domingo, 13 de abril de 2008

Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, NETCCON.ECO.UFRJ e ANDI.

Flavia Oliveira trata amanhã do paradigma do Desenvolvimento Humano como orientador da cobertura

Auditório da CPM-ECO, Campus da Praia Vermelha (UFRJ).
Segunda 14/04/2008, e em todas as outras segundas de 2008/1, sempre das 11h às 13h.

O IDH –índice de desenvolvimento humano- é um indicador médio, pois não mostra detalhadamente a realidade, mas pelo menos pode ser considerado uma ferramenta eficaz para cobrar resultados e políticas públicas, argumenta Flávia Oliveira, repórter e colunista do jornal O Globo, especializada em economia.

Em sua palestra, nesta segunda, dia 14, no curso de extensão e disciplina Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, a convite do NETCCON.ECO.UFRJ e da ANDI, Flávia Oliveira vai abordar o paradigma do Desenvolvimento Humanos e o uso dessa ferramenta na cobertura jornalística.

“O IDH sugere parâmetros para medir condições de vida, comparar países, estados, municípios, e é possível em algumas cidades do Brasil, como no Rio de Janeiro, compararmos até bairros”, explicou a jornalista.

“A minha palestra vai ser dividida em dois momentos, primeiro vou abordar uma parte conceitual sobre indicadores e desenvolvimento humano, o que é o IDH e por que ele é usado como referência sócio-econômica”, ressaltou Flávia. De acordo com ela, o IDH é uma medição concreta que ajuda também a cobrar resultados no campo das políticas públicas.

“O bairro da Lagoa, por exemplo, tem um alto IDH, que pode ser comparado ao de países nórdicos como Noruega, Suécia e Dinamarca. Mas há trinta quilômetros de distância, o bairro de Acari no subúrbio apresenta um IDH muito parecido ao de países africanos. Quando a gente vê isso numa mesma cidade, tem alguma coisa errada”, assinalou.

Flávia Oliveira, no entanto, concorda, que esta medição revela a grande disparidade e ajuda a expor as diferenças e desigualdades de uma determinada região. “Esta ferramenta pode ser útil no jornalismo, pois permite justamente esta comparação”, concluiu.


Flávia Oliveira é jornalista do jornal O GLOBO, Amiga da Criança e formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense – UFF. É também técnica em Estatística pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas e exerce voluntariamente a coordenação editorial do jornal comunitário O Cidadão, destinado aos moradores das 16 comunidades do bairro da Maré, no Rio de Janeiro.

O Programa Acadêmico do NETCCON, sob a coordenação do Prof. Dr. Evandro Vieira Ouriques, tem como objetivo prover a Sociedade, sob a perspectiva das Ciências da Comunicação, com estudos e metodologias de prevenção e superação da violência, que contribuam para o salto de qualidade: (1) na cobertura midiática das Políticas Sociais e em sua gestão pública; (2) nas políticas e estratégias de Comunicação para a Responsabilidade Socioambiental; e (3) no padrão ético ("voz própria" e "vínculo") do trabalho de presença e colaboração nas Redes e Organizações. O NETCCON criou e oferece também a disciplina Comunicação, Construção de Estados Mentais e Não-violência, e está criando a disciplina Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. Maiores informações sobre o NETCCON podem ser obtidas através de evouriques@terra.com.br.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Agência Brasil

Estado do Rio de Janeiro registra mais de 75 mil casos de dengue no ano

9 de Abril de 2008 - 20h36
Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Cerca de 75 mil casos de dengue já foram notificados neste ano no estado e somente neste mês são 1.103, informou hoje (9) a Secretaria Estadual de Saúde.

O maior número de notificações está na capital, onde desde o início do ano a doença atinge 45.463 pessoas. Em abril, foram registrados pela Secretaria Municipal de Saúde 569 pacientes com a doença. Em 24 horas, 275 novos casos foram notificados. A média, desde o início do ano, é de 454 novos casos por dia na cidade.

Das 79 mortes confirmadas, 28 foram por dengue hemorrágica. O número de óbitos na capital representa 60% do total (46), acrescenta a secretaria.

O superintendente de Vigilância da Saúde do estado, Victor Berbara, reconheceu que ainda há uma grande demanda nas unidades de saúde, mas afirmou que a tendência é de redução no número de casos.

"Poderia dizer que estamos no ápice da epidemia, embora o número de óbitos esteja diminuindo. Isso gera um bom prognóstico para os próximos dias. Em áreas onde a incidência estava muito alta, de fato, temos notado um decréscimo no número de casos. É preciso manter a mobilização durante o ano inteiro, pois o risco de termos epidemia de dengue em 2009 e 2010 existe", ressaltou.

Para o infectologista Rogério Valls, da Fundação Oswaldo Cruz, a queda de temperatura nesta época do ano pode reduzir a incidência de casos: "A experiência que temos das outras epidemias aponta que a circulação do vírus diminui com a queda da temperatura. E esperamos que as medidas de controle do mosquito transmissor funcionem, porque nos anos anteriores as epidemias estavam associadas à entrada de novos tipos de vírus. Agora, o vírus já é conhecido e está havendo uma grande mobilização da população, por isso não esperamos nova epidemia no próximo verão."

Segundo informações do Corpo de Bombeiros que desde 28 de fevereiro faz vistorias em imóveis e construções para prevenir a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito transmissor, já foram encontrados mais de 148.800 focos. Cerca de 70% deles estão localizados em bairros da Baixada de Jacarepaguá, no Recreio dos Bandeirantes e na Barra da Tijuca, todos na zona oeste da cidade.

Os bombeiros também descobriram que pelo menos 7 mil caixas d'água serviam como foco. As equipes já inspecionaram mais de 150 mil residências, estabelecimentos comerciais e industriais.

Fabíola Ortiz

terça-feira, 8 de abril de 2008

Projeto seleciona adolescentes para treinamento em atletismo


7 de Abril de 2008 - 19h56 - Última modificação em 7 de Abril de 2008 - 19h59
Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Cerca de 500 adolescentes do Rio de Janeiro, com idade entre 13 e 15 anos, serão selecionados para participar do projeto Pentatlo - Federal Atletismo Escolar. Esses jovens irão freqüentar centros de treinamento de talentos a serem implantados pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).


Durante lançamento do programa hoje (7) no Rio de Janeiro, o secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, Djan Madruga, afirmou que o atletismo é a modalidade esportiva mais democrática, pois pode ser praticada por todos.

"O atletismo é o esporte de base porque é o esporte mais fácil de ser praticado pela criança. É uma modalidade que pode ser praticada com os pés descalços no chão, na rua, de uma forma bem democrática e acessível."

Segundo o secretário, o programa quer descobrir novos talentos e preparar os adolescentes para os Jogos Olímpicos da Juventude que serão realizados em 2010.

"O programa de descoberta de talentos vai realizar uma bateria de testes para identificar, em uma população de faixa etária estudantil, quem tem aptidão para a prática esportiva e quem tem a capacidade de desenvolver determinada modalidade. Agora, nós estamos na segunda fase do projeto, que é colocar essas crianças que foram descobertas em prática para fazer atividade física acompanhada", afirmou Madruga.

O presidente da CBAt, Roberto Gesta de Melo, reconheceu a falta investimentos no atletismo no Brasil.

"Nós vamos iniciar com dez estados e esperamos no futuro atingir as 27 unidades da federação e trabalhar para a universalização desse projeto, que ele atinja um número expressivo das escolas nos próximos cinco anos. Com as políticas de incentivo fiscal e patrocínio isso vai mudando. O atletismo, ao lado do futebol, tem sido o esporte que mais tem contribuído para a inserção social porque trata fundamentalmente de jovens oriundos das camadas mais desfavorecidas da população", ressaltou Melo.

