quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Agência Lusa - CARNAVAL 2008

Chegada da família real inspira escolas de samba do Rio

31-01-2008 10:29:14

Rio de Janeiro, Brasil, 30 jan (Lusa) - A chegada da família real portuguesa ao Brasil será o tema de inspiração para o desfile de quatro escolas de samba do Rio de Janeiro.

As cores verde e branca da Casa de Bragança foram escolhidas como símbolo do carnaval deste ano, por iniciativa do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia.

A apresentação de duas escolas que iniciam os desfiles de domingo e segunda-feira de Carnaval - São Clemente e Mocidade Independente de Padre Miguel, respectivamente - será dedicada aos 200 anos da chegada da corte portuguesa.

As duas escolas receberam da prefeitura um patrocínio de R$ 2 milhões cada, recursos que vão ajudar a uma verdadeira revisão da história na passarela do samba.

A São Clemente, com 4.000 componentes, promete uma "entrada régia" neste Carnaval 2008, cantando os feitos joaninos sob o enredo "O clemente João VI no Rio: A redescoberta do Brasil".

As alegorias da escola vão retratar os ganhos do Rio de Janeiro sob a regência de D. João, como a criação do Jardim Botânico, da Biblioteca Nacional e da Casa da Moeda.

A escola Mocidade Independente de Padre Miguel, com 4.300 integrantes, tem como tema "O Quinto Império: De Portugal ao Brasil, uma Utopia na História", uma forma diferenciada de homenagear a vinda da família real para o Brasil.

A crença de que o rei D. Sebastião, desaparecido na batalha de Alcácer-Quibir, no norte de África (1578), iria voltar para estabelecer um império em Portugal, dominado pela Espanha entre 1580-1640, sobreviveu no imaginário português até ao século XVII.

O texto faz também alusão à lenda brasileira de que D. Sebastião, vencido pelos mouros, teria sido encantado na Praia dos Lençóis, no Estado do Maranhão, onde teria um palácio de ouro, cristal, esmeraldas e outras pedras preciosas.

A escola Imperatriz Leopoldinense apresentará a história de "João e Maria", que retrata a importância de D. João VI e das Marias que o ajudaram a construir parte da história do Brasil.

O Salgueiro, outra das 12 escolas que integram o grupo das principais agremiações do Carnaval do Rio de Janeiro, também fará alusão aos 200 anos da chegada da corte portuguesa ao Brasil.

A família real também inspirou a decoração neste Carnaval das ruas do Rio de Janeiro, que serão enfeitadas com personagens da corte portuguesa.

O desfile de abertura do carnaval de rua aconteceu terça-feira, com atores a representar a corte portuguesa, num desfile com trajes da época, pelas ruas do centro da cidade.

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BRASIL DE FATO

ONU quer aumentar efetivo policial no Haiti

22/01/2008

Vinicius Mansur, de São Paulo (da Radioagência NP)

Um dos objetivos da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) para os próximos cinco anos é aumentar o efetivo policial de 8 mil para 14 mil homens no país. Este foi o anúncio feito pelo representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU) no Haiti, o tunisiano Hédi Annabi, em sua primeira visita oficial ao Brasil. Annabi afirmou que “uma vez melhorada a situação de segurança, é hora de reconfigurar a Minustah”.

O conselheiro efetivo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro, Aderson Bussinger, enviado pela entidade ao Haiti em julho do ano passado, não vê sentido na medida. “Se você dissesse que eles estão mudando o contingente das forças para assistentes sociais, para médicos, para dentistas, para engenheiros, é uma outra natureza. Mas essa natureza que está lá continua sendo uma presença estritamente militar. Essa mudança com caráter mais policial para mim não muda o caráter militarista, beligerante, contra o povo”.

Após sua passagem pelo Haiti, Bussinger preparou um relatório crítico à ação militar no país, defendendo que a intervenção brasileira deveria assumir um caráter humanitário. O conselheiro da OAB também criticou a previsão de manutenção das tropas por mais cinco anos. O término da missão já havia sido adiado para o dia 15 de outubro de 2008. Mas, de acordo com Annabi, o Conselho de Segurança da ONU deverá prorrogar mais vezes a missão.

Além de aumentar o efetivo policial, o representante da ONU também destacou o envio de contingentes militares às fronteiras do país. De acordo com Annabi, o Haiti perde entre US$ 150 milhões e US$ 250 milhões por ano pela falta de controle nas fronteiras.

Site:

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Ou

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FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL

Direitos humanos não têm lugar no Fórum

Ravi Kanth Devarakonda

Davos, Suíça, 28/01/2008(IPS) - Os líderes políticos e empresariais no Fórum Econômico Mundial, na Suíça, se concentraram no terrorismo como uma das maiores ameaças à paz, mas não abordaram o risco que seu combate representa para os direitos humanos.

O presidente do FEM, Klaus Schwab, disse que, além da luta contra o terrorismo internacional, os debates da edição deste ano passavam pela mudança climática, como colocar em marcha um processo de paz factível para o Oriente Médio e a maneira como a tecnologia pode marcar o início de uma nova era de redes sociais para além das fronteiras.

Mas, em nenhuma instância deste encontro de governantes do Norte industrializado, executivos de multinacionais e especialistas em finanças, que começou na quarta-feira e terminou ontem no centro turístico suíço de Davos, se tratou da ameaça aos direitos humanos que implica o modo como os Estados Unidos e seus aliados encararam sua luta contra o terrorismo.

“Estudou-se o assunto com um painel de destacados especialistas legais de 30 países e é um problema grave que leva ao desgaste das instituições responsáveis por garantir o direito”, disse à IPS a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Mary Robindon. “Não fomos efetivos na hora de garantir que as medidas antiterroristas salvaguardassem os direitos humanos básicos em vários países”, admitiu. Em Davos não houve um debate específico a respeito.


(IPS/Envolverde) (FIN/2008)

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http://mwglobal.org/ipsbrasil.net/nota.php?idnews=3545

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

Diversidades ainda não reconhecidas

Mario Osava

Campo Grande, 28/01/2008 (IPS) - Para muitos, o Fórum Social Mundial perdeu repercussão e eficácia, talvez por adiantar-se muito à opinião pública e a procedimentos políticos ainda dominantes, mas não à realidade deste tempo, que exige soluções complexas e urgentes.

Manter-se como um “espaço aberto” de debates e articulação para o fortalecimento da sociedade civil, de forma horizontal e sem adotar resoluções, rejeitando tentações de se converter em um movimento para influir diretamente no poder marca diferenças com a cultura política vigente e causa tensões internas no FSM. A organização em redes, não hierárquica, com o reconhecimento e o respeito à diversidade em todas as dimensões, são parte da democracia futura que teóricos do fórum pretendem construir a partir de seus próprios processos internos, e que é pouco compreendida pelo publico e mesmo por muitos participantes do próprio FSM.

A crise do clima revitaliza o lema do Fórum, “outro mundo é possível”, acentuando o “necessário” que lhe agregam muitos ativistas. O nível de conhecimento atual do fenômeno indica que a transformação será inevitável, com um sentido positivo se assim decidir a humanidade, ou catastrófico, se predominar a inércia. Isto abre melhores possibilidades de desnudar os valores e as estruturas que conduzem o mundo a um desastre e da necessidade de mudá-los, observou um dos fundadores do FSM, o brasileiro Francisco Whitaker, em recente artigo escrito em defesa de um fórum aberto, diante de propostas de convertê-lo em instrumento de ação.

A questão climática e ambiental estará no centro da conferência mundial que o FSM retomará em 2009, após substituí-la este ano por manifestações descentralizadas do Dia de Ação Global, que aconteceram no sábado. Não por casualidade a Amazônia foi eleita sede do próximo encontro, mais especificamente a cidade de Belém, no Pará. Mas as dificuldades do Fórum derivam, em última instância, da enormidade do desafio de articular e mobilizar a sociedade civil global por “outro mundo”, mais seguro e mais justo.

