segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Repórter Brasil

14/02/2008

Globalização contribui no aumento do tráfico para o trabalho forçado

O modelo de desenvolvimento adotado internacionalmente que força uma diminuição dos direitos trabalhistas para aumentar a competitividade deve ser repensado, discutem especialistas no Fórum de Viena contra o tráfico de seres humanos

Por Leonardo Sakamoto

Viena - O trabalho forçado é alimentado pelo modelo de globalização adotado no mundo, em que a competitividade incentiva uma constante redução nos custos do trabalho. Com isso, leva para baixo as condições de emprego, culminando na imposição do trabalho forçado - e de um sistema para suprir esse tipo de mão-de-obra. O que acontece em países pobre ou ricos. Esse foi um dos temas discutidos no painel "Demanda por trabalho forçado e exploração sexual - como e por que isso alimenta o tráfico de seres humanos" na manhã desta quinta (14).

O evento foi parte do "Fórum de Viena", organizado pela Iniciativa Global das Nações Unidas para o Combate ao Tráfico de Seres Humanos (UN.Gift), que está sendo realizado entre os dias 13 e 15 na capital austríaca. Estão presentes especialistas, entidades internacionais, governos, sociedade civil, mídia e o setor empresarial para discutir como combater o problema.

Nicola Phillips, professora de economia política da Universidade de Manchester, defendeu que o tráfico de pessoas para exploração econômica e sexual está relacionado ao modelo de globalização e de capitalismo que o mundo adota.

De acordo com ela, esse modelo é baseado em um entendimento de competitividade nos negócios que pressiona por uma redução constante nos custos do trabalho. Empregadores tentam flexibilizar ao máximo as leis e relações trabalhistas para lucrar com isso e, ao mesmo tempo, atender uma procura por produtos cada vez mais baratos por parte dos consumidores.

A pobreza, que torna populações vulneráveis socialmente, garante oferta de mão-de-obra para o tráfico - ao passo que a demanda por essa força de trabalho legitima esse tráfico de pessoas, atraindo intermediários (como os "gatos" no Brasil). Em resumo, de acordo com Phillips, "a sistemática desregulação do mercado de trabalho facilita o surgimento de trabalho forçado". Para atuar no problema, deve-se atuar tanto na oferta desse tipo de mão-de-obra quanto na demanda. No combate à pobreza e no modelo de desenvolvimento que queremos.

Leia mais:
http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1289

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Leonardo Sakamoto viajou a convite das agências das Nações Unidas organizadores do evento, como a Unodc e a OIT.

Portal Imprensa

Publicado em: 11/02/2008 17:33

"O Brasil é o país em que mais se processa jornalistas no mundo", afirma o jornalista Márcio Chaer

Por Ana Luiza Moulatlet/Redação Portal IMPRENSA

Sinal dos tempos, o Brasil é o país em que mais se processa jornalistas no mundo. E esse viés da democracia tupiniquim é fruto de três fatores: a descoberta de que o Judiciário pode ser um escudo eficiente para impedir a divulgação "picaretagens"; a constatação, da imprensa que fabrica notícias de encomenda, que uma eventual indenização será menor que o pagamento do interessado; e o erro puro e simples do jornalista, cometido sem intenção de prejudicar ninguém, ocasionado pelas eventualidades da profissão.

A opinião é de Márcio Chaer, publisher do maior site de Direito da América Latina, o Consultor Jurídico (www.conjur.com.br), veterano que já marcha para os 34 anos de jornalismo, com passagem por Gazeta Esportiva, Veja, Folha de S.Paulo, Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, e American Chamber of Commerce. O Conjur coletou, em parceria com a ONG inglesa Article 19, dados surpreendentes: até o mês de abril de 2007, registravam-se 3.133 processos contra 3.237 jornalistas dos cinco maiores grupos de comunicação (Globo, Abril, Estado, Folha e Editora Três). Entre 2001 e 2007, o número de processos contra a imprensa cresceu 159%. A faixa média das indenizações passou de R$ 20 mil, em 2003, para R$ 80 mil em 2007.