O atleta Joaquim Cruz, 45 anos, vai contribuir com o Programa Pentatlo Federal. "Eu cresci no esporte num sistema completamente diferente de hoje, eu tinha a tarde toda na escola para fazer educação física. Hoje não é mais assim, a educação física é integrada na grade escolar, não existe estudante atleta hoje em dia."

"Esse programa é uma opção, é um passo pequeno que pode trazer resultados enormes, e vai ajudar a descobrir novos talentos. É uma ferramenta muito importante tanto na parte social quanto na esportiva", disse Cruz que começou a praticar o esporte aos 7 anos.

Além do Rio de Janeiro, outras dez cidades também vão participar da seleção do projeto, que é realizado pelo Ministério do Esporte, em parceria com a CBAt e as secretarias estaduais de esporte dos estados envolvidos.

No Brasil, cerca de 200 mil jovens serão avaliados. Destes, 5 mil devem ser selecionados para participar dos treinos. O projeto prevê o investimento de aproximadamente R$ 1 milhão. A seleção começará pelo Rio de Janeiro e acontecerá nos próximos dias 26 e 27 de abril na pista do Conjunto Célio de Barros, no Maracanã.

Fabíola Ortiz

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Jornalismo de Políticas Públicas Sociais

Mãe Beata de Iemanjá, Conceição Evaristo e Evandro Vieira Ouriques falam nesta 2a.f. sobre Lições Africanas Não-violentas para a Igualdade na Diversidade Humana

Auditório da CPM-ECO, Campus da Praia Vermelha (UFRJ)

Segunda 07/04/2008, e em todas as outras segundas de 2008/1, sempre das 11h às 13h.

“Nós só vamos respeitar a voz africana quando nós escutarmos a voz africana que fala dentro do nosso peito e dentro da nossa genética, e graças a este ato não-violento, aprendermos com o exemplo de Martin Luther King, com a ação de Mãe Beata de Iemanjá e de Conceição Evaristo, que são exemplos poderosos de resistência e de ação afirmativas não-violentas no Brasil, dados por uma cultura que sempre foi alvo de opressão e desqualificação”.

Esse é o ponto que o Prof Evandro Vieira Ouriques –coordenador do Curso de Extensão Jornalismo de Políticas Públicas Sociais- aprofundará na palestra Lições Africanas para a Igualdade na Diversidade Humana, que fará juntamente com Mãe Beata de Iemonjá e Conceição Evaristo na próxima segunda-feira, como parte da Semana Martin Luther King, promovida pela Associação Palas Athena, com apoio da UNESCO.

E que lições africanas seriam essas? Para o coordenador do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ: “o objetivo é resgatar valores e sistemas ancestrais de comunicação que são usados por esses saberes que podem alavancar as experiências de comunicação. E honrar a questão da matriz africana e da não-violência é um tema que interessa diretamente às políticas públicas sociais”.

O Prof Evandro Ouriques considera que a experiência de comunicação dos povos africanos constitui uma ferramenta social e de relacionamento, e que através de técnicas ancestrais de origem afro é possível lidar com as diferenças. “O que nós precisamos é recuperar com as sociedades ancestrais essa experiência de comunicação. Elas que foram destruídas pelo Ocidente poderoso, vaidoso e falocêntrico têm muito a nos ensinar”, ressaltou.

Mãe Beata de Yemanjá, além de sua indiscutível liderança religiosa e inter-religiosa, “talvez seja no Brasil uma das Mães de Santo que têm a maior liderança histórica em projetos sociais”, assinalou Prof Evandro, ao que soma o fato dela ser, como atesta a escritora Conceição Evaristo, uma das mais importantes escritoras afro-brasileiras pois “em seus livros ela resgata a sabedoria ancestral a partir de contos que vêm direto da oralidade que fala dos arquétipos que integram e dão estrutura ao imaginário africano e afro-brasileiro”. Mãe Beata é um dos co-autores do livro Diálogo entre as Civlizações: a Experiência Brasileira, organizado pelo Professor Evandro em 2003 e publicado pela ONU com apoio da UNESCO e da Palas Athena.

Nascida em 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira do Paraguaçu no Recôncavo Baiano, filha de Exu e Yemanjá, Beatriz Moreira Costa, Mãe Beata, atua há pelo menos vinte anos em frentes sociais e ações afirmativas, em movimentos negros e de diálogo inter-religioso, pelos direitos humanos, contra a discriminação e a intolerância religiosa, a favor da cultura e da paz, pelo direito à educação e à saúde da população negra.

A Comunidade de Terreiro Ilê Omi Ojú Arô -Casa das Águas dos Olhos de Oxossi- comunidade na qual Beata é a sacerdotisa suprema no bairro de Miguel Couto em Nova Iguaçu, tem hoje 23 anos de atividades. Ao longo de sua história de militância, Mãe Beata já recebeu moção honrosa de Resistência da Cultura, Religião, Cidadania e Dignidade da população Afro-brasileira da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro em 1991, além de ter sido Personalidade de Destaque da Comunidade Negra no mesmo ano, e em maio de 2005, a Medalha de Mérito Cívico Afro-brasileiro pela Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares, em São Paulo.

Em sua Comunidade de Terreiro, já sediou muitos encontros sobre Tradição dos Orixás e Religiões Afro-brasileiras, além de participar em projetos sociais como o Ação e Viver que promoveu fóruns de debates sobre cidadania, e no Projeto Comunidade Solidária capacitando profissionalmente jovens carentes da Baixada Fluminense (1999). Desde 2002, Mãe Beata estabelece parcerias com a Ong Criola, que desenvolve projetos para mulheres negras, e com o Projeto Ató Ire de Saúde dos Terreiros, além de outros movimentos voltados para jovens como o Projeto Acelera Jovem em parceria com o Viva-Rio (2004).

Como líder religiosa, Mãe Beata participa ativamente em discussões sobre questões raciais, sociais e políticas, tendo maior atuação nas questões de gênero, com enfoque principal na mulher negra.

De acordo com o pesquisador e intelectual, Evandro Ouriques, a palestra quer trazer à superfície os valores ancestrais que nos permitem, dentro da diversidade, haver mais espaço não só para essa diversidade, mas também garantir espaço para o entendimento das diferenças. “Para que nós sejamos diferentes temos que reconhecer-nos em que somos iguais”, e questiona: “até que ponto de igualdade nós estamos interessados para que a nossa desigualdade possa vigorar, ou seja até que ponto de igualdade precisamos chegar para não nos matarmos uns aos outros? Existe um conjunto de valores de interseção?” E destaca, “é isso o que garante a vinculação social, o espírito público”.

Evandro também ressaltou que um dos objetivos do programa acadêmico do NETCCON é o de resgatar saberes da diáspora, ou seja, saberes que o Ocidente expulsou, como os hindus, os africanos, os indígenas, os eslavos. No caso do Brasil, “é um espanto sintomático que ainda tenhamos racismo”, comenta indignado o Professor Evandro.

Conceição Evaristo é Mestre em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, e doutoranda em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense-UFF. Ela investiga pontos de diálogo entre a literatura brasileira afro-descendente e as literaturas africanas de língua portuguesa. Desde os anos 1990, a escritora entrou no cenário da literatura ao publicar contos e poemas na série Cadernos Negros, uma antologia editada anualmente pelo Quilombhoje de São Paulo, um grupo de escritores afro-brasileiros reunidos desde 1978. Além de participar de eventos no meio acadêmico sobre literatura afro-brasileira, Conceição Evaristo tem marcado a sua presença nos movimentos sociais, e na luta pelas causas dos afro-descendentes. Conceição Evaristo é autora do romance Ponciá Vicêncio, Belo Horizonte, 2003, com uma 2ª edição em 2005.

