domingo, 18 de maio de 2008

Fotojornalismo e violência em cena

Bernardo Costa
16/5/2008


O cotidiano dos repórteres-fotográficos no Rio de Janeiro se tornou tema do documentário “Abaixando a máquina — Ética e dor no fotojornalismo carioca”, de Guillermo Planel e Renato de Paula, em que os dilemas e angústias da profissão são debatidos por psicanalistas, autoridades, líderes comunitários, professores, fotógrafos e fotografados.

Guillermo Planel

A idéia do filme surgiu a partir da publicação — na última página do caderno Info Etc., do Globo, entre 2006 e 2007 — de dezenas de ensaios produzidos pelos profissionais da casa:
— Em agosto de 2006, eu abri o jornal e vi uma matéria com o Domingos Peixoto, em que ele falava sobre a questão ética do fotojornalismo — diz Guillermo Planel. — Em termos gerais, ele se questionava sobre que direito tinha de entrar num momento de extrema dor de alguém que sofre uma violência, fotografar e nunca mais aparecer. Aquilo me tocou muito, porque eu também penso muito sobre a função social do fotojornalismo. Então, como eu estava terminando um curso e tinha que apresentar uma monografia, resolvi fazer um documentário abordando esse tema.

Sem a menor intenção de definir padrões éticos para o exercício da profissão, o documentário levanta difíceis situações que surgem no cotidiano dos fotógrafos, sempre às voltas com os conflitos sociais da cidade, como lembra o cineasta:
— Não é um discurso que fecha a questão, mas que a põe em debate. Obviamente, as pessoas não gostariam de ser registradas em situações extremas. Então, o filme traz essa realidade, de como esses problemas e questionamentos aparecem no dia-a-dia do fotógrafo, tenta mostrar como é feita a aproximação e a utilização dada a certas imagens.

Foto de Marcos Tristão


Mídia e comunidade

Segundo estimativas do sistema de saúde, 50 mil pessoas são vítimas de homicídios por ano no Brasil, sendo a grande maioria desse contingente formada por jovens negros moradores de favelas e periferias. No Rio de janeiro, essa questão se agrava devido ao expressivo número de comunidades carentes dominadas pelo tráfico de drogas, onde conflitos armados são recorrentes, espalhadas por toda a cidade.

É nesse cenário que os fotojornalistas que cobrem o dia-a-dia na cidade estão inseridos e desempenham papel fundamental de denúncia e, conseqüentemente, de cobrança por políticas públicas mais eficazes. A boa relação entre a mídia e tais comunidades tem sido tratada pelos profissionais como ponto crucial para que se realize uma cobertura completa das regiões de conflito, fugindo do estigma de que o fotógrafo só aparece quando acontecem desgraças.

Essa relação ficou ainda mais complicada após a morte de Tim Lopes, em 2 de junho de 2002, quando fazia uma reportagem na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio:
— Foi um divisor de águas dentro do jornalismo brasileiro. Acabou, naquele momento, qualquer boa relação que pudesse haver entre a imprensa e as comunidades, porque a imprensa ficou, evidentemente, com medo de ir às favelas e acabou se resguardando por trás da polícia — diz Planel.


Passos lentos

Foto de Marcelo Carnaval


Para Marcelo Carnaval, fotógrafo do Globo e um dos profissionais que tem seu trabalho mostrado no filme, a reaproximação com a comunidade tem evoluído a passos lentos, após a morte de Tim:
— A TV Globo, por exemplo, continua adotando a ordem de não entrar. A reaproximação tem sido feita através da Central Única das Favelas, entre outros meios, e não pela Central de Jornalismo. De uma forma geral, porém, eu acho que a gente tem entrado mais. Até porque, nesse meio-tempo, surgiram coisas novas, outros assuntos para serem cobertos nas favelas. É um lugar de novidades, de notícias.

Segundo Planel, a iniciativa de exibir o documentário nas comunidades, com o apoio da ONG Viva Rio e do portal de internet Viva Favela, pode contribuir, ainda que de forma incipiente, para um melhor relacionamento entre os fotógrafos e a favela, mostrando aos moradores da comunidade que o fotojornalista não tem culpa das mazelas que elas enfrentam, que estão ali apenas fazendo seu trabalho, mostrando a realidade e, dessa maneira, contribuindo de forma efetiva para mudá-la:
— Por exemplo, a foto da mãe da menina Alana, morta durante tiroteio no Morro dos Macacos, feita por Marcos Tristão, é muito representativa da violência sofrida por aquela família e só chegou às pessoas e às autoridades por meio daquela imagem.

Marcelo Carnaval

Proteção

Marcelo Carnaval, por sua vez, destaca o atual posicionamento da classe, que tem contribuído, de forma mais concreta, para uma reaproximação que possibilite uma cobertura mais abrangente nas áreas periféricas da cidade:
— Nosso posicionamento é de mudança. Por exemplo, eu não uso colete à prova de balas. Não me sinto confortável de estar numa mesma situação em que crianças, mulheres grávidas e muitas outras pessoas estão desprotegidas e eu não estou. Mas esta é uma posição pessoal. Também já socorri gente baleada dentro do carro de reportagem, e acho que isso, você parar e ouvi-los, aproxima mais a gente dos moradores.

Dando voz aos fotojornalistas, o documentário contribui para desfazer o estereótipo de que esses profissionais são pessoas frias, sem qualquer tipo de engajamento social, que querem apenas lucrar com a desgraça alheia:
— Eles têm uma consciência muito grande de todo o envolvimento profissional dentro da conjuntura social — afirma o diretor. — Não são nem um pouco alienados nesse sentido, muito pelo contrário.

Carnaval também acredita que essa seja a maior contribuição do filme:
— É importante mostrar que somos seres humanos, e não um bando de urubus que está lá só para ver a carniça.

http://www.abi.org.br/primeirapagina.asp?id=2514

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Rádios comunitárias são instaladas em quase 100% dos municípios

13/05/2008
Redação
Jornal do Brasil
Brasília - O Ministério das Comunicações já abriu inscrições para rádios comunitárias em 99,86% dos municípios brasileiros. Só não foram abertas, ainda, nos municípios recém criados e algumas cidades com problemas de espectro.

- As rádios comunitárias são de grande importância para o país, especialmente por seu impacto junto às comunidades. Por meio da discussão e do debate, elas permitem a valorização e o desenvolvimento social - afirmou o ministro Hélio Costa.

Desde que assumiu a pasta, já foram publicados sete avisos de habilitação, sendo dois em 2006, quatro em 2007 e um este ano. Atualmente, 3.202 entidades estão habilitadas a montar uma rádio comunitária – 2.379 delas com a licença definitiva.

