terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ivana Bentes - Diretora da Escola de Comunicação da UFRJ


Publicado no Olhar Virtual - 01 de fevereiro de 2007, Edição 146

Comunicação Social em alta

Fabíola Ortiz / Agn Praia Vermelha

Para falar um pouco mais sobre a carreira e o curso, as perspectivas do mercado de trabalho e a importância da comunicação atualmente, o Olhar Virtual conversou com a Diretora da Escola de Comunicação, Ivana Bentes.

Segundo a diretora, a demanda pelo curso de Comunicação Social não é uma grande novidade, “essa procura já ocorre há algum tempo”. E explica que o capitalismo contemporâneo compreende dois grandes setores: o da energia e o capitalismo de informação, isto é, “o petróleo e a mídia”. “O nosso grande concorrente ainda é petróleo”.

Hoje, tudo depende da produção de informação – seja no campo do visual, da imagem ou do texto. “Não há nenhum campo em que a comunicação não precise ser trabalhada, seja uma pequena ONG, a rede Globo de Televisão, uma loja de varejo, tudo isso exige a comunicação como ferramenta, seja para o marketing ou até mesmo para pensar sobre a cidadania” afirma Ivana Bentes.

De acordo com Ivana, nunca a comunicação foi tão importante em termos de cidadania como hoje, tornando-se um campo estratégico. “A comunicação e a mídia são tão estratégicas como o petróleo. As políticas de comunicação são hoje prioridades nas discussões do governo” e complementa “são grandes os interesses por trás da comunicação, na medida em que ela pode ser apropriada para os fins mais diferentes”.

O curso de Comunicação Social da UFRJ oferece uma formação versátil equilibrando conhecimentos teóricos, a fim de dar margem a uma visão crítica dos meios de comunicação, e o aprendizado prático em laboratórios. “Nós sempre tivemos o perfil de uma formação humanísitica de cultura geral e pensamento crítico, ao mesmo tempo que tentamos equilibrar, cada vez mais, à prática” afirma Ivana Bentes.

O setor de Extensão da Escola visa dar um aporte para incentivar projetos de alunos como programas audiovisuais ou de rádio. Ivana acredita que ao lado da discussão conceitual e teórica, a Escola deve se abrir para diferentes práticas de comunicação.

A diretora da ECO ressalta: “a consciência que queremos dar aos estudantes do curso é que meio a esse ambiente do capitalismo informacional mais sofisticado, é possível atuar no campo da cidadania e mudar a noção do poder dos meios de comunicação e de como eles são capazes de transformar a vida das pessoas cultural e socialmente”.

A duração do curso é de quatro anos. Nos períodos iniciais, o aluno cursa o Ciclo Básico e é introduzido às teorias e linguagens da comunicação, aos fundamentos das ciências humanas, e às opções de carreira oferecidas pela Escola. A partir do quarto período, o estudante ingressa no Ciclo Profissional em que escolhe uma das habilitações: Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Produção Editorial ou Rádio e TV. A ECO conta com uma Central de Produção e Multimídia (CPM) para estimular os alunos à produção de rádio e vídeo.

Sobre o mercado de trabalho Ivana acredita que “o mercado tradicional de jornalismo impresso está saturado, mas ao mesmo tempo nunca houve tanta possibilidade dos nossos alunos criarem o próprio emprego como agora”. Esse é um diferencial do aluno que se forma na ECO – por exemplo, montar uma agência de notícias, sites de cultura e atualidades, marketing, assessorias nos mais variados lugares com projetos sociais para a inclusão, educação à distância, cooperativas, ser um empreendedor social e cultural, e assim, criar uma nova possibilidade de inserção num mercado já saturado. “Enfim há um campo muito amplo de atuação, o terceiro setor tem uma deficiência muito grande e precisa de gente de comunicação”, afirma.

“A gente é super assediado pelos meios de comunicação, jornais da grande imprensa e sites” o que se confirma na disputa de alunos da ECO para as vagas de estágio. “Os alunos da Produção Editorial, por exemplo, saem todos empregados”, apesar do curso de PE ser pequeno, ele tem alta empregabilidade, pois “falta no mercado editorial o profissional que trabalhe com produção gráfica” explica.

O mercado de jornalismo nos meios de comunicação tradicionais está saturado, porém Ivana ressalta que o campo do audiovisual nunca foi tão necessário como hoje: produzir vídeo para grande ou pequena empresa, Ong, site pessoal ou profissional na internet.

