sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Polícia no Rio vai apurar envolvimento de escola de samba com tráfico de drogas

9 de Janeiro de 2008 - 21h24

Fabíola Ortiz
Da Agência Brasil



Rio de Janeiro - A Polícia Civil vai investigar se a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira teria envolvimento com o tráfico de drogas na favela. Segundo o delegado Marcio Caldas, que chefiou a operação ontem (8) no morro, na zona norte, "a princípio não haveria indício de que a escola de samba esteja envolvida com a venda de drogas, mas isso vai ser apurado – a escola é aberta ao público".

Na manhã de hoje (9), o chefe da Polícia Civil do Rio, Gilberto Ribeiro, afirmara que "fica difícil impedir a ação do tráfico nesse evento cultural", segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa do governo fluminense. "É lamentável, mas a gente sabe que hoje o poder do tráfico é muito grande", acrescentou.

Apesar de não ter iniciado inquérito específico sobre a ligação da escola de samba com traficantes, a polícia diz ter fortes indícios do envolvimento de um dos compositores da Mangueira, Francisco Testas Monteiro, o Tuchinha, com o tráfico de drogas. Ele é um dos autores do samba-enredo para o carnaval deste ano e segundo a polícia, mesmo em liberdade condicional, estaria comandando o tráfico na favela.

"Está comprovado que o Tuchinha é traficante e, mesmo tendo o samba-enredo escolhido, isso não quer dizer que haja alguma associação do tráfico com a Mangueira", ressaltou Marcio Caldas.

A presidente da escola de samba, Eli Gonçalves, a Chininha, disse desconhecer a venda e o consumo de drogas no local. "Aqui não é ponto de venda, aqui é uma quadra de samba, a Mangueira não tem nada a ver com isso. A ala dos compositores é aberta para quem quiser compor, a gente não discrimina ninguém", afirmou.

Sobre a descoberta de uma suposta passagem secreta que seria usada pelo tráfico, segundo a polícia, Chininha informou que o espaço foi construído há pelo menos seis meses e será destinado à guarda de instrumentos e material da ala da bateria. O local fica sob o camarote da ala: uma escada leva a três cômodos.

Chininha, de 64 anos, assumiu a presidência da Mangueira no dia 6 de dezembro passado, depois da renúncia de Percival Pires, que em vídeo divulgado pela polícia aparece no casamento do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Ela disse temer que a imagem da escola seja prejudicada, a 20 dias do início do carnaval: a escola é uma das mais tradicionais da cidade e tem 17 títulos por desfiles.

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