Em 2006, o Ministério das Comunicações publicou um aviso exclusivo para a cidade de São Paulo. Antes, nunca o MC tinha aberto um aviso na capital paulistana. Em 2007, foi lançado um aviso exclusivo para aldeias indígenas, quilombos, assentamentos e comunidades isoladas, numa parceria com o Programa Luz para Todos, do Ministério das Minas e Energia. O desafio era levar o serviço de radiodifusão comunitária às populações que não tinham acesso nem à energia elétrica.
A rádio comunitária é uma pequena estação de rádio criada para ser um canal de comunicação da comunidade onde está sediada. É um espaço aberto para os moradores discutirem suas dificuldades, divulgarem serviços e montarem sua própria programação, fortalecendo a identidade local.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Observatorio da Imprensa

CURSO DE EXTENSÃO
Jornalismo de políticas públicas sociais

Por Fabíola Ortiz em 13/5/2008

Falta uma cobertura midiática mais qualificada sobre os temas sociais no Brasil, criticou a jornalista Beatriz Barbosa, uma das coordenadoras da organização Intervozes-Coletivo Brasil de Comunicação Social, em sua palestra na segunda-feira, 5 de maio, sobre o desafio de aumentar a presença das políticas públicas na grande imprensa.

Este foi o oitavo encontro da Disciplina e Curso de Extensão Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, realizado no auditório da Central de Produção Multimídia-CPM, uma realização do Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, em parceria com a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

"O problema é que o tratamento da imprensa é muito pontual, pois não há uma ampla e sistemática cobertura no Brasil sobre políticas públicas", avalia Bia Barbosa, que atua há anos na luta pela democratização das comunicações.

(...)

Bia Barbosa considera que o papel do jornalismo é fundamental para promover o debate plural para questões prioritárias em nossa sociedade e também para a configuração de políticas públicas mais democráticas. O jornalismo, para ela, tem um papel na formação do cidadão, assim como na definição da agenda pública. "Isto é fundamental para a elaboração de políticas públicas, pois a informação a que o cidadão tem acesso através dos meios de comunicação é que vai elevar o grau de pressão da sociedade por políticas públicas."

Este debate plural em torno de questões prioritárias, assim como a apresentação de opiniões divergentes vão possibilitar, segundo a jornalista, a construção de políticas públicas mais plurais. A política pública pressupõe o papel do Estado e é a principal garantia dos direitos dos cidadãos. Beatriz ressaltou, no entanto, que a grande imprensa funciona com preferência para notícias sensacionalistas pautadas pela busca de denúncias – "os contextos sociais acabam ficando renegados. As políticas públicas têm que ser universais e a sociedade como um todo pode se prejudicar com ausência de políticas públicas".

Leia em:

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=485DAC002


terça-feira, 13 de maio de 2008

Violência mata 1 pessoa a cada 6 minutos

OSMAR SOARES DE CAMPOS
da PrimaPagina
Brasília, 09/05/2008

A cada seis minutos, uma pessoa morre no Brasil de homicídio, acidente de trânsito ou suicídio, indicam dados preliminares de um levantamento feito pelo Ministério da Saúde com base em números de 2006. Ainda que alguns desses tipos de óbito estejam diminuindo nos últimos anos, o ministério e o CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) classificam o problema como “epidemia”.

A avaliação de que essas cifras, compiladas pelo Sistema de Informação Sobre Mortalidade, têm dimensões epidêmicas resultou na organização de uma série de encontros para discutir propostas de enfrentamento à violência no país, com apoio de cinco agências da ONU, entre elas o PNUD.

(...)

Nos últimos anos, contudo, a taxa de morte em acidentes automobilísticos quase sempre vêm diminuindo no Brasil desde a entrada em vigor do novo Código Nacional de Trânsito, em 1997 — houve um aumento no início desta década, revertido em 2005 e 2006.

Também a taxa de homicídios recua. O indicador atingiu o pico em 2003 (28,9 mortes por 100 mil habitantes), mas segue em queda desde então. Mansano atribui esse recuo à aplicação do Estatuto do Desarmamento, em vigor desde aquele ano. Ainda assim, as armas de fogo ainda eram a principal causa de morte violenta em 2006, responsáveis por 68% dos casos.

(...)

O impacto se dá sobretudo nos serviços de emergência, mas também influencia o próprio custo da manutenção do serviço de saúde. Um estudo realizado em 2004 pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) e citado por Mansano na palestra aponta que o custo para o sistema de saúde é de R$ 205 milhões nos casos de agressão e de R$ 768 milhões nos acidentes de trânsito.

Leia em:

http://www.pnud.org.br/seguranca/reportagens/index.php?id01=2940&lay=jse




Lançamento de livro,

debate multidisciplinar sobre

população de rua

e projeção de documentário

e fotos da Fazenda Modelo



Livro: NO OLHO DA RUA - A vida na Fazenda Modelo, um dos maiores abrigos de mendigos do mundo
Autor: Marcelo Antonio da Cunha
Editora: Nova Fronteira


Evento de lançamento: 13 de maio, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ


O LIVRO
Eles já foram os miseráveis de Victor Hugo, o lumpesinato de Karl Marx, os excluídos da globalização, os marginalizados, os párias, os indigentes, os sem-teto e hoje ganharam o pomposo título de "pessoas em situação de vulnerabilidade social". No fundo, são gente como a gente, que carrega histórias de vida muitas vezes surpreendentes. Foram essas histórias que o médico Marcelo Antônio da Cunha recolheu durante os três anos em que dirigiu a Fazenda Modelo, que já foi um dos maiores abrigos de mendigos do mundo.

Uma vila, uma senzala, um campo de concentração, um reflexo do que acontece nas ruas do Rio de Janeiro? A Fazenda Modelo foi tudo isso um pouco. Criada em 1947 e transformada em abrigo em 1984, ocupava 47 hectares na Zona Oeste do Rio de Janeiro e chegou a abrigar 2.500 pessoas, entre crianças, adultos e idosos.

Boa parte não nasceu na miséria. Alguns já tiveram casa, carro, emprego e famílias estáveis, mas sofreram algum revés da vida e tiveram que deixar o passado para trás. Convivendo lado a lado com a insanidade de um mendigo como Bacana, que pensava ser um cachorro, havia pessoas como uma ex-aeromoça que passou anos na Fazenda Modelo enquanto aguardava uma vultosa indenização trabalhista.

Outro dos personagens inesquecíveis do livro é Barnabé, compositor com vários discos gravados que acabou nas ruas. Casos de pessoas que perdem a memória não eram raros, como o do arquiteto que foi encontrado vagando pela cidade e só depois de meses na Fazenda conseguiu lembrar-se de quem era.

Em 2003, graças aos esforços de Marcelo e de um grupo de profissionais, a Fazenda Modelo começou a ser "desconstruída", assim como grandes depósitos de indesejáveis, como a Colônia Juliano Moreira, no Rio, o Juqueri e o Carandiru, em São Paulo.

Despejar no papel as histórias das pessoas com quem conviveu, para que um dia chegassem a ser conhecidas pelo resto da sociedade, foi para o autor a única forma de dormir em paz. Mais do que uma denúncia, No olho da rua é um livro que emociona, nos faz pensar na fragilidade humana e na necessidade de amparar os que nada têm.


O AUTOR

Marcelo Antonio da Cunha é médico. Nasceu em Recife, trabalhou na Amazônia e no sertão nordestino. Há 18 anos reside no Rio de Janeiro, onde se pós-graduou em Medicina Preventiva e Social pela Fundação Osvaldo Cruz, lecionou na Universidade Estácio de Sá e trabalhou na Organização Médicos Sem Fronteiras. Atualmente coordena um Centro de Atenção Psicosocial para Álcool e outras Drogas no Rio.

