13 de Janeiro de 2008

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Repórter, não só pela minha profissão, pelas reflexões no jornalismo, pela necessidade de explorar outros rumos da comunicação e da expressão. FOS Repórter é uma pretensão de criar espaço para artigos sobre temas diversos - passando por atualidades internacional, do país, Rio de Janeiro, críticas, reflexões, desabafos.
Publicada em: 14/01/2008
Ao contrário do que foi erroneamente divulgado nesta quarta-feira (9/1) pelo Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, e também por outras publicações país afora, a Fiocruz nega que haja necessidade de se promover uma vacinação em massa da população brasileira contra a febre amarela. Só precisam ser vacinados, como lembrou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em entrevista coletiva também nesta quarta-feira, os indivíduos que, por motivos profissionais ou de turismo, viajem para as regiões consideradas de risco para a febre amarela. Temporão tranqüilizou a população e disse que a situação está rigorosamente sob controle, não havendo risco de uma epidemia da doença.
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As preparações vacinais são obtidas em Biomanguinhos a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos |
Em função dos problemas atuais relacionados à febre amarela, o Ministério da Saúde (MS) solicitou à Fiocruz que a produção da vacina contra a febre amarela fosse aumentada em 100% — o que alcançará um total de 30 milhões de doses por ano. Para atingir essa marca, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fundação reprogramou a sua linha de produção para atender a essa demanda. A Fiocruz produz e entrega a vacina para o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do MS, que distribui a vacina para todo o país. Anualmente, o PNI vinha solicitando cerca de 15 a 16 milhões de doses. Nesta quarta-feira (9/1) a Fiocruz enviou mais dois milhões de doses do imunizante para o MS.
O MS intensificou a vacinação da população contra a febre amarela em Goiás e no Distrito Federal. O secretário de Vigilância em Saúde do MS, Gerson Penna, afirmou que a medida foi tomada em resposta às mortes de macacos próximos de áreas urbanas. O risco de febre amarela em áreas urbanas, no entanto, está descartado. Segundo Penna, desde 1942 não há registro de febre amarela urbana no Brasil. Todos os casos registrados atualmente são de pessoas que contraíram a doença ao entrar nas matas. “A febre amarela tem uma vacina 99% eficaz. Ela é fabricada pelo Ministério da Saúde, por meio da Fiocruz. É uma doença completamente evitável”, disse o secretário. A vacina é produzida por Biomanguinhos.
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A Fiocruz vai dobrar a produção da vacina, o que levará a um total de 30 milhões de doses por ano |
Biomanguinhos é reconhecido internacionalmente como fabricante da vacina contra a febre amarela (antiamarílica). Desde 1937, as preparações vacinais são obtidas em seus laboratórios a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos, de acordo com as normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo Penna, o MS está intensificando a vacinação em regiões endêmicas, pois no verão há uma maior circulação de mosquitos somada ao fato de mortes de macacos próximos a áreas urbanas. O ministério deslocou 300 mil doses de vacina de seu estoque estratégico para o Centro-Oeste. “Precisa vacinar quem vai por turismo ou a trabalho para áreas endêmicas, principalmente aqueles que vão entrar nas matas”, afirmou o secretário.
“A vacinação contra a febre amarela é uma ação de rotina. Nas regiões Norte e Centro-Oeste ela faz parte do calendário de vacinação infantil. Toda criança com mais de 1 ano pode tomar a vacina”, disse Penna. “A morte de macacos próxima de áreas urbanas não significa que a população está em risco. O ministério, em conjunto com os governos estadual, distrital e municipal, está fazendo uma intensificação da vacinação, como uma ação preventiva, para aqueles que não tomaram a vacina ou que há mais de dez anos não fizeram o reforço”.
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A vacina contra a febre amarela produzida por Biomanguinhos |
No Brasil a vacina é gratuita e sua proteção dura por dez anos. A vacina contra a febre amarela dá uma proteção individual, ou seja, protege apenas as pessoas que recebem o imunizante. Por isso é preciso que todos os que não tenham sido vacinadas, procurem uma unidade de saúde para receber a vacina. “A morte de macacos é um evento sentinela. Muito antes dos exames laboratoriais, todas as medidas de vigilância e vacinal são tomadas”, afirmou Penna. A ação é tomada porque a morte de macacos é vista como sinalizador de risco para a febre amarela em humanos. O ciclo de transmissão se pela dá pela picada de um mosquito, que faz a “ponte” entre um macaco doente e as pessoas. Os laudos definitivos dos macacos que morreram próximos de Brasília devem sair em dez dias.
A polícia do Rio de Janeiro foi a responsável por um em cada cinco casos de morte por agressão no Estado no ano passado. De acordo com especialistas, o dado indica excesso de força na atuação dos policiais no combate à violência. As mortes por agressão (ou violência letal intencional) são resultado da soma dos casos de homicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e auto de resistência - mortos em supostos confrontos com a polícia, cujo número representa 18,5% das mortes por agressão.
Segundo o Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), estudos internacionais indicam que a participação tolerável das mortes provocadas pela polícia no conjunto das mortes por agressão é de 3%. "Chegar a quase 20% é uma desproporção gritante. Isso indica que há algo de muito errado na ação da polícia", disse a coordenadora do Cesec, Sílvia Ramos. Em São Paulo, a polícia é responsável por 7,4% da violência letal intencional.
Segundo os dados do ISP (Instituto de Segurança Pública do Rio), do governo estadual, o número de mortos em confronto com a polícia no ano passado foi o maior desde o início da contagem, em 1998. Foram 1.260 autos de resistências em 2007 - sem contar as delegacias não-informatizadas (31,5% do total). Analisando os dados disponíveis do ano passado com os de 2006 (com todas as delegacias), o aumento foi de 18,5%.
Comparando os dados consolidados até agosto de 2007 com o mesmo período de 2006, houve queda nos homicídios (1%), roubo a residência (7,5%) e veículos (6,2%), mas aumento no roubo a pedestres (27,3%). "Isso indica um uso excessivo da força por parte da polícia. A escala de abordagem do policial já está no ponto em que ele chega atirando", disse Ramos.
O subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Secretaria de Segurança, Roberto Sá, diz que o aumento de mortos em supostos confrontos com a polícia é resultado do maior número de operações policiais. Para ele, não há desproporção no uso da força. "Qual Estado tem fuzil 7.62 perto da praia?", questiona. "Está morrendo muita gente porque os policiais felizmente estão melhor treinados do que esses caras que hoje têm até treinamento de guerrilha, e têm sido felizes ao se defender e fazer um tiro mais qualificado", afirma.
Para ele, a topografia da favela provoca mais mortes em confronto. "Não dá para mirar uma perna quando se está sendo alvejado. Às vezes em um beco aparece alguém atirando. Por isso um tiro de perto não quer dizer execução. Ao mesmo tempo, um "sniper" [atirador] do tráfico pode executar um policial a 500 m de distância."
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