Apesar da grande dificuldade de jovens profissionais se inserirem no mercado de trabalho, Ivana Bentes considera que o profissional da ECO tem “grandes chances, seja na grande imprensa, na TV a cabo, nas produtoras de vídeo, assessorias, agências de publicidade. O que a ECO deseja não é formar para o mercado existente, mas para o potencial. Os alunos de Comunicação da UFRJ têm o perfil pró-ativo, multifuncional e com uma ação crítica do mundo”.



http://olharvirtual.ufrj.br/2006/index.php?id_edicao=146

Série: Entrevistas

Professor Paulo César Guimarães

"Um bom repórter é aquele que apura bem, escreve bem, tem sensibilidade, tem sorte, é criativo, ousado. Você tem que ter talento e vocação. Não basta escrever bem. Um bom repórter vai sempre atrás do que a aconteceu, e traz informação.

O bom estudante leva vantagem, pois ele tem liberdade, muita oferta de informação e leitura. A questão do idioma, hoje quase todo jovem fala inglês e é essencial. O repórter tem que conhecer pelo menos o básico de computador. Não tem vaga para repórter hoje que não saiba inglês ou mexer em computador.

Dizem que a neutralidd não existe, é uma discussão antiga. Em parte é verdade. O repórter pode ter uma certa isenção, neutralidade dentro dos limites para o veículo no qual ele trabalha. Sempre procurei ter uma dignidade no trabalho que eu fazia e ir ao encontro com os interesses do patrão.

No jornalismo não tem vaga para ingênuo, tem que ser muito esperto, observar. O relacionamento com a informação é sempre muito complicado. É preciso pensar sempre no leitor, ter honestidade com o leitor.

O jovem repórter tem que saber o que está acontecendo. Não pode ter preconceito com nenhuma espécie, social, cultural, discriminação. Eu leio de tudo, tudo que cai na minha mão.

A minha referência de jornalismo: ainda tem lugar para a boa reportagem e para o bom repórter. É possível levantar questões polêmicas, a imprensa está se posicionado frente ao caso da violência no Rio de Janeiro.

Talvez uma outra tendência do jornalismo, um espaço do que se fala em jornalismo cidadão, na verdade, um articulista cidadão. É um jornal de artigos e não de reportagem.

O jornalista espanhol do El Pais, Jesus de la Serna, que disse uma vez 'para ser bom jornalista, tem que ter humildade, segundo, tem que ter humildd, e terceiro tem que ter humildade', eu nunca mais esqueci isso. O jornalismo expõe, mexe muito com a vaidade, se você não tiver humildade você pode acabar se perdendo. Muitos se acham acima da lei. Jornalista é uma pessoa vaidosa, com certeza.

O meu trabalho é mais alternativo. Para fazer reportagem diária é bom quando a gente tem até 30 anos.

O jornalismo é a melhor profissão do mundo, eu não sei fazer outra coisa. O jornalista é um pouco artista também, até porque tem que ter jogo de cintura, viver na corda bamba economicamente, culturalmente, politicamente, a gente é meio artista mesmo, ou pelo a gente se sente assim.

Sobre o Jornal de Debates

O Jornal de Debates é um jornal aberto a participaç ão de qualquer pessoa. Através do conselho editorial, são propostos os debates mas também aceitamos propostas de outras pessoas. O é chamar, convocar pessoas qualificadas para escrever sobre determinado assunto. É um jornal que circula na internet de acesso livre. Os editores se preocupam em chamer pessoas que tenham alguma coisa a dizer e que saibam escrever também e emitir a sua opinião. Cultura, economia, esporte, assuntos internacionais, cinema, literatrura, são muitos os temas tratados. O jornal já completou um ano."

Paulo Cezar Guimarães: Editor do Jornal de Debates no Rio de Janeiro – um jornal online aberto de acesso livre e promove debates sobre diversos temas da atualidade. Teve sua primeira experiência no jornal impresso Última Hora no Rio de Janeiro, trabalhou também no Diário de Notícias e durante oito anos como repórter no jornal O Globo, além de ter atuado na Revista Imprensa e ter sido assessor de comunicação social da Souza Cruz. Dá aulas há 21 anos e atualmente leciona jornalismo nas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA) no Rio de Janeiro.

Blog do Paulo Cezar:

http://blogdoprofessorpc.blogspot.com/

http://blogdoprofessorpc.blogspot.com/2007/12/entrevista-pro-site-inforel.html