O planeta se tornou mais complexo com a diversidade de interesses e culturas que já não aceitam a submissão. Mulheres, negros, indígenas, “loucos”, gente com “deficiências”, jovens, homossexuais, todos reclamam protagonismo e inclusão. Para as populações aborígines, os Estados nacionais “não servem, porque seguem um modelo não-indígena, incapaz de entender a diversidade”, afirmou Lisio Lili, membro do povo terena e do Comitê Intertribal, acrescentando uma nova complicação, ainda pouco considerada, ao mundo que os ativistas do FSM querem transformar.

(IPS/Envolverde) (FIN/2008)

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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

CAFÉ HISTÓRIA

O Café História é uma rede social voltada para estudantes, professores, pesquisadores e amantes de História. Sua interface se baseia no conceito de Web 2.0, onde cada internauta é potencialmente um produtor de conteúdo.

Publique textos, fique informado, acompanhe pesquisas e troque idéias com os demais membros. O espaço é todo seu!


http://cafehistoria.ning.com/



Visite Cafe Historia

Credibilidade na imprensa

Elite brasileira confia mais na imprensa

O Brasil é o terceiro país com maior credibilidade na imprensa, ficando atrás somente do México (66%) e da Índia (65%), revela o Estudo Anual de Confiança, promovido pela Edelman, empresa norte-americana de relações públicas.

O estudo abrangeu a população com maior renda familiar em 18 países. No Brasil, 25% dos entrevistados têm mais confiança na mídia (64%) do que em empresas (61%), ONGs (51%), instituições religiosas (48%) ou no governo (11%).

Para se informar, os brasileiros recorrem mais aos jornais impressos (87%) e à TV (82%), depois às informações na Internet (52%), mas a maioria (41%) lê a versão impressa e a versão on-line dos jornais.

Artigos sobre negócios em revistas são preferidos pelos brasileiros (81%), depois em jornais (79%) e noticiários na TV (77%). Na Internet, 93% procuram notícias, 85% fazem pesquisa e o percentual de quem busca mensagens instantâneas é o mesmo de quem se interessa pelo comércio virtual: (79%).

Chega a 46% o número de brasileiros que lêem blogs, cuja credibilidade teve destaque. A Rússia foi quem demonstrou mais credibilidade (34%), seguida pela China (33%), Índia (29%) e Brasil (21%).

Para o estudo, foram entrevistadas 3.100 pessoas, com idades entre 35 e 64 anos, consideradas “líderes de opinião" em 18 países: Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Espanha, Países Baixos, Suécia, Polônia, Irlanda, Rússia, China, Canadá, Japão, Índia, México, Brasil e Coréia do Sul.


Fonte: Sindicato do Jornalitstas Profissionais do Município do Rio de Janeiro
www.jornalistas.org.br


28 de janeiro de 2008

29 de janeiro: Dia do Jornalista

Por Marcello Pepe

De tão comum e cotidiano, fica difícil prestar devida atenção em como somos bombardeados por informação. São noticiários no rádio, telejornais, revistas, jornais diários e até, claro, os atuais Web sites sempre abarrotados de novidades, conhecimentos, cultura, fatos e fotos. É... nem sempre paramos para pensar no profissional que está por trás daquele texto bem escrito, que sintetiza várias horas ou dias em alguns parágrafos, que nos dão a perfeita localização no tempo e no espaço, nos transferindo conhecimento suficiente para podermos compreender, opinar e debater os assuntos do nosso interesse.

Poetas do cotidiano. Ah, sim. Assim deviam ser chamados estes ‘profissionais’ que nos poupam nosso precioso tempo, ofertando seus textos bem redigidos em forma de boa literatura para nossa degustação. Impressionante como conseguem resumir num título ou num ‘olho’ de matéria tudo aquilo que vamos digerir dalí pra frente.

É bonito quando terminamos a leitura de uma notícia, artigo, press-release, ou entrevista, e pensamos por um instante que estávamos mesmo ao lado deste ‘contador de estórias’, ouvindo até suas pausas para respiração, suas expressões faciais e corporais. Às vezes, me pego literalmente aplaudindo quando um comentarista como Arnaldo Jabor conclui seu raciocínio se utilizando tão somente das nossas usuais e corriqueiras palavras.

Arquiteto da ortografia, o bom jornalista é aquele que, assim como se faz na construção civil, emprega, da língua Portuguesa, os materiais básicos que 99% das pessoas comuns podem compreender, não fazendo disso um trabalho medíocre, mas, sim, emprestando sua arte para fazer com que tijolos, vergalhões, areia, pedra e cimento lingüísticos, nas medidas e proporções corretas, tomem a forma elegante e edificada que encontramos nas informações jornalísticas.

Como em todo ramo de atividade, nossa língua também é regida por leis. Hildebrando, Aurélio, Bechara. Estes são os juristas que me vêm à mente quando penso nas leis gramaticais e ortográficas do nosso bom Português. Mas, como toda norma perde seu valor onde há impunidade, não haveria de ser diferente quando do descumprimento das regras de comunicação em nossa língua. Não há multas, prisão, pontos na carteira, nada. Quem quiser sair por aí, redigindo numa língua que inventou, esqueceu ou não aprendeu, dizendo que sabe ler e escrever em Português, nada de ruim vai lhe acontecer. Até mesmo pelo fato que outros tão ou mais ignorantes estarão lá para ler e aceitar a distorção lingüística sem nem perceber a mácula que esta displicência causa ao nosso idioma.

Fiquei muito satisfeito ao saber que, apesar da grande maioria das universidades particulares ter abolido o exame vestibular para o ingresso de seu corpo discente, as faculdades ainda mantém uma prova de redação básica, onde, supõe-se, o candidato será avaliado pela sua capacidade de traduzir em textos seus pensamentos, sentimentos e idéias.

Das últimas décadas para cá, o homem veio deixando de buscar informações e conhecimentos através da língua escrita para se nutrir de sons e imagens hipnóticas através da televisão. É a geração MTV, que, num compreensível círculo vicioso, se tornou cada vez mais ignorante. Nos últimos anos, empresários, funcionários, estudantes e até donas de casa voltaram compulsoriamente ao hábito da leitura e da escrita.

A popularização da comunicação por email fez com que executivos, que usavam suas secretárias para redigir uma simples minuta de reunião ou um comunicado interno, passassem a fazê-lo com suas próprias capacidades. O resultado é um misto de sadismo ortográfico com exposição pública das suas particulares deficiências. E o pior: na maioria dos casos, o “redator” nem sabe que é motivo de escárnio. Isto, sem falar dos famigerados Blogs (contração ou corruptela de WebLog) que revelam grandes talentos na arte de crucificar nossa gramática. Jovens que não aprenderam para quê servem os acentos, símbolos gráficos, vírgulas, pontos, parêntesis, letras maíusculas em nomes próprios e no início das sentenças, publicam suas experiências e se expõem publicamente.

Puxa! Fiquei um pouco amargo nestes últimos parágrafos, mas a minha intenção é fazer lembrar do valor que tem um profissional que faz do seu dia-a-dia, uma jornada de resgate e reanimação do sistema de comunicação verbal, mesmo enfrentando a crescente depalperação de sua platéia. Lembre-se sempre que, se não puder vencê-los, jamais (mesmo) junte-se a eles. Senhor jornalista, meus parabéns pelo dia 29 de janeiro.

29/01/2004

Arteiras na Ação Global

Na oitava edição do Fórum Social Mundial (FSM) 2008, o diferencial foi a descentralização dos eventos. Cerca de dez mil cariocas circularam pelas sete tendas temáticas espalhadas no parque do Flamengo. Mais de 100 organizações, fóruns e redes estiveram presentes na tenda das idéias e da economia solidária que tinham como objetivo reunir e compartilhar projetos, campanhas e debates.

(...)

