quinta-feira, 17 de abril de 2008

Para ONU, drogas são tema de saúde pública

Lis Horta Moriconi 30/05/2007

“O problema das drogas não é uma questão moral, é uma questão de saúde pública”, afirma Giovani Quaglia, representante para América Latina e Brasil do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês), em entrevista exclusiva para o Comunidade Segura.

Criado em 1998, o UNODC determina as diretrizes do controle, da prevenção e da legislação internacionais de drogas. A organização nasceu do Programa Internacional de Controle de Drogas da ONU (UNDCP, na sigla em inglês), sob a administração da Comissão sobre Narcóticos (CND, na sigla em inglês), encarregada do orçamento destinado à ONU para o controle de drogas e responsável pelas três Convenções nas quais se baseiam quase toda a política mundial de drogas. O UNODC também abriga o Centro Internacional para Prevenção do Crime (CICP, na sigla em inglês).

As convenções da ONU ratificam um banimento universal da produção, comércio e da maioria das formas não-medicinais de uso da cannabis, da coca e da papoula. Estima-se que 5% da população mundial entre 15 e 64 anos sejam usuários de drogas ilegais.

Apesar de pesquisas recentes mostrarem que a violência relacionada ao tráfico ilegal de drogas é um obstáculo para o desenvolvimento de determinadas regiões, Quaglia não é um entusiasta da legalização como forma de controlar a violência, estratégia que considera simplista. “Quando falamos em política de drogas, não estamos falando de soluções ‘perfeitas’. Nossos 50 anos de experiência internacional mostram que é melhor controlar as drogas”, afirma sob o argumento de que ainda que a legalização contribua para redução nos índices de criminalidade, traria conseqüências para a saúde pública.

Leia mais:

http://www.comunidadesegura.org/?q=pt/node/38878


Tiroteio interrompe atendimento em tenda de hidratação no Rio

16 de Abril de 2008 - 21h18
Da Agência Brasil


Brasília - Uma troca de tiros entre policiais e traficantes na Vila Cruzeiro interrompeu hoje (16), por cerca de meia hora, o atendimento na tenda de hidratação que cuida de pacientes com dengue próximo ao Hospital Estadual Getúlio Vargas no Parque Ary Barroso, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro.

Durante o tiroteio, uma ambulância estacionada próximo ao local foi atingida por um tiro de fuzil. Cerca de 60 pessoas estavam sendo atendidas na tenda no momento do tiroteio.

A enfermeira Carolina Viveiros, 28 anos, disse que todos ficaram assustados. Para ela, a violência poderá atrapalhar o atendimento na tenda e diminuir a procura por tratamento da dengue.

“Nós estávamos trabalhando e ouvimos o tiroteio, fechamos a tenda e as pessoas que estavam sendo atendidas permaneceram dentro e ficamos todos abaixados enquanto o tiroteio não passou. Todo mundo ficou no chão. A tenda estava bem cheia. Eu acredito que isso vai atrapalhar o movimento aqui, depois do tiroteio a tenda ficou vazia, não tem mais ninguém”, afirmou.

Cerca de 100 policiais militares participaram da operação de hoje na Vila Cruzeiro. A Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro divulgou a apreensão de um lote de munição para metralhadora ponto 50.

O líder comunitário do Complexo da Penha, Edmundo Santos de Oliveira, 52 anos, afirmou que os moradores se sentem inseguros. “As pessoas ficam numa situação tensa, é meio complicado viver numa situação como essa, é uma tensão que fica até ruim de descrever.”

Ele disse ainda que várias ruas do Complexo da Penha estão sem energia elétrica. “Hoje, eu acordei com barulho de tiro e até agora a comunidade está sem luz. A queixa é só uma, por que essa guerra não acaba, a guerra já está completando um ano. Estamos sem coleta de lixo, correio, telefone, parece uma coisa sem solução”.

Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ocupam a favela desde ontem (15) por tempo indeterminado. O objetivo, além de cumprir mandados de prisão e reprimir o tráfico de armas e drogas na região, é de apurar denúncias de que traficantes teriam colocado barreiras para impedir a circulação nas ruas e nos acessos à favela.

Cerca de 180 policiais militares participaram da ocupação inicial. A operação já resultou na morte de nove pessoas, além de 14 presos e seis moradores feridos.

O Complexo da Penha é um conjunto que reúne dez favelas e 128 mil habitantes.

Fabíola Ortiz