audiência nacional de qualidade apta a neutralizar o poder do baronato e do tubaronato da mídia regional.

Dias contados

Uma rede pública criada por um determinado governo não é necessariamente propriedade deste governo. Todos se beneficiam. O processo de autonomização é inevitável e irreversível e a participação do relator Walter Pinheiro é prova disso. A rede pública de TV que deve resultar da sua relatoria será com toda a certeza muito mais avançada e muito mais participava do que a versão original. Ao contrário do que diz o ditado, as emendas são sempre melhores do que os sonetos [ver aqui o parecer apresentado pelo deputado].

(...)

As novas tecnologias da informação estão liquidando as reservas de mercado, é bom ter isso em conta, porque são naturalmente públicas, necessariamente compartilháveis. E, se por um lado a digitalização da TV está sendo usada parcialmente em nosso país, a TV Pública via internet oferece um potencial de expansão ilimitado, a um custo infinitamente menor.

O voluntarismo televisivo tem os seus dias contados. A socialização da televisão tem o futuro pela frente.

http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=229958

Sandra Kogut

Revista Moviola

Ela começou sua carreira fazendo experimentações com vídeo, montou uma rede videocabines e fez uma Parabolic People. Inspirada pelo exílio francês, estourou com o obrigatório documentário Um Passaporte Húngaro. Em novembro de 2007 ela estreou no circuito com o singelíssimo Mutum, seu primeiro longa-metragem de ficção. A adaptação da obra Campo Geral, de Guimarães Rosa, levou o prêmio de melhor filme no Festival do Rio. Na entrevista a seguir, Sandra Kogut fala de seu processo criativo, dos percalços ao filmar no sertão mineiro e do seu olhar de nômade.

Assista a entrevista pelo link:

http://www.revistamoviola.com/2007/12/20/sandra-kogut/

http://www.revistamoviola.com/

Agencia Rio de Notícias

20/2/2008 - 12h57

Gestão em Finanças para empresas de comunicação
Fabíola Ortiz

O encontro de Gestão em Finanças e Contabilidade para Assessores de Imprensa, realizado no auditório da Vídeo Clipping, nesta quarta-feira (20) na Glória, teve como iniciativa debater assuntos que não costumam fazer parte da rotina dos jornalistas, mas são fundamentais para a gestão das Assessorias de Imprensa. Jornalistas, assessores e profissionais de contabilidade puderam refletir e discutir soluções práticas para a gestão correta e econômica de seus negócios.

"O maior entrave na gestão da Assessoria de Imprensa é o Estado com a síndrome de Robin Hood", afirmou Nilson Mello ao explicar que o modelo de estruturação do Estado é o de conquista do bem estar social e a distribuição de renda. "Mas no Brasil, o resultado é inverso e gerou uma legislação protecionista que inibe a iniciativa empresarial".

Nilson Mello é jornalista e advogado, com especialização em Direito Tributário e Análise Conjuntural. É também diretor da Meta Consultoria e Comunicação e sócio do escritório Braz, Mello, Baptista Martins Advogados.

Leia mais:

http://www.agenciario.com.br/