Ao falar de lições de igualdade, outro nome do espírito público, o Prof. Evandro finaliza: “É isso o que movimenta o espírito das políticas públicas, a não-violência, ou seja, a ampliação do vigor dos direitos humanos, o respeito ao outro que é nosso irmão, nossa irmã. Estamos, na verdade, interagindo e abrindo-nos para que a matriz africana de nossa cultura nos fale de amor, de verdade, de justiça, de bondade, de verdade”.

Esta disciplina, oferecida aos alunos da Universidade e à Sociedade em geral, é resultado do convênio entre o Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, coordenado pelo Prof. Evandro Vieira Ouriques, e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

O Programa Acadêmico do NETCCON dedica-se às relações entre a mídia, a ética e a não-violência (no sentido de luta sem violência), tendo em vista o vigor da experiência de comunicação, da auto-construção da cidadania e da responsabilidade socioambiental na Mídia, na Política e nas organizações. Neste sentido o NETCCON criou e vem oferecendo há três anos consecutivos também a disciplina Construção de Estados Mentais Não-violentos na Mídia.

O Programa Acadêmico do NETCCON: Prover a Sociedade, sob a perspectiva das Ciências da Comunicação, com estudos e metodologias de prevenção e superação da violência, que contribuam para o salto de qualidade: (1) na cobertura midiática das Políticas Sociais e em sua gestão pública; (2) nas políticas e estratégias de Comunicação para a Responsabilidade Socioambiental; e (3) no padrão ético ("voz própria" e "vínculo") do trabalho de presença e colaboração nas Redes e Organizações. O NETCCON criou e oferece também a disciplina Comunicação, Construção de Estados Mentais e Não-violência, e está criando a disciplina Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. Maiores informações sobre o NETCCON podem ser obtidas através de evouriques@terra.com.br.

Conheça mais sobre a disciplina aqui:
http://informacao.andi.org.br:8080/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarUniversidade&codigo=6

Palestras a serem realizadas em 2008/1:

Semana 6 (14/04): O Paradigma do Desenvolvimento Humano como orientador da cobertura.
Palestrante: Flavia Oliveira (O Globo)

Semana 7 (28/04): Orçamento nacional: As possibilidades de intervenção e orientação para o social.
Palestrante: Leonardo Mello (IBASE)

Semana 8 (05/05): O desafio de aumentar a presença das políticas públicas na grande imprensa.
Palestrante: Bia Barbosa (Intervozes)

Semana 9 (12/05): A cobertura das políticas públicas na área da Educação no Brasil.
Palestrante: Antônio Góis (Folha de S. Paulo)

Semana 10 (19/05):Cobertura de qualidade em meio à violência estrutural: A força política da não-violência e a responsabilidade dos atores sociais e dos jornalistas.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 11 (26/05):A Questão das Políticas Públicas Sociais e a Mídia Contra-hegemônica.
Palestrante: Paulo Lima (Viração)

Semana 12 (02/06):A Comunicação criada pela Periferia no Rio de Janeiro.
Palestrante: Prof. Augusto Gazir (Observatório de Favelas e ECO.UFRJ)

Semana 13 (09/06): O paradigma dos Direitos da Criança e do Adolescente: A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Palestrante: Wanderlino Nogueira Neto (ABONG)

Semana 14 (16/06):A Mídia e a Questão das Políticas Públicas Sociais no Brasil.
Palestrante: Guilherme Canela (ANDI)

Semana 15 (23/06):O Paradigma da Diversidade Cultural.
Palestrante:
Profa. Sílvia Ramos (CESEC)

Semana 16 (30/06): Jornalismo prospectivo e o futuro das políticas públicas sociais como pauta.
Palestrante: Rosa Alegria (NEF-PUC/SP, NETCCON.ECO.UFRJ, Millennium/UNU

Palestras já realizadas em 2008/1:

Semana 1 (10/03): Interesse, Poder e Dádiva: a questão do domínio dos estados mentais e da generosidade na positivização da rede de comunicadores-cidadãos.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 2 (17/03): A Violência que Acusa a Violência: a degradação de Si e do Outro através da Mídia.
Palestrante: Prof. Michel Misse (NECVU.IFCS.UFRJ)

Semana 3 (24/03): A Abordagem de Temas Sociais junto a Públicos Não-iniciados: o Caso dos Jornais de Grande Circulação e Distribuição Gratuita.

Palestrante: Prof. José Coelho Sobrinho (USP)

Semana 4 (31/03): A desigualdade social no Brasil e os processos de formulação das políticas públicas sociais compensatórias.
Palestrante: Leonardo Mello (IBASE)

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Canção do festival da TV Cultura de 2005 quando chegou às finais. É um retrato social do Brasil. Foi criada e apresentada antes da tragédia do menino João Hélio, antes da discussão no Congresso sobre maioridade penal e, é também anterior ao "Cansei"!

Veja o link:

http://mais.uol.com.br/view/299yq0eahs14/classe-media-essa-musica-nao-toca-no-radio--040262C4C11326

Jornalismo de Políticas Públicas Sociais

Para Leonardo Mello todo povo é tão ruim quanto a desigualdade que ele tolera, pois isto é submissão

“Todo povo é tão ruim quanto a desigualdade que ele tolera”, afirmou o sociólogo Leonardo Mello –especialista em orçamento público e indicadores sociais, que se despediu nesta segunda do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas-Ibase, onde atuou desde 1991.

“O elemento chave é a desigualdade social, eu sou a favor da desigualdade, sou e sempre fui a favor, e tenho a impressão de que todo mundo é. A dificuldade é de entendermos de que desigualdade estamos falando e de que tipo”, ressaltou o sociólogo em sua palestra nesta segunda-feira, dia 31, ao abordar o tema A desigualdade social no Brasil e os processos de formulação das políticas públicas sociais compensatórias, na Disciplina e Curso de Extensão Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, uma realização do Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, em parceria com a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

Leonardo Mello parte do princípio de que a desigualdade no Brasil não permite que as pessoas vivam plenamente. Para ele, são fatores muito difíceis de medir a desigualdade e é preciso estar atento à mudança de paradigma entre a desigualdade baseada em um juízo de valor e uma atenção diferenciada por parte do Estado.

“O que me incomoda é a ausência dos direitos. A nossa desigualdade não é da tolerância, é da submissão e não do respeito. Este debate sobre a percepção da desigualdade e do que foge à norma, é um objeto de juízo de valor”, discute. E ainda acrescenta, “junto a isso, tem a nossa especificidade, pois a persistência e a brutalidade da desigualdade no Brasil atingem um grande número de pessoas que não têm direito a nada”.

O especialista se questiona: “Conseguimos perceber as desigualdades? Talvez a gente não se sinta igual o tempo todo”. Ele explica que ao longo da vida nós aprendemos a visualizar as desigualdades, porém “algumas nós toleramos e outras nós reprimimos”, e citou exemplos como a desigualdade de sexo entre homens e mulheres e de faixa etária.

E insiste: “Qual desigualdade é tolerável? Eu tenho a impressão de que durante a educação na nossa infância, nós fomos treinados a nos afastarmos das pessoas que são socialmente inferiores a nós e a nos aproximar a quem é socialmente superior”, isto de acordo com o sociólogo é onde ocorre a imposição de juízos de valor sobre a constatação da desigualdade. “Se alguém é assaltado no Leblon é notícia de capa no jornal, mas quem é assaltado no subúrbio não é notícia porque isso é normal”.

