segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Apóie e contribua com a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência

13 de Janeiro de 2008

Há mais de três anos a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência vem atuando contra a violência e a corrupção policial e as sistemáticas violações de direitos nas comunidades pobres do Rio de Janeiro. Denunciando, no Brasil e no exterior, casos de violações e toda a estrutura e política de violência do Estado.

http://renajorp.blogspot.com/2008/01/apie-e-contribua-com-rede-de.html

Intolerância virtual

Rachel Rimas
Ciência Hoje On-line
08/01/2008


Pesquisa aponta crescimento do número de páginas com temática neonazista na internet
Uma das 12,6 mil páginas da internet com temática neonazista, racista ou revisionista identificadas pela equipe da Unicamp. A página, denunciada e retirada do ar, hoje apresenta conteúdo anti-nazista.

Nos últimos anos, cresceu o número de páginas na internet, blogs e chats destinados à exaltação da superioridade da 'raça' ariana e à disseminação do ódio a outras etnias e grupos sociais, como homossexuais e judeus. Uma análise detalhada do discurso ideológico presente em páginas virtuais neonazistas, feita por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra como elas conseguem conquistar cada vez mais simpatizantes.

O estudo, fruto da tese de mestrado da antropóloga Adriana Dias no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, identificou quem são os neonazistas na internet, como eles operam na rede e em que páginas se encontram. Segundo a pesquisadora, há na internet mais de doze mil páginas e aproximadamente 200 comunidades no Orkut (uma página virtual de relacionamentos) associadas a temáticas racistas, neonazistas e revisionistas (que negam a existência do holocausto na Segunda Guerra Mundial).

Para a pesquisa, Dias selecionou as páginas virtuais mais acessadas, com maior visibilidade e que estão disponíveis em inglês, português e espanhol. Segundo ela, um dos maiores desafios foi driblar as estratégias usadas para dificultar a identificação imediata do conteúdo.

"Os sites racistas são em geral muito densos, tanto em hipertextualidade (há páginas com mais de 500 links), como no uso de multimídia (ícones, vídeos e imagens ocupam dezenas de bytes). Há muito mais links internos do que externos, o que dificulta a localização de grande parte do conteúdo, geralmente de caráter mais agressivo, por meio de motores de busca", explica Dias. Para superar esse obstáculo, ela usou em sua pesquisa uma ferramenta de análise de tráfego que permite identificar links mais internos e páginas de difícil acesso.


Rede de articulação
O aumento significativo no número de páginas virtuais neonazistas mostra que a internet é uma das grandes facilitadoras da comunicação e articulação entre os diversos grupos ou ativistas de movimentos desse tipo. Ela possibilita a formação de uma rede de apoio entre eles e ainda confere o anonimato necessário para que seus integrantes e suas ações não sejam identificados. Segundo Dias, além de irradiar idéias racistas, neonazistas e revisionistas, a internet faz com que a cada dia esses movimentos conquistem mais adeptos, principalmente entre os jovens.

A pesquisadora ressalta que esses grupos constroem ou se apropriam de discursos para validar suas visões e suas ações. Um deles é o discurso genômico, que afirma que os indivíduos pertencentes à 'raça ariana' possuem genes superiores e foram escolhidos por Deus para promover o desenvolvimento da humanidade e hierarquizar o mundo.

A página norte-americana National Alliance, que se preocupa com a atuação política na luta pelos 'direitos brancos', exibe a imagem do deus nórdico Thor, mito apropriado pelo movimento nazista para legitimar a 'raça' ariana.

Em outra vertente, há o discurso mitológico, que se apropria de mitos já existentes, como o de Thor (deus da mitologia germânica), o da suástica e o da runa algiz (letra do alfabeto nórdico), e cria outros, como o do sangue ariano, para dar força à ideologia nazista. "O deus nórdico Thor é apontado como o responsável pela legitimação da 'raça ariana', a suástica é usada como símbolo da identidade ariana e da pureza racial e a runa algiz é utilizada para a proteção da família", explica Dias.

Segundo a antropóloga, no mito do sangue ariano estaria a chave para compreender os mitos criados para defender a superioridade biológica, psíquica, cultural e espiritual da 'raça' ariana sobre outros povos. É ainda esse mito do sangue o responsável pela suposta conexão transcendental entre os membros da 'raça' ariana, que os faz desprezar o conceito de nação. "Para eles, a raça é a nação."