Arteiras é uma cooperativa que reúne 14 mulheres donas de casa da comunidade Casa Branca na Tijuca, na zona norte do Rio, que trabalham como artesãs e produzem cadernos e agendas com papel reciclado.

(...)

Segundo informações do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher, no Brasil, 21% das mulheres negras são empregadas domésticas e apenas 23% delas têm Carteira de Trabalho assinada - contra 12,5% das mulheres brancas que são empregadas domésticas, sendo 30% com registro em Carteira de Trabalho. A inserção das mulheres no mercado de trabalho tem sido caracterizada pela precariedade, que atinge uma importante parcela de trabalhadoras.

Por Fabíola Ortiz

Leia na íntegra:

http://www.ciranda.net/spip/article2103.html


segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

FORUM SOCIAL MUNDIAL - Rio com Vida

Rio discute política, cidadania e justiça social

“O Brasil é uma peça-chave no Fórum Social Mundial, o Brasil é expressão da nova cidadania, da nova sociedade civil”, afirmou Cândido Grzyboswki, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e também integrante do Conselho Internacional do FSM.

Cândido acredita que o diálogo e a troca de idéias são as bases do Fórum, mas ainda há novos desafios a enfrentar pela frente, “o fórum vai evoluir mais, a gente vai começar a formular alternativas de políticas públicas”.

No Dia de Mobilização e Ação Global com mais de 800 eventos em 72 países, no Brasil o Fórum Social Mundial (FSM) 2008 mobilizou neste sábado (26 de janeiro) cerca de 60 eventos espalhados por diversos cantos do país. E no Rio de Janeiro, o Rio Com Vida no Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, reuniu diversos movimentos sociais, artistas, redes e fóruns para discutir política, cultura, direitos humanos, educação, meio ambiente, entre outros temas.

(...)

O teatrólogo Augusto Boal, fundador do Teatro do Oprimido, esteve no Aterro do Flamengo como um dos convidados especiais no evento para falar sobre cidadania. “O primeiro dever do cidadão não é viver em sociedade, é transformar a sociedade, eu não sou cidadão se eu não faço nada para transformar a sociedade. No mundo existem ricos e pobres, opressores e oprimidos, os que mandam e os que obedecem, existem preconceitos de todos os tipos”, disse Boal para um grande público reunido na Tenda das Idéias.

O Circo Baixada, uma das iniciativas presentes no Rio Com Vida, trabalha desde 2002 com crianças e jovens de 7 a 24 anos de oito municípios da Baixada Fluminense. O coordenador geral do projeto, José Candido de Oliveira Boff, o Zeca, explica que o circo social visa integrar adolescentes que vivem nas ruas às suas famílias e desenvolver oficinas de arte circense.

Por Fabíola Ortiz

Leia na íntegra:

http://www.ciranda.net/spip/article2099.html

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Operação Uniforme Fantasma

24 de Janeiro de 2008 - 19h08

Operação do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio prende 19 suspeitos de fraude

Fabíola Ortiz
Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Quatro grupos que supostamente fraudavam licitações e desviavam verbas públicas em 17 municípios no estado do Rio de Janeiro foram desarticulados em operação deflagrada hoje (24) pelo Ministério Público do estado com o apoio da Secretaria de Segurança Pública.

A operação Uniforme Fantasma envolveu 170 policiais da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado (Draco), além de agentes da Coordenadoria de Combate à Sonegação Fiscal e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MP.

Estima-se que o prejuízo aos cofres públicos supere R$ 100 milhões. Dos 28 mandados de prisão contra políticos, servidores públicos e empresários, expedidos pela Vara Criminal de Magé, no norte fluminense, 19 já foram cumpridos hoje (24).

Constam na lista um ex-prefeito de Magé que se encontra foragido e seis secretários municipais de outros municípios, entre eles, a ex-secretária de Ação Social de Magé Renata Tuller e a atual secretária de Fazenda também de Magé, Núcia Cozzolino, irmã da prefeita do município, Núbia Cozzolino.

Policiais da Draco também cumpriram 60 mandados de busca e apreensão. Durante toda a manhã, os materiais apreendidos na operação chegaram em carros da Polícia Civil no prédio da Polinter, na região portuária no centro do Rio. Entre o material, sacolas de dinheiro com uma quantia de R$ 200 mil, encontradas com uma empresária que estaria envolvida no esquema, além de documentos e computadores. Foram apreendidos também uma moto avaliada em R$ 50 mil e um Audi 2.8 avaliado em R$ 70 mil, esses veículos seriam do assessor da prefeitura de Magé que também está detido.

Segundo o procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Vieira, as investigações começaram, há dez meses, a partir de uma denúncia do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda acerca de uma movimentação financeira que envolvia grande quantidade de dinheiro repassado a pequenas empresas.

"O Coaf noticiou a existência de valores muito elevados que consistiam na emissão de cheques da Prefeitura de Magé repassados a uma determinada empresa pequena que chegou a receber valores bastante elevados, quase R$ 1 milhão e estranhamente esses valores eram sacados e retirados em dinheiro".

O procurador ressaltou que "com o aprofundamento das investigações, descobrimos que havia outras ramificações, outras quatro quadrilhas que aparentemente não têm relação entre si também atuavam em outros municípios". Marfan Vieira não soube informar há quanto tempo as quadrilhas atuavam.

"A primeira fraude consiste em dirigir a licitação para um determinado vencedor que faz parte da quadrilha, num segundo momento a fraude consiste na não-entrega da mercadoria contratada, ou quando a mercadoria é entregue ou em quantidade ou em qualidade inferior àquela contratada. A investigação aponta que essa aproximação ocorre por iniciativa bilateral ora pela municipalidade ora do empresário que se organiza em quadrilha para operar essas fraudes", afirmou Marfan Vieira.

Marfan disse ainda que o esquema é confirmado a partir do depoimento de uma funcionária de uma das empresas envolvidas que colabora com a justiça. "Ela confirma o esquema apontando a figura de dois prefeitos municipais no interior do estado, e dizendo que esses prefeitos freqüentavam o escritório da empresa e recebiam importâncias em dinheiro que variavam entre R$ 50 e 100 mil com certa regularidade".

O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, acredita que por meio de parcerias como essa do MP é possível combater a criminalidade. "Esse esquema envolve 'empresas laranjas', eu acredito que outras pessoas em outros municípios também estejam envolvidos".

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Farc proíbem Cruz Vermelha de visitar seqüestrados doentes

21/01/2008 - 03h11

Uol Notícias

Em Bogotá (Colômbia)

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) não permitirão que uma missão médica da Cruz Vermelha Internacional visite seqüestrados doentes, disse um porta-voz da guerrilha ao telejornal "Noticias Uno".

Segundo o telejornal, o porta-voz das Farc Luis Edgar Devia, conhecido como "Raúl Reyes", afirmou que essa proibição foi tomada para preservar "a segurança dos passíveis de troca".

Além disso, Reyes, um dos sete integrantes do comando central das Farc, assegurou que não existe atualmente qualquer contato da guerrilha com a Igreja Católica, a única autorizada pelo Governo colombiano a discutir uma "zona de encontro" na qual seria negociada a troca humanitária.

Com isso, o guerrilheiro negou as versões sobre essas conversas. Segundo ele, "alguém pretende gerar falsas expectativas com isso". Ele disse ainda que qualquer diálogo para a troca humanitária acontecerá nos municípios de Pradera e Florida, no departamento de Valle del Cauca (sudoeste).

No entanto, a guerrilha exige para isso a retirada das forças governamentais dessa região, o que é negado enfaticamente pelo governo colombiano.

Vários setores do exterior e do país, entre eles o presidente colombiano, Álvaro Uribe, haviam pedido às Farc que permitissem que os reféns doentes fossem atendidos por uma missão humanitária da Cruz Vermelha Internacional.