Leonardo Mello reconhece que há racismo no Brasil, “mas como é possível haver racismo num lugar onde supostamente não há racistas? Procure um no Brasil, é difícil. O ‘você sabe com que está falando’ é outra forma de interagir com a desigualdade”. Ele citou ainda a questão da diferença de renda no debate sobre a pobreza. Um dos indicadores para falar de desigualdade é a renda, tenta-se medir a desigualdade calculando o quanto ganham os 10% que recebem mais, e os 40% mais pobres – esta medida seria universal e comparável a outras sociedades capitalistas. “O Brasil é o campeão das desigualdades, mas nós temos instituições que medem com indicadores, avaliam e comparam os resultados com outros países. Certamente, há países africanos com mais desigualdade que o Brasil, mas não há ninguém para medir”, disse.

O sociólogo trouxe também informações sobre estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-IPEA que mostram que 30% da população brasileira é tida como pobre. Como explicar a persistência de dados tão ruins da nossa realidade social? E ainda critica, “a desigualdade social no Brasil se manifesta em muitas esferas ao mesmo tempo, no acesso ao saneamento, no nível de escolaridade e na qualidade do ensino. Isso nos leva a máxima de que no Brasil não basta ser pobre, mas tem que sofrer. Em todas as esferas de nossa vida é tudo um pouco piorado quando se é mais pobre, ou quando se é mais desigual”.

Os dados sobre desigualdades são abundantes, segundo Mello, “o meu ponto exato é a percepção da desigualdade que é aceitável, nós não temos interesse na realidade social”. Para ele, as políticas públicas são processos, há pouco tempo algumas agendas políticas eram menosprezadas a exemplo da população negra, do portador de deficiência, das questões que envolvem o meio-ambiente.

“Falta um meio-termo quando a gente discute a desigualdade, ou encara-se todo mundo igual, ou transforma-se tudo em gueto”. Ele se pergunta: “que dispositivos nos levam a nos interessarmos pelas desigualdades e pela formulação de políticas públicas compensatórias? Na hora que a sociedade desperta para o tema, é a hora que as políticas públicas são formuladas. Nós temos a percepção de quando a gente discute desigualdade, estamos discutindo pessoas que não são normais. Gostamos de nos ver enquanto norma, e reprimir os que têm um comportamento desviante”.

Mas para o pesquisador, o perigoso é achar que o outro está sempre à margem. “A nossa desigualdade não é da tolerância e do respeito aos direitos, é da submissão. A questão é olhar o outro como se olhássemos a nós mesmos”, ressaltou.

A democracia, considerou Leonardo Mello, é fruto do diálogo e não da força, e o diálogo é baseado em argumentos. “O que importa para mim é a formação deste olhar, a igualdade e o respeito às diferenças”. E para o jornalista é importante ter argumentos e a percepção dos fatos, “aonde tem um fato relevante para ser apurado, aonde você toca as pessoas, isto é a percepção pública”. Para Mello, o essencial é apurar bem, contextualizar e produzir argumentos.

Uma forma de falar em políticas públicas é discutir orçamento público. Este é o tema da palestra que Leonardo Mello dará na Disciplina e Curso de Extensão de Jornalismo de Políticas Públicas Sociais do NETCCON e da ANDI, em Orçamento nacional: As possibilidades de intervenção e orientação para o social, no dia 28 de abril no auditório da Central de Produção Multimídia da Escola de Comunicação da UFRJ.

O orçamento público, adiantou o sociólogo, é uma lei autorizativa, isto é, “ela autoriza a pôr em prática um projeto e não obriga, como seria no caso de uma lei mandatória. Nos EUA, por exemplo, o orçamento público é mandatório, lá você tem que fazer”, explicou. O orçamento público ainda é uma política pré-pública, e a sociedade não tem sensibilidade para participar do processo de formulação de políticas públicas. Mello citou o sociólogo e também ativista dos direitos humanos Betinho, fundador do Ibase, ao fazer a provocação para o público de 80 pessoas presentes em sua palestra, que “se a educação é prioridade e não gastarmos na educação, isso é demagogia”.

Para Leonardo, o mercado tem como função promover a desigualdade pois é movido pela lógica da produção do lucro. “Mas essa não deveria ser a função do Estado. O Estado não pode promover a desigualdade, ele foi apropriado por setores que promovem a desigualdade no setor público. Aí não funciona mesmo. Existem exemplos de desigualdades de baixo de nossos narizes, como o grande número de assassinatos em favelas, as desigualdades no acesso à cultura. O que me incomoda é a apropriação de dinheiro público”, considerou.

Por que então pensar em políticas públicas compensatórias? Mello responde: “primeiro pelo grau de desigualdade que a nossa sociedade vive, não é razoável nem em renda, nem em salário ou em educação. Se as empresas promovem as desigualdades, está tudo bem. O Estado é que não pode fazer isso. Quando ele não coloca o dinheiro no lugar mais adequado e pensa qual política é mais ou menos compensatória. O problema da questão da desigualdade é que não há compensação. A política compensatória é função precípua do Estado. O conceito de público é para todo mundo, universal, mas não há dinheiro para fazer para todos, então, política pública é tudo que atende a todos”.

Para Mello, a política compensatória está associada a políticas sociais e “a idéia de compensatória está em recompor a noção de equilíbrio e de direito”. E afirma que o essencial é sermos parte da equação do problema e da solução. “Todos nós, em diferentes etapas da vida, temos uma certa carência. O Estado não tem dinheiro para dar tudo o que a gente quer. A sociedade que temos é uma média da sociedade que todos nós queremos. E a política pública, portanto, é fruto dos nossos desejos que são compartilhados socialmente”.

Mestrando em Estatística pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), com especialização na Lyndon Johnson School of Public Affairs da Universidade do Texas em Austin, e graduação em sociologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Leonardo Mello está desde 1991 no Ibase e, atualmente, trabalha na área de metodologia de pesquisas e indicadores.

Esta disciplina, oferecida aos alunos da Universidade e à Sociedade em geral, é resultado do convênio entre o Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, coordenado pelo Prof. Evandro Vieira Ouriques, e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

O Programa Acadêmico do NETCCON dedica-se às relações entre a mídia, a ética e a não-violência (no sentido de luta sem violência), tendo em vista o vigor da experiência de comunicação, da auto-construção da cidadania e da responsabilidade socioambiental na Mídia, na Política e nas organizações. Neste sentido o NETCCON criou e vem oferecendo há três anos consecutivos também a disciplina Construção de Estados Mentais Não-violentos na Mídia.

O Programa Acadêmico do NETCCON visa: Prover a Sociedade, sob a perspectiva das Ciências da Comunicação, com estudos e metodologias de prevenção e superação da violência, que contribuam para o salto de qualidade: (1) na cobertura midiática das Políticas Sociais e em sua gestão pública; (2) nas políticas e estratégias de Comunicação para a Responsabilidade Socioambiental; e (3) no padrão ético ("voz própria" e "vínculo") do trabalho de presença e colaboração nas Redes e Organizações. O NETCCON criou e oferece também a disciplina Comunicação, Construção de Estados Mentais e Não-violência, e está criando a disciplina Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. Maiores informações sobre o NETCCON podem ser obtidas através de evouriques@terra.com.br.

Conheça mais sobre a disciplina aqui:
http://informacao.andi.org.br:8080/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarUniversidade&codigo=6

Palestras a serem realizadas em 2008/1:

Semana 5 (07/04):
Lições Africanas para a Igualdade na Diversidade Humana: a questão da não-violência.
Palestrantes: Mãe Beata de Iemanjá, Conceição Evaristo e Prof Evandro Vieira Ouriques.

