quinta-feira, 25 de outubro de 2007

E mais um dia no Rio de Janeiro...

Fortes chuvas, ruas alagadas, transbordamento de rios, bueiros entupidos, trânsito muito congestionado, acidentes, engavetamentos, queda de encostas, falta de luz, cancelamento de vôos, fechamento de aeroportos... pois é, esse foi o cenário que o Rio viveu hoje: um caos generalizado.
Hoje choveu o equivalente a 45 dias de chuvas normais. Culpa da chuva? pode ser... mas só dela?


A Defesa Civil registrou mais de 200 ocorrências durante todo o dia. Houve falta de luz em muitos bairros da zona sul, norte, oeste e Baixada Fluminense.
JB Online

A chuva não deu trégua, ninguém saiu imune. Não bastasse isso, 5 mil toneladas de terra desabaram de ontem para hoje entre as galerias do túnel Rebouças, uma das principais ligações de bairros da zona norte à sul do Rio. O que são 5 mil toneladas? Foi capaz de quase tapar o buraco do túnel. Incidente?


Logo após técnicos da Secretaria de Obras e da Geo-Rio terem avaliado a situação do morro que fica em cima do túnel, o Cerro-Corá, e terem dito que não haveria mais risco de desabamento... caiu mais um blocão de barro.

Pois é... segundo o secretário de transportes, Arolde de Oliveira, só não foi uma tragédia porque não pôs em risco a vida das pessoas. Como não? E os carros que passaram antes ou na hora do deslizamento? Um amigo meu que atravessou o túnel quase na mesma hora do deslize, ontem à noite, correu o sério risco de ser soterrado.


Hoje o tema foi prato cheio para a mídia. Vários "ao vivo", "fique com a gente", "mais informações a qualquer momento", "não saia daí"... Mas disso tudo vai sobrar alguma coisa: será que na próxima vez que chover tanto quanto hoje, as pessoas vão se lembrar do que aconteceu nesse dia? Não sei, a memória é curta. A mídia também, de certo modo, pode contribuir com o esquecimento.

Essa não é a primeira vez que cai alguma coisa, desaba outra, morre alguém, inunda algum lugar, mata, desaloja... E não será a última.

Vale lembrar também outro episódio: os Estados Unidos só reparam que o aquecimento global existe, quando a tragédia bate à porta deles. Na verdade os pobres sempre arcam com a tragédia, as pessoas só se dão conta quando a elite se vê incomodada, quando o fogo queima a sua mansão.


Será que nós também só caimos na real quando a catástrofe nos atinge?
É a mesma coisa quando dizemos que morreram tantas pessoas num tiroteio com a polícia no morro tal... "ah, mas eram traficantes mesmo".

Imagem do Extra

Fabíola Ortiz

Um comentário:

Carla Mendes disse...

Parabéns pela iniciativa, Fabíola! Você vai longe! Sucesso com o blog e com a carreira que você inicia! Com mais de 20 anos no exercício do jornalismo, posso assegurar-lhe que a sua opção profissional não é nada fácil. Em compensação, vivenciar os desafios diários e nada rotineiros de um repórter é extremamente prazeiroso e deixa um gosto bom de realização na alma. Boa sorte, Fabi! Carla