A análise evidenciou as diferentes abordagens existentes entre os grupos neonazistas. Uma das mais correntes é a de que a raça ariana estaria ameaçada pela mistura racial. "Esses grupos têm uma ideologia de ódio ao outro, ao não ariano, principalmente a negros e judeus. O discurso adquire um tom religioso e messiânico, em que a raça ariana precisa ser preservada a todo custo", afirma Dias.

Após o estudo, muitas páginas virtuais de conteúdo neonazista foram denunciadas e até retiradas do ar. A antropóloga alerta que a única forma de combater a formação do pensamento racista e discriminatório é a construção de uma educação conscientizadora que desmitifique o conceito de raça e pregue a solidariedade entre os povos.

http://cienciahoje.uol.com.br/

Fiocruz envia mais doses da vacina contra a febre amarela para o MS e dobrará produção

Publicada em: 14/01/2008

Ao contrário do que foi erroneamente divulgado nesta quarta-feira (9/1) pelo Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, e também por outras publicações país afora, a Fiocruz nega que haja necessidade de se promover uma vacinação em massa da população brasileira contra a febre amarela. Só precisam ser vacinados, como lembrou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em entrevista coletiva também nesta quarta-feira, os indivíduos que, por motivos profissionais ou de turismo, viajem para as regiões consideradas de risco para a febre amarela. Temporão tranqüilizou a população e disse que a situação está rigorosamente sob controle, não havendo risco de uma epidemia da doença.

 As preparações vacinais são obtidas em Biomanguinhos a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos
As preparações vacinais são obtidas em Biomanguinhos a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos

Em função dos problemas atuais relacionados à febre amarela, o Ministério da Saúde (MS) solicitou à Fiocruz que a produção da vacina contra a febre amarela fosse aumentada em 100% — o que alcançará um total de 30 milhões de doses por ano. Para atingir essa marca, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fundação reprogramou a sua linha de produção para atender a essa demanda. A Fiocruz produz e entrega a vacina para o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do MS, que distribui a vacina para todo o país. Anualmente, o PNI vinha solicitando cerca de 15 a 16 milhões de doses. Nesta quarta-feira (9/1) a Fiocruz enviou mais dois milhões de doses do imunizante para o MS.

O MS intensificou a vacinação da população contra a febre amarela em Goiás e no Distrito Federal. O secretário de Vigilância em Saúde do MS, Gerson Penna, afirmou que a medida foi tomada em resposta às mortes de macacos próximos de áreas urbanas. O risco de febre amarela em áreas urbanas, no entanto, está descartado. Segundo Penna, desde 1942 não há registro de febre amarela urbana no Brasil. Todos os casos registrados atualmente são de pessoas que contraíram a doença ao entrar nas matas. “A febre amarela tem uma vacina 99% eficaz. Ela é fabricada pelo Ministério da Saúde, por meio da Fiocruz. É uma doença completamente evitável”, disse o secretário. A vacina é produzida por Biomanguinhos.

 A Fiocruz vai dobrar a produção da vacina, o que levará a um total de 30 milhões de doses por ano
A Fiocruz vai dobrar a produção da vacina, o que levará a um total de 30 milhões de doses por ano

Biomanguinhos é reconhecido internacionalmente como fabricante da vacina contra a febre amarela (antiamarílica). Desde 1937, as preparações vacinais são obtidas em seus laboratórios a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos, de acordo com as normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo Penna, o MS está intensificando a vacinação em regiões endêmicas, pois no verão há uma maior circulação de mosquitos somada ao fato de mortes de macacos próximos a áreas urbanas. O ministério deslocou 300 mil doses de vacina de seu estoque estratégico para o Centro-Oeste. “Precisa vacinar quem vai por turismo ou a trabalho para áreas endêmicas, principalmente aqueles que vão entrar nas matas”, afirmou o secretário.

“A vacinação contra a febre amarela é uma ação de rotina. Nas regiões Norte e Centro-Oeste ela faz parte do calendário de vacinação infantil. Toda criança com mais de 1 ano pode tomar a vacina”, disse Penna. “A morte de macacos próxima de áreas urbanas não significa que a população está em risco. O ministério, em conjunto com os governos estadual, distrital e municipal, está fazendo uma intensificação da vacinação, como uma ação preventiva, para aqueles que não tomaram a vacina ou que há mais de dez anos não fizeram o reforço”.

