quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Brasil lidera pesquisa de preocupação com concentração na mídia

Os brasileiros se mostram os mais preocupados com a concentração dos meios de comunicação nas mãos de um 'pequeno número de grandes empresas do setor privado', revelou uma pesquisa de opinião sobre liberdade de imprensa feita em 14 países. A sondagem mostrou, no entanto, que os brasileiros também fazem a pior avaliação sobre o desempenho dos meios de comunicação financiados pelo governo. Matéria da BBC Brasil.

A sondagem – encomendada pelo Serviço Mundial da BBC e feita pelas empresas de pesquisa GlobeScane Synovate – avaliou a opinião de 11.344 pessoas por meio de um questionário. Segundo o levantamento, 80% dos brasileiros se mostram preocupados com a propriedade das companhias de mídia e acreditam que esse controle pode levar à 'exposição das visões políticas' de seus donos no noticiário. Entrevistados de outros países também compartilham da mesma opinião, como no México (76%), nos Estados Unidos (74%) e na Grã-Bretanha (71%).

A sondagem mostrou, no entanto, que ao mesmo tempo em que são os mais preocupados com o controle e a concentração privada na mídia, os brasileiros também fazem a pior avaliação sobre o desempenho dos meios de comunicação financiados pelo governo.

Nessa parte do questionário foi considerada a opinião das pessoas em relação à 'honestidade' e à 'precisão' com que os órgãos de comunicação, públicos e privados, tratam a notícia. De acordo com o estudo, 43% dos entrevistados acreditam que a cobertura do noticiário pelos órgãos públicos brasileiros é 'pobre'; 32%, mediana; e 25% dizem que ela é 'boa'.

Em contrapartida, os brasileiros tiveram uma opinião mais positiva quando foram indagados sobre o desempenho das empresas privadas: 37% acreditam que elas fazem um 'bom' trabalho, 38% afirmam que ela é mediana e 25% dizem que sua atuação é 'pobre'.

Voz

Os brasileiros também se mostraram os mais interessados em participar do processo de decisão sobre o que é noticiado: 74% dos entrevistados disseram que gostariam de 'ser ouvidos' na escolha das notícias. Nessa pergunta, em seguida vieram os mexicanos, com 63%. Os russos, com 29%, foram os entrevistados que se mostraram menos interessados em influenciar na escolha do que é noticiado.

A pesquisa ainda avaliou que os brasileiros parecem 'divididos' sobre a questão da liberdade de imprensa e estabilidade social. Enquanto 52% opinaram que a liberdade para informar os fatos de forma honesta e verdadeira é importante para garantir uma 'sociedade justa' – mesmo que isto implique em 'debates desagradáveis ou efervescências sociais' –, outros 48% acreditam que 'a harmonia e a paz social são mais importantes' e, portanto, o eventual controle do que é noticiado seria aceitável para o 'bem comum'.

Curiosamente, avalia o relatório, a Venezuela foi um dos países cuja população mais priorizou a liberdade de imprensa em detrimento da estabilidade social (64%). Entre todos os pesquisados, os americanos (70%), britânicos (67%) e alemães (67%) foram os que mais opinaram a favor da liberdade de imprensa como instrumento para garantir uma sociedade justa.

A pesquisa ouviu os entrevistados entre os dias 1º de outubro e 21 de novembro. A Oceania foi o único continente não incluído no levantamento. Na América Latina, o estudo foi realizado no Brasil, México e Venezuela.

O trabalho foi divulgado como parte das comemorações do 75º aniversário do Serviço Mundial da BBC.