quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Geórgia usou força contra civis, diz Human Rights Watch

28 Out 2008

AE-AP - Agencia Estado

LONDRES E SÃO PETERSBURGO - O Exército da Geórgia usou poder de fogo indiscriminado contra civis na província separatista da Ossétia do Sul durante a guerra de agosto, informou uma reportagem da BBC hoje, ao citar entrevistas com georgianos expostos ao conflito, e a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW). A diretora da HRW em Moscou, Allison Gill, afirmou que a organização estava "muito preocupada com o uso indiscriminado da força pelos militares da Geórgia em Tskinvali (capital da Ossétia do Sul)".

"Nós obtivemos provas e testemunhas assistiram a ataques de foguetes e de tanques contra prédios de apartamentos, inclusive de tanques que atiraram contra porões dos prédios", disse. "Os porões, tipicamente, são os locais onde os civis buscam esconderijo para proteção", afirmou a diretora. "Então tudo isso indica que houve um uso inapropriado da força pela Geórgia contra alvos civis."

Em resposta, o ministro do Exterior da Geórgia, Eka Tkeshelashvili, disse que o governo não tinha provas de crimes de guerra, mas cooperaria com qualquer investigação. A acusação de que a Geórgia usou poder fogo indiscriminado contra civis coincidiram com o anúncio da retomada das negociações entre a União Européia (UE) e a Rússia para um novo tratado político e econômico.

As negociações serão retomadas em uma cúpula no próximo mês, disse hoje o ministro do Exterior da França, Bernard Kouchner. Segundo ele, as conversações com a Rússia serão retomadas no encontro de 13 e 14 de novembro, em Nice, no sul da França. A UE havia suspendido as conversas após a guerra entre a Rússia e a Geórgia. Alguns integrantes da UE reclamaram contra a retomada das conversações, alegando que a Rússia fracassou em cumprir todos os termos do acordo de cessar-fogo mediado pelo bloco europeu.

O acordo

O atual tratado de parceira entre a Rússia e a UE, assinado em 1997, perdeu muito da sua relevância, por causa do crescente papel de Moscou como fornecedor de energia à Europa e à política externa mais afirmativa do país. A UE pressiona a Rússia a aceitar os termos que propôs para política energética, segurança e direito. A Rússia tem resistido.

Kouchner disse que as conversações sobre o novo acordo estão mantidas, "a menos que alguma nova circunstância apareça". "Até agora, não apareceu nenhuma nova circunstância", disse o chanceler francês, após consultas com funcionários russos em São Petersburgo. A Rússia alega que cumpriu sua parte no cessar-fogo assinado com a Geórgia e retirou as tropas do território vizinho, com exceção das províncias separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul.

A UE enviou monitores às áreas após a retirada russa. Porém, a Geórgia acusa a Rússia de ter mantido tropas em áreas que estavam sob controle georgiano antes da guerra de agosto. Segundo a Geórgia, a Rússia também violou o acordo ao enviar 3,8 mil soldados a cada uma das províncias, aumentando a presença militar de Moscou nos dois territórios.

Em entrevista publicada hoje no jornal russo Kommersant, Kouchner afirmou que a guerra com a Geórgia causou uma "crise colossal" nas relações entre Rússia e UE. No entanto, disse, a Rússia cumpriu com as promessas feitas no acordo mediado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, embora tenha acrescentando que a intenção de manter grandes contingentes militares na Ossétia do Sul e na Abkházia, além da ocupação da cidade de Akhalgori, sejam atitudes que contradizem o acordo de trégua.


Conflito


A guerra de agosto começou quando a Geórgia lançou um ataque contra a província separatista da Ossétia do Sul, que se libertou do controle georgiano na década de 1990. As forças russas rapidamente repeliram o ataque e invadiram a Geórgia. O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse hoje que Moscou está preocupada que a Geórgia use os 4,5 bilhões de euros que receberá da UE para reconstrução do país na remontagem do Exército. Com informações da Dow Jones.

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