 A vacina contra a febre amarela produzida por Biomanguinhos
A vacina contra a febre amarela produzida por Biomanguinhos

No Brasil a vacina é gratuita e sua proteção dura por dez anos. A vacina contra a febre amarela dá uma proteção individual, ou seja, protege apenas as pessoas que recebem o imunizante. Por isso é preciso que todos os que não tenham sido vacinadas, procurem uma unidade de saúde para receber a vacina. “A morte de macacos é um evento sentinela. Muito antes dos exames laboratoriais, todas as medidas de vigilância e vacinal são tomadas”, afirmou Penna. A ação é tomada porque a morte de macacos é vista como sinalizador de risco para a febre amarela em humanos. O ciclo de transmissão se pela dá pela picada de um mosquito, que faz a “ponte” entre um macaco doente e as pessoas. Os laudos definitivos dos macacos que morreram próximos de Brasília devem sair em dez dias.

Jacarezinho: depoimentos e local do crime indicam execuções e responsabilidade da polícia na morte de menino de 3 anos

Janeiro 14, 2008
Na última quinta-feira, 10 de janeiro, uma ação policial na favela do Jacarezinho levou à morte de 6 pessoas (7, segundo a polícia), sendo uma delas Wesley Damião da Silva Saturnino Barreto, de 3 anos. No dia seguinte, logo pela manhã, a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência esteve na comunidade ouvindo depoimentos e vendo o local onde aconteceram três das mortes, inclusive a do pequeno Wesley. Segue o relato do que ouvimos e vimos.

A ação policial começou por volta das 8h de quinta-feira (10/1/2007), com mais de 60 policiais do Bope, 3 BPM e 22 BPM, e foi dirigida pessoalmente pelo comandante do 3 BPM, Tenente Coronel Marcos Alexandre Santos de Almeida. As razões para a operação, apresentadas pela polícia para a imprensa, variaram muito: no início era "combate ao tráfico", depois "busca de veículos roubados" e "cumprimento de mandados judiciais". Na sexta-feira (11), quando a notícia da morte do pequeno Wesley já estava nos jornais, foi finalmente apresentada a versão de que a operação destinava-se a retirar barreiras montadas pelo tráfico em diversas ruas do Jacarezinho.

A verdade é que os policiais, durante todo o dia, desfizeram barreiras, revistaram pessoas e apreenderam motos (muitas foram depois requisitadas de volta por seus donos legais, moradores da comunidade), mas também arrombaram casas (muitos policiais estavam com grandes alicates e molhos de chaves para abrir portas), ameaçaram e ofenderam as pessoas, feriram muitas (a maioria não quis denunciar por medo), espancaram outras e executaram jovens, segundo moradores com requintes de tortura.

(...)

A ação policial no Jacarezinho na quinta-feira (10/1) tem indícios mais que suficientes de execução sumária, violação de domicílio, tortura e desprezo por pessoas não envolvidas na linha de tiro. A responsabilidade pelas violações e crimes cometidos cabe não só aos policiais envolvidos diretamente nos incidentes, mas também aos oficiais que comandaram a ação, inclusive o comandante do 3 BPM.

Em agosto de 2007, a PM já havia executado uma mãe de 26 anos e um bebê também de 3 anos. Elizângela Ramos da Silva era manicure e foi atingida na cabeça. Em julho do mesmo ano, Leandro Silva Davi, de 16 anos, foi assassinado quando preparava o café da manhã dentro da cozinha da sua casa. A bala que o matou atravessou a janela da residência que dá para a Praça da Concórdia de onde partiam os tiros da operação policial. O jovem treinava futebol no São Cristóvão e era estudante. O tiro atingiu a região do coração. À época os moradores foram humilhados ao tentar socorrer as vítimas (leia aqui).

Em junho de 2007 a comunidade do Jacarezinho já havia organizado manifestação contra as violentas operações policiais (do 3o e 22o BPM) na favela, que até então já havia causado 8 mortes (todas execuções sumárias, segundo testemunhas). Participaram da manifestação a Associação de Moradores do Jacarezinho, Centro Cultural, Escola de Samba, Celula Urbana do Jacarezinho, ONGs, Igrejas, comerciantes locais e outras organizações, que realizaram uma marcha para protestar contra a ação violenta que a polícia tem feito no Jacarezinho.


