Terrorismo midiático
Por IHU Online em 15/4/2008
Reproduzido da IHU Online, revista eletrônica do Instituto Humanitas Unisinos, 11/4/2008
Caracas foi palco, em março deste ano, de um encontro que se colocou contra o terrorismo midiático feito pelos grandes conglomerados comunicacionais na América Latina e no mundo, principalmente promovido pelos Estados Unidos. E, diferente do que se possa pensar, o terrorismo midiático não é algo recente. O jornalista Beto Almeida, em artigo produzido após este evento, retoma casos de meios de comunicação promovendo terrorismo no Brasil já na época do governo Vargas. "Todo o terrorismo midiático que se faz contra Chávez, Rafael Correa, Evo Morales, contra o Lula, contra o Kirchner não foi suficiente para derrubá-los, pois eles estão conseguindo impor suas conquistas e seus planos", comentou o jornalista, durante a entrevista que concedeu à IHU Online por telefone.
Almeida falou ainda sobre exemplos caricatos de terrorismo midiático hoje, de como as mídias alternativas podem contribuir para acabar com esse tipo de prática e sobre crise econômica dos Estados Unidos que, para ele, pode ser uma chance de desestabilizar a influência que esse país tem sobre os latino-americanos. "Por que vamos depender do dólar se ele, além de não ter lastro, está derretendo a si mesmo?", questionou.
Beto Almeida é presidente da TV Cidade Livre de Brasília, âncora da TV Paraná Educativa, membro da junta diretiva da Televisión del Sur (TeleSur), uma rede de televisão multi-estatal pan-latino-americana com sede na Venezuela, e é, também, membro do conselho editorial da agência Brasil de Fato.
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Quem pratica o terrorismo midiático hoje?
Beto Almeida – Os grandes meios de comunicação, os conglomerados de comunicação, controlam o grande fluxo e esses praticam, em alguma medida, formas de terrorismo midiático. Isso porque eles estão na sua estrutura de sustentação financeira registrando duas características fundamentais. A primeira é a de que refletem a concentração do sistema capitalista nessa fase imperialista, ou seja, também registram um movimento de concentração. A segunda é a de que são conglomerados, ou seja, não são apenas empresas de comunicação, mas também empresas financeiras, gravadoras, ligadas a outros ramos, especialmente ao mais dinâmico e mais lucrativo da economia mundial hoje, que é o da indústria bélica. Por isso, eles têm uma especial sensibilidade para a pauta da instabilidade das tensões dos conflitos, das guerras. O exemplo mais acachapante disso é que eles justificaram editorialmente a ocupação militar estadunidense e inglesa no Iraque a partir de uma mentira, de uma forma de terrorismo, portanto. Eles intimidaram a opinião pública mundial, com uma idéia falsa de que havia armas de destruição em massa nesse país, o que, portanto, justificaria uma ação militar. É claro que as empresas que fazem parte da sustentação financeira do corpo acionário dessa indústria midiática internacional saíram com altos lucros em razão desse movimento militar. Há, então, uma vinculação belical entre informação e lucratividade da indústria bélica. Por isso, eles praticam em boa medida uma linha editorial que nós convencionamos chamar de terrorismo midiático. Uma prova disso é que o New York Times (1), um tempo depois de interpretada a ocupação militar no Iraque, pediu desculpas aos seus leitores, dizendo que não tinha como comprovar a notícia que veiculara sobre a existência de armas de destruição em massa.
Confira a entrevista no site:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=481JDB014
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