quarta-feira, 1 de julho de 2009

Brasil: É preciso "virar pelo avesso" para entender a sociedade brasileira - antropólogo Roberto DaMatta


Rio de Janeiro, Brasil, 30 Jun (Lusa) – Na tentativa de entender o Brasil como sociedade e cultura, muitas vezes é preciso “virar pelo avesso”, afirma o antropólogo Roberto DaMatta, um dos maiores intelectuais do Brasil, que lança hoje no Rio de Janeiro o livro "Crônicas da Vida e da Morte".

Autor de obras de referência na Antropologia, Sociologia e Ciência Política, o também cronista DaMatta refere que para entender a sua própria sociedade tem que “virar de cabeça para baixo, mudar os óculos, e colocar em causa aquilo que era natural e familiar”.

Neste livro, DaMatta, que viveu quase vinte anos nos Estados Unidos e actualmente lecciona na Pontifícia Universidade Católica no Rio, reúne textos que revisitam temas e factos consagrados como a sociedade brasileira, o futebol e o carnaval.

Para o antropólogo, um dos maiores paradoxos brasileiros é “saber demais” e destaca que no Brasil reinam dois estilos de vida: o individualismo em casa e a cidadania igualitária na rua. Isso, considera, explicaria a rede de corrupção que o Brasil está a viver na vida política.

“O individualismo pode emergir dentro de uma sociedade que faz parte de um sistema que tem regras e não está baseado na igualdade cívica como um valor, mas nas características cívicas singulares que se ancoram numa vida de família muito protectora”, disse DaMatta à Lusa.

Este círculo de relações pessoais, destaca, tem uma ética e está baseado numa “rede de obséquios e de favores”.

“No Brasil e em Portugal nós introduzimos uma outra variável, nos transformámos em países republicanos. A igualdade que veio dessa modernidade ocidental se impôs com regras que regem o mundo público num sistema de hierarquia e de gradações”.

Nas suas crónicas, DaMatta apresenta a "imitação" e a "mentira" como as bases da vida social no Brasil, a que acrescenta as “várias éticas que convivem” entre si.

“Ninguém vai falar a verdade e, sobretudo, no Brasil que é uma sociedade onde a família e a amizade ainda são as instituições mais importantes. Não conseguimos construir instituições sociais capazes de competir com a família. Por isso, o nepotismo”, salienta.

O favorecimento de familiares no Brasil não é apenas uma questão de corrupção, para ele é mais complexo, pois representa “um sinal de lealdades primordiais numa sociedade que não criou nada que possa competir com a família”.

No Brasil, aponta DaMatta, o “extraordinário é que não temos nem a consciência do problema do conflito de interesses, o abuso é a regra”.

Estudioso do país e de questões brasileiras, Roberto Augusto DaMatta é colunista do diário O Estado de São Paulo há mais de 10 anos e tem suas crônicas reproduzidas em diversos jornais no Brasil e em Portugal.

Ele já escreveu cerca de 20 livros de ensaios, pesquisas antropológicas com tribos indígenas, análises e reflexões sobre o carnaval e a realidade brasileira.

(Lusa)

Escritor português Lobo Antunes é destaque na Flip

01-07-2009 14:31:07

Rio de Janeiro, 1º jul (Lusa) - A sétima edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa nesta quarta-feira em Paraty, vai homenagear o poeta pernambucano Manuel Bandeira (1886-1968) e tem como convidado de destaque o romancista português António Lobo Antunes.

Autor de mais de 20 romances e vencedor do Prêmio Camões em 2007, Lobo Antunes, que não vem ao Brasil desde 1983, falará sozinho no horário nobre da Flip, na noite de sábado, sobre o tema “Escrever é preciso”. Lobo Antunes é um dos poucos convidados da Flip com direito à exclusividade no palco.

O português aproveita ainda a viagem ao Brasil para lançar dois livros pela Editora Alfaguara: “Explicação dos Pássaros” (1981) e “O meu nome é Legião” (2007).

O músico, dramaturgo e escritor Chico Buarque também é um dos convidados de destaque que, com o escritor amazonense Milton Hatoum, vai falar sobre o Brasil. Na Flip, Buarque poderá fazer uma sessão de autógrafos do seu novo romance “Leite Derramado”, publicado em abril pela Editora Companhia das Letras, já que ele ainda não falou ao público sobre a obra.

A programação conta pela primeira vez com autores chineses, Xinran e Ma Jian. Além disso, o britânico Simon Schama, um nome de destaque entre os historiadores contemporâneos, lança “O futuro da América” sobre as eleições que elegeram Barack Obama para presidente dos EUA.

Já o norte-americano Gay Talese falará ao público no sábado. Repórter do New York Times nos anos 1960, Talese é um dos representantes do Novo Jornalismo, modalidade que utiliza técnicas da literatura no relato jornalístico.

Outra convidada é a artista plástica e escritora francesa Sophie Calle, que lança “Histórias Reais” (Ed. Agir) e que falará com o pintor e jornalista Grégoire Bouillier, autor de “Linvité mystère” (Ed. Cosac Naify).

Comemoração

Para comemorar os 200 anos de Charles Darwin e os 150 anos da obra “A origem das espécies”, irá estar presente em Paraty o cientista Richard Dawkins.

Considerado um dos mais importantes adeptos da teoria da evolução da atualidade, Dawkins lança na Flip “A grande história da evolução - na trilha dos nossos ancestrais” (Cia das Letras), obra originalmente publicada em 2004. O tema da sua palestra será “Deus, um delírio”.

Até dia 5 de julho, são esperadas entre 20 a 30 mil pessoas que deverão circular pela cidade do litoral fluminense.