O EVENTO

O lançamento do livro de Marcelo Antonio da Cunha é um catalisador de uma discussão urgente na sociedade brasileira:
o que fazer com os excluídos?
A desconstrução da Fazenda Modelo e o importante papel que as artes assumem neste processo será o ponto de partida para a reflexão e troca de experiências entre cientistas sociais, pesquisadores, administradores de políticas públicas, artistas e produtores que em algum momento se deixaram impressionar pelo abismo da rua.

O evento no Fórum de Ciência e Cultura, no dia 13 de maio, prevê:

1) Um seminário com duas mesas-redondas.

O Estado e a rua
A primeira mesa discutirá as políticas públicas para a população de rua.
Incluirá o autor, representantes da Secretaria Municipal de Assistência Social e do Ministério Público, professores da universidade nas áreas de serviço social, entre outras.
Duração: 3h – 10h às 13h

A arte no limite da rua
Artistas darão seus depoimentos sobre seu trabalho com população de rua: Dinah Oliveira (teatro); Denise Padilha (música); Marco Terranova (documentário); André Valentim (fotografia), Livia Flores (artista plástica).

Convidado especial: Marcos Prado, produtor de Tropa de elite e diretor de Estamira.

Levaremos também alguns dos ex-moradores, como o artista plástico Cloves, o bailarino Pedro, a cantora Memorina e o compositor Barnabé.
Duração: 3h – 14h às 17h


2) Fotografia e vídeo:

Durante o evento, o Salão Branco seria ocupado por projeções simultâneas de cenas em vídeo (Terranova) e projeção de fotografias (Valentim) da Fazenda Modelo.

domingo, 11 de maio de 2008

Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, NETCCON.ECO.UFRJ

Bia Barbosa afirma que o desafio de aumentar a presença das políticas públicas na grande imprensa é melhorar a formação do profissional e qualificar o debate

Falta uma cobertura midiática mais qualificada sobre os temas sociais no Brasil, criticou a jornalista Beatriz Barbosa, uma das coordenadoras da organização Intervozes-Coletivo Brasil de Comunicação Social em sua palestra na segunda-feira, dia 5 de maio, sobre o desafio de aumentar a presença das políticas públicas na grande imprensa.

Este foi o oitavo encontro da Disciplina e Curso de Extensão Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, realizado no auditório da Central de Produção Multimídia-CPM, uma realização do Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, em parceria com a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

“O problema é que o tratamento da imprensa é muito pontual, pois não há uma ampla e sistemática cobertura no Brasil sobre políticas públicas”, avalia Bia Barbosa que atua há anos na luta pela democratização das comunicações.

Comunicação, Democracia e Direitos Humanos

Formada pela Escola de Comunicações e Artes-ECA da USP, com especialização em direitos humanos pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a jornalista acredita que a mídia pode contribuir na promoção dos direitos humanos e como fiscalizadora de políticas do Estado: “a expectativa é que ela cumpra o seu papel com interesse público de fiscalização da implementação das políticas públicas. Sua função é de fiscalizar os três poderes, a mídia como o quarto poder”. E salienta que se a mídia abre mão do seu papel fiscalizador e crítico das políticas públicas, “a gente vai continuar com políticas públicas ineficientes e fracas”.

Em sua fala, Bia abordou a importância de cobrir e acompanhar o processo das políticas públicas partindo do princípio de que vivemos numa sociedade mediada pelos meios de comunicação. Os meios de comunicação são os principais espaços de circulação de informação e cultura e para a referência de valores e formação da opinião pública. “A mídia é vista como um espelho do mundo. No entanto, toda a apreensão da realidade é necessariamente uma reconstrução subjetiva do real. A realidade que produzimos nos meios de comunicação não é verdadeira, não são fatos, e sim uma representação do real, uma leitura da realidade”, explicou.

A esfera pública, de acordo com seu pensamento, é um espaço plural e marcado pela diversidade de conflitos. Este espaço, segundo Bia, não deve ser apropriado por interesses comerciais ou de governos. “Esperamos que a mídia contribua na promoção dos direitos humanos e também das políticas públicas, isto significa trabalhar com a expectativa de que ela cumpra seu papel de atuar balizada no interesse público”, afirma a jornalista.

Papel do jornalismo

Bia Barbosa considera que o papel do jornalismo é um papel fundamental para promover o debate plural para questões prioritárias em nossa sociedade e também para a configuração de políticas públicas mais democráticas. O jornalismo, para ela, tem um papel na formação do cidadão, assim como, para a definição da agenda pública. “Isto é fundamental para a elaboração de políticas públicas, pois a informação que o cidadão tem acesso através dos meios de comunicação é que vai elevar o grau de pressão da sociedade por políticas públicas”.

Este debate plural em torno de questões prioritárias e a apresentação de opiniões divergentes vão possibilitar, segundo a jornalista, a construção de políticas públicas mais plurais. A política pública pressupõe o papel do Estado e é a principal garantia dos direitos dos cidadãos. Beatriz ressaltou, no entanto, que a grande imprensa funciona com preferências para notícias sensacionalistas pautadas pela busca de denúncias – “os contextos sociais acabam ficando renegados. As políticas públicas têm que ser universais e a sociedade como um todo pode se prejudicar com ausência de políticas públicas”.

Como exemplo, Bia Barbosa apontou para o tratamento da mídia sobre a questão da violência: “a violência está muito reduzida aos crimes, atentados e relatórios de homicídios, o que falta, na verdade, é discutir políticas públicas para segurança”. Para ela, há na mídia uma ausência de reflexão mais consistente sobre o processo de formulação de políticas públicas – “a imprensa não tem um acompanhamento sistemático da construção destas políticas”.

E comenta que, “a partir do momento que se constrói a política pública é preciso discutir com o legislativo para ver orçamento, além de acompanhar as diferentes etapas da concepção até a implementação e avaliação dos usuários destas políticas. Mas na mídia não há contextualização deste processo”. O problema, de acordo com a jornalista, é que uma cobertura falha pode contribuir para retroalimentar o desenvolvimento de políticas públicas sociais pouco eficientes.

Bia avalia que o ideal para ter uma abordagem mais qualificada seria fazer um acompanhamento de médio a longo prazo para esses setores.

Por isso, Bia Barbosa, em sua palestra, destacou a importância da formação dos jornalistas e comunicadores a fim de trabalhar de forma integrada na formação técnica e humanista. Ela apontou para a ausência de uma oferta mínima de conhecimento sobre o tema das políticas públicas para os alunos universitários dos cursos de Comunicação Social nas grades curriculares.

Ela ainda realça outro aspecto sobre os profissionais: “o jornalista vem, em sua maioria, da classe média e não precisa dessas políticas públicas; as grandes mazelas sociais do país não fazem parte do cotidiano desses jornalistas que vão traduzir a informação para o público leitor”. Bia também chamou a atenção para a precarização das condições de trabalho e o enxugamento das redações, “não dá tempo e o repórter não tem condição de aprofundar dentro do regime de trabalho”.