Leia na íntegra:

http://renajorp-textos.blogspot.com/2008/01/jacarezinho-depoimentos-e-local-do.html

Ou:

http://www.redecontraviolencia.org/Noticias/289.html

Pesquisa mostra os desafios da imprensa na cobertura de mudanças climáticas

Análise inédita de textos publicados em 50 jornais de 2005 a 2007 mostra que a atenção da mídia no tema se intensificou, mas falta explorar as causas e possíveis soluções para o fenômeno

A mídia ainda tem muitos desafios para aprimorar seu trabalho na cobertura de mudanças climáticas. É o que conclui a pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira, que a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) lança nesta terça-feira (15/01) com o apoio da Embaixada Britânica.

O trabalho analisou 997 textos - entre reportagens, editoriais, artigos, colunas e entrevistas, publicados em 50 jornais - de julho de 2005 a junho 2007. O material representa uma amostra dos textos veiculados sobre o tema no período. A partir dos dados coletados foi elaborado um mapa bastante detalhado do tratamento editorial dispensado pelos jornais às alterações climáticas.

O ritmo da cobertura se manteve crescente no período analisado, especialmente no ano passado. No primeiro ano da análise identificou-se um texto publicado a cada cinco dias. Essa média cresce para uma matéria a cada dois dias no primeiro semestre de 2007. "Essa pesquisa, pioneira, comprova que o tema vem ganhando cada vez mais visibilidade na imprensa brasileira, certamente influenciada por grandes acontecimentos internacionais, como o lançamento do filme Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore, e a divulgação dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC). Esses eventos permitiram que os jornalistas se familiarizassem com os fatos e a agenda relacionada ao fenômeno", explica Cristiane Fontes, gerente do Programa de Comunicação em Mudanças Climáticas da Embaixada Britânica.

Segundo a pesquisa, a temática esteve mais presente nos veículos de abrangência nacional (Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo e Correio Braziliense) e econômicos (Valor e Gazeta Mercantil). Enquanto os 44 jornais de circulação regional contribuíram, na média individual, com 1,46% dos textos veiculados no período, os quatro veículos nacionais somados aos dois de cunho econômico contribuíram - também na média individual - com 5,95% das matérias publicadas. Uma diferença superior a quatro vezes.

Falta de contextualização

Apesar do incremento na cobertura, o estudo mostra que a maior parte do material ainda carece de contextualização e apresenta, portanto, muitas oportunidades de aprimoramento. Do universo analisado, por exemplo, apenas um terço aborda as causas das mudanças climáticas e aponta soluções. "Você coloca as conseqüências, mas não sublinha os antecedentes e estratégias de enfrentamento da questão. Não adianta dizer que pode haver furacões, aumento do nível do mar, sem falar o que causa os fenômenos e o que pode ser feito, seja para mitigar ou se adaptar ao problema", esclarece Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI e responsável pelo estudo. Segundo o especialista, mesmo o percentual de textos que mencionam o que é uma mudança climática é muito pequeno. Apenas 1,1% dos textos esclarece esse conceito ao leitor.

Com base nos resultados da análise, Guilherme Canela ressalta que a mídia exerceu pouco sua função de monitorar as políticas públicas. "Se os especialistas apontam que o Brasil ainda não possui ações na área, isso não é desculpa. A imprensa não pode falar sobre o que não existe, mas pode fazer uma cobertura de cobrança", diz. De acordo com o estudo, dos 997 textos analisados, apenas 3% levantam a responsabilidade do governo, 0,9% do setor privado e 0,25% da sociedade civil.

Desenvolvimento fora do debate

A pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira revela que menos de 15% do material relaciona o tema à agenda do desenvolvimento, apesar da importância dessa conexão para o debate sobre a busca de soluções. Segundo a análise, a perspectiva ambiental é a principal forma pela qual a mídia reporta a questão (35,8% dos textos), seguida pelo enfoque econômico (19,7%). "A partir de agora é importante diversificar a cobertura para além da perspectiva ambiental e científica, assim como dar a ela contornos nacionais, apresentando à sociedade brasileira não apenas de que forma as mudanças climáticas podem afetar o desenvolvimento socioeconômico, mas também diferentes estratégias para combater o problema", afirma Cristiane Fontes, da Embaixada Britânica.

