segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dia da Biodiversidade marca pedidos por ação política urgente

Enquanto o mundo se prepara para celebrar a diversidade da vida na Terra, a Rede WWF e outras ONGs estão conclamando os governos a fazer mudanças fundamentais no planejamento econômico para evitar o colapso do sistema de manutenção da vida no planeta.

No sábado, o mundo celebrará o Dia Internacional da Biodiversidade, que foi proclamado pelas Nações Unidas em 1993 com o objetivo de “ampliar a compreensão e a consciência acerca das questões de biodiversidade.”

A biodiversidade e a saúde dos ecossistemas naturais são o fundamento do bem-estar humano e da economia porque oferecem um leque de benefícios, ou “serviços”, como ar e água limpos, proteção contra desastres naturais, medicamentos e alimentos. Os especialistas estimam o valor econômico global da biodiversidade como nada menos que US$ 33 trilhões ao ano.

“Os governos raramente levam em consideração os benefícios econômicos e sociais da natureza em suas políticas e atividades”, afirmou Rolf Hogan, diretor de Biodiversidade da Rede WWF. “Isso leva à destruição dos ecossistemas naturais e compromete o nosso futuro. A situação está se tornando uma crise”.

Paralelamente a isso, os governos do mundo não cumpriram a promessa que assumiram em 2002, junto à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), de reduzir consideravelmente o índice de perda da biodiversidade até 2010, o Ano Internacional da Biodiversidade.

Estudos recentes, inclusive o Panorama Global da Biodiversidade 3 (Global Biodiversity Outlook 3, relatório preparado pela CDB), mostram que a continuidade da perda maciça da biodiversidade é uma probabilidade cada vez maior. De acordo com os estudos, estamos nos aproximando de diversos “pontos de colapso”, em que os ecossistemas entrarão em estados menos produtivos, dos quais poderá ser impossível se recuperar.

“O relatório da CDB mostra que, infelizmente, a conservação dos ecossistemas e das espécies, o uso sustentável dos recursos naturais e a repartição dos benefícios da biodiversidade ainda não fazem parte dos principais critérios considerados por tomadores de decisão, sejam de governos ou empresas”, afirma o superintendente de conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti.

ONGs pedem metas mais audaciosas

Em uma declaração feita em reunião científica da Convenção sobre Diversidade Biológica no início desta semana, 24 organizações não governamentais (inclusive o WWF-Brasil) – representando a sociedade civil, a comunidade de conservação e povos indígenas – disseram aos governos que o mundo falhou porque “as atuais políticas econômicas promovem o consumo exacerbado dos recursos naturais por alguns países e segmentos da sociedade. Isso está levando à destruição dos habitats, o que debilita os direitos e os meios de vida de milhões de pessoas que dependem dos ecossistemas para sobreviver”.

“Estamos num momento decisivo. Uma mudança fundamental é necessária e urgente. A sociedade precisa de uma nova visão que associe políticas socioeconômicas e ambientais”.

“O Dia Internacional da Biodiversidade deve servir de lembrete para os Chefes de Estado ouvirem esse apelo das ONGs e assumirem compromissos concretos ao se reunirem na sessão especial sobre biodiversidade da Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro”, informou Hogan.

“Não podemos esperar que os ministros do meio ambiente levantem essa bandeira sozinhos. A conservação e o uso sustentável da biodiversidade precisam passar dos círculos políticos para uma posição central no mundo para que possamos evitar uma perda catastrófica da biodiversidade”, completou.

A declaração das ONGs também faz diversas recomendações, inclusive a de que o verdadeiro valor dos serviços da biodiversidade e dos ecossistemas seja integrado ao planejamento e ações econômicas para o combate à mudança do clima, e que os direitos dos povos indígenas sejam reconhecidos.

“No Brasil, queremos saber se o governo do presidente Lula, que se encerra este ano, vai deixar como herança para os brasileiros um país que continua degradando seus ambientes naturais, ou um país que lidera o mundo em direção à sustentabilidade”, questiona Maretti. Para o superintendente do WWF-Brasil, o presidente Lula deve assumir papel de liderança nas discussões sobre biodiversidade que ocorrerão na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro.

Para mais informações sobre o Ano Internacional da Biodiversidade, as negociações da CDB e o relatório Panorama Global da Biodiversidade 3, visite www.wwf.org.br/biodiversidade.

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O WWF-Brasil é uma organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e de promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.