Modo de produção jornalístico

A jornalista salienta que “o que pauta a imprensa é o que vende ou que dá audiência através do sensacionalismo”. E exemplificou com o caso Isabella Nardoni em São Paulo (muito comentado na agenda midiática atualmente). A partir da veiculação da a informação sobre a morte da pequena Isabella, este fato passou a ser transformado em mercadoria – houve um aumento da audiência nos telejornais em cerca de 20%. “A mídia passou a produzir notícias e fatos em cima do que não havia mais, e a busca pela audiência deixa de fora temas que de fato atingem a maioria da população, por exemplo o dado de que dez mil crianças morrem assassinadas por ano no Brasil”.

Segundo ela, o leitor/ouvinte/telespectador tem uma liberdade de escolha relativa, pois “a abordagem dos fatos e a programação são muito semelhantes; falta o acesso a informação plural e diversa”. O papel do jornalista, para Beatriz, vai além de produzir notícia, “ele tem um papel social de transformação da sociedade”.

Nos últimos anos, ressaltou, as questões sociais tiveram lugar no cenário político. A concentração dos meios de comunicação é um obstáculo para a diversidade da informação que segue a lógica comercial pela busca do lucro – “gastar o menos possível e vender mais”. E faz críticas quanto a falta de independência do jornalista na definição da pauta: “não dá para cobrir política pública de dentro da redação por telefone. Eu sou defensora que o jornalista brigue por estas questões, isso é um desafio muito grande”.

O Prof Dr Evandro Vieira Ouriques, coordenador do NETCCON que ministra a Disciplina e Curso de Extensão Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, insistiu na importância do jornalista levar a sério a sua autonomia efetiva.

Outro ponto para o pesquisador que chamou a atenção foi o “da contradição do conceito –que se revela assim como um sintoma- de Políticas Públicas Sociais: é sintomático pensarmos que tenham que existir políticas que sejam públicas e também sociais. A partir deste curso, estamos propondo uma mudança de paradigma de construção das políticas públicas, que passa pela auto-construção de uma nova linguagem e de novo sentido que não dependa de forma absoluta das instituições e de uma mudança institucional para que possamos nos mover. O que precisamos é agir, como jornalistas, como comunicadores, como cidadãos, de forma pública e social”.

Sobre este ponto de vista, Bia Barbosa crítica o comodismo e o individualismo que marcam a profissão. “Há uma ausência de uma cobertura qualificada pelos meios de comunicação que são organizações capitalistas. O jornalista tem o papel de leitor da realidade”. E afirma: o acesso ao consumo não pode ser critério para condição de interlocução no discurso jornalístico.

Concentração de propriedade dos meios no Brasil

Os grandes conglomerados comerciais definem as formas pelas quais diferentes versões circulam e como são recepcionadas, privilegiando alguns produtores de versões em detrimento de outros”. Isto, segundo ela, transforma-se em círculo vicioso e resulta em uma parcialidade na pauta – “a imprensa escreve e produz informação para quem compra”. Este círculo vicioso parte da idéia de que não há interesse na pauta que aborde questões sociais; por isso, não publica-se nada sobre o tema; o jornalista acaba não se interessando pelo assunto; não investe-se em uma formação continuada; e, por conseguinte, a população segue desinteressada.

De acordo com ela, há também uma ausência de regulação do Estado sobre os meios de comunicação. “Quem produz e veicula informações no Brasil são apenas nove famílias que controlam 85% da informação circulada. A televisão é o único veículo que chega a 98% dos lares brasileiros. Há vinte anos a nossa Constituição foi promulgada, mas ainda não se discutiu o que é monopólio para proibi-lo”, disse ao citar o artigo 220 da Constituição Federal que proíbe o monopólio dos meios de comunicação.

“O que estamos falando é de políticas liberais para a comunicação. Na década de 70, o Estado brasileiro contribuiu muito para a concentração dos meios de comunicação”, assinalou.

Sobre a questão da concentração de propriedade dos meios no Brasil, Bia Barbosa citou dados (de 2003) de que a televisão é controlada por

seis redes privadas (Globo, SBT, Record, Bandeirantes, Rede TV! e CNT) que dirigem diretamente 47 emissoras e, indiretamente, 249 emissoras dos 138 grupos que figuram como afiliados regionais. “A estas seis redes estão vinculadas a outros 372 veículos. Apenas a Globo e empresas afiliadas somam 97 emissoras de TV, 34 rádios AM, 53 rádios FM e 20 jornais”.

E ainda lembra que “a internet e a tevê por assinatura são controladas pelos mesmos veículos que controlam também a radiodifusão e tevês abertas. A NET é a operadora da Rede Globo e controla 85% da programação”. Segundo ela, os grandes portais de internet estão ligados diretamente a grandes centros produtores de conteúdo, como grandes jornais e TVs.

Democratização da informação e desafios para a cobertura

Beatriz, em sua atuação no Intervozes -Coletivo Brasil de Comunicação Social a favor da democratização da comunicação, afirma que esta tendência à concentração dos meios não ocorre apenas no Brasil, é um fenômeno internacional.

A internet, para ela, é uma ferramenta importante para democratizar a comunicação no Brasil, mas a inclusão digital ainda não é uma política pública prioritária. “Menos de 20% da população tem acesso freqüente à Internet”.

Dados da pesquisa recentemente realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação-CETIC.br do Comitê Gestor da Internet no Brasil informam que 55% da população brasileira jamais usou um computador, 66% das que usaram nunca acessaram a internet, 19% das residências possuem computador de mesa e cerca de 1% dispõe de notebooks.

Bia destaca que um dos desafios a fim de ampliar a cobertura na grande imprensa é o de expandir nas universidades brasileiras disciplinas que valorizem o tema de políticas públicas para o estudante. Ela aponta outro desafio que se situa nas redações com a formação continuada do jornalista e a busca pela informação com interesse público – “entender o outro como um ser humano e não apenas como mais um número nas estatísticas”.

Beatriz ressalta também a importância de investigação jornalística e de acompanhar os processos de formulação e aplicação de políticas públicas e ouvir os beneficiários dessas políticas. Outro desafio, segundo ela, seria o da formação do cidadão em relação ao papel do Estado nas políticas públicas. “A sociedade tem que ampliar o debate para aumentar a pauta através da leitura crítica da mídia. Os direitos dos cidadãos vão estar garantidos se as políticas públicas forem eficientes”, afirmou.

Bia Barbosa é jornalista formada pela Escola de Comunicações e Artes da USP, com especialização em direitos humanos pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no tema Sistema Público e a garantia do Direito Humano à Comunicação. Desde os tempos da universidade, atua na luta pela democratização das comunicações. Foi diretora do Centro Acadêmico da ECA e, por duas vezes, integrante da direção da Enecos - Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social.

Trabalhou na Editora Abril e foi editora da Agência Carta Maior, fazendo a cobertura dos processos do Fórum Social Mundial. Foi colaboradora da Revista Caros Amigos e, em Paris, fez trabalhos para a Unesco, Rádio França Internacional, IstoÉ, O Estado de S.Paulo e Agência Reuters. Cobriu a guerra civil em Angola, o pré-guerra no Iraque e a reunificação de Ruanda pós-genocídio de 1994. Em 2003, fundou, ao lado de outros militantes do campo da comunicação, o Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social, organização da qual, atualmente, é uma das coordenadoras.