A guerrilha tem em seu poder 44 pessoas - entre elas a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, três norte-americanos, além de políticos e militares- que seriam consideradas passíveis de troca.

No último sábado, o exército colombiano resgatou dois reféns, sendo um auditor de empresas e um juiz, que teriam sido seqüestrados na sexta-feira. Um suposto guerrilheiro teria sido morto na operação.




Um dia antes de Davos, Fórum Social Mundial anuncia ações em todo o mundo

Agência Consciência.Net; clique aqui






Às vésperas da abertura do Fórum Econômico de Davos, na Suíça, o Fórum Social Mundial anuncia, simultaneamente, ações em diversas partes do mundo – no Rio o anúncio será feito durante entrevista coletiva na sede do Ibase (Av Rio Branco, 124, 8 andar), nesta terça-feira (22/1), às 10h. Na ocasião, além das informações internacionais, será apresentada também a agenda de manifestações para o Brasil. As manifestações no Brasil e no mundo serão concentradas no dia 26 (sábado), que é o Dia de Mobilização e Ação Global do Fórum Social Mundial.

No Rio haverá o evento político-cultural Rio Com Vida, no Aterro do Flamengo, a partir de 10 da manhã, com diversas tendas e palcos para apresentações (detalhes na coletiva), marcando a presença da cidade nas manifestações mundiais. Este ano não há um encontro central do Fórum Social Mundial (como vinha ocorrendo desde 2001), mas sim manifestações coordenadas por “outro mundo possível”.

Veja o vídeo com o lançamento do Rio Com Vida:

http://www.riocomvida.org.br/modules.php?name=News&file=article&sid=57

O site do evento é o www.riocomvida.org.br



terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O presídio

A matéria ficou mais ou menos assim (com algumas modificações, complementos e com a transcrição dos depoimentos):

Mulheres que cumprem penas sofrem com a falta de visitas de parentes. Encontros de familiares podem ajudar na ressocialização.

Do Rio de Janeiro
Fabíola Ortiz

O distanciamento da família e dos filhos é uma das maiores dores para mulheres que cumprem penas em penitenciárias femininas. Muitas internas sofrem com a falta de visitas de parentes e amigos.

O presídio Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo penitenciário do Gericinó, na zona norte da cidade, abriga 218 mulheres de todo o estado do Rio que cumprem regime semi-aberto. Segundo a diretora do presídio, Mirene Moura da Silva, a maioria das detentas são mães, e muitas delas reclamam do abandono dos filhos e da falta recursos para mantê-los.

"As mães reclamam muito da distância, dos filhos que muitas vezes estão abandonados, das carências dos filhos que estão na rua, muitas delas eram chefes de família", disse a diretora.

Uma das medidas de ressocialização é promover encontros e visitas de mães e filhos que não se vêem há muito tempo. É o caso da mãe S.S (iniciais dos nomes), que nesta terça feira (15), reencontrou seu filho após muitos anos sem contato. Seu filho, de 16 anos está há seis meses cumprindo medida sócio educativa na rede do Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas (Degase).

Através de ações como essa, a diretora da penitenciária acredita que é possível restabelecer os laços familiares e ressocializar as detentas para o convívio em sociedade.

“Nós procuramos através de nosso serviço social essa criança, e outras vezes, são as instituições que nos procuram. A gente promove esse encontro que é um direito da interna e da criança também. É bastante emocionante para as crianças e para as mães. Nós acreditamos que reforçando os laços afetivos a gente consiga reintegrar”, a diretora.

E acrescenta,"a gente sempre fala que a mulher sofre mais do que os homens, porque elas são mães, e esse sentimento de mãe está sempre presente".

No entanto, ainda segundo Mirene Moura, muitas detentas sofrem com dependência química e a falta de perspectiva após o cumprimento da pena.

"A mulher recebe poucas visitas, normalmente são mães ou irmãs, quase nunce vem o marido", diz Mirene Moura. Ainda de acordo com ela, o número de visitas a cada fim de semana é baixo, elas somam em média 50 visitas. "A mulher não tem o número de visitas que o homem, elas sofrem muito com isso. E é muito importante o papel da família. Muitas detentas não recebem visita, essa é a verdade. As famílias não tem recursos, e a passagem é cara".

Através do serviço social e de assistência psicológica dentro da penitenciária, as mulheres fazem terapias de grupo e artesanato. Mas ainda assim, carecem de oportunidades de trabalho para a reinserção na vida social.

"Nós acreditamos na ressocialização, o que nós precisamos muito é da sociedade lá fora. Que alguém dê uma oportunidade de trabalho pra elas. Se você dá oportunidade, você vai saber se o preso foi ressocializado ou não. O que nós acreditamos é que a sociedade precisa se mobilizar um pouquinho. As presas dizzem que aqui é o último cadeado. Daqui vai para a visita periódica à família a cada 15 dias, ou vai para Benfica no regime aberto, aí elas podem procurar emprego", afirma.

Hoje, 3a feira na redação.

Hoje passei por uma boa experiência. Assim que cheguei na rádio de manhã, deu tempo de entrar algumas vezes ao vivo no jornal da manhã para falar de atividades na cidade do Rio e peguei a minha primeira e única pauta do dia.

O tema era: adolescente internado no Degase
(Departamento Geral de Ações Sócio Educativas) reencontrará mãe no presídio após 4 anos. O objetivo era contar a história do reencontro da mãe - que cumpre pena em regime semi-aberto no presídio Joaquim Ferreia de Souza, no Complexo de Gericinó - com seu filho de 16 anos e que há 6 meses cumpre medida sócio educativa em uma escola da rede do Degase. Ela não o via há muito tempo.

Aí começou a batalha e as contradições. O pessoal do Degase liberou esse "aviso de pauta" para imprensa interessados que os jornalista pudessem cobrir esse tipo de história, tanto até para dar uma visão positiva de que o sistema penitenciário do estado tem trabalhado a fim de reinserir e reintegrar jovens e familiares ao convívio social. Tá, interessante. Mas a assessoria do Degase "esqueceu" de avisar ao pessoal da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Quando entrei em contato com o assessor da Seap, ele me diz que não estava sabendo do assunto e era preciso enviar um fax para pedir autorização, e o secretário era quem devia autorizar a entrada no complexo penitenciário... enfim... uma certa burocracia para quem tinha que cumprir a pauta em uma hora e meia.

O reencontro estava previsto para às 10h30, e já eram 9h enquanto eu ainda tentava localizar a diretora do presídio e tentar amarrar a história toda. Mesmo sem ter a confirmação, já saí com o carro da empresa em direção ao presídio, caso contrário, nao ía chegar a tempo. Levando em conta que o meu deadline era para um pouco depois de meio-dia (uma correria só).

No meio do caminho, já na Avenida Brasil, recebo a ligação do assessor da Seap dizendo que a autorização até sairia mas a interna (a mãe) não concordou em se pronunciar, contar a sua história, enfim... também, imagino, um aviso de pauta foi divulgado e a personagem da história nem estava sabendo que ia ter que falar com a imprensa.

Insisti, mas não deu outra. Ela não concordou e ponto. Aí o secretário não podia me dar a bendita e tão abençoada autorização. "Mas já que estou indo para a prisão, poderia pelo menos conversar com a diretora sobre as medidas de ressocialização que acontecem, como esse com o filho?", pergunto. "Não, a diretora vai estar muito ocupada e não vai querer falar com você", foi o que o outro lado da linha respondeu.

Meio chata e insistente, liguei para a sala da diretora, e dessa vez ela atendeu e concordou em me receber. Mas, precisava da tal autorização do secretário. Retorno a ligação para o assessor. "Ela concordou. Vê se consegue aproveitar o fax com os meus dados que te passei para o secretário meu autorizar, vai. Agiliza isso pra mim", implorei. "Tá bem, vou ver o que consigo pra você", respondeu.