Semana 6 (14/04): O Paradigma do Desenvolvimento Humano como orientador da cobertura.
Palestrante: Flavia Oliveira (O Globo)

Semana 7 (28/04): Orçamento nacional: As possibilidades de intervenção e orientação para o social.
Palestrante: Leonardo Mello (IBASE)

Semana 8 (05/05): O desafio de aumentar a presença das políticas públicas na grande imprensa.
Palestrante: Bia Barbosa (Intervozes)

Semana 9 (12/05): A cobertura das políticas públicas na área da Educação no Brasil.
Palestrante: Antônio Góis (Folha de S. Paulo)

Semana 10 (19/05): Cobertura de qualidade em meio à violência estrutural: A força política da não-violência e a responsabilidade dos atores sociais e dos jornalistas.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 11 (26/05): A Questão das Políticas Públicas Sociais e a Mídia Contra-hegemônica.
Palestrante: Paulo Lima (Viração)

Semana 12 (02/06): A Comunicação criada pela Periferia no Rio de Janeiro.
Palestrante: Prof. Augusto Gazir (Observatório de Favelas e ECO.UFRJ)

Semana 13 (09/06): O paradigma dos Direitos da Criança e do Adolescente: A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Palestrante: Wanderlino Nogueira Neto (ABONG)

Semana 14 (16/06): A Mídia e a Questão das Políticas Públicas Sociais no Brasil.
Palestrante: Guilherme Canela (ANDI)

Semana 15 (23/06): O Paradigma da Diversidade Cultural.
Palestrante:
Profa. Sílvia Ramos (CESEC)

Semana 16 (30/06): Jornalismo prospectivo e o futuro das políticas públicas sociais como pauta.
Palestrante: Rosa Alegria (NEF-PUC/SP, NETCCON.ECO.UFRJ, Millennium/UNU)

Palestras já realizadas em 2008/1:

Semana 1 (10/03): Interesse, Poder e Dádiva: a questão do domínio dos estados mentais e da generosidade na positivização da rede de comunicadores-cidadãos.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 2 (17/03): A Violência que Acusa a Violência: a degradação de Si e do Outro através da Mídia.
Palestrante: Prof. Michel Misse (NECVU.IFCS.UFRJ)

Semana 3 (24/03): A Abordagem de Temas Sociais junto a Públicos Não-iniciados: o Caso dos Jornais de Grande Circulação e Distribuição Gratuita.
Palestrante: Prof. José Coelho Sobrinho
(USP)

Fabíola Ortiz

terça-feira, 1 de abril de 2008

POLÍTICAS SOCIAIS

A mídia contra a acumulação social da violência no Rio
Por Fabíola Ortiz em 1/4/2008


"O que nós hoje compreendemos como violência urbana é um fenômeno especificamente brasileiro. A violência no Rio de Janeiro é resultado de uma acumulação social da qual participam vários atores, entre eles a mídia", afirmou o professor dr. Michel Misse, coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU/IFCS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em sua palestra na disciplina e curso de extensão de Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, no dia 17/03, uma realização do NETCCON.ECO.UFRJ e da ANDI sob a coordenação do professor Evandro Vieira Ouriques.

Leia no link:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=479CID004

sexta-feira, 28 de março de 2008

Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, NETCCON.ECO.UFRJ:

Coelho Sobrinho afirma que a intenção do jornalista precisa ser guiada pela ética, pois seu compromisso maior é com a Sociedade e não com a empresa

Para o Prof. José Coelho Sobrinho –doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo-USP, o fazer jornalístico, como diz Carlos Chaparro, está na esfera do interesse público e tem uma função social: “se a intenção controla conscientemente o fazer, e se a ação –como acontece com o jornalismo– está na esfera do interesse público, então intenção impõe o caráter moral ao fazer, e esse caráter moral, determinante da natureza e do desenvolvimento da ação, deve estar conectado a um princípio ético orientador– sem o que a ação jornalística não cumprirá a contento sua função social. Os comportamentos e as ações sociais derivadas dos atos comunicativos do jornalismo realimentam o processo social, provocando transformações nos cenários da atualidade e da ordenação ética e moral da sociedade”.

“Falar da natureza, não altera a natureza; falar do homem altera o homem”. “A informação tem valor jornalístico quando produz alterações significativas na realidade presente das pessoas”. Foi com estas citações de Norbert Wiener e Manuel Carlos Chaparro que o Prof. José Coelho Sobrinho, coordenador na USP de uma disciplina irmã da Jornalismo de Políticas Públicas Sociais oferecida pelo NETCCON/UFRJ em convênio com a ANDI– deu início a mais uma palestra no dia 24 (segunda-feira), no auditório da Central de Produção Multimídia (CPM) na Escola de Comunicação da UFRJ, para um público de mais de 90 pessoas.

Prof. Coelho defende o conceito de jornalismo como um direito do cidadão: “O jornalismo não é meramente uma profissão, ele é um direito fundamental do cidadão”, e trabalhou em sua palestra uma avaliação teórica do que é o fato jornalístico e a pesquisa empírica de dois jornais de circulação gratuita em São Paulo, Destak e Metro, que têm, respectivamente, uma circulação diária de 200 mil e 150 mil exemplares.

O fato jornalístico, como entende Coelho, é um encadeamento de ações que se relacionam e interagem entre si: “O fato para o jornalismo é uma informação escolhida intencionalmente pelo jornalista por ser de interesse de seu público”, e isto é muita responsabilidade, pois, como mostra o conceito de agenda setting,as pessoas agendam seus assuntos e suas conversas em função do que a mídia veicula”.

Os fatos, para o professor são recortados e construídos obedecendo a determinações ao mesmo tempo objetivas e subjetivas. Citando Genro Filho, “a objetividade oferece uma multidão infinita de aspectos, nuances, dimensões e combinações possíveis de serem selecionadas. O conceito de fato, porém, implica a percepção social dessa objetividade. Os fatos jornalísticos são um recorte do fluxo contínuo, uma parte que, em certa medida, é separada arbitrariamente do todo”.

“Para a gente, o fato é o que está ocorrendo agora, é um encadeamento de ações que se relacionam e interagem. O fato tem um contexto que é importante para o jornalista, ele deve estar conectado com o principio ético”, destacou Sobrinho. Para ele, o jornalista deve cumprir a sua ação social – ele é um “agente transformador da informação em fato jornalístico” e está, insistiu muito, na esfera do interesse público, do “interesse do seu público”.

Coelho Sobrinho realiza uma distinção entre a natureza e a forma do jornalismo para entender a sua verdadeira essência – é preciso fazer uma “discussão da prática do jornalismo, pois o seu exercício tem sido analisado de forma equivocada”, disse o especialista. E ainda acrescenta: “antes da profissão você tem um compromisso com o seu público e não com a empresa. O jornalismo se alimenta de conhecimentos que devem ser informados, e isso é o que forma o tecido social. O jornalismo se usa de determinados parâmetros para produzir alterações significativas, não existe jornalismo se você não tem a intenção de fazer com que a sociedade mude. O jornalismo não é a determinação do patrão. Nós fazemos parte daquilo que é público. Por isso, há uma grande distância entre ser um jornalista e um profissional de comunicação”.

Sobrinho admite que “o que deve ser publicado obedece a critérios de publicação jornalísticas, e é neste momento que o jornalista exerce o seu maior poder: o de decidir”. Segundo o especialista, “o jornal é uma atividade, um elemento ligado ao interesse público. Não existe objetividade nem do repórter nem do jornalismo. O jornal nos impõe limites, mas dentro deles o jornalista tem que ser criativo. A pauta é início da edição em que os fatos deverão se tornar jornalísticos”, e se questiona: “se o dono do jornal não é objetivo, como ele quer que o jornalista o seja?”.