A organização do evento, cujo orçamento não supera R$ 6 milhões, afirma que não foi fácil captar recursos em meio à crise, mas que este ano a Festa Literária estará “perfeita e maravilhosa” sem cortes nos projetos.

Escritor português Lobo Antunes é destaque na Flip

01-07-2009 14:31:07

Rio de Janeiro, 1º jul (Lusa) - A sétima edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa nesta quarta-feira em Paraty, vai homenagear o poeta pernambucano Manuel Bandeira (1886-1968) e tem como convidado de destaque o romancista português António Lobo Antunes.

Autor de mais de 20 romances e vencedor do Prêmio Camões em 2007, Lobo Antunes, que não vem ao Brasil desde 1983, falará sozinho no horário nobre da Flip, na noite de sábado, sobre o tema “Escrever é preciso”. Lobo Antunes é um dos poucos convidados da Flip com direito à exclusividade no palco.

O português aproveita ainda a viagem ao Brasil para lançar dois livros pela Editora Alfaguara: “Explicação dos Pássaros” (1981) e “O meu nome é Legião” (2007).

O músico, dramaturgo e escritor Chico Buarque também é um dos convidados de destaque que, com o escritor amazonense Milton Hatoum, vai falar sobre o Brasil. Na Flip, Buarque poderá fazer uma sessão de autógrafos do seu novo romance “Leite Derramado”, publicado em abril pela Editora Companhia das Letras, já que ele ainda não falou ao público sobre a obra.

A programação conta pela primeira vez com autores chineses, Xinran e Ma Jian. Além disso, o britânico Simon Schama, um nome de destaque entre os historiadores contemporâneos, lança “O futuro da América” sobre as eleições que elegeram Barack Obama para presidente dos EUA.

Já o norte-americano Gay Talese falará ao público no sábado. Repórter do New York Times nos anos 1960, Talese é um dos representantes do Novo Jornalismo, modalidade que utiliza técnicas da literatura no relato jornalístico.

Outra convidada é a artista plástica e escritora francesa Sophie Calle, que lança “Histórias Reais” (Ed. Agir) e que falará com o pintor e jornalista Grégoire Bouillier, autor de “Linvité mystère” (Ed. Cosac Naify).

Comemoração

Para comemorar os 200 anos de Charles Darwin e os 150 anos da obra “A origem das espécies”, irá estar presente em Paraty o cientista Richard Dawkins.

Considerado um dos mais importantes adeptos da teoria da evolução da atualidade, Dawkins lança na Flip “A grande história da evolução - na trilha dos nossos ancestrais” (Cia das Letras), obra originalmente publicada em 2004. O tema da sua palestra será “Deus, um delírio”.

Até dia 5 de julho, são esperadas entre 20 a 30 mil pessoas que deverão circular pela cidade do litoral fluminense.

A organização do evento, cujo orçamento não supera R$ 6 milhões, afirma que não foi fácil captar recursos em meio à crise, mas que este ano a Festa Literária estará “perfeita e maravilhosa” sem cortes nos projetos.

Grupos teatrais lusófonos participam de festival no Rio

01-07-2009 13:39:56

http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2008/06/03-06-08-festlip-cr.jpg

Rio de Janeiro, 1° jul (Lusa) - Onze espetáculos teatrais de seis países lusófonos realizam-se no Rio de Janeiro a partir de quinta-feira e durante dez dias no Festival de Teatro da Língua Portuguesa (Festlip), que vai homenagear o escritor moçambicano Mia Couto.

Segundo a atriz e produtora Tânia Pires, uma das organizadoras do Festlip, esta segunda edição do festival já integra o calendário cultural carioca.

“Estamos a aprimorar o festival, ele está a ser muito comentado tornando-se cada vez mais importante com uma grande repercussão”, disse à Agência Lusa Tânia Pires, ao citar que mais de 500 grupos inscreveram-se para participar do evento.

Ao todo serão cerca de 80 profissionais de teatro de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal que se deslocam ao Brasil. “A surpresa esse ano será a vinda de um grupo de Teatro do Oprimido da Guiné-Bissau”, comenta Tânia Pires.

Cada país será representado por duas companhias, à exceção de Guiné-Bissau, que faz sua estreia no Festlip com uma montagem do Grupo do Teatro do Oprimido, criado no país pelo recém-falecido dramaturgo Augusto Boal.

A programação deste ano homenageia o escritor moçambicano Mia Couto, que fará uma palestra no próxima sexta-feira sobre a “Metamorfose da literatura para o teatro”.

“Mia Couto tem o lado de dramaturgo muito forte com um trabalho voltado para o teatro, fora os seus textos escritos. Ele usa o teatro como forma de expressão da literatura e é um fomentador do teatro em Moçambique”, disse a produtora brasileira.

Um dos destaques será o diretor português Miguel Seabra, do grupo Meridional, que promoverá uma oficina de três dias aos atores de língua portuguesa num evento paralelo à mostra teatral.

“Miguel Seabra vai dar uma oficina para os atores que vão participar do festival. A intenção é de intercâmbio, pois ele vai trazer a sua experiência de Portugal. Serão oficinas teatrais para manter a convivência com atores de língua portuguesa”, destaca a organizadora.

O diretor português ainda pretende dirigir um espetáculo no Brasil com estreia prevista para o final do ano, cujo texto de língua portuguesa será escolhido ao longo do festival.

A expectativa para este ano é de que cerca de 18 mil pessoas circulem pelos eventos culturais e assistam aos espetáculos teatrais, todos com entrada franca.

O segundo Festlip conta com apoio das embaixadas de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Portugal, Instituto Camões, Ministério da Cultura, Fundação Palmares e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).




http://www.talu.com.br/festlip/