terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Hoje, 3a feira na redação.

Hoje passei por uma boa experiência. Assim que cheguei na rádio de manhã, deu tempo de entrar algumas vezes ao vivo no jornal da manhã para falar de atividades na cidade do Rio e peguei a minha primeira e única pauta do dia.

O tema era: adolescente internado no Degase
(Departamento Geral de Ações Sócio Educativas) reencontrará mãe no presídio após 4 anos. O objetivo era contar a história do reencontro da mãe - que cumpre pena em regime semi-aberto no presídio Joaquim Ferreia de Souza, no Complexo de Gericinó - com seu filho de 16 anos e que há 6 meses cumpre medida sócio educativa em uma escola da rede do Degase. Ela não o via há muito tempo.

Aí começou a batalha e as contradições. O pessoal do Degase liberou esse "aviso de pauta" para imprensa interessados que os jornalista pudessem cobrir esse tipo de história, tanto até para dar uma visão positiva de que o sistema penitenciário do estado tem trabalhado a fim de reinserir e reintegrar jovens e familiares ao convívio social. Tá, interessante. Mas a assessoria do Degase "esqueceu" de avisar ao pessoal da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Quando entrei em contato com o assessor da Seap, ele me diz que não estava sabendo do assunto e era preciso enviar um fax para pedir autorização, e o secretário era quem devia autorizar a entrada no complexo penitenciário... enfim... uma certa burocracia para quem tinha que cumprir a pauta em uma hora e meia.

O reencontro estava previsto para às 10h30, e já eram 9h enquanto eu ainda tentava localizar a diretora do presídio e tentar amarrar a história toda. Mesmo sem ter a confirmação, já saí com o carro da empresa em direção ao presídio, caso contrário, nao ía chegar a tempo. Levando em conta que o meu deadline era para um pouco depois de meio-dia (uma correria só).

No meio do caminho, já na Avenida Brasil, recebo a ligação do assessor da Seap dizendo que a autorização até sairia mas a interna (a mãe) não concordou em se pronunciar, contar a sua história, enfim... também, imagino, um aviso de pauta foi divulgado e a personagem da história nem estava sabendo que ia ter que falar com a imprensa.

Insisti, mas não deu outra. Ela não concordou e ponto. Aí o secretário não podia me dar a bendita e tão abençoada autorização. "Mas já que estou indo para a prisão, poderia pelo menos conversar com a diretora sobre as medidas de ressocialização que acontecem, como esse com o filho?", pergunto. "Não, a diretora vai estar muito ocupada e não vai querer falar com você", foi o que o outro lado da linha respondeu.

Meio chata e insistente, liguei para a sala da diretora, e dessa vez ela atendeu e concordou em me receber. Mas, precisava da tal autorização do secretário. Retorno a ligação para o assessor. "Ela concordou. Vê se consegue aproveitar o fax com os meus dados que te passei para o secretário meu autorizar, vai. Agiliza isso pra mim", implorei. "Tá bem, vou ver o que consigo pra você", respondeu.

Já em Bangu, no caminho para o complexo recebo a tão sonhada ligação. "Olha, você já está autorizada". Uffff! Mas não parou por aí não. A dificuldade para passar pela cancela da polícia militar, a porta de entrada do complexo de Gericinó, foi grande. "Quem te autorizou?" encara o policial. Aí entra em jogo a manha e o jeitinho de repórter brasileiro. "Pois é, tenho uma entrevista agora com a diretora do presídio tal...". Aí solto um monte de nomes e telefones de pessoas com quem falei. "A pessoa tal da coordenação e o assessor tal da secretaria, já autorizaram a entrevista com a diretora tal, o número do telefone com quem eu falei é esse...", e dale jogo de cintura. "Preciso de um comunicado por escrito", disse um dos policiais. Durante 15 minutos eternos, ficamos eu e o motorista da rádio esperando o SIM, pode passar. "Tudo bem, pode ir. Vocês vão com uma viatura para escoltar vocês até lá", e ponto final.

Em menos de 5 minutos estávamos lá. O grande portão azul abriu e entrei no presídio.



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