Pelo Intervozes, atuou diretamente na construção da CRIS Brasil e em outros processos de articulação e mobilização do campo, como a participação da sociedade civil no processo de decisão da TV digital, o I Fórum Nacional de TVs Públicas, o Comitê Pró-Conferência (que reivindica a realização da I Conferência Nacional de Comunicação), a Articulação Mulher&Mídia e a Rede Paulista pela Democratização da Comunicação e da Cultura, além de ter integrado o Conselho Editorial do Direitos de Resposta, programa que foi ao ar na Rede TV! entre dezembro/05 e janeiro/06 como resultado de Ação Civil Pública movida contra o programa Tardes Quentes, do apresentador João Kleber. Seu trabalho à frente do Intervozes lhe rendeu o título de empreendedora social da Ashoka.

Esta disciplina, oferecida aos alunos da Universidade e à Sociedade em geral, é resultado do convênio entre o Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, coordenado pelo Prof. Evandro Vieira Ouriques, e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

O Programa Acadêmico do NETCCON dedica-se às relações entre a mídia, a ética e a não-violência (no sentido de luta sem violência), tendo em vista o vigor da experiência de comunicação, da auto-construção da cidadania e da responsabilidade socioambiental na Mídia, na Política e nas organizações. Neste sentido o NETCCON criou e vem oferecendo há três anos consecutivos também a disciplina Construção de Estados Mentais Não-violentos na Mídia.

O Programa Acadêmico do NETCCON visa: Prover a Sociedade, sob a perspectiva das Ciências da Comunicação, com estudos e metodologias de prevenção e superação da violência, que contribuam para o salto de qualidade: (1) na cobertura midiática das Políticas Sociais e em sua gestão pública; (2) nas políticas e estratégias de Comunicação para a Responsabilidade Socioambiental; e (3) no padrão ético ("voz própria" e "vínculo") do trabalho de presença e colaboração nas Redes e Organizações. O NETCCON criou e oferece também a disciplina Comunicação, Construção de Estados Mentais e Não-violência, e está criando a disciplina Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. Maiores informações sobre o NETCCON podem ser obtidas através de evouriques@terra.com.br.

Conheça mais sobre a disciplina aqui:
http://informacao.andi.org.br:8080/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarUniversidade&codigo=6

Palestras a serem realizadas em 2008/1:


Semana 9 (12/05): A cobertura das políticas públicas na área da Educação no Brasil.
Palestrante: Antônio Góis (Folha de S. Paulo)

Semana 10 (19/05): Cobertura de qualidade em meio à violência estrutural: A força política da não-violência e a responsabilidade dos atores sociais e dos jornalistas.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 11 (26/05): A Questão das Políticas Públicas Sociais e a Mídia Contra-hegemônica.
Palestrante: Paulo Lima (Viração)

Semana 12 (02/06): A Comunicação criada pela Periferia no Rio de Janeiro.
Palestrante: Prof. Augusto Gazir (Observatório de Favelas e ECO.UFRJ)

Semana 13 (09/06): O paradigma dos Direitos da Criança e do Adolescente: A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Palestrante: Wanderlino Nogueira Neto (ABONG)

Semana 14 (16/06): A Mídia e a Questão das Políticas Públicas Sociais no Brasil.
Palestrante:
Guilherme Canela (ANDI)


Semana 15 (23/06)
: O Paradigma da Diversidade Cultural.

Palestrante: Profa. Sílvia Ramos (CESEC)

Semana 16 (30/06): Jornalismo prospectivo e o futuro das políticas públicas sociais como pauta.
Palestrante: Rosa Alegria (NEF-PUC/SP, NETCCON.ECO.UFRJ, Millennium/UNU)

Palestras já realizadas em 2008/1:

Semana 1 (10/03): Interesse, Poder e Dádiva: a questão do domínio dos estados mentais e da generosidade na positivização da rede de comunicadores-cidadãos.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 2 (17/03): A Violência que Acusa a Violência: a degradação de Si e do Outro através da Mídia.
Palestrante: Prof. Michel Misse (NECVU.IFCS.UFRJ)

Semana 3 (24/03): A Abordagem de Temas Sociais junto a Públicos Não-iniciados: o Caso dos Jornais de Grande Circulação e Distribuição Gratuita.
Palestrante:
Prof. José Coelho Sobrinho (USP)

Semana 4 (31/03): A desigualdade social no Brasil e os processos de formulação das políticas públicas sociais compensatórias.
Palestrante: Leonardo Mello (IBASE)

Semana 5 (07/04): Lições Africanas para a Igualdade na Diversidade Humana: a questão da não-violência.
Palestrantes: Mãe Beata de Iemanjá, Conceição Evaristo e Prof Evandro Vieira Ouriques.

Semana 6 (14/04): O Paradigma do Desenvolvimento Humano como orientador da cobertura.
Palestrante: Flávia Oliveira (O Globo)

Semana 7 (28/04): Orçamento nacional: As possibilidades de intervenção e orientação para o social.
Palestrante:
Leonardo Mello (IBASE)

Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, NETCCON/ECO/UFRJ e ANDI

Antônio Góis defende qualificação do profissional que cobre políticas públicas de Educação

Auditório da CPM-ECO, Campus da Praia Vermelha (UFRJ)
Segunda 05/05/2008, e em todas as outras segundas de 2008/1, sempre das 11h às 13h.

“A educação é uma área pouco coberta na imprensa brasileira e o desafio é qualificar o debate para o interesse púbico”, defende o jornalista Antônio Góis da Folha de S. Paulo especializado há mais dez anos em coberturas de educação.

Em sua palestra sobre “A cobertura das políticas públicas na área da Educação no Brasil” que será realizada na próxima segunda-feira, dia 12 de maio, no auditório da Central de Produção Multimídia-CPM na Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, Antônio Góis pretende discutir os mitos de educação a partir de dados numéricos e estatísticas. “Vou mostrar números, e falar sobre o que é cobertura de jornalismo na área de educação, como se trabalha e o espaço que a educação tem recebido no jornal”, ressaltou.

A palestra faz parte do programa da Disciplina e Curso de Extensão de Jornalismo de Políticas Públicas Sociais do NETCCON e da ANDI que reúne alunos de graduação, jornalistas, comunicadores e profissionais de imprensa interessados no tema.

E para cobrir educação, Antônio Góis dá a dica: para quem quer entrar na área tem que conhecer a legislação e entender a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. “As pessoas falam sem olhar os dados, eu tenho essa preocupação de ter informações, pois os números ajudam a trazer um pouco mais de luz à discussão e qualificar o debate”, realçou o jornalista.

Sobre isso, Góis exemplificou: a discussão sobre ciclos na educação, “se é melhor ou não ter reprovação. Na hora de fazer uma matéria, ouve-se geralmente o secretário, o sindicato e um pai, e só”. Mas de acordo com ele, já há pesquisas que comparam o rendimento de alunos que estudam no regime de ciclos e os que não estudam, “e os resultados são similares”. Isso, para Góis, dá margem a muitos argumentos.

