domingo, 11 de maio de 2008

Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, NETCCON/ECO/UFRJ e ANDI

Antônio Góis defende qualificação do profissional que cobre políticas públicas de Educação

Auditório da CPM-ECO, Campus da Praia Vermelha (UFRJ)
Segunda 05/05/2008, e em todas as outras segundas de 2008/1, sempre das 11h às 13h.

“A educação é uma área pouco coberta na imprensa brasileira e o desafio é qualificar o debate para o interesse púbico”, defende o jornalista Antônio Góis da Folha de S. Paulo especializado há mais dez anos em coberturas de educação.

Em sua palestra sobre “A cobertura das políticas públicas na área da Educação no Brasil” que será realizada na próxima segunda-feira, dia 12 de maio, no auditório da Central de Produção Multimídia-CPM na Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, Antônio Góis pretende discutir os mitos de educação a partir de dados numéricos e estatísticas. “Vou mostrar números, e falar sobre o que é cobertura de jornalismo na área de educação, como se trabalha e o espaço que a educação tem recebido no jornal”, ressaltou.

A palestra faz parte do programa da Disciplina e Curso de Extensão de Jornalismo de Políticas Públicas Sociais do NETCCON e da ANDI que reúne alunos de graduação, jornalistas, comunicadores e profissionais de imprensa interessados no tema.

E para cobrir educação, Antônio Góis dá a dica: para quem quer entrar na área tem que conhecer a legislação e entender a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. “As pessoas falam sem olhar os dados, eu tenho essa preocupação de ter informações, pois os números ajudam a trazer um pouco mais de luz à discussão e qualificar o debate”, realçou o jornalista.

Sobre isso, Góis exemplificou: a discussão sobre ciclos na educação, “se é melhor ou não ter reprovação. Na hora de fazer uma matéria, ouve-se geralmente o secretário, o sindicato e um pai, e só”. Mas de acordo com ele, já há pesquisas que comparam o rendimento de alunos que estudam no regime de ciclos e os que não estudam, “e os resultados são similares”. Isso, para Góis, dá margem a muitos argumentos.

Educação é uma área que já tem muitos dados disponíveis, considera, e “os números são bons instrumentos para análise, porém não são provas irrefutáveis”, contrapõe. Para Góis, as pesquisas dão racionalidade ao debate na imprensa. “Eu mexo muito com dados educacionais e estatísticas, mas é preciso ter em mente os limites até onde você consegue informar com esses dados”, alerta.

O jornalista ainda comenta que a dificuldade para cobrir a área da educação deve-se ao “apelo que é menos forte do que outros temas, ela perde para notícias com efeito imediato e nunca vai concorrer com o Ronaldinho ou a alta do dólar”.

Antônio Góis avalia que, em sua maioria, a pauta dos jornais deixa a educação em segundo plano, e isso, para ele, é um reflexo da própria sociedade que deixa a educação em segundo plano. E chama a atenção: “é a eterna discussão entre o interesse do público e o interesse público, pois o jornal tem que tratar o que é de interesse público e ajudar a priorizar os temas mais importantes”. O jornal, argumenta, tem que tentar fazer o interesse público o interesse do público leitor. E a educação, de acordo com Góis, é um tema de grande interesse público, pois tem efeitos indiretos na saúde e na economia, por exemplo.

“Quanto mais escolarizada a população, menor será a mortalidade infantil. Quanto mais escolarizados os pais, melhor é o rendimento dos filhos na escola. E a escolaridade da mulher diminui o número de filhos”, cita.

A educação tem efeito em qualquer tema, considera, porém o que falta é qualificar o debate. “A educação não é um assunto fácil de chamar a atenção para a leitura, o texto tem que ser interessante para o leitor, mas para isso é preciso ter repórteres qualificados na redação”, salientou. “A educação exige muito mais esforço, você precisa brigar pela pauta”.

No entanto, Antônio Góis avalia que houve uma melhora na cobertura sobre a educação. Ele cita a pesquisa anual realizada pela ANDI com os jornais para analisar quais pautas abordam a temática da criança e do adolescente. “E estas pesquisas mostram que houve um aumento expressivo em número de matérias que falam de educação. Tem havido quantidade, mas a gente não resolveu o problema da qualidade. Esse é um problema sério”, afirmou.

E um dos desafios para qualificar o debate na mídia, segundo Góis, é a qualificação do profissional que vai cobrir estes temas. “Tem pouca gente trabalhando exclusivamente para a educação, o que é uma pena”.

Antônio Góis é jornalista da Folha de S. Paulo desde 2000, e cobre há mais de dez anos sobre educação. Ingressou na cobertura desta área no jornal O DIA e atualmente integra a rede de Jornalistas Amigos da Criança.

Esta disciplina, oferecida aos alunos da Universidade e à Sociedade em geral, é resultado do convênio entre o Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, coordenado pelo Prof. Evandro Vieira Ouriques, e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

O Programa Acadêmico do NETCCON visa: Prover a Sociedade, sob a perspectiva das Ciências da Comunicação, com estudos e metodologias de prevenção e superação da violência, que contribuam para o salto de qualidade: (1) na cobertura midiática das Políticas Sociais e em sua gestão pública; (2) nas políticas e estratégias de Comunicação para a Responsabilidade Socioambiental; e (3) no padrão ético ("voz própria" e "vínculo") do trabalho de presença e colaboração nas Redes e Organizações. O NETCCON criou e oferece também a disciplina Comunicação, Construção de Estados Mentais e Não-violência, e está criando a disciplina Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. Maiores informações sobre o NETCCON podem ser obtidas através de evouriques@terra.com.br.

Conheça mais sobre a disciplina aqui:
http://informacao.andi.org.br:8080/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarUniversidade&codigo=6

Palestras a serem realizadas em 2008/1:

Semana 10 (19/05): Cobertura de qualidade em meio à violência estrutural: A força política da não-violência e a responsabilidade dos atores sociais e dos jornalistas.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 11 (26/05): A Questão das Políticas Públicas Sociais e a Mídia Contra-hegemônica.
Palestrante: Paulo Lima (Viração)

Semana 12 (02/06): A Comunicação criada pela Periferia no Rio de Janeiro.
Palestrante: Prof. Augusto Gazir (Observatório de Favelas e ECO.UFRJ)

Semana 13 (09/06): O paradigma dos Direitos da Criança e do Adolescente: A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Palestrante: Wanderlino Nogueira Neto (ABONG)

Semana 14 (16/06): A Mídia e a Questão das Políticas Públicas Sociais no Brasil.
Palestrante:
Guilherme Canela (ANDI)


Semana 15 (23/06)
: O Paradigma da Diversidade Cultural.

Palestrante: Profa. Sílvia Ramos (CESEC)

Semana 16 (30/06): Jornalismo prospectivo e o futuro das políticas públicas sociais como pauta.
Palestrante: Rosa Alegria (NEF-PUC/SP, NETCCON.ECO.UFRJ, Millennium/UNU)

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