Em sua pesquisa que analisou dois jornais de distribuição gratuita, Destak e Metro, para as classes A e B em São Paulo, o Prof Coelho Sobrinho subdividiu as matérias em 18 categorias, entre elas as que falavam sobre comportamento, ciência e tecnologia, direitos humanos e trabalhistas, educação, economia e finanças, ecologia e meio ambiente, entretenimento e cultura, segurança, política, saúde, justiça e turismo. De acordo com a análise os temas mais abordados no primeiro jornal Destak foram catástrofes e desastres (CD), cultura e espetáculos (CE), economia e finanças (EF), esportes (ES) e serviço público (SP). Já os assuntos menos abordados, que tiveram um índice muito baixo de matérias foram sobre ciência e tecnologia (CT), direitos humanos e trabalhistas (DH e DT), educação (ED), ecologia e meio ambiente (EM), saúde (AS), turismo (TU) e justiça (JU).

Os resultados da análise do jornal Metro que também concorre com o mesmo público-alvo do Destak se assemelham em alguns pontos, mas divergem em outros. Nos temas mais abordados estão em primeiro lugar esporte (ES), seguido de entretenimento (EN), economia e finanças (EF) e política (PO). Matérias como polícia e segurança (PS), serviço público (SP), cultura e espetáculos (CE) e comportamento (CO) já não são tão comuns, mas ainda figuram em um patamar mediano. Os temas muito raramente abordados são: justiça (JU), tempo (TE), turismo (TU), educação (ED), saúde (SA), direitos humanos (DH), ciência e tecnologia (CT) e catástrofes e desastres (CD). E por último, direitos trabalhistas (DT) que quase nunca é um assunto em pauta.

O Prof Evandro Vieira Ouriques, coordenador da disciplina e curso de extensão de Jornalismo de Políticas Públicas Sociais na UFRJ, também está de acordo com o pensamento do Prof José Coelho Sobrinho e questiona o papel do jornalista: “se você não é um comunicador-cidadão, conceito que precisei cunhar para tratar deste assunto tão decisivo, como é possível ser um jornalista e um comunicador que trabalha com políticas públicas sociais? O jornalista precisa optar por ter um jornalismo mais amplo. O que há não é uma comunicação-cidadã, há simplesmente uma contribuição para a causação circular da violência”, destacou ao relembrar a palestra do Prof. Misse (no dia 17 de março) quando o especialista em conflito e violência urbana afirmou que a violência no Rio de Janeiro é resultado de uma acumulação social da qual participam vários atores, entre eles a mídia.*Esta disciplina, oferecida aos alunos da Universidade e à Sociedade em geral, é resultado do convênio entre o Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, coordenado pelo Prof. Evandro Vieira Ouriques, e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

O Programa Acadêmico do NETCCON dedica-se às relações entre a mídia, a ética e a não-violência (no sentido de luta sem violência), tendo em vista o vigor da experiência de comunicação, da auto-construção da cidadania e da responsabilidade socioambiental na Mídia, na Política e nas organizações. Neste sentido o NETCCON criou e vem oferecendo há três anos consecutivos também a disciplina Construção de Estados Mentais Não-violentos na Mídia.

O Programa Acadêmico do NETCCON: Prover a Sociedade, sob a perspectiva das Ciências da Comunicação, com estudos e metodologias de prevenção e superação da violência, que contribuam para o salto de qualidade: (1) na cobertura midiática das Políticas Sociais e em sua gestão pública; (2) nas políticas e estratégias de Comunicação para a Responsabilidade Socioambiental; e (3) no padrão ético ("voz própria" e "vínculo") do trabalho de presença e colaboração nas Redes e Organizações. O NETCCON criou e oferece também a disciplina Comunicação, Construção de Estados Mentais e Não-violência, e está criando a disciplina Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. Maiores informações sobre o NETCCON podem ser obtidas através de evouriques@terra.com.br.

Conheça mais sobre a disciplina aqui:
http://informacao.andi.org.br:8080/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarUniversidade&codigo=6

Palestras a serem realizadas em 2008/1:


Semana 5 (07/04):
Lições Africanas para a Igualdade na Diversidade Humana: a questão da não-violência.
Palestrantes: Mãe Beata de Iemanjá, Conceição Evaristo e Prof Evandro Vieira Ouriques.

Semana 6 (14/04): O Paradigma do Desenvolvimento Humano como orientador da cobertura.
Palestrante: Flavia Oliveira (O Globo)

Semana 7 (28/04): Orçamento nacional: As possibilidades de intervenção e orientação para o social.
Palestrante: Leonardo Mello (IBASE)

Semana 8 (05/05): O desafio de aumentar a presença das políticas públicas na grande imprensa.
Palestrante: Bia Barbosa (Intervozes)

Semana 9 (12/05): A cobertura das políticas públicas na área da Educação no Brasil.
Palestrante: Antônio Góis (Folha de S. Paulo)

Semana 10 (19/05): Cobertura de qualidade em meio à violência estrutural: A força política da não-violência e a responsabilidade dos atores sociais e dos jornalistas.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 11 (26/05): A Questão das Políticas Públicas Sociais e a Mídia Contra-hegemônica.
Palestrante: Paulo Lima (Viração)

Semana 12 (02/06): A Comunicação criada pela Periferia no Rio de Janeiro.
Palestrante: Prof. Augusto Gazir (Observatório de Favelas e ECO.UFRJ)

Semana 13 (09/06): O paradigma dos Direitos da Criança e do Adolescente: A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Palestrante: Wanderlino Nogueira Neto (ABONG)

Semana 14 (16/06): A Mídia e a Questão das Políticas Públicas Sociais no Brasil.
Palestrante: Guilherme Canela (ANDI)

Semana 15 (23/06): O Paradigma da Diversidade Cultural.
Palestrante:
Profa. Sílvia Ramos (CESEC)

Semana 16 (30/06): Jornalismo prospectivo e o futuro das políticas públicas sociais como pauta.
Palestrante: Rosa Alegria (NEF-PUC/SP, NETCCON.ECO.UFRJ, Millennium/UNU)

Palestras já realizadas em 2008/1:

Semana 1 (10/03): Interesse, Poder e Dádiva: a questão do domínio dos estados mentais e da generosidade na positivização da rede de comunicadores-cidadãos.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 2 (17/03): A Violência que Acusa a Violência: a degradação de Si e do Outro através da Mídia.
Palestrante: Prof. Michel Misse (NECVU.IFCS.UFRJ)

Semana 3 (24/03): A Abordagem de Temas Sociais junto a Públicos Não-iniciados: o Caso dos Jornais de Grande Circulação e Distribuição Gratuita.
Palestrante:
Prof. José Coelho Sobrinho
(USP)

FNDC

Terrorismo midiático contra governos populares é debatido

26/03/2008 |
Redação
Agência Adital

Enquanto a Sociedade Interamericana de Imprensa se reúne para tratar de temas como liberdade de imprensa, tópico até então questionável em tempos onde cada vez mais os grupos de comunicação se impõem como poderes institucionais, Caracas também abrigará um encontro para debater um tema bastante urgente: o terrorismo midiático. Essa é a proposta do "I Encontro Latino-americano contra o terrorismo midiático" que começa na próxima sexta-feira (28). Jornalistas de 14 países latino-americanos devem participar.

O evento acontecerá no Centro de Estudos Latino-americanos Rómulo Gallegos (Celarg). Para Hugo Chávez, presidente da Venezuela, este é um tema que precisa ser amplamente discutido, "pois o terrorismo midiático utiliza seus meios, para gerar guerra, violência, temor e angústia nos povos".

Em entrevista a televisão estatal venezuelana, o Ministro de Comunicação e Informação, Andrés Izarra, disse que o problema do terrorismo midiático é enfrentado diariamente pelos governos progressistas da Venezuela, da Bolívia e do Equador.

Como exemplo, ele citou o acirramento diplomático envolvendo a Colômbia, Equador e Venezuela, quando da invasão de tropas colombianas em território equatoriano que resultou na morte de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (FARC-EP). Jornais como o El País (espanhol), e El Tiempo (colombiano) tentaram relacionar o governo liderado por Rafael Correa com a guerrilha.

