terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O presídio

A matéria ficou mais ou menos assim (com algumas modificações, complementos e com a transcrição dos depoimentos):

Mulheres que cumprem penas sofrem com a falta de visitas de parentes. Encontros de familiares podem ajudar na ressocialização.

Do Rio de Janeiro
Fabíola Ortiz

O distanciamento da família e dos filhos é uma das maiores dores para mulheres que cumprem penas em penitenciárias femininas. Muitas internas sofrem com a falta de visitas de parentes e amigos.

O presídio Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo penitenciário do Gericinó, na zona norte da cidade, abriga 218 mulheres de todo o estado do Rio que cumprem regime semi-aberto. Segundo a diretora do presídio, Mirene Moura da Silva, a maioria das detentas são mães, e muitas delas reclamam do abandono dos filhos e da falta recursos para mantê-los.

"As mães reclamam muito da distância, dos filhos que muitas vezes estão abandonados, das carências dos filhos que estão na rua, muitas delas eram chefes de família", disse a diretora.

Uma das medidas de ressocialização é promover encontros e visitas de mães e filhos que não se vêem há muito tempo. É o caso da mãe S.S (iniciais dos nomes), que nesta terça feira (15), reencontrou seu filho após muitos anos sem contato. Seu filho, de 16 anos está há seis meses cumprindo medida sócio educativa na rede do Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas (Degase).

Através de ações como essa, a diretora da penitenciária acredita que é possível restabelecer os laços familiares e ressocializar as detentas para o convívio em sociedade.

“Nós procuramos através de nosso serviço social essa criança, e outras vezes, são as instituições que nos procuram. A gente promove esse encontro que é um direito da interna e da criança também. É bastante emocionante para as crianças e para as mães. Nós acreditamos que reforçando os laços afetivos a gente consiga reintegrar”, a diretora.

E acrescenta,"a gente sempre fala que a mulher sofre mais do que os homens, porque elas são mães, e esse sentimento de mãe está sempre presente".

No entanto, ainda segundo Mirene Moura, muitas detentas sofrem com dependência química e a falta de perspectiva após o cumprimento da pena.

"A mulher recebe poucas visitas, normalmente são mães ou irmãs, quase nunce vem o marido", diz Mirene Moura. Ainda de acordo com ela, o número de visitas a cada fim de semana é baixo, elas somam em média 50 visitas. "A mulher não tem o número de visitas que o homem, elas sofrem muito com isso. E é muito importante o papel da família. Muitas detentas não recebem visita, essa é a verdade. As famílias não tem recursos, e a passagem é cara".

Através do serviço social e de assistência psicológica dentro da penitenciária, as mulheres fazem terapias de grupo e artesanato. Mas ainda assim, carecem de oportunidades de trabalho para a reinserção na vida social.

"Nós acreditamos na ressocialização, o que nós precisamos muito é da sociedade lá fora. Que alguém dê uma oportunidade de trabalho pra elas. Se você dá oportunidade, você vai saber se o preso foi ressocializado ou não. O que nós acreditamos é que a sociedade precisa se mobilizar um pouquinho. As presas dizzem que aqui é o último cadeado. Daqui vai para a visita periódica à família a cada 15 dias, ou vai para Benfica no regime aberto, aí elas podem procurar emprego", afirma.

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