segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Médicos Sem Fronteiras divulga crises humanitárias


MSF divulga as Dez Crises Humanitárias Mais Negligenciadas pela mídia em 2007

Décima edição aborda problemas na República Centro-Africana, Somália, Sri Lanka, República Democrática do Congo, Colômbia, Mianmar, Zimbábue, Chechênia, tuberculose e desnutrição infantil

Todos os anos, a desnutrição é responsável pela morte de cinco milhões de crianças com menos de cinco anos. Recentemente, uma resposta eficiente surgiu na forma de um nutriente alimentar pronto para uso, que pode salvar vidas de crianças com desnutrição aguda. Esses produtos são feitos de leite e amendoim, enriquecidos com nutrientes necessários para uma rápida recuperação. Foto: Anne Yzebe

20/12/ 2007 — Pessoas lutando para sobreviver à violência, deslocamentos forçados e doenças na República Centro-Africana, Somália, Sri Lanka e em outros lugares freqüentemente deixaram de ser notícia este ano e em boa parte da década passada, segundo indica a 10ª edição da lista anual das Dez Crises Humanitárias, divulgada nesta quinta-feira pela organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

A lista de 2007 também ressalta os problemas vividos pelas populações envolvidas em crises esquecidas na República Democrática do Congo (RDC), Colômbia, Mianmar, Zimbábue e Chechênia, onde a guerra continua a provocar o deslocamento de milhões de pessoas. Ela também aborda as catástrofes médicas como a crise da tuberculose (TB) e a desnutrição infantil.

“Certamente, muitos integrantes da imprensa gostariam de reportar o que ocorre em áreas de conflitos em todo o mundo", afirma Nicolas de Torrenté, diretor-executivo do escritório de MSF nos EUA. "Mas milhões de pessoas encurraladas pela guerra, forçadas a deixar suas casas e sem acesso a cuidados básicos de saúde não recebem atenção proporcional a seu sofrimento".

MSF deu início à produção da lista em 1998, quando a fome devastou o sul do Sudão, mas não recebeu nenhuma cobertura da mídia americana. Um panorama do trabalho médico de emergência de MSF, a lista tem por objetivo conscientizar a opinião pública sobre a magnitude e a gravidade dessas crises, que nem sempre se refletem na cobertura da mídia. Freqüentemente, a atenção da imprensa é crucial para gerar e melhorar as respostas a essas crises.

A desnutrição infantil é um exemplo. Aumentar a cobertura dos métodos eficazes para o tratamento de crianças desnutridas com alimentos ricos em nutrientes prontos para usar está fazendo aumentar a conscientização da necessidade de mudança na política de ajuda internacional.

A RDC e a Colômbia, ambos países devastados pela guerra civil ainda corrente e por maciços deslocamentos internos de civis, dominaram a lista na última década, cada um deles aparecendo nove vezes nela. A crise humanitária decorrente da guerra na Chechênia apareceu oito vezes. A Somália apareceu sete vezes, mais recentemente devido aos novos confrontos registrados em Mogadíscio em 2007, provocou a morte de milhares de pessoas e forçou outras centenas de milhares a deixarem seus lares, para enfrentarem doenças e condições de vida extremamente precárias.

De acordo com Andrew Tyndall, editor da revista online “The Tyndall Report" que acompanha o trabalho da imprensa, os países e contextos ressaltados por MSF na lista deste ano tiveram apenas 18 minutos de cobertura nos princípais noticiários noturnos das três maiores emissoras de televisão dos EUA de janeiro até novembro de 2007. Esses dados não incluem a cobertura da crise em Mianmar ou da tuberculose, que despertaram grande atenção da mídia, mas cujo aspecto médico-humanitário teve pouca atenção. Chechênia , Sri Lanka e República Centro-Africana – onde muitos vilarejos foram totalmente queimados durante confrontos entre as forças do governo e os rebeldes e dezenas de milhares de pessoas fugiram para lugares inóspitos em busca de segurança – nunca foram mencionados.

A cobertura da crise de TB foi de certa forma uma exceção em 2007, quando um homem de Atlanta foi diagnosticado com uma linhagem multirrestente (MDR-TB) da doença. No entanto, o crescente índice de pessoas com MDR-TB globalmente, incluindo tuberculose de resistência extensiva a medicamentos (XDR) e o alarmante índice de pessoas com HIV/Aids co-infectadas com TB receberam pouca atenção.

"Ângulos locais de histórias internacionais freqüentemente também geram coberturas", disse de Torrenté. "Infelizmente, o resultado é que o foco não é necessariamente o mais vulnerável e desesperado – mais precisamente das pessoas que merecem ter suas histórias contadas".

Galeria de fotos:

A violência na Somália, em 2007, atingiu o pior dos últimos 15 anos. No entanto, tanto a assistência como a atenção a uma das mais agudas situações humanitárias do mundo pareceu diminuir. Os 16 anos de guerra fizeram da Somália uma das nações com os piores indicadores de saúde, onde poucas organizações conseguiram realizar programas de ajuda independentes. Foto: Jehad Nga




A província leste de Kivu Norte, República Democrática do Congo (RDC), vive uma grave crise humanitária. A 1ª eleição em décadas não trouxe estabilidade para a região. No ano passado, centenas de milhares de pessoas tiveram de deixar suas casas e, com poucas entradas para a assistência de saúde, os deslocados tornam-se cada vez mais vulneráveis a doenças facilmente tratáveis.Foto: Marcus Bleasdale




Mulheres enchem galões com água potável em campo de deslocados em Darfur. Cerca de dois milhões de deslocados internos vivem em acampamentos e assentamentos lotados, totalmente dependentes da ajuda humanitária para sobreviver. Foto: Alois Hug





No leste do Chade, nos últimos 18 meses, dezenas de milhares de pessoas são freqüentemente forçadas a deixar suas casas. Agrupados em acampamentos, onde a segurança nem sempre é garantida, os deslocados internos vivem em cabanas e enfrentam falta de alimentos, água e acesso a atendimento médico. Foto: Olivier Jobard





Pessoas se deslocam para campo de refugiados de Kibondo, na Tanzânia. A maioria dos refugiados dessa região são do Burundi e muitos deles deixaram o país em 1993. No início de 2006, MSF iniciou uma intervenção de emergência para evitar o aumento da taxa de mortalidade e a degradação das condições de saúde da população. Foto: Monica Rull / Victoria Perez




A Colômbia vive sua quinta década de conflito e apenas o Sudão supera o país no número de deslocados internos. Massacres, execuções, intimidação e medo são indissociáveis da vida cotidiana dos civis que vivem nas áreas afetadas pelo conflito. Atualmente, quase três milhões de pessoas deixaram suas casas devido ao conflito alimentado pelo comércio de narcóticos.
Foto: Stephan Vanfleteren




http://www.msf.org.br/galeria/msfgaleria.asp?id=65



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