Já em Bangu, no caminho para o complexo recebo a tão sonhada ligação. "Olha, você já está autorizada". Uffff! Mas não parou por aí não. A dificuldade para passar pela cancela da polícia militar, a porta de entrada do complexo de Gericinó, foi grande. "Quem te autorizou?" encara o policial. Aí entra em jogo a manha e o jeitinho de repórter brasileiro. "Pois é, tenho uma entrevista agora com a diretora do presídio tal...". Aí solto um monte de nomes e telefones de pessoas com quem falei. "A pessoa tal da coordenação e o assessor tal da secretaria, já autorizaram a entrevista com a diretora tal, o número do telefone com quem eu falei é esse...", e dale jogo de cintura. "Preciso de um comunicado por escrito", disse um dos policiais. Durante 15 minutos eternos, ficamos eu e o motorista da rádio esperando o SIM, pode passar. "Tudo bem, pode ir. Vocês vão com uma viatura para escoltar vocês até lá", e ponto final.

Em menos de 5 minutos estávamos lá. O grande portão azul abriu e entrei no presídio.



segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Apóie e contribua com a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência

13 de Janeiro de 2008

Há mais de três anos a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência vem atuando contra a violência e a corrupção policial e as sistemáticas violações de direitos nas comunidades pobres do Rio de Janeiro. Denunciando, no Brasil e no exterior, casos de violações e toda a estrutura e política de violência do Estado.

http://renajorp.blogspot.com/2008/01/apie-e-contribua-com-rede-de.html

Intolerância virtual

Rachel Rimas
Ciência Hoje On-line
08/01/2008


Pesquisa aponta crescimento do número de páginas com temática neonazista na internet
Uma das 12,6 mil páginas da internet com temática neonazista, racista ou revisionista identificadas pela equipe da Unicamp. A página, denunciada e retirada do ar, hoje apresenta conteúdo anti-nazista.

Nos últimos anos, cresceu o número de páginas na internet, blogs e chats destinados à exaltação da superioridade da 'raça' ariana e à disseminação do ódio a outras etnias e grupos sociais, como homossexuais e judeus. Uma análise detalhada do discurso ideológico presente em páginas virtuais neonazistas, feita por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra como elas conseguem conquistar cada vez mais simpatizantes.

O estudo, fruto da tese de mestrado da antropóloga Adriana Dias no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, identificou quem são os neonazistas na internet, como eles operam na rede e em que páginas se encontram. Segundo a pesquisadora, há na internet mais de doze mil páginas e aproximadamente 200 comunidades no Orkut (uma página virtual de relacionamentos) associadas a temáticas racistas, neonazistas e revisionistas (que negam a existência do holocausto na Segunda Guerra Mundial).

Para a pesquisa, Dias selecionou as páginas virtuais mais acessadas, com maior visibilidade e que estão disponíveis em inglês, português e espanhol. Segundo ela, um dos maiores desafios foi driblar as estratégias usadas para dificultar a identificação imediata do conteúdo.

"Os sites racistas são em geral muito densos, tanto em hipertextualidade (há páginas com mais de 500 links), como no uso de multimídia (ícones, vídeos e imagens ocupam dezenas de bytes). Há muito mais links internos do que externos, o que dificulta a localização de grande parte do conteúdo, geralmente de caráter mais agressivo, por meio de motores de busca", explica Dias. Para superar esse obstáculo, ela usou em sua pesquisa uma ferramenta de análise de tráfego que permite identificar links mais internos e páginas de difícil acesso.


Rede de articulação
O aumento significativo no número de páginas virtuais neonazistas mostra que a internet é uma das grandes facilitadoras da comunicação e articulação entre os diversos grupos ou ativistas de movimentos desse tipo. Ela possibilita a formação de uma rede de apoio entre eles e ainda confere o anonimato necessário para que seus integrantes e suas ações não sejam identificados. Segundo Dias, além de irradiar idéias racistas, neonazistas e revisionistas, a internet faz com que a cada dia esses movimentos conquistem mais adeptos, principalmente entre os jovens.

A pesquisadora ressalta que esses grupos constroem ou se apropriam de discursos para validar suas visões e suas ações. Um deles é o discurso genômico, que afirma que os indivíduos pertencentes à 'raça ariana' possuem genes superiores e foram escolhidos por Deus para promover o desenvolvimento da humanidade e hierarquizar o mundo.

A página norte-americana National Alliance, que se preocupa com a atuação política na luta pelos 'direitos brancos', exibe a imagem do deus nórdico Thor, mito apropriado pelo movimento nazista para legitimar a 'raça' ariana.

Em outra vertente, há o discurso mitológico, que se apropria de mitos já existentes, como o de Thor (deus da mitologia germânica), o da suástica e o da runa algiz (letra do alfabeto nórdico), e cria outros, como o do sangue ariano, para dar força à ideologia nazista. "O deus nórdico Thor é apontado como o responsável pela legitimação da 'raça ariana', a suástica é usada como símbolo da identidade ariana e da pureza racial e a runa algiz é utilizada para a proteção da família", explica Dias.

Segundo a antropóloga, no mito do sangue ariano estaria a chave para compreender os mitos criados para defender a superioridade biológica, psíquica, cultural e espiritual da 'raça' ariana sobre outros povos. É ainda esse mito do sangue o responsável pela suposta conexão transcendental entre os membros da 'raça' ariana, que os faz desprezar o conceito de nação. "Para eles, a raça é a nação."

A análise evidenciou as diferentes abordagens existentes entre os grupos neonazistas. Uma das mais correntes é a de que a raça ariana estaria ameaçada pela mistura racial. "Esses grupos têm uma ideologia de ódio ao outro, ao não ariano, principalmente a negros e judeus. O discurso adquire um tom religioso e messiânico, em que a raça ariana precisa ser preservada a todo custo", afirma Dias.

Após o estudo, muitas páginas virtuais de conteúdo neonazista foram denunciadas e até retiradas do ar. A antropóloga alerta que a única forma de combater a formação do pensamento racista e discriminatório é a construção de uma educação conscientizadora que desmitifique o conceito de raça e pregue a solidariedade entre os povos.

http://cienciahoje.uol.com.br/

Fiocruz envia mais doses da vacina contra a febre amarela para o MS e dobrará produção

Publicada em: 14/01/2008

Ao contrário do que foi erroneamente divulgado nesta quarta-feira (9/1) pelo Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, e também por outras publicações país afora, a Fiocruz nega que haja necessidade de se promover uma vacinação em massa da população brasileira contra a febre amarela. Só precisam ser vacinados, como lembrou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em entrevista coletiva também nesta quarta-feira, os indivíduos que, por motivos profissionais ou de turismo, viajem para as regiões consideradas de risco para a febre amarela. Temporão tranqüilizou a população e disse que a situação está rigorosamente sob controle, não havendo risco de uma epidemia da doença.

 As preparações vacinais são obtidas em Biomanguinhos a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos
As preparações vacinais são obtidas em Biomanguinhos a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos

Em função dos problemas atuais relacionados à febre amarela, o Ministério da Saúde (MS) solicitou à Fiocruz que a produção da vacina contra a febre amarela fosse aumentada em 100% — o que alcançará um total de 30 milhões de doses por ano. Para atingir essa marca, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fundação reprogramou a sua linha de produção para atender a essa demanda. A Fiocruz produz e entrega a vacina para o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do MS, que distribui a vacina para todo o país. Anualmente, o PNI vinha solicitando cerca de 15 a 16 milhões de doses. Nesta quarta-feira (9/1) a Fiocruz enviou mais dois milhões de doses do imunizante para o MS.

O MS intensificou a vacinação da população contra a febre amarela em Goiás e no Distrito Federal. O secretário de Vigilância em Saúde do MS, Gerson Penna, afirmou que a medida foi tomada em resposta às mortes de macacos próximos de áreas urbanas. O risco de febre amarela em áreas urbanas, no entanto, está descartado. Segundo Penna, desde 1942 não há registro de febre amarela urbana no Brasil. Todos os casos registrados atualmente são de pessoas que contraíram a doença ao entrar nas matas. “A febre amarela tem uma vacina 99% eficaz. Ela é fabricada pelo Ministério da Saúde, por meio da Fiocruz. É uma doença completamente evitável”, disse o secretário. A vacina é produzida por Biomanguinhos.

