Fortes chuvas, ruas alagadas, transbordamento de rios, bueiros entupidos, trânsito muito congestionado, acidentes, engavetamentos, queda de encostas, falta de luz, cancelamento de vôos, fechamento de aeroportos... pois é, esse foi o cenário que o Rio viveu hoje: um caos generalizado.
Hoje choveu o equivalente a 45 dias de chuvas normais. Culpa da chuva? pode ser... mas só dela?
JB Online
A chuva não deu trégua, ninguém saiu imune. Não bastasse isso, 5 mil toneladas de terra desabaram de ontem para hoje entre as galerias do túnel Rebouças, uma das principais ligações de bairros da zona norte à sul do Rio. O que são 5 mil toneladas? Foi capaz de quase tapar o buraco do túnel. Incidente?
Logo após técnicos da Secretaria de Obras e da Geo-Rio terem avaliado a situação do morro que fica em cima do túnel, o Cerro-Corá, e terem dito que não haveria mais risco de desabamento... caiu mais um blocão de barro.
Pois é... segundo o secretário de transportes, Arolde de Oliveira, só não foi uma tragédia porque não pôs em risco a vida das pessoas. Como não? E os carros que passaram antes ou na hora do deslizamento? Um amigo meu que atravessou o túnel quase na mesma hora do deslize, ontem à noite, correu o sério risco de ser soterrado.
Hoje o tema foi prato cheio para a mídia. Vários "ao vivo", "fique com a gente", "mais informações a qualquer momento", "não saia daí"... Mas disso tudo vai sobrar alguma coisa: será que na próxima vez que chover tanto quanto hoje, as pessoas vão se lembrar do que aconteceu nesse dia? Não sei, a memória é curta. A mídia também, de certo modo, pode contribuir com o esquecimento.
Essa não é a primeira vez que cai alguma coisa, desaba outra, morre alguém, inunda algum lugar, mata, desaloja... E não será a última.
Vale lembrar também outro episódio: os Estados Unidos só reparam que o aquecimento global existe, quando a tragédia bate à porta deles. Na verdade os pobres sempre arcam com a tragédia, as pessoas só se dão conta quando a elite se vê incomodada, quando o fogo queima a sua mansão.
Será que nós também só caimos na real quando a catástrofe nos atinge? É a mesma coisa quando dizemos que morreram tantas pessoas num tiroteio com a polícia no morro tal... "ah, mas eram traficantes mesmo".
Fabíola Ortiz
Um comentário:
Parabéns pela iniciativa, Fabíola! Você vai longe! Sucesso com o blog e com a carreira que você inicia! Com mais de 20 anos no exercício do jornalismo, posso assegurar-lhe que a sua opção profissional não é nada fácil. Em compensação, vivenciar os desafios diários e nada rotineiros de um repórter é extremamente prazeiroso e deixa um gosto bom de realização na alma. Boa sorte, Fabi! Carla
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