A "ditadura midiática" também será rechaçada numa marcha, programada para o dia 28, às 15h. A atividade também denunciará as ofensivas das SIP contra a Venezuela.

Para o diretor da Agência Bolivariana de Notícias (ABN), Freddy Fernández, a SIP tem sido "a ponta de lança da estratégia de dominação que pretendem Estados Unidos sobre o continente". A SIP defende os interesses dos oligopólios de comunicação, e se põe sempre a favor dos poderes conservadores, enquanto faz campanha pesada contra os governos democráticos e populares.

Entre os temas a serem discutidos no Encontro sobre o terrorismo midiático, está "Venezuela sob fogo midiático", no qual especialistas explicarão no que consiste o ataque contra Venezuela, como se organiza e qual foi o papel desempenhado pelos diferentes meios em todo o mundo.

No encontro da SIP - que será realizado no Caracas Palace Hotel -, para o qual o presidente venezuelano também foi convidado, será discutida a liberdade de imprensa nas Américas, além dos aspectos econômicos, éticos e profissionais dos jornalistas.

Em um relatório de forte teor político, sobre liberdade de imprensa na Venezuela em 2007, a SIP disse que o governo tenta suprimir "definitivamente" a liberdade de expressão e informação de jornalistas e meios de comunicação independentes. Segundo a entidade, o governo tenta controlar todos os poderes do Estado.

A Lei de Responsabilidade Social em Rádio e Televisão é vista pela SIP como uma tentativa de controlar o conteúdo dos meios rádio-eletrônicos independentes. O relatório criticou ainda o fechamento, em 27 de maio do ano passado, da Rádio Caracas Televisão (RCTV) e a não concessão de novas freqüências de transmissão à rede Globovisión. Em relação à liberdade dos jornalistas, a SIP denunciou perseguições, ameaças e até mortes.

http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=238391

quinta-feira, 27 de março de 2008

Pesquisas do ISP terão foco nas instituições policiais

ENTREVISTA/Ten. Cel. Mario Sergio Brito Duarte

A troca, em fevereiro, de uma antropóloga por um policial militar de perfil operacional no comando do Instituto de Segurança Pública, o órgão de pesquisas da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, deixou apreensiva a comunidade acadêmica. A preocupação se agravou pelo atraso da divulgação dos dados criminais e da sua precariedade nos últimos meses.

Em carta aberta ao governador Sérgio Cabral e ao secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, pesquisadores da área de segurança pública do Rio de Janeiro expuseram sua preocupação com a continuidade dos projetos e a manutenção e o aperfeiçoamento da coleta e divulgação sistemática dos dados criminais. Na carta, eles pediram para serem convidados para uma reunião com a nova direção do Instituto de Segurança Pública. Foram atendidos.

Em 6 de março, dez pesquisadores encontraram-se com o secretário Beltrame e o atual diretor do ISP, tenente coronel Mario Sergio de Brito Duarte, e obtiveram deles respostas positivas: o compromisso de publicação mensal dos dados; a garantia de finalização dos projetos iniciados e o acesso aos microdados a partir de demandas específicas de projetos. Os gestores também se mostraram simpáticos à idéia de criação de um conselho para fazer a ponte entre a direção do ISP e a comunidade acadêmica.

Segundo o tenente coronel Robson Rodrigues da Silva, vice-presidente do ISP, o Instituto vai priorizar três temas – homicídios, roubo de veículos e crimes de rua, que são roubo a transeuntes, roubo a coletivo e roubo de celular. E os pesquisadores já podem enviar suas propostas de projetos. “Os que melhor se enquadrarem nas nossas prioridades serão mais rapidamente aproveitados, o que não exclui os outros, que apoiaremos dentro das nossas possibilidades”, contou.

No dia 19, o ISP convocou a imprensa para divulgar o balanço da criminalidade em 2007 em relação a 2006. Na ocasião, Beltrame defendeu o financiamento de pesquisas através de convênios com órgãos de fomento, como a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), e com instituições de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que está desenhando um projeto de modernização dos batalhões do Rio.

Na terceira entrevista da série "O que eles pensam", o Comunidade Segura ouviu o novo diretor-presidente, tenente coronel Mario Sergio de Brito Duarte. Profissional da área operacional, Mario Sergio já comandou o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Batalhão da Maré, a Academia de Polícia e estava na Superintendência de Planejamento Operacional quando foi chamado para dirigir o Instituto.

(...)

Como profissional da área operacional, como foi o seu início à frente do ISP?

Ten. Cel. Mario Sergio: Houve uma certa especulação até antes mesmo da minha de eu assumir o cargo de diretor presidente do ISP no sentido de que traríamos problemas não só para o campo de pesquisa mas como para a divulgação dos nossos números. Falou-se até em alguma maquiagem e sonegação de informações. Esta reunião que estamos fazendo é um exemplo claro do contrário, de que estamos querendo dar celeridade e transparência na exibição.

(...)

Como será a política de pesquisa do ISP?

Ten. Cel. Mario Sergio: É claro que vamos dar continuidade às pesquisas. O que acontece é que queremos ter um espectro maior no campo das pesquisas. O ISP abriu excelentes janelas com o apoio das ciências sociais, mas queremos abrir também para outras ciências, que acreditamos que poderão trazer considerações importantes para a segurança pública como a epidemiologia, o serviço social, a geografia, com a cartografia, profissionais do direito, da administração. Queremos abrir novas janelas, mantendo aquelas que foram abertas, ampliar o campo de pesquisa e não reduzir.

Quais serão as prioridades na área de pesquisa?

Ten. Cel. Robson: A Coordenadoria de Pesquisas e Produtos vai priorizar três temas – homicídios, roubo de veículos e crimes de rua, que são roubo a transeuntes, roubo a coletivo e roubo de celular. Criamos carteiras em que analistas investigarão em maior profundidade esse tipo de delito, para verificar padrões e modos operandi. O ISP vai funcionar como suporte para as polícias operarem, com as pesquisas focadas nesses crimes.

Como ficam os projetos que já estavam iniciados?

Ten. Cel. Mario Sergio: Não existe nenhuma hipótese dessas pesquisas serem prejudicadas. Nosso objetivo é abrir o leque de considerações. Não vamos deixar de ter o olhar nas ciências sociais, nem deixar de ter interfaces com pesquisadores dessas áreas. O ISP não vai limitar ninguém, não vamos criar segregações, sectarismos. Queremos ampliar, e não segregar. Temos um número bom de projetos realizados por diversas instituições de ensino e pesquisa do Rio que foram iniciados na gestão anterior e que serão concluídos. São projetos desenvolvidos por pesquisadores sérios, competentes. Não haverá interrupção.

(...)

Quais os assuntos de maior interesse?

Ten. Cel. Mario Sergio: Temos as instituições policiais como foco. A partir daí vamos ver os assuntos que serão tratados. Alguns delitos causam um prejuízo muito grande a partir da difusão do medo, como roubo de veículos. Temos carteiras para trabalhos que visam identificar, mapear e geo-referenciar esses delitos para que as corporações policiais tenham maior facilidade para fazer prevenção e repressão. Vamos trabalhar a questão do roubo, que está crescendo, por conseqüência de um investimento maior no crime com um emprego de inteligência maior, que são os crimes de quadrilha. Nossa tese é de que com um direcionamento muito grande para desarticular as quadrilhas, os crimes acabam pulverizados e aumenta o número de delitos de rua.

Leia mais:
http://www.comunidadesegura.org/?q=pt/node/38660

Leonardo Mello fala sobre desigualdade social e formulação de políticas públicas compensatórias nesta 2a.f. em Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, uma
realização NETCCON/ECO/UFRJ e ANDI.