Em entrevista ao Portal IMPRENSA, Chaer discorreu sobre as maneiras do jornalista se defender contra esses processos: "O jornalista tem que enxergar a lógica dos direitos: o do leitor, o das partes e o da imprensa. Em vez de afirmar que o alvo é criminoso, deve-se descrever a conduta criminosa. Evitar o 'falso outro lado', aquele truque de ouvir o acusado pra dizer que ouviu". Também falou, com autoridade, sobre temas polêmicos, como a liberdade de expressão, o segredo de justiça e o lobby das empresas de telefonia.


Leia a seguir a entrevista:

IMPRENSA - A revista Consultor Jurídico fez um levantamento inédito, dado pela ONG inglesa Article 19, indicando que o Brasil é o país em que mais se processa jornalistas no mundo. Quais são os números e por que essa fúria?

Márcio Chaer -
Começamos esse levantamento de forma organizada em 2001. Mas desde 1997 colecionamos todas as brigas judiciais que envolvam a imprensa. A estatística tem diversos complicadores. Todos os dias surgem processos novos, enquanto outros se encerram. A pesquisa mais recente pode ser lida em nosso site. O resumo da ópera é que houve uma explosão no volume de processos contra jornais e jornalistas. Há três motivos principais. O mais pitoresco e recente é o tipo de malandro que descobriu que o Judiciário pode ser um escudo eficiente para impedir que suas picaretagens sejam divulgadas. Outra turbina importante é a picaretagem do pessoal da imprensa que fabrica notícias de encomenda e avança o sinal, considerando que uma eventual indenização será menor que o pagamento do interessado. E o mais tradicional: o erro puro e simples, cometido sem dolo, sem intenção de prejudicar ninguém (mas prejudica), motivado pelas vicissitudes da profissão (pressa, descuido, ignorância, fonte mal informada ou mal intencionada). Esse lote é o maior de todos.


Leia mais:


http://portalimprensa.uol.com.br/portal/entrevista_da_semana/2008/02/11/imprensa17042.shtml

Direto da Redação

Publicada em: 17/02/2008
Leila Cordeiro

CAPITÃO NASCIMENTO, BUSCA-PÉ E O URSO DE OURO

Desde que estreou nas telas brasileiras, “Tropa de Elite” desencadeou uma série de discussões em torno da crueldade policial mostrada no filme. Críticos e defensores dos direitos humanos reclamaram da apologia da violência na maioria das cenas, alegando que policiais foram transformados em super-heróis no combate ao crime e aos criminosos.

Mas a maioria da população brasileira, segundo a mídia, aplaudiu de pé as cenas em que a polícia tortura os bandidos obrigando-os a se humilharem de joelhos, com sacos plásticos na cabeça à beira da asfixia. Para quem já foi vítima de algum tipo de crime ou tem alguém na família que passou por situação semelhante, o filme pode ter funcionado como uma espécie de válvula de escape, uma vingança, uma lavada na alma de quem não pôde reagir diante do poder de fogo dos marginais.

Tropa de Elite acabou levando o Urso de Ouro no festival de Berlim, apesar de torpedeado pela crítica internacional chegando a ser rotulado de fascista. Em entrevista à imprensa alemã, o diretor José Padilha discorda da afirmação de que o brasileiro tenha transformado o comandante do Bope no filme, Capitão Nascimento, em herói, porque, segundo ele, as pessoas são inteligentes no Brasil e sabem distingüir a ficção da realidade.

Para Padilha, o filme não é violento de graça. Ele mostra o que realmente acontece nos morros e favelas do Rio. A verdadeira guerra de guerrilha, entre traficantes e a polícia. Para ele, quando a crítica e a classe média se viram, frente à frente, com essa dura realidade sentiram-se um pouco culpadas por, de certa forma, serem coniventes com a injustiça social no Brasil.

O fato é que, cada vez mais, diretores brasileiros estão lançando no mercado nacional e internacional a cara feia do país para que o mundo e o próprio brasileiro não fique anestesiado pelo samba, suor e cerveja onde tudo acaba em pizza. A crise da violência é seríssima e precisa ser encarada de frente, com todas as suas cores.

Leia Mais:
http://www.diretodaredacao.com/