Educação é uma área que já tem muitos dados disponíveis, considera, e “os números são bons instrumentos para análise, porém não são provas irrefutáveis”, contrapõe. Para Góis, as pesquisas dão racionalidade ao debate na imprensa. “Eu mexo muito com dados educacionais e estatísticas, mas é preciso ter em mente os limites até onde você consegue informar com esses dados”, alerta.

O jornalista ainda comenta que a dificuldade para cobrir a área da educação deve-se ao “apelo que é menos forte do que outros temas, ela perde para notícias com efeito imediato e nunca vai concorrer com o Ronaldinho ou a alta do dólar”.

Antônio Góis avalia que, em sua maioria, a pauta dos jornais deixa a educação em segundo plano, e isso, para ele, é um reflexo da própria sociedade que deixa a educação em segundo plano. E chama a atenção: “é a eterna discussão entre o interesse do público e o interesse público, pois o jornal tem que tratar o que é de interesse público e ajudar a priorizar os temas mais importantes”. O jornal, argumenta, tem que tentar fazer o interesse público o interesse do público leitor. E a educação, de acordo com Góis, é um tema de grande interesse público, pois tem efeitos indiretos na saúde e na economia, por exemplo.

“Quanto mais escolarizada a população, menor será a mortalidade infantil. Quanto mais escolarizados os pais, melhor é o rendimento dos filhos na escola. E a escolaridade da mulher diminui o número de filhos”, cita.

A educação tem efeito em qualquer tema, considera, porém o que falta é qualificar o debate. “A educação não é um assunto fácil de chamar a atenção para a leitura, o texto tem que ser interessante para o leitor, mas para isso é preciso ter repórteres qualificados na redação”, salientou. “A educação exige muito mais esforço, você precisa brigar pela pauta”.

No entanto, Antônio Góis avalia que houve uma melhora na cobertura sobre a educação. Ele cita a pesquisa anual realizada pela ANDI com os jornais para analisar quais pautas abordam a temática da criança e do adolescente. “E estas pesquisas mostram que houve um aumento expressivo em número de matérias que falam de educação. Tem havido quantidade, mas a gente não resolveu o problema da qualidade. Esse é um problema sério”, afirmou.

E um dos desafios para qualificar o debate na mídia, segundo Góis, é a qualificação do profissional que vai cobrir estes temas. “Tem pouca gente trabalhando exclusivamente para a educação, o que é uma pena”.

Antônio Góis é jornalista da Folha de S. Paulo desde 2000, e cobre há mais de dez anos sobre educação. Ingressou na cobertura desta área no jornal O DIA e atualmente integra a rede de Jornalistas Amigos da Criança.

Esta disciplina, oferecida aos alunos da Universidade e à Sociedade em geral, é resultado do convênio entre o Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, coordenado pelo Prof. Evandro Vieira Ouriques, e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

O Programa Acadêmico do NETCCON visa: Prover a Sociedade, sob a perspectiva das Ciências da Comunicação, com estudos e metodologias de prevenção e superação da violência, que contribuam para o salto de qualidade: (1) na cobertura midiática das Políticas Sociais e em sua gestão pública; (2) nas políticas e estratégias de Comunicação para a Responsabilidade Socioambiental; e (3) no padrão ético ("voz própria" e "vínculo") do trabalho de presença e colaboração nas Redes e Organizações. O NETCCON criou e oferece também a disciplina Comunicação, Construção de Estados Mentais e Não-violência, e está criando a disciplina Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. Maiores informações sobre o NETCCON podem ser obtidas através de evouriques@terra.com.br.

Conheça mais sobre a disciplina aqui:
http://informacao.andi.org.br:8080/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarUniversidade&codigo=6

Palestras a serem realizadas em 2008/1:

Semana 10 (19/05): Cobertura de qualidade em meio à violência estrutural: A força política da não-violência e a responsabilidade dos atores sociais e dos jornalistas.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 11 (26/05): A Questão das Políticas Públicas Sociais e a Mídia Contra-hegemônica.
Palestrante: Paulo Lima (Viração)

Semana 12 (02/06): A Comunicação criada pela Periferia no Rio de Janeiro.
Palestrante: Prof. Augusto Gazir (Observatório de Favelas e ECO.UFRJ)

Semana 13 (09/06): O paradigma dos Direitos da Criança e do Adolescente: A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Palestrante: Wanderlino Nogueira Neto (ABONG)

Semana 14 (16/06): A Mídia e a Questão das Políticas Públicas Sociais no Brasil.
Palestrante:
Guilherme Canela (ANDI)


Semana 15 (23/06)
: O Paradigma da Diversidade Cultural.

Palestrante: Profa. Sílvia Ramos (CESEC)

Semana 16 (30/06): Jornalismo prospectivo e o futuro das políticas públicas sociais como pauta.
Palestrante: Rosa Alegria (NEF-PUC/SP, NETCCON.ECO.UFRJ, Millennium/UNU)

sábado, 10 de maio de 2008

A questão tibetana

Budistas do Brasil se reúnem da Câmara de Vereadores do Rio para se posicionar sobre a violência no Tibet

Do evento será redigida uma Carta Aberta ao governo do Brasil

O Colegiado Buddhista Brasileiro realizará no dia 12 de Maio, às 10 horas, no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro o "Debate Público acerca da Questão Tibetana", juntamente com lideranças budistas brasileiras. O objetivo do evento é reunir as maiores autoridades do budismo no Brasil – além de personalidades budistas e população em geral – para redigir uma Carta Aberta ao governo brasileiro, tratando, principalmente, da questão da violência no Tibet. Muitos tibetanos que vivem no Brasil participarão no anonimato, por medo de que suas famílias sofram retaliações do governo Chinês.


O debate, que tem apoio da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, do Deputado Fernando Gabeira e da vereadora Aspásia Camargo, também tem a finalidade de interligar políticos brasileiros à causa do Dalai Lama. Segundo Maurício Ghigonetto, presidente do Colegiado, "esta é uma oportunidade especial para nos manifestarmos e fazer diferença em favor do oprimido povo tibetano, reforçando a posição do Budismo Brasileiro em prol do exercício da não-violência e da paz, do diálogo entre povos e culturas, e o respeito aos direitos de todos os seres".


De acordo com outro membro da diretoria do Colegiado, o Monge Genshô, que pertence à escola Soto Zen, "aqueles que sentem alguma solidariedade com a causa tibetana, seu milhão e meio de mortos, 6 mil templos e mosteiros incendiados e o genocídio cultural que a China tem executado contra a nação tibetana, tem a oportunidade de se manifestar marcando presença no Debate e somando sua voz em apoio a esta causa". Segundo o Monge Genshô, o Debate é uma oportunidade ímpar, pois é a primeira vez que uma entidade oficial se coloca em favor da causa tibetana. "Lembre que o governo federal se manifestou a favor da China e que nem todos nós brasileiros precisamos concordar com isso e que o Dalai Lama é respeitado e conhecido em nosso meio e merece uma manifestação oficial de postura diferente".