 A Fiocruz vai dobrar a produção da vacina, o que levará a um total de 30 milhões de doses por ano
A Fiocruz vai dobrar a produção da vacina, o que levará a um total de 30 milhões de doses por ano

Biomanguinhos é reconhecido internacionalmente como fabricante da vacina contra a febre amarela (antiamarílica). Desde 1937, as preparações vacinais são obtidas em seus laboratórios a partir da cepa atenuada 17D do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha livres de agentes patogênicos, de acordo com as normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo Penna, o MS está intensificando a vacinação em regiões endêmicas, pois no verão há uma maior circulação de mosquitos somada ao fato de mortes de macacos próximos a áreas urbanas. O ministério deslocou 300 mil doses de vacina de seu estoque estratégico para o Centro-Oeste. “Precisa vacinar quem vai por turismo ou a trabalho para áreas endêmicas, principalmente aqueles que vão entrar nas matas”, afirmou o secretário.

“A vacinação contra a febre amarela é uma ação de rotina. Nas regiões Norte e Centro-Oeste ela faz parte do calendário de vacinação infantil. Toda criança com mais de 1 ano pode tomar a vacina”, disse Penna. “A morte de macacos próxima de áreas urbanas não significa que a população está em risco. O ministério, em conjunto com os governos estadual, distrital e municipal, está fazendo uma intensificação da vacinação, como uma ação preventiva, para aqueles que não tomaram a vacina ou que há mais de dez anos não fizeram o reforço”.

 A vacina contra a febre amarela produzida por Biomanguinhos
A vacina contra a febre amarela produzida por Biomanguinhos

No Brasil a vacina é gratuita e sua proteção dura por dez anos. A vacina contra a febre amarela dá uma proteção individual, ou seja, protege apenas as pessoas que recebem o imunizante. Por isso é preciso que todos os que não tenham sido vacinadas, procurem uma unidade de saúde para receber a vacina. “A morte de macacos é um evento sentinela. Muito antes dos exames laboratoriais, todas as medidas de vigilância e vacinal são tomadas”, afirmou Penna. A ação é tomada porque a morte de macacos é vista como sinalizador de risco para a febre amarela em humanos. O ciclo de transmissão se pela dá pela picada de um mosquito, que faz a “ponte” entre um macaco doente e as pessoas. Os laudos definitivos dos macacos que morreram próximos de Brasília devem sair em dez dias.

Jacarezinho: depoimentos e local do crime indicam execuções e responsabilidade da polícia na morte de menino de 3 anos

Janeiro 14, 2008
Na última quinta-feira, 10 de janeiro, uma ação policial na favela do Jacarezinho levou à morte de 6 pessoas (7, segundo a polícia), sendo uma delas Wesley Damião da Silva Saturnino Barreto, de 3 anos. No dia seguinte, logo pela manhã, a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência esteve na comunidade ouvindo depoimentos e vendo o local onde aconteceram três das mortes, inclusive a do pequeno Wesley. Segue o relato do que ouvimos e vimos.

A ação policial começou por volta das 8h de quinta-feira (10/1/2007), com mais de 60 policiais do Bope, 3 BPM e 22 BPM, e foi dirigida pessoalmente pelo comandante do 3 BPM, Tenente Coronel Marcos Alexandre Santos de Almeida. As razões para a operação, apresentadas pela polícia para a imprensa, variaram muito: no início era "combate ao tráfico", depois "busca de veículos roubados" e "cumprimento de mandados judiciais". Na sexta-feira (11), quando a notícia da morte do pequeno Wesley já estava nos jornais, foi finalmente apresentada a versão de que a operação destinava-se a retirar barreiras montadas pelo tráfico em diversas ruas do Jacarezinho.

A verdade é que os policiais, durante todo o dia, desfizeram barreiras, revistaram pessoas e apreenderam motos (muitas foram depois requisitadas de volta por seus donos legais, moradores da comunidade), mas também arrombaram casas (muitos policiais estavam com grandes alicates e molhos de chaves para abrir portas), ameaçaram e ofenderam as pessoas, feriram muitas (a maioria não quis denunciar por medo), espancaram outras e executaram jovens, segundo moradores com requintes de tortura.

(...)

A ação policial no Jacarezinho na quinta-feira (10/1) tem indícios mais que suficientes de execução sumária, violação de domicílio, tortura e desprezo por pessoas não envolvidas na linha de tiro. A responsabilidade pelas violações e crimes cometidos cabe não só aos policiais envolvidos diretamente nos incidentes, mas também aos oficiais que comandaram a ação, inclusive o comandante do 3 BPM.

Em agosto de 2007, a PM já havia executado uma mãe de 26 anos e um bebê também de 3 anos. Elizângela Ramos da Silva era manicure e foi atingida na cabeça. Em julho do mesmo ano, Leandro Silva Davi, de 16 anos, foi assassinado quando preparava o café da manhã dentro da cozinha da sua casa. A bala que o matou atravessou a janela da residência que dá para a Praça da Concórdia de onde partiam os tiros da operação policial. O jovem treinava futebol no São Cristóvão e era estudante. O tiro atingiu a região do coração. À época os moradores foram humilhados ao tentar socorrer as vítimas (leia aqui).

Em junho de 2007 a comunidade do Jacarezinho já havia organizado manifestação contra as violentas operações policiais (do 3o e 22o BPM) na favela, que até então já havia causado 8 mortes (todas execuções sumárias, segundo testemunhas). Participaram da manifestação a Associação de Moradores do Jacarezinho, Centro Cultural, Escola de Samba, Celula Urbana do Jacarezinho, ONGs, Igrejas, comerciantes locais e outras organizações, que realizaram uma marcha para protestar contra a ação violenta que a polícia tem feito no Jacarezinho.


Leia na íntegra:

http://renajorp-textos.blogspot.com/2008/01/jacarezinho-depoimentos-e-local-do.html

Ou:

http://www.redecontraviolencia.org/Noticias/289.html

Pesquisa mostra os desafios da imprensa na cobertura de mudanças climáticas

Análise inédita de textos publicados em 50 jornais de 2005 a 2007 mostra que a atenção da mídia no tema se intensificou, mas falta explorar as causas e possíveis soluções para o fenômeno

A mídia ainda tem muitos desafios para aprimorar seu trabalho na cobertura de mudanças climáticas. É o que conclui a pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira, que a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) lança nesta terça-feira (15/01) com o apoio da Embaixada Britânica.

O trabalho analisou 997 textos - entre reportagens, editoriais, artigos, colunas e entrevistas, publicados em 50 jornais - de julho de 2005 a junho 2007. O material representa uma amostra dos textos veiculados sobre o tema no período. A partir dos dados coletados foi elaborado um mapa bastante detalhado do tratamento editorial dispensado pelos jornais às alterações climáticas.

O ritmo da cobertura se manteve crescente no período analisado, especialmente no ano passado. No primeiro ano da análise identificou-se um texto publicado a cada cinco dias. Essa média cresce para uma matéria a cada dois dias no primeiro semestre de 2007. "Essa pesquisa, pioneira, comprova que o tema vem ganhando cada vez mais visibilidade na imprensa brasileira, certamente influenciada por grandes acontecimentos internacionais, como o lançamento do filme Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore, e a divulgação dos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC). Esses eventos permitiram que os jornalistas se familiarizassem com os fatos e a agenda relacionada ao fenômeno", explica Cristiane Fontes, gerente do Programa de Comunicação em Mudanças Climáticas da Embaixada Britânica.