Auditório da CPM-ECO, Campus da Praia Vermelha (UFRJ)
Segunda 31/03/2008, e em todas as outras segundas de 2008/1, sempre das 11h às 13h.

“No Brasil há uma desigualdade exagerada que é incompatível com o sistema democrático do país”, assinala Leonardo Mello do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). Em sua palestra, na próxima segunda-feira, o pesquisador pretende apresentar o mecanismo de formulação de políticas públicas a partir de dados da realidade – como desigualdade de renda e políticas raciais de cota nas universidades – e discutir o conceito de desigualdade social entre o público presente na palestra de alunos e interessados. “A discussão não será uma imposição de um modelo para os alunos”, afirmou.

A partir dessa discussão, Leonardo Mello vai mostrar como a formulação de políticas públicas “é um espaço de poder no qual as prioridades das políticas públicas serão efetivadas”. Para ele, “todo Estado tem um limite para a formulação e aplicação dessas políticas, pois os recursos são escassos e limitados: até mesmo a Noruega tem um limite”.

Assim, segundo Mello, formular políticas públicas é também pensar quais parcelas da população devem se beneficiar do orçamento público, “quem vai ter ou não prioridade”. Diante deste contexto, surge o conceito de políticas públicas sociais compensatórias – “uma espécie de compensação do Estado, a sociedade se transforma e o Estado tem que acompanhar essas transformações”.

Para explicar o que são políticas compensatórias Leonardo Mello recorre ao papel do Estado como agente de promoção da igualdade. “Existe uma população que está em uma situação degradante e que precisa de compensação, essa população está à margem da influência do Estado em vários sentidos: desde o aspecto do saneamento básico, da educação, da segurança e da saúde”. Ele ainda acrescenta que “há uma necessidade de igualdade e uma das funções do Estado é reduzir a desigualdade e promover a igualdade. Não é algo temporário, é dever permanente do Estado”.

Por isto, a formulação de políticas públicas, segundo o especialista, constitui o sentido de democracia de um país. E é através das instituições e órgãos públicos que o brasileiro tem a capacidade de participar e formular políticas públicas através de representantes legais eleitos pelo voto.

“No estado brasileiro de hoje, no caso o governo Lula, há políticas a respeito das quais sou favorável, como o Bolsa-Família e a política de cotas. Mas todo governo é muito complexo e uma avaliação rápida nunca é boa”, ressaltou Leonardo, ao afirmar que é preciso ter cuidado ao avaliar a política de um governo, “ele pode ter fragilidades em alguns aspectos mas em outros não”.

Mello finaliza afirmando achar que “o brasileiro participa politicamente da vida do país sim, mas em geral o pobre que pega uma hora de engarrafamento e trabalha mais de oito horas por dia, não tem como participar de tudo, é uma piada pensar assim. Mas não dá para participar sem formação e informação”, conclui o pesquisador.

Mestrando em Estatística pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), com especialização na Lyndon Johnson School of Public Affairs da Universidade do Texas em Austin, e graduação em sociologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Leonardo Mello está desde 1991 no Ibase e, atualmente, trabalha na área de metodologia de pesquisas e indicadores.

Por doze anos trabalhou com orçamento público e formou a equipe do projeto “Democratizando o Orçamento”, que dentre outras realizações elaborou um periódico sobre o tema, um sistema de consulta ao orçamento do Município do Rio de Janeiro, uma cartilha de sensibilização –“Prefeito por um dia” – e um curso à distância no tema. Ele também desenvolveu inúmeros treinamentos para movimentos sociais, organizações da sociedade civil e partidos políticos.

Esta disciplina, oferecida aos alunos da Universidade e à Sociedade em geral, é resultado do convênio entre o Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, coordenado pelo Prof. Evandro Vieira Ouriques, e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.

O Programa Acadêmico do NETCCON dedica-se às relações entre a mídia, a ética e a não-violência (no sentido de luta sem violência), tendo em vista o vigor da experiência de comunicação, da auto-construção da cidadania e da responsabilidade socioambiental na Mídia, na Política e nas organizações. Neste sentido o NETCCON criou e vem oferecendo há três anos consecutivos também a disciplina Construção de Estados Mentais Não-violentos na Mídia.

O Programa Acadêmico do NETCCON Prover a Sociedade, sob a perspectiva das Ciências da Comunicação, com estudos e metodologias de prevenção e superação da violência, que contribuam para o salto de qualidade: (1) na cobertura midiática das Políticas Sociais e em sua gestão pública; (2) nas políticas e estratégias de Comunicação para a Responsabilidade Socioambiental; e (3) no padrão ético ("voz própria" e "vínculo") do trabalho de presença e colaboração nas Redes e Organizações. O NETCCON criou e oferece também a disciplina Comunicação, Construção de Estados Mentais e Não-violência, e está criando a disciplina Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. Maiores informações sobre o NETCCON podem ser obtidas através de evouriques@terra.com.br.

Conheça mais sobre a disciplina aqui:
http://informacao.andi.org.br:8080/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarUniversidade&codigo=6

Palestras a serem realizadas em 2008/1:


Semana 5 (07/04):
Lições Africanas para a Igualdade na Diversidade Humana: a questão da não-violência.

Palestrantes: Mãe Beata de Iemanjá, Conceição Evaristo e Prof Evandro Vieira Ouriques.

Semana 6 (14/04): O Paradigma do Desenvolvimento Humano como orientador da cobertura.
Palestrante: Flavia Oliveira (O Globo)

Semana 7 (28/04): Orçamento nacional: As possibilidades de intervenção e orientação para o social.
Palestrante: Leonardo Mello (IBASE)

Semana 8 (05/05): O desafio de aumentar a presença das políticas públicas na grande imprensa.
Palestrante: Bia Barbosa (Intervozes)

Semana 9 (12/05): A cobertura das políticas públicas na área da Educação no Brasil.
Palestrante: Antônio Góis (Folha de S. Paulo)

Semana 10 (19/05): Cobertura de qualidade em meio à violência estrutural: A força política da não-violência e a responsabilidade dos atores sociais e dos jornalistas.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 11 (26/05): A Questão das Políticas Públicas Sociais e a Mídia Contra-hegemônica.
Palestrante: Paulo Lima (Viração)

Semana 12 (02/06): A Comunicação criada pela Periferia no Rio de Janeiro.
Palestrante: Prof. Augusto Gazir (Observatório de Favelas e ECO.UFRJ)

Semana 13 (09/06): O paradigma dos Direitos da Criança e do Adolescente: A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Palestrante: Wanderlino Nogueira Neto (ABONG)

Semana 14 (16/06): A Mídia e a Questão das Políticas Públicas Sociais no Brasil.
Palestrante: Guilherme Canela (ANDI)

Semana 15 (23/06): O Paradigma da Diversidade Cultural.
Palestrante:
Profa. Sílvia Ramos (CESEC)

Semana 16 (30/06): Jornalismo prospectivo e o futuro das políticas públicas sociais como pauta.
Palestrante: Rosa Alegria (NEF-PUC/SP, NETCCON.ECO.UFRJ, Millennium/UNU)


Palestras já realizadas em 2008/1:

Semana 1 (10/03): Interesse, Poder e Dádiva: a questão do domínio dos estados mentais e da generosidade na positivização da rede de comunicadores-cidadãos.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)

Semana 2 (17/03): A Violência que Acusa a Violência: a degradação de Si e do Outro através da Mídia.
Palestrante: Prof. Michel Misse (NECVU.IFCS.UFRJ)

Semana 3 (24/03): A Abordagem de Temas Sociais junto a Públicos Não-iniciados: o Caso dos Jornais de Grande Circulação e Distribuição Gratuita.
Palestrante: Prof. José Coelho Sobrinho (USP)