É importante ressaltar que o CBB encaminhou à Embaixada da China e aos membros da representação diplomática da China no Brasil, um convite para que compareçam ao Debate e contribuam com a visão e propostas da China acerca dos esforços do seu governo em colaborar com o diálogo e convívio pacífico entre chineses e tibetanos. De acordo com o convite oficial enviado, o objetivo do debate é apresentar meios e soluções para a valorização dos direitos humanos e o respeito a cultura e fraternidade de todos os seres. "Como praticantes budistas e brasileiros, os membros do Colegiado estão empenhados para colaborar o melhor possível para a melhoria das relações entre Tibet e China, assim como o engrandecimento do diálogo aberto e positivo entre todos os povos", assina o CBB.

O debate é aberto a todos os interessados e simpatizantes com a causa tibetana.


Debate Público sobre a Questão Tibetana

Dia 12 de Maio às 10 Horas

Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro - Palácio Pedro Ernesto - Praça Marechal Floriano, s/n, Cinelândia, Rio de Janeiro.


Sobre o CBB (Colegiado Buddhista Brasileiro)


O Colegiado Buddhista Brasileiro, entidade sem fins lucrativos que surge no Brasil com o objetivo maior de contribuir para a difusão, sustentação e correta orientação dos ensinos de Buddha.


Sendo uma instituição criada e sustentada no respeito e apoio a todas as escolas tradicionais buddhistas, sem distinção, o CBB tem por finalidade fomentar e desenvolver ações para a elevação e progresso do ensino das filosofias buddhistas em todas as suas manifestações legítimas.


O CBB surge sob a égide do correto esforço em prol da tolerância, paz, ética e respeito a todos os seres vivos e à Terra, sua sustentadora. Seus fundadores se comprometem profunda e honestamente a exercer a prática do Dharma, de modo a fomentar cada vez mais a Verdade, Sabedoria e Justiça entre todos os grupos, sociedades, culturas, religiões e crenças saudáveis da humanidade.


O CBB igualmente se compromete a construir pacificamente e de forma apolítica meios e caminhos hábeis para que se possa dirimir a crueldade, ignorância, fanatismo, discriminação e preconceitos no Brasil e no mundo, contribuindo assim para o desenvolvimento da consciência, base para toda transformação real do indivíduo e das sociedades.


O CBB está aberto à participação eventual de todos os praticantes buddhistas, monásticos ou leigos, de todas as escolas. É aberto igualmente à participação de todos os simpatizantes e interessados brasileiros no estudo e aprimoramento do Dharma.


Prof. Maurício Ghigonetto (Shaku Hondaku)

Presidente



Membros Fundadores

Rev. Wagner Bronzeri (Shaku Haku-Shin)

Site Oficial

http://www.honganji.dharmanet.com.br

Rev. Genshô

Escola Soto Zen

www.chalegre.com.br/zendo

Dhammacariya Ricardo Sasaki (Dhanapala)

Site Oficial

http://www.nalanda.org.br/

Prof. Claudio Miklos (Tam Huyen Van)

Site Oficial

http://tamhaovan.multiply.com

Conselho do CBB

Lama Chagdud Khadro

Rev. Rinchen Khyenrab

Rev. Heila Downey (Poep Sa Nim)

Ven. Uttaranyana Sayadaw

Rev. Shaku Sogyo

Rev. Dr.Ricardo Mário Gonçalves

Rev. Sinceridade

Rev. Coen Sensei

________________________

Colegiado Buddhista Brasileiro

http://cbb.bodhimandala.com




- Tam Huyen Van - Prof. Claudio Miklos (Tam Huyen Van) - Nascido em 1962, Claudio Miklos iniciou sua prática no buddhismo aos 17 anos, através da tradição Zen Soto. Participou de retiros e freqüentou locais de prática na região do Rio de Janeiro. Aos 28 anos começou a organizar grupos de estudos sobre o Buddhismo tradicional, sempre na qualidade de praticante zen leigo. Em 1994 viajou à China (Hong Kong) onde realizou uma peregrinação pessoal a diversos templos buddhistas da região do sul da China, com o objetivo de conhecer mais profundamente a tradição espiritual a qual se dedica. A partir de 1996 filiou-se informalmente à escola zen vietnamita - escola do Inter-ser (Tiep Hien) - liderada por Thich Nhat Hanh, cujos ditames e orientações vem seguindo desde então. Em 2001 recebeu, em cerimônia formal ocorria durante um retido de Plena Atenção em Teresópolis e organizado pelo Centro Lótus e coordenado pelos monges Phap An e Phap Ung, da tradição Interser, o Nome de Dharma Tam Huyen Van (Maravilhosa Nuvem do Coração). Atualmente, coordena grupos leigos de estudos buddhistas em Niterói e Rio de Janeiro, e escreve vários artigos sobre a prática buddhista leiga. http://tamhaovan.multiply.com


- Reverendo Petrucio Chalegre (Meihô Gensho) - Monge Genshô iniciou no Dharma através de Tokuda Sensei, em 1973, teve sua investidura leiga em 1992 com o nome de Meihô, sendo ordenado monge na forma limitada de ordenação particular em 1991 pelo próprio Monge Tokuda, após a aposentadoria deste passou para a orientação de Moriyama Roshi, de quem foi professor assistente, até que este também voltou para o Japão em 2005, foi então ordenado oficialmente pelo Sookan da América Latina, Dosho Saikawa Roshi, monge da Soto Zen, dirige centros do Dharma em Florianópolis e Porto Alegre. Na vida leiga dirige uma empresa de consultoria em gestão.


- Dra. Cerys Tramontini, do Rio Grande do Sul, especialista em Direito Humanos, membro do IDDH - Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos, www.iddh.org.br <http://www.iddh.org.br> . Estudou na Vanderbilt University, Estados Unidos, onde desenvolveu projetos sociais. Realizou pesquisa de campo com o povo Tibetano na India, Nepal e Tibete. Foi uma das coordenadoras do livro "Cartilha da Cidadania", módulo mediadores, o qual instrui professores da rede pública sobre Cidadania, Direitos Humanos e Meio-Ambiente. Viajou por diversos países pesquisando fatores históricos e culturais. Possui artigos científicos publicados.


- Flávio Marcondes Velloso, prof. (Guaratinguetá, SP) membro da União Brasileira de Escritores, do Instituto Pimenta Bueno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, da Associação de Direito e Economia Européia da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, professor da Universidade Lusófona de Lisboa, autor de "Tribunal Internacional de Justiça. Caminho para um Nova Comunidade", ISBN 85-86633-42-9 , de "Ensaios Jurídicos. Temas Inéditos", ISBN 85-86633-09-7, compreendendo "Fidelidade Partidária, um Desafio à Democracia do Brasil", "Direito de Ingerência por Razões Humanitárias", "Direito do Mar, Área, Partida para um Novo Direito Internacional", dentre outros escritos e trabalhos realizados, publicados, no Brasil e no exterior.

- Sra. Madel Terezinha Luz, professora titular de Medicina Social da UERJ como representante oficial do Lótus - Centro de Meditação Budista, da Tradição do mestre zen Thich Nhat Hanh.