Segundo a pesquisa, a temática esteve mais presente nos veículos de abrangência nacional (Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo e Correio Braziliense) e econômicos (Valor e Gazeta Mercantil). Enquanto os 44 jornais de circulação regional contribuíram, na média individual, com 1,46% dos textos veiculados no período, os quatro veículos nacionais somados aos dois de cunho econômico contribuíram - também na média individual - com 5,95% das matérias publicadas. Uma diferença superior a quatro vezes.

Falta de contextualização

Apesar do incremento na cobertura, o estudo mostra que a maior parte do material ainda carece de contextualização e apresenta, portanto, muitas oportunidades de aprimoramento. Do universo analisado, por exemplo, apenas um terço aborda as causas das mudanças climáticas e aponta soluções. "Você coloca as conseqüências, mas não sublinha os antecedentes e estratégias de enfrentamento da questão. Não adianta dizer que pode haver furacões, aumento do nível do mar, sem falar o que causa os fenômenos e o que pode ser feito, seja para mitigar ou se adaptar ao problema", esclarece Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da ANDI e responsável pelo estudo. Segundo o especialista, mesmo o percentual de textos que mencionam o que é uma mudança climática é muito pequeno. Apenas 1,1% dos textos esclarece esse conceito ao leitor.

Com base nos resultados da análise, Guilherme Canela ressalta que a mídia exerceu pouco sua função de monitorar as políticas públicas. "Se os especialistas apontam que o Brasil ainda não possui ações na área, isso não é desculpa. A imprensa não pode falar sobre o que não existe, mas pode fazer uma cobertura de cobrança", diz. De acordo com o estudo, dos 997 textos analisados, apenas 3% levantam a responsabilidade do governo, 0,9% do setor privado e 0,25% da sociedade civil.

Desenvolvimento fora do debate

A pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira revela que menos de 15% do material relaciona o tema à agenda do desenvolvimento, apesar da importância dessa conexão para o debate sobre a busca de soluções. Segundo a análise, a perspectiva ambiental é a principal forma pela qual a mídia reporta a questão (35,8% dos textos), seguida pelo enfoque econômico (19,7%). "A partir de agora é importante diversificar a cobertura para além da perspectiva ambiental e científica, assim como dar a ela contornos nacionais, apresentando à sociedade brasileira não apenas de que forma as mudanças climáticas podem afetar o desenvolvimento socioeconômico, mas também diferentes estratégias para combater o problema", afirma Cristiane Fontes, da Embaixada Britânica.

Entre os pontos positivos mostrados pelo trabalho, de maneira geral os jornais diversificaram as fontes ouvidas, consultando diferentes categorias de atores. Poder público, especialistas, técnicos e universidades, empresas não estatais e governos estrangeiros foram os mais ouvidos. O estudo também salienta um volume expressivo de material opinativo na amostra analisada: 26,7% são compostos por editorais, artigos, colunas e entrevistas.

Oportunidades


Em suas conclusões, os organizadores da pesquisa consideram que os elementos ainda pouco abordados pela mídia podem ser encarados como oportunidades para manter o tema em foco daqui para frente. Inclusive com a perspectiva de que, em 2008, surgirão novas pesquisas sobre os impactos das mudanças climáticas para o Brasil, o governo começa a trabalhar na elaboração de um Plano Nacional de Mudanças Climáticas e será dada continuidade ao Mapa de Bali, resultado da última Conferência das Partes da Convenção do Clima que vai nortear as discussões para um acordo pós-2012.

Ao oferecer ao jornalista interessado um panorama sobre o atual diagnóstico da cobertura - além de trazer dados de vários estudos internacionais - a pesquisa Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira permite ao profissional de imprensa detectar quais são os pontos nos quais ele pode avançar. Ao mesmo tempo, os dados são relevantes para que as fontes de informação aperfeiçoem o seu diálogo com os meios de comunicação nesse debate.

Clique aqui para baixar a íntegra do estudo.


Informações:

ANDI - Agência de Notícias dos Direitos da Infância
http://www.andi.org.br/

Polícia é responsável por uma em cada cinco mortes por agressão

Janeiro 14, 2008

Ítalo Nogueira, da Folha de S. Paulo, 12/01/2008

A polícia do Rio de Janeiro foi a responsável por um em cada cinco casos de morte por agressão no Estado no ano passado. De acordo com especialistas, o dado indica excesso de força na atuação dos policiais no combate à violência. As mortes por agressão (ou violência letal intencional) são resultado da soma dos casos de homicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e auto de resistência - mortos em supostos confrontos com a polícia, cujo número representa 18,5% das mortes por agressão.

Segundo o Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), estudos internacionais indicam que a participação tolerável das mortes provocadas pela polícia no conjunto das mortes por agressão é de 3%. "Chegar a quase 20% é uma desproporção gritante. Isso indica que há algo de muito errado na ação da polícia", disse a coordenadora do Cesec, Sílvia Ramos. Em São Paulo, a polícia é responsável por 7,4% da violência letal intencional.

Segundo os dados do ISP (Instituto de Segurança Pública do Rio), do governo estadual, o número de mortos em confronto com a polícia no ano passado foi o maior desde o início da contagem, em 1998. Foram 1.260 autos de resistências em 2007 - sem contar as delegacias não-informatizadas (31,5% do total). Analisando os dados disponíveis do ano passado com os de 2006 (com todas as delegacias), o aumento foi de 18,5%.

Comparando os dados consolidados até agosto de 2007 com o mesmo período de 2006, houve queda nos homicídios (1%), roubo a residência (7,5%) e veículos (6,2%), mas aumento no roubo a pedestres (27,3%). "Isso indica um uso excessivo da força por parte da polícia. A escala de abordagem do policial já está no ponto em que ele chega atirando", disse Ramos.

O subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Secretaria de Segurança, Roberto Sá, diz que o aumento de mortos em supostos confrontos com a polícia é resultado do maior número de operações policiais. Para ele, não há desproporção no uso da força. "Qual Estado tem fuzil 7.62 perto da praia?", questiona. "Está morrendo muita gente porque os policiais felizmente estão melhor treinados do que esses caras que hoje têm até treinamento de guerrilha, e têm sido felizes ao se defender e fazer um tiro mais qualificado", afirma.

Para ele, a topografia da favela provoca mais mortes em confronto. "Não dá para mirar uma perna quando se está sendo alvejado. Às vezes em um beco aparece alguém atirando. Por isso um tiro de perto não quer dizer execução. Ao mesmo tempo, um "sniper" [atirador] do tráfico pode executar um policial a 500 m de distância."

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Para enfrentar tráfico de pessoas, plano define ações até 2010

09/01/2008

Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP) prevê a implementação de ações como a criação de centros públicos de intermediação de mão-de-obra rural para evitar o aliciamento de trabalhadores

Por Repórter Brasil

Com o objetivo de prevenir e reprimir o tráfico de pessoas tanto para exploração sexual quanto para o trabalho escravo, foi publicado nesta quarta-feira (09) o decreto nº 6.347, que institui o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP), que busca também responsabilizar os autores e garantir atenção às vítimas desse tipo de crime.

Previsto na Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de outubro de 2006, o Plano Nacional resultou de debates realizados em 2007 que contaram com a participação de instituições do Estado e entidades da sociedade civil, incluindo a Repórter Brasil. O Plano como um todo, define o decreto presidencial, deve ser executado no prazo de dois anos.

Entre as metas do Plano está a criação de centros públicos de intermediação de mão-de-obra rural, para evitar o aliciamento de trabalhadores por “gatos” (contratadores de serviço a mando de fazendeiros) nas cidades com alta incidência do problema. Também estão previstos estudos para identificar a dimensão e a natureza do aliciamento e de outras formas de tráfico de pessoas. A capacitação de técnicos envolvidos no enfrentamento ao tráfico, e a estruturação de um sistema nacional de atendimento às vítimas a partir de serviços existentes também compõem as metas do Plano.