Entre os pontos positivos mostrados pelo trabalho, de maneira geral os jornais diversificaram as fontes ouvidas, consultando diferentes categorias de atores. Poder público, especialistas, técnicos e universidades, empresas não estatais e governos estrangeiros foram os mais ouvidos. O estudo também salienta um volume expressivo de material opinativo na amostra analisada: 26,7% são compostos por editorais, artigos, colunas e entrevistas.

Oportunidades


Em suas conclusões, os organizadores da pesquisa consideram que os elementos ainda pouco abordados pela mídia podem ser encarados como oportunidades para manter o tema em foco daqui para frente. Inclusive com a perspectiva de que, em 2008, surgirão novas pesquisas sobre os impactos das mudanças climáticas para o Brasil, o governo começa a trabalhar na elaboração de um Plano Nacional de Mudanças Climáticas e será dada continuidade ao Mapa de Bali, resultado da última Conferência das Partes da Convenção do Clima que vai nortear as discussões para um acordo pós-2012.

Ao oferecer ao jornalista interessado um panorama sobre o atual diagnóstico da cobertura - além de trazer dados de vários estudos internacionais - a pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira permite ao profissional de imprensa detectar quais são os pontos nos quais ele pode avançar. Ao mesmo tempo, os dados são relevantes para que as fontes de informação aperfeiçoem o seu diálogo com os meios de comunicação nesse debate.

Clique aqui para baixar a íntegra do estudo.


Informações:

ANDI - Agência de Notícias dos Direitos da Infância
http://www.andi.org.br/

Polícia é responsável por uma em cada cinco mortes por agressão

Janeiro 14, 2008

Ítalo Nogueira, da Folha de S. Paulo, 12/01/2008

A polícia do Rio de Janeiro foi a responsável por um em cada cinco casos de morte por agressão no Estado no ano passado. De acordo com especialistas, o dado indica excesso de força na atuação dos policiais no combate à violência. As mortes por agressão (ou violência letal intencional) são resultado da soma dos casos de homicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e auto de resistência - mortos em supostos confrontos com a polícia, cujo número representa 18,5% das mortes por agressão.

Segundo o Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), estudos internacionais indicam que a participação tolerável das mortes provocadas pela polícia no conjunto das mortes por agressão é de 3%. "Chegar a quase 20% é uma desproporção gritante. Isso indica que há algo de muito errado na ação da polícia", disse a coordenadora do Cesec, Sílvia Ramos. Em São Paulo, a polícia é responsável por 7,4% da violência letal intencional.

Segundo os dados do ISP (Instituto de Segurança Pública do Rio), do governo estadual, o número de mortos em confronto com a polícia no ano passado foi o maior desde o início da contagem, em 1998. Foram 1.260 autos de resistências em 2007 - sem contar as delegacias não-informatizadas (31,5% do total). Analisando os dados disponíveis do ano passado com os de 2006 (com todas as delegacias), o aumento foi de 18,5%.

Comparando os dados consolidados até agosto de 2007 com o mesmo período de 2006, houve queda nos homicídios (1%), roubo a residência (7,5%) e veículos (6,2%), mas aumento no roubo a pedestres (27,3%). "Isso indica um uso excessivo da força por parte da polícia. A escala de abordagem do policial já está no ponto em que ele chega atirando", disse Ramos.

O subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Secretaria de Segurança, Roberto Sá, diz que o aumento de mortos em supostos confrontos com a polícia é resultado do maior número de operações policiais. Para ele, não há desproporção no uso da força. "Qual Estado tem fuzil 7.62 perto da praia?", questiona. "Está morrendo muita gente porque os policiais felizmente estão melhor treinados do que esses caras que hoje têm até treinamento de guerrilha, e têm sido felizes ao se defender e fazer um tiro mais qualificado", afirma.

Para ele, a topografia da favela provoca mais mortes em confronto. "Não dá para mirar uma perna quando se está sendo alvejado. Às vezes em um beco aparece alguém atirando. Por isso um tiro de perto não quer dizer execução. Ao mesmo tempo, um "sniper" [atirador] do tráfico pode executar um policial a 500 m de distância."