- Monja Isshin (Kathy Boggs Havens), de Porto Alegre

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Líbano enfrenta mais séria crise desde a Guerra Civil
sexta, 09 de maio de 2008


O complicado processo político no Líbano, combinado com a violência nas ruas e as “manobras desafiadoras das milícias”, impossibilitam o país de estabelecer-se como um Estado soberano e democrático, declarou ontem ao Conselho de Segurança o Enviado Especial das Nações Unidas no Líbano, Terje Roed-Larsen. “As revoltas que começaram no dia 7 de maio no Líbano mostram de maneira trágica que o país enfrenta desafios de uma magnitude inédita desde o fim da Guerra Civil”, afirmou.

O Enviado afirmou também que o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, pede calma e moderação a todas as partes envolvidas, para que seja encontrada uma solução para o conflito e a violência através do diálogo pacífico.

Desde novembro de 2007 o país está sem Presidente, e o processo eleitoral está paralisado. Nos dias 7 e 8 de maio, milícias rivais entraram em confronto nas ruas da capital, Beirute. “O Líbano está, há vários meses, vivendo uma escalada de violência e desordem. A estabilização da situação no país é de interesse não apenas dos libaneses, mas de toda a região”, lembrou Roed-Larsen.

Roed-Larsen é o Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para a implementação da Resolução 1559, que estabelece a realização de eleições presidenciais livres e justas, sem interferência ou influência estrangeira, e o desmantelamento de todas as milícias atuantes no país.

http://rio.unic.org

Frustração cresce com a falta de acesso às vítimas do ciclone em Mianmar
sexta, 09 de maio de 2008


O Sub-Secretário-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenador da Ajuda de Emergência da ONU, John Holmes, expressou seu desapontamento com as dificuldades encontradas para ajudar os habitantes de Mianmar (ex-Birmânia), onde cerca de um milhão e meio de pessoas podem ter sido afetadas pelo recente ciclone Nargis, que deixou centenas de milhares de mortos e desabrigados.

“Há um perigo real de que uma tragédia maior possa acontecer caso não consigamos a ajuda necessária rapidamente”, afirmou. Ele ressaltou que muito ainda precisa ser feito com relação a vistos e leis de imigração para permitir que a ajuda humanitária ingresse no país asiático.

Holmes informou que dois membros da equipe de Coordenação e Avaliação de Desastres das Nações Unidas já chegaram a maior cidade de Mianmar e a mais atingida pela tempestade, Yangon, para coordenar esforços de assistência e socorro junto a autoridades nacionais. No entanto, outros dois membros não foram autorizados a ingressar no país por “razões desconhecidas”.

Com relação à ajuda humanitária, Holmes informou que quatro aviões com mantimentos do Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) chegaram hoje em Yangon. Mais de quarenta toneladas de biscoitos de alta energia já estão disponíveis e serão distribuídos para a população. Além disso, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) deverá enviar três milhões de tabletes de purificação de água, o suficiente para abastecer cerca de 200 mil pessoas por semana.

http://rio.unic.org


Crise mundial de alimentos

O novo relator das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, Olivier de Schutter, pediu a suspensão imediata dos investimentos em biocombustíveis.

Em uma entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal francês Le Monde, De Schutter disse que a busca cega por biocombustíveis está contribuindo para uma crise mundial dos alimentos que ameaça 100 milhões de pessoas nos países mais pobres do mundo.

"As metas ambiciosas para a produção de biocombustíveis estabelecidas pelos Estados Unidos e pela União Européia são irresponsáveis", disse De Schutter. "Estou pedindo o congelamento de todos os investimentos nesse setor."

De Schutter disse que a atual crise dos alimentos é "uma grande violação dos direitos básicos" e pediu a realização de uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU para debater o combate ao aumento dos preços internacionais e a escassez de alimentos.


Informações:
Núcleo de Estudos em Direitos Humanos da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz
www.ensp.fiocruz.br

Meio Ambiente

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), baseados no levantamento do Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter), mostram que o desmatamento na Amazônia sofreu uma redução de 80% no mês de março em comparação a fevereiro de 2008, período em que foi desencadeada a Operação Arco de Fogo, da Polícia Federal.

Desde o início da operação, que se concentra nos Estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia, estes são os primeiros dados a respeito da diminuição do desmatamento. A maior queda ocorreu em Mato Grosso, que obteve 82,4% de redução no índice de devastação de novas áreas dentro do bioma. Até a última quarta (07/05), foram apreendidos 15.500 metros cúbicos de madeira, o correspondente a cerca de 4 mil caminhões, 19 motosserras, 10 armas e 95 veículos. Foram instaurados 124 procedimentos de apuração, presas 86 pessoas e destruídos 830 fornos.

A operação continua nas madeireiras, mas será ampliada para a verificação dos planos de manejo das propriedades rurais das regiões. De acordo com o coordenador nacional da Operação Arco de Fogo, delegado Álvaro Palharini, estão sendo realizados todos os esforços para a liberação dos recursos necessários para a implantação da segunda fase da operação, em que serão instaladas nove bases terrestres e uma fluvial, nas vias de acesso à floresta.

Informações:
Núcleo de Estudos em Direitos Humanos da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz
www.ensp.fiocruz.br

terça-feira, 6 de maio de 2008

Rio de Janeiro lança plano para combater incêndios florestais no estado


6 de Maio de 2008 - 11h17 - Última modificação em 6 de Maio de 2008 - 11h17
Da Agência Brasil


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Rio de Janeiro - Uma parceria entre o governo federal, municípios, Corpo de Bombeiros e Forças Armadas vai permitir o reforço da fiscalização para evitar queimadas e desmatamento em parques e reservas ecológicas do Rio de Janeiro. Com a medida, também será possível impedir o sugimento de favelas em áreas de mata.

As ações fazem parte do primeiro plano para combater incêndios e queimadas em parques, lançado hoje (6) pela Secretaria Estadual do Ambiente. Em dez anos, o estado perdeu 13 mil hectares de florestas com incêndios, o correspondente a três vezes o tamanho da Floresta da Tijuca.

O Rio de Janeiro concentra oito parques estaduais e três reservas ecológicas que, segundo a secretaria, serão monitorados 24 horas.

De acordo com o órgão, serão gastos cerca de R$ 15 milhões com a compra de equipamentos tecnológicos, entre eles um avião de combate a incêndios, para o Corpo de Bombeiros, e um helicóptero, para a Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais.

De acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, o objetivo é realizar um plano preventivo de ação conjunta para impedir o desmatamento.

"Nós estamos lançando o primeiro plano preventivo que cria uma série de mecanismos de defesa e impede queimadas, sobretudo, na estiagem. Esse mecanismo de defesa vai contar com os guarda-parques, bombeiros que vão atuar dentro dos parques", afirmou Minc.

A iniciativa, segundo o secretário, vai integrar órgãos municipais e estaduais em defesa do meio ambiente, o Corpo de Bombeiros, a Marinha e a Aeronáutica.

"Vamos, pela primeira vez, trabalhar integrados. Antes [o trabalho] era feito muito na base do improviso. Conseguimos recursos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano e essa integração vai impedir que esses incêndios consumam um esforço enorme de reflorestamento e preservem o que restou da Mata Atlântica", ressaltou.

De acordo com a secretaria, outra medida que será implantada ainda neste semestre é o Disque-Denúncia Verde, um número de telefone com ligação gratuita para que a população possa denunciar crimes contra o meio ambiente.



Fabíola Ortiz