O decreto também oficializa o Grupo Assessor de Avaliação e Disseminação do Plano, uma espécie de comissão/conselho com membros de ministérios, secretarias e Ministério Público, entre outras representações públicas, além de membros da sociedade civil. Caberá à Secretaria Nacional de Justiça, vinculada ao Ministério da Justiça (MJ), a responsabilidade da execução das metas do PNETP. Para Romeu Tuma Júnior, secretário Nacional de Justiça, o Plano é o "ponto de partida para a implementação de uma política pública consistente na área de enfrentamento ao tráfico de pessoas".

“O plano constitui uma inovação importantíssima que organiza um trabalho integrado entre os diversos ministérios e secretarias da Presidência e terá bons efeitos a curto, médio e longos prazos”, avalia o ministro da Justiça, Tarso Genro. De acordo com o MJ, o PNETP será uma prioridades do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

Leia a íntegra do decreto do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP)

Banco de dados sobre tráfico de pessoas não saiu do papel porque precisa de adaptações, diz coordenadora

Rio de Janeiro - Criado em 2005, o banco de dados nacional com informações sobre o tráfico de pessoas ainda não foi concluído. O objetivo do Ministério da Justiça, em parceria com o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), é que o banco reúna dados para reprimir e facilitar as investigações do tráfico de seres humanos no Brasil e no exterior.

De acordo com a coordenadora do Programa para o Enfrentamento do Tráfico de Pessoas da Secretaria Nacional de Justiça, Bárbara Campos, o banco de dados ainda não saiu do papel porque o ministério quer adequá-lo e integrá-lo a outros sistemas de informação existentes. Ela destacou que a central é uma das prioridades do plano nacional para combater o tráfico de pessoas.

“O banco era um dos quatro eixos de um projeto que firmamos, de 2003 a 2005, com o UNODC”, conta Campos. “Em 2005 entramos numa fase de revisão desse projeto. Hoje, temos um momento diferente: existe uma política nacional sobre o tema, existe uma articulação com os estados contra o problema. Concluímos que é necessário revisitar o anteprojeto do banco de dados.”

"Para trabalhar o tema do tráfico de pessoas, um dos princípios-chave é a atuação em rede, é preciso pensar um sistema de coleta de dados que tenha capilaridade", explicou a coordenadora. O Ministério da Justiça informou que uma das prioridades é suprir a carência na rede de informação sobre o tráfico e a expectativa é de que o banco entre em ação em 2008.

No ano passado, o governo federal lançou as bases para a criação do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. A previsão, segundo Bárbara Campos, é de que o plano seja aprovado e entre em vigor ainda neste ano.

Para Frans Nederstigt, articulador do Projeto Trama, que prestou consultoria para a elaboração do plano, é necessário criar uma política nacional para combater o tráfico de pessoas e a permitir a troca de dados entre as autoridades. "Pensou-se na formulação de um banco de dados para facilitar a comunicação entre as autoridades envolvidas", disse.

Nederstigt destacou que o tráfico não tem a ver apenas com a transposição de fronteiras. Para ele, "é preciso uma política pública que respeite os direitos humanos, econômicos e sociais de pessoas que muitas vezes não têm opção que não migrar para outros lugares".

O tráfico de pessoas para fins de exploração sexual ou para trabalho forçado é um problema mundial e movimenta mais de US$ 32 bilhões por ano. O Ministério da Justiça informou que os dados são ainda muito imprecisos e não dão uma real dimensão do problema no país.

Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 2,5 milhões de pessoas são aliciadas a cada ano em todo o mundo, em sua maioria mulheres de 18 a 25 anos, solteiras e com baixo poder aquisitivo.

O tráfico de pessoas é considerado uma forma de escravidão. Os países de destino são, principalmente, os de língua latina como Portugal, Espanha e Itália, mas também muitas são levadas para a Suíça, França, Israel, Estados Unidos e Japão.

Fabíola Ortiz
Da Agência Brasil
5 de Novembro de 2007 - 09h22 - Última modificação em 5 de Novembro de 2007 - 12h48

Risco de desabamento obrigou polícia a interromper demolição de muro em favela no Rio

9 de Janeiro de 2008 - 21h09

Fabíola Ortiz
Da Agência Brasil


Rio de Janeiro - O trabalho de demolição do muro identificado pela polícia como uma "fortaleza do tráfico" na favela da Mangueira, zona norte da cidade, foi interrompido ontem (8) mesmo, segundo o delegado Márcio Caldas, porque haveria risco de desabamento sobre casas próximas à construção.

"A obra foi parada, não havia instrumentos necessários para a retirada do muro e poderia colocar em risco as casas", afirmou o titular da Delegacia de São Cristóvão. Ele acrescentou que "a construção é típica de muro de contenção de inimigos, uma barricada de concreto com visão de cima pra baixo – o tráfico tem uma posição privilegiada para disparar contra a polícia".

O presidente da Associação de Moradores da Mangueira, José Roque Ferreira, no entanto, informou que a construção foi feita com doações arrecadadas entre os próprios moradores, para a segurança: "Eles reclamavam das balas perdidas disparadas por traficantes do morro vizinho, o dos Macacos, ocupado por uma facção rival dos que dominam o tráfico na Mangueira".

Segundo Ferreira, "o tráfico não se envolve na associação e a idéia era fazer um muro para garantir a proteção dos moradores". A construção, acrescentou, começou há dois meses e ainda não estava terminada por falta de dinheiro.

Polícia no Rio vai apurar envolvimento de escola de samba com tráfico de drogas

9 de Janeiro de 2008 - 21h24

Fabíola Ortiz
Da Agência Brasil



Rio de Janeiro - A Polícia Civil vai investigar se a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira teria envolvimento com o tráfico de drogas na favela. Segundo o delegado Marcio Caldas, que chefiou a operação ontem (8) no morro, na zona norte, "a princípio não haveria indício de que a escola de samba esteja envolvida com a venda de drogas, mas isso vai ser apurado – a escola é aberta ao público".

Na manhã de hoje (9), o chefe da Polícia Civil do Rio, Gilberto Ribeiro, afirmara que "fica difícil impedir a ação do tráfico nesse evento cultural", segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa do governo fluminense. "É lamentável, mas a gente sabe que hoje o poder do tráfico é muito grande", acrescentou.

Apesar de não ter iniciado inquérito específico sobre a ligação da escola de samba com traficantes, a polícia diz ter fortes indícios do envolvimento de um dos compositores da Mangueira, Francisco Testas Monteiro, o Tuchinha, com o tráfico de drogas. Ele é um dos autores do samba-enredo para o carnaval deste ano e segundo a polícia, mesmo em liberdade condicional, estaria comandando o tráfico na favela.

"Está comprovado que o Tuchinha é traficante e, mesmo tendo o samba-enredo escolhido, isso não quer dizer que haja alguma associação do tráfico com a Mangueira", ressaltou Marcio Caldas.

A presidente da escola de samba, Eli Gonçalves, a Chininha, disse desconhecer a venda e o consumo de drogas no local. "Aqui não é ponto de venda, aqui é uma quadra de samba, a Mangueira não tem nada a ver com isso. A ala dos compositores é aberta para quem quiser compor, a gente não discrimina ninguém", afirmou.

Sobre a descoberta de uma suposta passagem secreta que seria usada pelo tráfico, segundo a polícia, Chininha informou que o espaço foi construído há pelo menos seis meses e será destinado à guarda de instrumentos e material da ala da bateria. O local fica sob o camarote da ala: uma escada leva a três cômodos.

Chininha, de 64 anos, assumiu a presidência da Mangueira no dia 6 de dezembro passado, depois da renúncia de Percival Pires, que em vídeo divulgado pela polícia aparece no casamento do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Ela disse temer que a imagem da escola seja prejudicada, a 20 dias do início do carnaval: a escola é uma das mais tradicionais da cidade e tem 17 títulos por desfiles.